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17/09/2023, 10:36 Carta de São Tiago| São Tomás de Aquino sobre o Espírito Santo: fé e obras - Salus in Caritate

C A RTA D E S Ã O T I A G O | S Ã O TO M Á S D E
A Q U I N O S O B R E O E S P Í R I TO S A N TO : F É E
OBRAS
BY ANA PAULA BARROS - JANEIRO 11, 2020

Introdução
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SÃO TIAGO

São Tiago, o Justo, morto em 62 d.C., também conhecido como Tiago de Jerusalém, Tiago
Adelfo (de Tiago Adelphoteos) ou ainda Tiago, irmão do Senhor, foi uma importante figura
nos primeiros anos do Cristianismo. A Enciclopédia Católica conclui que, baseado no relato
de Hegésipo, Tiago, o Justo, é o mesmo que o apóstolo conhecido por Tiago Menor (irmão
do apostolo Judas, não o Iscariotes), e, em linha com a maior parte dos interpretes católicos,
é também Tiago, filho de Alfeu e o Tiago, filho de Maria de Cleofas (irmã de Maria, a Mãe
do Senhor; segundo boa parte dos exegetas). Ele não deve ser confundido, porém, com o
também apóstolo conhecido por Tiago Maior (irmão de São João Evangelista).
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Após a Paixão, São Jerônimo (Confessor e Doutor da Igreja, 347-420 d.C, século III e
inicio do IV) escreveu, que os apóstolos selecionaram Tiago como bispo de Jerusalém. Ao
descrever seu modo de vida ascético em seu De Viris Illustribus (Homens Ilustres) cita o
relato de Hegésipo (cronista católico do século I) sobre Tiago a partir do quinto livro da
obra "Comentários" , hoje perdida: “Após os apóstolos, Tiago, irmão do Senhor, chamado o
Justo, foi feito líder da igreja de Jerusalém. Muitos de fato são chamados de Tiago. Este era
sagrado desde o útero de sua mãe. Ele não bebia vinho ou bebida alcoólica, não comia
carne e nunca se barbeava ou se ungia com cremes ou se banhava. Ele apenas teve o
privilégio de entrar no Santo dos Santos, pois ele de fato não vestia roupas de algodão,
apenas de linho, e entrou sozinho no templo e orou tanto por seu povo que seus joelhos têm
a fama de terem adquirido a aspereza dos de um camelo.” — De Viris Illustribus, Jerónimo,
citando Hegésipo

Como era ilegal para qualquer um exceto o sumo-sacerdote do templo adentrar o Santo dos
Santos e, mesmo assim, uma vez por ano durante o Yom Kippur (Dia do Perdão, uma das
datas mais importantes do judaísmo), a citação de Hegésipo por Jerônimo indica que Tiago
era considerado um sumo-sacerdote. A obra "Reconhecimentos", de Pseudo- Clemente
(Papa Clemente, século I), também sugere assim.

Sobre o martírio:
De acordo com Hegésipo, os escribas e os fariseus foram até Tiago em busca de ajuda para
liminar as crenças cristãs. O relato diz:

“Eles vieram, portanto, em grupo até Tiago e disseram: "Nós te suplicamos, contenha o
povo: pois eles se desviaram em suas opiniões sobre Jesus, como se ele fosse o Cristo. Nós
te suplicamos, convença todos que vieram aqui para o dia da Páscoa, sobre Jesus. Pois nós
todos ouvimos sua persuasão; pois nós também, assim como todo o povo, somos
testemunhas que tu és justo e não mostras preferência por ninguém. Convence portanto o
povo a não entreter opiniões errôneas sobre Jesus: pois todo o povo, e nós também,
ouvimos a sua persuasão. Tome uma posição firme, então, no alto do templo, de modo que
possas ser visto claramente por todos, e tuas palavras possam ser claramente ouvidas por
todos. Pois, para comemorar a Páscoa, todas as tribos vieram para cá e também alguns
gentios.

Para desgosto dos escribas e os fariseus, Tiago corajosamente testemunhou que Cristo
"sentava-se no céu do lado direito Grande Poder e retornará nas nuvens celestiais".

Então eles confabularam entre si "Erramos ao procurar seu testemunho sobre Jesus. Vamos
então subir e jogá-lo de lá, para que eles tenham medo e não acreditem nele.”

...lançaram abaixo o homem justo... [e] começaram a apedrejá-lo, uma vez que ele não
morrera na queda; mas ele virou e se ajoelhou e disse: "Eu imploro-te, Senhor Deus nosso
Pai, perdoa-os pois eles não sabem o que fazem." E, enquanto eles estavam apedrejando-o
até a morte, um dos sacerdotes, dos filhos de Recab, o filho de Rechabim, de quem
testemunhou Jeremias, o profeta, começou a gritar, dizendo: "Parem, o que estão fazendo?

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O homem justo está rezando por nós.". Mas um dentre eles, um dos tintureiros, tomou seu
cajado com o qual ele estava acostumado a manipular as vestes que tingia, e atirou na
cabeça do homem justo.E assim ele sofreu o martírio; e eles o enterraram ali mesmo, e o
pilar que foi erguido em sua memória ainda está lá, perto do templo. Este homem foi uma
testemunha verdadeira tanto para os judeus quanto gregos de que Jesus é Cristo."

— Fragmentos dos "Atos da Igreja" sobre o Martírio de Tiago, o irmão do Senhor.

O QUE É UM CONFESSOR?

Confessor ou Confessor da Fé é um título masculino concedido pela Igreja Católica e Igreja


Ortodoxa a santos e beatos que não foram martirizados.

Historicamente, o título de confessor foi concedido a todos aqueles que sofreram


perseguição e tortura pela fé, mas não ao ponto do martírio. Muitas vezes é usado para
definir qualquer santo, bem como aqueles que tenham sido declarados abençoados, que não
podem ser categorizadas como mártir, apóstolo, evangelista, ou virgem.

Como o cristianismo emergiu como a religião dominante na Europa após o quinto século, as
perseguições tornaram-se raras, e o título foi dado a homens santos que viveram uma vida
sagrada, mas sofreram algum tipo de atentado, não propriamente por serem cristãos, como
São Luís de Montfort, que sobreviveu a um envenenamento por outros sacerdotes por
inveja de suas pregações.

Talvez o exemplo mais conhecido seja o do rei inglês São Eduardo, o Confessor (foi o
penúltimo Rei saxão de Inglaterra, entre 1042 e 1066. Era filho de Etelredo II e de Ema da
Normandia. Foi canonizado pelo papa Alexandre III, em 1161.).

É possível que confessores tenham outros títulos, como, por exemplo, Papa e confessor,
confessor e doutor da Igreja, entre outros.

O QUE É UM DOUTOR DA IGREJA?

Os Doutores da Igreja são homens e mulheres ilustres que, pela sua santidade, pela
ortodoxia de sua fé, e principalmente pelo eminente saber teológico, atestado por escritos
vários, foram honrados com tal título por desígnio da Igreja.

Os Doutores se assemelham aos Padres da Igreja, dos quais também diferem. Padres da
Igreja são aqueles cristãos (Bispos, presbíteros, diáconos ou leigos) que contribuíram
eficazmente para a reta formulação das verdades da fé (SS. Trindade, Encarnação do Verbo,
Igreja, Sacramentos. ..) nos tempos dos grandes debates e heresias. O seu período se encerra
em 604 (com a morte de S. Gregório
Magno) no Ocidente e em 749 (com a morte de S. João Damasceno) no Oriente.
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Para que alguém seja considerado Padre da Igreja, requer-se antiguidade (até os séculos
VII/VIII), ao passo que isto não ocorre com um Doutor.Para os Padres da Igreja, basta o
reconhecimento concreto, não explicitado, da Igreja, ao passo que para os Doutores se
requer uma proclamação explicita feita por um Papa ou por um Concílio. Para os Padres,
não se requer um saber extraordinário, ao passo que
para um Doutor se exige um saber de grande vulto.

EM SUMA

Doutor da Igreja é aquele cristão ou aquela cristã que se distinguiu por notório saber
teológico em qualquer época da história. O conceito de Doutor da Igreja difere do de Padre
da Igreja, pois Padre da Igreja é somente aquele que contribuiu para a reta formulação dos
artigos da fé até o século VII no Ocidente e até o século VIII no Oriente. Há Padres da
Igreja que são Doutores. Assim os quatro maiores Padres latinos (S. Ambrósio, S.
Agostinho, S. Jerônimo e S. Gregório Magno) e os quatro maiores Padres gregos (S.
Atanásio, S. Basílio, S. Gregório de Nazianzeno e S. João Crisóstomo).

Portanto, o parecer de um Doutor da Igreja é maior do que achismos, independente do


assunto em estudo ou discussão.

SÃO TOMÁS DE AQUINO

Conta-se que, quando criança, com cinco anos, Tomás, ao ouvir os monges cantando
louvores a Deus, cheio de admiração perguntou: “Quem é Deus?”.A vida de santidade de
Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os
gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus.

Nasceu em 1225 numa nobre família, a qual lhe proporcionou ótima formação, porém,
visando a honra e a riqueza do inteligente jovem, e não a Ordem Dominicana, que pobre e
mendicante atraia o coração de Aquino.Diante da oposição familiar, principalmente da mãe
condessa, Tomás chegou a viajar às escondidas para Roma com dezenove anos, para um
mosteiro dominicano. No entanto, ao ser enviado a Paris, foi preso pelos irmãos servidores
do Império. Levado ao lar paterno, ficou, ordenado pela mãe, um tempo detido. Tudo isto
com a finalidade de fazê-lo desistir da vocação, mas
nada adiantou.

Pregador oficial, professor e consultor da Ordem, Santo Tomás escreveu, dentre tantas
obras, a Suma Teológica e a Suma contra os gentios. Chamado “Doutor Angélico”, Tomás
faleceu em 1274, deixando para a Igreja o testemunho e, praticamente, a síntese do
pensamento católico.

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

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COMENTÁRIOS

Como foi dito, o Verbo de Deus é o Filho de Deus, como o verbo (mental) do homem é
concebido pela inteligência. Mas algumas vezes o verbo (mental) do homem fica como
morto, quando alguém pensa em realizar alguma coisa, mas a vontade de executa-la não se
manifesta.

Assim também quando alguém crê e não faz as obras, a sua fé pode ser chamada de morta,
conforme se lê na carta de São Tiago: “Como o corpo sem alma é morto, a fé sem as obras é
morta” (Tiag. 2, 26). A carta aos Hebreus afirma que o Verbo de Deus é vivo, lendo-se nela:
“é viva a palavra de Deus” (Heb. 4, 12).

Por essa razão é necessário que haja em Deus vontade e amor. Escreve Santo Agostinho no
seu livro De Trinitate: “O verbo sobre o qual pretendemos dar uma noção é um
conhecimento com amor”. Como o Verbo de Deus é o Filho de Deus, assim também o amor
de Deus é o Espírito Santo.

Por isso, quando o homem ama a Deus, possui o Espírito Santo. São Paulo escreve: “A
caridade de Deus foi difundida em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado”
(Rm 5, 5).

Muitos frutos provêm para nós do Espírito Santo.

Primeiro, porque Ele nos purifica do pecado. Ora, compete a quem criou uma coisa,
refaze- la. A nossa alma foi criada pelo Espírito Santo, porque Deus fez todas as coisas por
meio d’Ele, pois é amando a sua própria bondade que Deus faz tudo.

Lê-se: “Amais todas as coisas que existem e nada odiastes do que fizestes” (Sb 11, 25). Lê-
se também no livro “Sobre os homens Divinos”, do Pseudo Dionísio: “O divino amor não
se

podia permitir ficar sem geração” (Cap. IV). Convém pois que os corações dos homens
destruídos pelo pecado fossem refeitos pelo Espírito Santo.

Lê-se: “Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra” (Sl. 103, 30).
Nem é motivo de admiração que o Espírito Santo purifique, porque todos os pecados são
perdoados pelo amor, conforme se lê nas Escrituras: “Foram-lhe perdoados muitos pecados,
porque muito amou” (Is. 7, 47); “A caridade cobre todos os delitos” (Pr 10, 12); “A
caridade cobre uma multidão de pecados” (1 Pd 4, 8).

Segundo, porque ilumina a inteligência, já que tudo que sabemos, o sabemos pelo Espírito
Santo. Confirmaram-no os seguintes textos da Escritura: “O Paráclito, o Espírito Santo, que
o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas sugerir-vos-á tudo o que vos
disse” (Jo 24 ,26); “A sua unção ensinar-vos-á tudo” (1 Jo 2, 27).

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Terceiro, porque o Espírito Santo nos ensina a observar os mandamentos, e, até de certo
modo, no-lo obriga.

Ninguém pode seguir os mandamentos de Deus, se não amar a Deus, pois: “Se alguém me
amar, observará os meus mandamentos” (Jo 24, 23). Ora, o Espírito Santo nos faz amar a
Deus, e nos auxilia nesse sentido. Lê-se no Profeta Ezequiel: “Dar-vos-ei um novo coração,
e colocarei no meio de vós um novo espírito; tirarei o coração de pedra da vossa carne; dar-
vos-ei um coração de carne, e colocarei o meu espírito no meio de vós; e farei que guardeis
os meus mandamentos e os pratiqueis” (Ez 36, 26).

Quarto, por que Ele confirmará em nós a sua esperança da Vida Eterna, já que o Espírito
Santo é o penhor da sua herança, conforme estas palavras do Apóstolo aos Efésios: “Fostes
assinalados com o Espírito da promessa, que é o penhor da nossa herança” (Ef 1, 14). Ele é,
com efeito, a garantia da Vida Eterna.

A razão disto está em que a Vida Eterna é devida ao homem, enquanto este é filho de
Deus, e o é feito, enquanto se assemelha a Cristo. Assemelha-se alguém a Cristo pelo fato
de possuir o Espírito de Cristo, que é o Espírito Santo. Lê-se na carta aos Romanos: “Não
recebestes o espírito de servidão para recairdes no temor, mas recebestes o Espírito de
adoção dos filhos, no qual chamamos Abba, Pai. O próprio Espírito certifica ao nosso
espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8, 15-16). Lê-se também em outra carta do
Apóstolo: “Porque sois filhos de Deus, enviou Deus o espírito do seu Filho nos nossos
corações, chamando — Abba, Pai”. (Gl 4, 46).

Quinto, porque o Espírito Santo nos aconselha em nossas dúvidas e nos ensina qual seja
a vontade de Deus. Lê-se: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às
Igrejas” (Ap 2, 7); “Escutá-lo-ei como um Mestre” (Is 50, 4).
Trechos dos "Comentários" retirados da Suma Teológica
Creio no Espírito Santo

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