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1. ABERTURA
Todos em suspensão!
O jogo do espelho.
E a mais bonita
De conhecer
Criativos, fugidios
Lugar-comum!
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Aqui
Somos bons!
Somos enfadonhos!
Somo gênios!
Nossa dúvida
Nossa fé
Nosso calor.
2. PORTA PUMPŒ
Vai-se o circo
Os penhascos de rubi
Jaz
O silêncio do malabarista
A suspensão da plateia
Plumas, rugidos
Ameaça perene.
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3. PORTA TRIUMPHALIS
E veio Soberbo
E veio Colatino
E veio o império
Colatino com bancos especiais para os reis, com o podium e uma porta triunfal.
Circus Flaminus
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Circus Vaticanus
Circus Romuli
Circus Constantinplæ
4. SPINA
E no labirinto de páginas
Saciar da sede
Chiang Mai
Samarcanda
Ugarit
O mar mediterrâneo
Conquistador e deus
Apenas
Do cantado e do cantador
Apenas
Volto as páginas
E chorava pérolas
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De marfim esculpido
Como a poesia
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Não persiste
No Inatingível.
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5. MULHERES MALABARISTAS
O circo se vai
Ela e o elefante
O brilho é efêmero
Trindade de musas
DISCURSO DO APAIXONADO
Antes de escrevermos
Para cegos
E brinquei na grama
E trocaremos sonhos
O outono chegou
Levam-nas os redemoinhos
Eu mergulho no espelho
Combustíveis
Curiosa
Esverdeado azulado
Seu oposto
Choramos diamantes
Áspides pequenas
E encantadoras
E negros
Pela noite
(eu quero uma túnica bordada com seus cabelos feito ônix)
E exala aromas
Sagrados e distantes
Um ser de altar:
Esfacelado
Pluma e adaga:
O anjo, a asa
A pluma, o pavio
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Que arde cá e lá
Sem diferença
No nada, Ana
Em cada parte
No escuro
A vela acesa
Há outro copo
Uma cadeira
E uma mesa
Aí está tudo
Mente apagada
Resta-me um poema
A rima se perdeu
Sob a poeira
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Poetas
É um vício vulgar
No cais, os navios
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Os estivadores
Logo desaparece
Sal
Tenho fome
Tenho dor
Um carneiro de lã pura
Na câmara ardente,
Um vale de lágrimas
Eu flexiono advérbios
Aprisiono a música
Vaticino catástrofes
Leio tocário
E matei o minotauro
Ana,
E mapear pétalas
E um legista de folhas
E da arte glíptica
Caminho cabisbaixo
presságios
róseas de sol:
Sangue e ouro
E brotou o joio
Ah,
Ah,
Guinchos, guizos
Mosaicos
Nada somos
Séries de Rabelais
Nada
mais........................................................................................................................................
................................................................................................................................................
................................................................................................................................................
Não, Ana
Crispados de agulhas
Brincando
Rumo ao nada
Tão apaixonadas
Invejando os namorados
Tão apaixonados
Brincando na praia
Irregularíssimas
Que
De tão apaixonados
Quando eu te amava
Acrósticos pueris
E chorar no muro
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Ó, Jerusalém libertada
Vou sequestrá-la
É um animal acuado
num canto
Idiota
Ardentes de calafrios
Digno de Golias
Nunca a última
Lá passam os amantes
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Todo amor é pó
Sem sopro
Que se liquefaz
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7. TRAPEZISTAS
De lado a outro
Com sua divina matéria podem percorrer o espaço tão rápido quanto Mercúrio
Desdenham as asas pois que para voar Deus lhes deu uma essência etérea
[tinteiros azuis
Pois os mestres
Meio indiferentes
De pesadas asas
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8. DANÇARINA
Abatidas
Mágico
Indecifrável
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Poriaskandas
(que são as orações senão a repetição de algo que se perdeu, do sagrado perdido,
sacralizado no ato mesmo da oração, a palavra como o próprio ícone e o ícone, o retorno
abismo)
Vajra
Santo
Cântico
Esconderijo
Eram negros
Sem candeias
A singularidade de um nó de bambu
E os lábios de vinho
Admirar o alfanje
Um filho morto
Um amor distante
Um a um
Definhando ninfas
No barco
Beija as águas
Em milhões de estilhaços
Uma serpente
Um cordeiro
Um desenho de da Vinci
E escapa da mão
O ovo partido
A lágrima dura
A pérola morta
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A tinta esgotada
A taça vazia
O abismo na estrada
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O céu é azul
Distantes da primavera
E chora
Como estalactites
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10. DOMADOR
Só se entra, Daniel,
Quando a fé do fiel
Desmorona de vez.
Só se olha, Daniel,
Daniel
São três.
O leão de Deus,
Daniel, Ariel,
É, claro, vingativo.
É, esse, altivo.
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A mulher gorda sorriu ao ouvir os pingos da chuva, o barulhinho na lona dura, circo
correndo o faquir.
12. MÁGICO
Fazer chover
Grãos dourados
Revelar a magia dos anjos que se casaram com as mortais que Deus muito
[belas criara
E as sendas da retidão
O que antes do pó há
E o que há depois do pó
Ele revela para nós a estrela de cinco pontas que está no centro do picadeiro,
[umbigo do mundo.
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ave, a arma, a analogia, a aliança, a areia, a armadura, a águia, o arco, a auréola, o bote, a
besta, o barco, a bainha, o báculo, a barca, o bar, a bússola, o binóculo, a bula, o buril, a
bílis, a carta, o colo, a caneta, o cavalo, a crítica, o caracol, a cúpula, o coro, a cor, o
estrela, o estilete, o espécime, o eunuco, o estado, a faca, a foice, a foca, a família, a fada,
o fardo, a fome, o furo, a figa, o figo, o gato, a gaita, o garrote, a gama, o gorjeio, a
gorjeta, o gordo, a gema, o golpe, a grama, a hora, o horto, a horta, Houdini, o homem, a
hera, o hímen, o húmus, a hóstia, o humor, o hóspede, o istmo, a igreja, a ira, o índio, a
íris, o ímã, a ilha, o idiota, a imensidão, o irremediável, a jaca, o jovem, a jóia, o junco, a
lêmure, a lâmpada, o leque, a luz, o lampejo, a lei, o meio, a metade, o marco, a marca, o
misto, a mística, o martelo, a meia, o morto, a multidão, o navio, a nau, o neto, a nuca, o
natimorto, a nuvem, o núncio, o ovo, a ogra, o óbito, a ostra, o ontem, a orca, o ópio, a
ordem, o óbolo , a oração, o pátio, a prática, o prédio, a palavra, o pé, a pistola, o passo, a
quartzo, a quota, o quê, a quilha, o rato, a rama, o rastro, a rota, o rol, a rua, o rei, a rena,
o resto, a réplica, o surdo, a sarda, o sal, a sombra, o suspiro, a saída, o sextante, a sesta, o
sono, a senda, o tapete, a tília, o tonel, a tábua , o tiro, a tigela, o tímido, a túnica, o tabu,
uso, a úlcera, o vinco, a vulva, o vínculo, a vacina, o vazio, a vida, o vaticínio, a vírgula,
Vladmir é sardônico
Sabe-a falsa
13. CARTOMANTE
A felicidade, possibilidades.
A pitonisa
Lançada ao futuro
[palma da mão.
O que vê o cristal?
Os redemoinhos do regato
A naumaquia
O tridente do gladiador
caído
O ventre da dançarina
A rota do navegador
[sonhadores.
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...sem escolha,
Um leão marinho
Mas cuidado
O corpo desenhado
A alma
A maquiagem azul
A musculatura da face
O medo de viver
O olhar
A nuvem escura
A mácula, o mote
A plateia em silêncio
A ponta da lâmina
Madeira perfurada
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De suor
O animal malhado
A neve fria
Trezentas vezes
Vida em fio
15. NUT
16. PIPOQUEIRA
Quireras brilhantes
Sal
Açúcar,
Chocolate
Terra
Cor de melaço.
Quimera
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Frente ao espelho
É muito simples.
É possível amar a um
Que é maior:
O barulho lá fora
Haverá um cavaleiro
Para o Clavileño?
O que é o chão?
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O que é a estrada?
De teratologia
Mulher-menina
Mulher masculina
Cofiando ideias.
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Dela e do si mesmo
Busquem a diversão
Ou perambulem a esmo:
Speculum
Serão um só
Da sombra à sombra
Do pó ao pó.
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18. ARGOLA
Paira a dúvida:
Menina-aro, menina-argola
Mundo inconstante
Servil ao acaso
Preciso no atraso
Indiferente ao espetáculo
Há quem pergunte:
Espaço?
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O vazio é mudo.
[do espaço
A lágrima
As vagas
O antes
A ágora
O agora
Oa
O início de tudo,
Do esfacelamento
Nunca encontrada
Aurora boreal
Da pata de um elefante
Ou um veneno lento
Da áspide oscilante
Um contralto infinito
Apito profundo.
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20. SABAKO
Garças.
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DESPEDIDA
E lá vai o circo
É justamente a ida.
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