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LIÇÃO 2
INTRODUÇÃO
Todo o Livro do Apocalipse chama a atenção para seu compositor ou autor primário,
Deus. Ele é o artista divino, o principal arquiteto. Este é um volume divinamente construído
no qual Deus exibe a obra de sua mão. Quando examinamos cuidadosamente este livro,
começamos a compreender que ele não é uma mera composição humana semelhante aos
apocalipses compostos pelos autores psedônimos da apocalíptica judaica. No Apocalipse, o
Deus Triúno está revelando sua Palavra ao leitor, isto é, Deus mesmo está falando ao seu
povo. Isso se faz evidente nas palavras introdutórias:
“Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a
João seu servo; O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus
Cristo, e de tudo o que tem visto” (1. 1,2)1
E nas cartas às sete igrejas. Ali ouvimos a voz de Jesus, que conclui cada carta com as
palavras: “o Espírito diz às igrejas” (2.7,11,17,29; 3.6,13,22). O último capítulo registra a
voz de Jesus (2 2 .7 ,1220), a voz do Espírito (22.17) e a advertência divina para que não se
acrescente ou subtraia nada deste livro (22.18-19). Negligenciar esta mensagem seria o
mesmo que tirar parte das Escrituras. Deus nos manda respeitar Apocalipse como sua santa
Palavra, e nos instrui a lê-lo com reverência.
O primeiro padrão que queremos destacar, é o uso de números para representar ou significar
realidades diversas.
1 A partir de agora, textos bíblicos referidos nesse texto sem o respectivo nome do livro, referem-se ao livro de
Apocalipse.
OS PADRÕES NUMÉRICOS
Algo que salta logo de imediato à vista do leitor do livro de Apocalipse, é o uso de números,
Os número ocupam um lugar especial em todo o livro e vem carregado de significados que o
leitor precisa ter em mente.
“O livro é endereçado a sete igrejas, representadas por sete castiçais. Há sete estrelas
simbolizando sete anjos das igrejas. Há sete espíritos de Deus representados por sete
lâmpadas. Demais disto, há sete selos e um Cordeiro com sete olhos e sete chifres.
Sete anjos tocam sete trombetas. Outros sete derramam o conteúdo de sete taças
cheias das sete pragas finais. Sete trovões emitem vozes. A besta que sobe do mar
tem sete cabeças. Há sete montanhas, sete reis, e assim sucessivamente. Esse número
(sete) inica o que é pleno, o que é perfeiro, o que é completo. Harmonizam-se muito
bem com a ideia de que os símbolos referem-se a princípios de conduta e de governo
divinos que são sempre operantes, mormente através da totalidade da presente
dispensação.” (HENDRICKSEN, 2001, p.58).
Seguindo a ideia do número sete usado de forma implícita, temos os gafanhotos, descritos
como cavalos em 9.7-10, que exibem sete marcas distintas: (1) coroas de ouro em suas
cabeças;(2) rostos de homens; (3) cabelos de mulheres; (4) dentes de leões; (5) couraças de
ferro; (6) asas que emitem som de cavalos atroando e carros em batalha; (7) caldas e ferrões
de escorpiões.
As expressões “palavra de Deus” ou “palavras de Deus” aparece exatamente sete vezes (1.2,
9; 6.9; 17.17; 19.9, 13; 20.4)
Há também sete promessas aos vencedores, no conjunto das sete cartas enviadas aos anjos
das sete igrejas:
• “Ao que vencer, dar-lhe-ei de comer da árvore da vida” (2.7)
• “O que vencer não receberá o dano da segunda morte” (2.11)
• “Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca”
(2.17)
• “E ao que vencer… eu lhe darei poder sobre as nações” (2.26)
• “O que vencer será vestido de vestes brancas” (3.5)
• “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus” (3.12)
• “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono” (3.21)
E em m outros lugares encontramos o número sete expresso de forma implícita, como por
exemplo:
“Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o
poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (5.12).
Enquanto o número sete significa completude, o número quatro se refere à criação divina
tanto na terra como no mundo celestial. São quatro criaturas viventes, quatro anjos,
quatro cantos da terra, quatro ventos e quatro anjos atados junto ao Eufrates. Deus é o
governante de e em sua criação, o que é evidente à luz do uso da expressão relevante
“aquele que vive para todo o sempre”, que ocorre quatro vezes (4.9,10; 10.6; 15.7).
Uma combinação interessante do número sete com o número quatro aparece no uso da
palavra grega ἀρνίον (arnion) que significa Cordeiro, referindo-se a Jesus Cristo, com uma
ocorrência de vinte e oito vezes – ou seja, o resultado da multiplicação de sete vezes
quatro – o Cordeiro pleno e perfeito de Deus representado pelo número sete, é também
plenamente humano, representado pelo número quatro.
Em claro contraste com o número sete, o número seis simboliza a luta de Satanás pela
completude, porém sempre fracassa em sua realização; daí o número da besta ser um seis
triplo (Ap 13.18). Note que nessa simbologia, o número seis é um sete incompleto, e que
nunca se completará. Por isso ser um número para representar Satanás e suas frustradas
aspirações à divindade.
O número três descreve o Deus Triúno. Deus é descrito como “aquele que era”, “que é” e
“que há de vir” (1.4).
Em 1.5, Jesus Cristo é divinamente descrito por uma tríade de qualidades como sendo a fiel
testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra.
Agora observe a combinação do número doze com o número três e o número quatro em
Apocalipse 21 e 22, onde é descrito a cidade vinda de Deus, a Nova Jerusalém:
Em 21.17, a altura do muro é de cento e quarenta e quatro côvados (doze vezes doze).
E finalmente, por ora, destacamos ainda o número mil quee sugere uma multidão, ou
aquilo que é incalculável, ou ainda aquilo que é imensurável. O número mil nunca deve
ser tomado em sua literalidade, mas em sua simbologia, indicando aquilo que ele quer elevar
ao grau de inumerável ou incalculável.
Se o número doze é símbolo do povo eleito, cento e quarenta e quatro mil representa a
plenitude incalculável desse povo: doze vezes doze vezes mil.
Em 21.16, a cidade está em seu quadrado (um cubo possui quatro lados), Cada lado do cubo
mede 12 mil estádios. Logo, altura, comprimento e largura medem no total 144.000 estadios:
doze vezes doze vezes mil.
BIBLIOGRAFIA
HENDRICKSEN, William. Mais que Vencedores. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.