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SUPERPOSIÇÃO
"Parece provável para mim que Deus no começo formou a matéria em partículas
movíveis, impenetráveis, duras, volumosas, sólidas, de tais formas e figuras, e com tais
outras propriedades e em tal proporção ao espaço, e mais conduzidas ao fim para o qual
Ele as formou; e que estas partículas primitivas, sendo sólidas, são incomparavelmente
mais duras do que quaisquer corpos porosos compostos delas; mesmo tão duras que
nunca se consomem ou se quebram em pedaços; nenhum poder comum sendo capaz de
dividir o que Deus Ele próprio, fez na primeira criação."
Isaac Newton
Índice Advertência
I - A Luz Corpuscular
Essa alguma coisa de natureza imaterial não chega a ser muito bem
definida por Newton. Em alguns trechos de sua obra ele chega a
caracterizá-la como uma possível vibração emitida pelos corpos materiais
e a se propagar por um éter. Seria como se alguma coisa de natureza
ondulatória respondesse pela inflexão de uma luz corpuscular. Em outros
trechos ele chega a negar esse éter de tipo huygheniano, ficando-nos a
impressão de que essa alguma coisa seria aquilo que em alguns de seus
textos é caracterizado como o espírito da matéria, algo de natureza
imaterial mas a se propagar pelo espaço de maneira idêntica à matéria.
Ou seja, não seria um éter no sentido clássico, como o termo é
comumente empregado, mas seria como que um éter emitido pela
matéria, e não em repouso em seu espaço absoluto. Nesse caso aquela
idéia de "vibração" se desfaz. Essa alguma coisa imaterial ou esse
espírito da matéria, ou ainda, esse éter fluido emitido pela matéria,
assemelha-se muito à idéia que Newton fazia a respeito da gênese da
gravitação e das demais interações entre os corpos materiais, a se
resumirem nas três leis de seu modelo mecânico macroscópico. É por
isso que costumo dizer que a óptica e a mecânica de Newton fazem parte
de uma teoria única e indissociável. Nos dias atuais, a negação de uma
implica quase que necessariamente na negação da outra, assim como a
negação da teoria corpuscular da luz no século XIX implicou, por motivos
vários, na negação de quase toda a física newtoniana no século XX.
II - A Luz Ondulatória
Sabe-se hoje que essa história está mal contada. Entre um átomo e
outro, de um meio opticamente denso, a luz propaga-se na mesma
velocidade v com que entrou nesse meio, nem mais, nem menos.
Acontece que durante a passagem pelo meio opticamente denso, a luz vai
sendo alternadamente absorvida e reemitida (vide capítulo V, item V.4.1),
tendo-se como resultado final uma redução da velocidade medida vm da
luz 6. Esta seria, portanto, uma velocidade média vm a contrastar com a
velocidade real v. Existiriam então quatro velocidades em jogo: a) duas
relacionadas a cada um dos meios 1 e 2, as velocidades médias v1m e v2m,
correspondendo às velocidades medidas e a levarem em conta o tempo
em que a luz permanece absorvida pelas partículas do meio; e b) duas
velocidades reais, v1 e v2, a corresponderem às velocidades com que a
luz percorre o trajeto entre uma partícula e a seguinte da trajetória do raio
de luz. Se o primeiro meio for o vácuo teremos v1m = v1 = c. Do contrário, e
sob um ponto de vista estritamente clássico, deveríamos ter sempre v1m
v1 c.
Lei de Snell-Descartes
"Esperança" de Relação entre velocidade real
(após Foucault -
Descartes e velocidade média
1850)
V - Interação Luz-Matéria
Figura 21: Modelo clássico destinado a explicar a propagação da luz por absorção e
reemissão num meio dotado de moléculas praticamente livres como, por exemplo, o ar.
.
Figura 23: Propagação da luz Figura 24: Reflexão da luz
Essa não idealidade dos gases pode se traduzir também por uma
não idealidade na propagação da luz, considerando-se aqui como ideal a
propagação acima referida (na mesma direção da incidência). Se durante
o processo absorção-reemissão como mostrado na figura 23 a
molécula receptora estiver sob uma ação de interferência com uma
molécula vizinha, a luz a ser reemitida poderá seguir uma direção
diferente e dependente dessa "colisão" associada. O efeito será tanto
mais nítido quanto menor for a freqüência da luz incidente ou, em outras
palavras, quanto menor for a energia do fóton considerado. Apesar da
mudança de direção, o fóton reemitido tem a mesma energia do fóton
absorvido, sendo essa exatamente a energia que é devolvida pelo elétron
ao meio exterior quando ele retorna a sua órbita de estabilidade. Esse
processo, conhecido como espalhamento Rayleigh, é o responsável tanto
pela coloração azul do céu quanto por parte de outras ilusões de óptica
constatadas quando olhamos para o horizonte terrestre 8 (coloração do
Sol, tamanho aparente da Lua etc).
VI - Difração e Interferência
Essas perguntas poderão soar como sem sentido para aqueles que
aceitam, sem restrições, as idéias expressas na imensa maioria dos livros
didáticos da atualidade, a assumirem em definitivo a luz como sendo a
propagação de um fenômeno eletromagnético, ou seja, nem corpuscular,
nem mecânico-ondulatório. Neste caso, e na hipótese de o leitor se situar
em meio a essa cômoda posição, peço vênia para prosseguir, pois com
relação à física moderna as coisas parecem ser ligeiramente diferentes. A
física moderna, de alguma maneira e através dos fótons, tem tentado
recuperar a idéia de uma luz corpuscular, ainda que persista um fator de
incerteza a caracterizar estes fótons, por vezes como puntiformes e, por
outras, a espalharem-se segundo uma "onda" de natureza probabilística.
Figura 26: A luz corpuscular despolarizada (a), atravessando o plano da tela, e seus
prováveis leques (b e c) a se comportarem diferentemente ao passarem por
um cristal polarizador com eixo de transmissão situado na vertical.
Figura 27: Equipamento destinado à análise da luz polarizada. O primeiro cristal polariza
a luz "normal" em uma determinada direção fixa (neste caso na direção vertical). O
segundo
cristal gira em torno da direção de propagação da luz. Compara-se a intensidade da luz
que
emerge do primeiro cristal (polarizador) com aquela que emerge do segundo cristal
(analisador), para ângulos diversos entre os eixos de transmissão dos dois cristais.
(1)
(2)
(3)
ou seja, após passar pelo cristal polarizador (e daí o índice 1 de ), a "luz
normal" sofre modificações estruturais tais que a distribuição dos
corpúsculos, segundo o gráfico de densidade angular, não é mais
uniforme e de valor igual a N/2 em todas as direções propagadas, mas
sim variável como mostra a expressão (3) para um 1 pontual e a
corresponder ao ângulo .
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(5)
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