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Doutores da Igreja e Padres

da Igreja
Quem são os doutores da Igreja?

• Os Doutores da Igreja foram, em primeiro lugar, aqueles cristãos que, além de se distinguirem pela
santidade de vida e pela convicção de fé, se destacaram por um ilustre saber teológico comprovado em
seus diversos escritos. O testemunho de vida cristã desses homens e mulheres marcaram a sua época. De
maneira notável, contribuíram para o esclarecimento de vários pontos da doutrina da Igreja, bem como
para a sua vivência.

• São, portanto, cristãos que, de forma intensa, viveram e difundiram a fé, em gestos concretos e em
profundos escritos. Sendo assim, deixaram não só para a Igreja, mas também para o mundo um
patrimônio espiritual. Muitas de suas obras são lidas dentro e fora da Igreja, como é o caso de Confissões,
de Santo Agostinho.

• Os doutores da Igreja personificam os ensinamentos de Cristo, dessa forma fica claro o motivo pelo qual
recebem o emitente título. Tais personagens ajudaram — e ainda ajudam — os cristão a compreenderem
Deus e a Sua ação no mundo, bem como a própria Igreja e a missão dos fiéis na vida terrena. É evidente
por que a biografia, os estudos e o exemplo de vida desses grandes santos são estudados, apreciados e
cultuados até hoje.
Requisitos para ser reconhecido Doutor da
Igreja
• Para que um santo seja considerado Doutor da Igreja é preciso que se reconheça na
sua vida um elevado grau de santidade. Logo, percebe-se que além do estudo, tais
santos rezavam muito e, sem dúvida, faziam da sua atividade intelectual uma oração
a Deus. As Confissões de Santo Agostinho, por exemplo — Doutor e também um dos
grandes Padres da Igreja — são um hino de louvor a Deus, pois ele rememora toda a
sua vida à luz da misericórdia de Deus e O agradece porque nos ama, aceita,
transforma e eleva. [1].

• Além disso, o título de doutor da Igreja exige um saber distinto, notável, uma doutrina
importante reconhecida nas suas produções escritas, que são uma fonte rica de
conhecimento para a teologia. Basta lembrar de todo estudo deixado por um Santo
Tomás de Aquino, por exemplo, que se destaca não somente no ambiente eclesial
como também no acadêmico. Por fim, é preciso a proclamação da Igreja para o título.
Lista de doutores
• 1. São Gregório Magno
da Igreja
• 2. Santo Agostinho 19. São Francisco de Sales
• 3. Santo Ambrósio 20. São Cirilo de Alexandria
21. São Cirilo de Jerusalém
• 4. São Jerónimo
22. São João Damasceno
• 5. Santo Tomás de Aquino 23. São Beda, o venerável
• 6. Santo Atanásio 24. Santo Efrém, o sírio
• 7. São Basílio Magno 25. São Pedro Canísio
26. São João da Cruz
• 8. São Gregório Nazianzeno 27. São Roberto Belarmino
• 9. São João Crisóstomo 28. Santo Alberto Magno
• 10. São Boaventura 29. Santo António
30. São Lourenço de Brindisi
• 11. Santo Anselmo 31. Santa Teresa de Jesus (Ávila)
• 12. Santo Isidoro de Sevilha 32. Santa Catarina da Sena
• 13. São Pedro Crisólogo 33. Santa Teresa do Menino Jesus (Lisieux)
34. São João de Ávila
• 14. São Leão Magno 35. Santa Hildegarda de Bingen
• 15. São Pedro Damião 36. São Gregório de Narek
• 16. São Bernardo de Claraval 37. Santo Irineu de Lião
Quem são os Padres da Igreja?
• Os chamados Padres da Igreja são grandes cristão dos primeiros séculos que se destacaram
pela santidade de vida, bem como pela riqueza e excelência de seus ensinamentos, que
foram fundamentais para a edificação e o desenvolvimento da Igreja.

• “São estrutura estável da Igreja, e, em favor da Igreja de todos os séculos, exercem uma
função perene.” — diz São João Paulo II — “De maneira que todo o anúncio e magistério
seguinte, se quer ser autêntico, deve pôr-se em confronto com o anúncio e o magistério
deles; todo o carisma e todo o ministério deve beber na fonte vital da paternidade deles”
[2]
• Eles são verdadeiros “Pais da Igreja”, uma vez que têm grande importância na consolidação
da fé e no desenvolvimento das doutrinas. Além disso, combateram — fervorosos —
inúmeras heresias deixando profundos escritos de natureza teológica e filosófica — dos
quais se beneficiou a Igreja ao longo dos séculos. Sem dúvida, mereceram ser agraciados
com esse nobre e significativo título.
Os grandes Padres do Ocidente
• Santo Ambrósio de Milão

• Santo Ambrósio também é considerado Doutor da Igreja. Nasceu em Tréveris, era de família nobre e cristã. Por volta
dos 30 anos passou a governar as províncias de Emília e Ligúria, em Milão. Tendo-se logo destacado por sua
autoridade, ainda catecúmeno foi eleito Bispo de Milão. [3] A partir disso, dedicou-se a conhecer e a comentar a
Bíblia de tal maneira que suas pregações — centro de sua obra literária — partem da leitura dos Livros Sagrados.
Foram as belas homilias do bispo de Milão que esclareceram muitas questões do Antigo Testamento à Santo
Agostinho, que ao ouvi-las foi cada vez mais estimulado a converter-se, de fato. [4]
• Jerônimo de Estridão

• “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo“, é uma frase deste grande padre da Igreja, que tinha no centro de sua vida as
Sagradas Escrituras. [5] Nasceu em Dalmácia, em uma família cristã que lhe proporcionou zelosa formação, enviando-
o também para Roma para estudar. Conhecedor do grego, do latim e do hebraico, foi o responsável pela tradução da
versão latina da Bíblia, a Vulgata — texto oficial da Igreja. [6] Comentava, vivia e pregava, com grande amor, a Palavra
de Deus e defendia a fé, combatendo heresias e opondo-se aos maus costumes. Além disso, ensinava o ideal de
santidade às mulheres da nobreza romana, exortava os monges à perfeição e os pais a respeito da missão de educar
os seus filhos na fé, bem como de levá-los a amar e viver as Sagradas Escrituras.
• Santo Agostinho de Hipona

• Bispo e Doutor da Igreja, Nasceu em Tagaste, na Tunísia. É filho de Santa Mônica, cujas orações e lágrimas foram fundamentais
na conversão desse grande santo — juntamente com as pregações de Santo Ambrósio, por quem foi batizado. [7] Santo
Agostinho era apaixonado pela retórica, estudou também gramática e foi professor de ambas. Por muito tempo, viveu de
forma desregrada e luxuriosa; no entanto, estudava muito e incessantemente buscava a verdade. Depois de passar por
diversas filosofias, deixou-se definitivamente encontrar com o Cristo e, com tamanho fervor, combateu fortes heresias de seu
tempo, como o maniqueísmo. [8] A vida do também conhecido como “Doutor da Graça” é um exemplo de como a graça de
Deus pode transformar radicalmente a vida do homem. Os milhares de escritos deixados por Santo Agostinho são, ainda hoje,
um grande tesouro para a Igreja e para a cultura Ocidental.
• São Gregório Magno

• Este Papa e Doutor da Igreja mereceu ainda o título de Magnus, isto é, Grande. Nasceu em uma família nobre e muito cristã.
Seus pais e outros parentes foram para ele grandes exemplos de fé. Em sua vida monástica, dedicou-se ao trato íntimo com
Deus e à imersão no estudo da Sagrada Escritura. [9] Foi nomeado núncio apostólico (representante do Papa) em
Constantinopla e não demorou para que o clero, o povo e o senado o quisessem Papa. Foi, então, um grande Papa em uma
época desoladora, uma vez que teve de lidar com a invasão dos longobardos e a peste, que atingia a muitos. [10] No entanto
dedicou-se de forma extrema a ajudar os necessitados, a “promover entendimentos a nível diplomático-político […]” e a
“difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.”
Os grandes Padres do Oriente
• São Basílio de Cesareia

• Bispo e Doutor da Igreja, também conhecido como Basílio Magno, nasceu por volta de 330, na Capadócia, em uma família que
era uma “verdadeira igreja doméstica”. [12] Estudou com os melhores mestres de Atenas e se destacou nas suas pregações; seus
escritos são sobretudo de natureza teológica e literária. O grande padre, mesmo preocupado em realizar a caridade — foi
fervoroso na ajuda aos pobres —, não deixou de lado o zelo pela liturgia, chegando a reformulá-la. Também opôs-se firmemente
aos hereges e foi um dos padres que desenvolveram a doutrina sobre a Trindade. [13] Além disso, aos jovens, dedicou um
Discurso sobre como tirar proveito da cultura pagã: “Com muito equilíbrio e abertura, ele reconhece que na literatura clássica,
grega e latina, se encontram exemplos de virtude.” — afirma papa Bento XVI — e acrescenta que se formos sábios, tiraremos
proveito do que em tais obras for útil e conforme a verdade.

• Santo Atanásio de Alexandria

• Santo Atanásio foi considerado por Gregório Nazianzeno, Bispo de Constantinopla, uma “coluna da Igreja.” [14] Nasceu em
Alexandria — cidade da qual foi Bispo mais tarde —, no Egito, provavelmente no ano 300. Ele foi o mais importante combatente
da heresia ariana — que negava a divindade de Cristo — e isso lhe rendeu 17 anos de exílio. Conheceu Santo Antão quando
viveu o monaquismo nos desertos e sobre ele escreveu uma biografia. Deixou também meditações escritas sobre os Salmos;
contudo a sua obra doutrinal mais famosa é o tratado Sobre a encarnação do Verbo, pois era o teólogo apaixonado pela
encarnação do Verbo de Deus.
• São Gregório de Nazianzo

• Também doutor da Igreja, nasceu em Nazianzo, na Capadócia, e sua mãe o consagrou a Deus desde o nascimento, por volta de
330. “Teólogo ilustre, orador e defensor da fé cristã no século IV, foi célebre pela sua eloquência, e teve também, como poeta,
uma alma requintada e sensível.” [16] Logo após o Batismo quis seguir uma vida monástica, mas depois, obediente a Deus,
tornou-se presbítero e assumiu o ministério pastoral. Ainda que preferisse uma vida monástica, serviu à Igreja não somente com
riquíssimas produções literárias, mas também combatendo heresias e proclamando as verdades da fé. Além disso, Gregório de
Nazianzo desejava e ensinava, antes de tudo, a oração; falava sempre sobre a necessidade que temos de nos encontrarmos com
o Senhor.

• São João Crisóstomo

• São João Crisóstomo, o “boca de ouro”, possui também o título de Doutor e é o mais conhecido dos Padres da Igreja. Nasceu por
volta de 349, em Antioquia, onde foi presbítero por onze anos até tornar-se Bispo de Constantinopla. Decidiu viver entre os
eremitas por quatro anos, período no qual se dedicou a meditar os Evangelhos, sobretudo as Cartas de Paulo. E voltou, depois,
ao que se sentia atraído: o serviço pastoral. “Crisóstomo coloca-se entre os Padres mais fecundos: dele chegaram até nós 17
tratados, mais de 700 homilias autênticas […] e 241 cartas”, escreve Papa Bento XVI [17] Além disso, criou instituições
caritativas, combateu heresias — como o arianismo — falou ainda sobre o matrimônio e a família e preparou catecúmenos,
enfatizando sempre a coerência entre a palavra e o testemunho.
Qual é a diferença entre os Padres e os
Doutores da Igreja?
• Quando se fala em “Padres da Igreja” remete-se àqueles cristão que viveram na antiguidade, obrigatoriamente, e
com a fortaleza de sua fé e a riqueza de seus escritos geraram e formaram à Igreja [18] até o século VIII — no que
diz respeito à formulação das verdade de fé. A antiguidade é a característica primordial de um “Padre da Igreja”.
Uma época de muitos debates e heresias, as quais os Grandes Padres souberam combater incessantemente e,
assim, esclarecer os artigos de fé.

• Já o título de “Doutor da Igreja” não depende da época em que o santo viveu. O que o caracteriza como tal é
sobretudo o seu saber notável. E esse elevado e profundo conhecimento manifesta-se nos seus escritos. Tais
produções geralmente são tratados, obras literárias contra heresias, cartas, autobiografias — e outros — que muito
contribuíram para os estudos teológicos. Sendo assim, os Padres da Igreja também podem ser Doutores, como é o
caso de Santo Agostinho, São Jerônimo, São João Crisóstomo, São Basílio e muitos outros.

• Em resumo, o que difere um Padre da Igreja de um Doutor da Igreja é que do primeiro exige-se a antiguidade; já do
segundo, o saber elevado.

• Que os Padres e Doutores da Igreja sejam para nós fonte de inspiração para uma vida santa, bem como nos animem
a conhecer cada vez mais a nossa fé.

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