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SÃO PAULO:
de operárias não-qualificadas a esposas profissionais*
Barbara Weinstein**
Resumo
2 Sobre o papel da mulher na força de trabalho industrial do Brasil, em sua época temporã:
MOURA, Esmeralda Blanco B. de (1982): Mulheres e menores no trabalho industrial: Os fatores
sexo e idade na dinâmica do capital. Petrópolis, Vozes; PENA, Maria Valeria (1981): Mulheres e
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trabalhadoras. Presença feminina na constituição fabril. Rio de Janeiro, Paz e Terra; WOLFE,
Joel (1990). "The Rise of Brazil's Industrial Working Class: Comunnity, Work, and Politics in
São Paulo, 1900-1955". Tese de doutorado, University of Wisconsin-Madison.
3 Cf. WOLFE, J. (1990): Op. cit., p. 12.
4 BESSE, Susan K. (1983): "Freedom and Bondage: The Impact of Capitalism on Women in São
Paulo, Brazil, 1917-1937.". Tese de doutorado, Yale University.
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5 Sobre a operária enquanto "problema social", nesse período: RAGO, Margareth (1985): Do
cabaré ao lar. A utopia da cidade disciplinar.Brasil: 1890-1930. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
6 WOLFE, J. (1990): Op. cit., pp. 17-18.
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9 Cf. ESCOLA PROFISSIONAL FEMININA (1922): Relatório dos Trabalhos. São Paulo, p. 11.
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10 Cf. ESCOLA PROFISSIONAL FEMININA (1922): op. cit., p.11; Campos, Carlos de
(Presidente do Estado de São Paulo) (1925). Mensagem à Assembléia Legislativa, 14/07/1925, pp.
18-23.
11 Cf. ESCOLA PROFISSIONAL MASCULINA (1920): Relatório dos Trabalhos. São Paulo, p.
6.
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17 FUCHS, Rodolfo (1938). "O ensino profissional na Alemanha (Berlim, 1938).". FGV,
CPDOC, GC/g 35.11.28, Doc. 1-10.
18 Sobre a fundação do SENAI, Cf.: WEINSTEIN, B.: Op. cit., pp. 393-394.
19 WOLFE, J. (1990): Op. cit., p. 214.
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22 PACHECO E SILVA, A. C. (1946): "A fadiga industrial.", IN Boletim SENAI II, no 16,
novembro, pp. 11-13.
23 Sobre a fundação do SESI: WEINSTEIN, B.: Op. cit., pp. 397-398.
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24 Transcrição de entrevistas com Antônio Devisate, presidente da FIESP, São Paulo, 12/04/56; e
com Maria José Serra, assistente social do SESI, São Paulo, 16/04/56. Robert Alexander Archive,
Rutgers University, New Brunswick, New Jersey.
25 Educador Social (São Paulo), março de 1953, p. 4; entrevista com Hugo Guimarães Malheiros,
chefe do Serviço Social do SESI, 13/04/ 56. Robert Alexander Archive, Rutgers University.
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26 Devido à superposição de grande parte dos seus materiais, o SESI decidiu fundir, em 1955, as
duas revistas sob o nome de SESI-Higiene.
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32 Para uma análise de enfoque similar da economia doméstica entre mulheres operárias: NOLAN,
Mary (1990): " 'Housework Made Easy': The Taylorization of Housework in Weimar Germany",
IN Feminist Studies 16, no 3 (Fall), pp. 549-77.
33 Dona de Casa, maio 1950, p. 4; julho 1950, p. 4.
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34 SIMONSEN, Roberto (1934): Ordem econômica, padrão de vida. São Paulo, p. 28; Relatório
do SESI (1953). São Paulo.
35 SESI-Higiene, maio 1950, pp. 2-3.
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"assassinadas" por seus pais. Para ilustrar ainda mais esse ponto,
SESI-Higiene dedicou um número especial à hipotética história
de Lili e Maricota. Lili se casa com o primeiro que encontra, não
realiza o exame pré-nupcial, adoece com sífilis, tem um só filho,
que morre ainda muito pequeno; termina doente, abandonada e
sem filhos. Maricota, pelo contrário, busca pacientemente o
homem adequado, realiza o exame pré-nupcial, convertendo-se
em uma perfeita esposa e mãe - como se verificava na ilustração
adjunta, em que aparecia com um recém-nascido nos braços e
rodeada por outras seis crianças. Parece que ninguém no SESI
viu ironia alguma na idílica imagem de uma mãe operária com
sete crianças pequenas, situação que seguramente acarretaria
extrema pobreza à sua família36.
A sífilis não era a única doença contagiosa encontrada
nos cursos sobre "artes domésticas". A tuberculose, doença
difundida por condições precárias de vida e uma verdadeira
peste para a classe operária paulista, era objeto de uma
preocupação semelhante. Durante seus primeiros dez anos, o
SESI examinou mais de um milhão de operários industriais e
seus familiares para detectar tuberculose, mantendo também
centros de treinamento e um sanatório. Entretanto, a literatura
prestou menos atenção à essa doença do que à sífilis, talvez
porque o contágio da tuberculose não poderia ser tão facilmente
atribuído a uma falha moral. O SESI parece ter tomado uma
posição muito avançada na sua atitude diante das doenças que
atacavam as vítimas "inocentes". A organização denunciou os
preconceitos irracionais contra a lepra; SESI-Higiene informou
acerca de uma mulher que, tendo contraído a doença, antes do
seu casamento, recebeu tratamento e, uma vez curada, casou-se,
foi feliz e teve filhos sadios37. Aparentemente, a obsessão do
SESI relativa à sífilis decorria menos da incidência ou
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43 Os cursos sobre culinária podem ter tido utilidade profissional para mulheres empregadas no
serviço doméstico, mas certamente os cursos não tinham esse objetivo. Sobre a relativa exclusão dos
afro-brasileiros das ocupações industriais e sua concentração no serviço doméstico: ANDREWS,
George Reid (1991): Blacks and Whites in São Paulo, Brasil, 1888-1988. Madison, Wisconsin,
pp. 79-80, 101.
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49 A posição mais vigorosa em favor da militância operária feminina pode ser encontrada em Wolfe
(op. cit.), inclusive quando procura demonstrar que as mulheres foram a "vanguarda" do movimento
sindical.
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Abstract
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