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Geir Campos, em seu magistral “O que é Tradução”, salienta que tradutor é aquele
que traduz, que realizada a atividade da tradução. A primeira habilidade do tradutor, de
acordo com Campos (1986, p. 71) é sentir-se atraído ou motivado pelo texto, seja por sua
forma, pelo seu conteúdo, pelo autor ou pela cultura do lugar a que se refere o texto a ser
traduzido. Além disso, o tradutor deve conhecer bem a língua da qual traduz (língua-fonte)
e a língua para a qual traduz (língua-meta). Além disso, é necessário que o tradutor se
atualize constantemente na manipulação de tecnologias, na medida em que a evolução das
ferramentas de trabalho exige o domínio de diversas máquinas, com impacto na eficiência
e na rentabilidade de seu trabalho.
Já durante toda a Idade Média, sustenta Albir, se produz uma dicotomia clara entre
a maneira de traduzir os textos religiosos e a maneira de traduzir os textos profanos. Na
tradição religiosa, o respeito às Sagradas Escrituras implica um apego às palavras do
original, defendendo-se sua tradução literal. Na tradução profana, a situação é diferente,
preconizando-se uma tradução que não seja servil ao texto original.
Segundo Geir Campos, em sua seminal obra “O que é Tradução” (1986, p.30), há
uma primeira divisão da tradução em dois tipos: a tradução integral é aquela em que se
traduzem todos os itens, palavras e expressões do original. Já a tradução parcial é aquela
na qual se deixa de traduzir algumas partes do texto de origem, por razões de conveniência
editorial ou pessoal. Haveria também a tradução direta, isto é, vertida diretamente do
texto original; bem como a tradução indireta, que tem como base uma versão
intermediária do texto, em uma língua que não a original. O autor também reconhece a
modalidade “literal”, quando as línguas, por proximidade linguística, permite a tradução
quase que palavra por palavra, em contraposição à “oblíqua”, que não segue paralelamente
a forma do texto original.
Na segunda metade deste século XX, surgem grandes debates com foco na reflexão
da tradução: a própria legitimidade da tradução (traduzibilidade versus intraduzibilidade) e
a concepção da fidelidade da tradução. Três aspectos caracterizam estes debates: a)a
imbricação; 2) a falta de definição dos termos implicados; 3) o predomínio da prescrição.
Ainda sobre fidelidade, Geir Campos (p. 36) informa que a “correspondência
formal” quer dizer que a forma do texto original deve ser seguida pelo tradutor com a
máxima fidelidade possível, muito embora em alguns casos essa fidelidade se reduza ao
mínimo. Neste sentido, a fidelidade na tradução não se concebe como uma “equivalência”
entre palavras e textos, mas, se sua ideia for admitida, será como uma tentativa de fazer
que o texto-alvo funcione na cultura-alvo do modo como funciona na cultura-fonte. Por
isso, os tradutores podem ser fiéis quando recuperam aquilo que querem os que subsidiam
suas traduções. Contemplando todo esse panorama, não se pode ter outra definição para o
trabalho da tradução senão que é uma arte primorosamente trabalhada e que deve ser
honrosamente reconhecida, porque todo tradutor, longe de ser um traidor, é um
profissional competente que dedica seu tempo e suas energias para conseguir transmitir,
com fidelidade para outra língua, submetida às realidades culturais de um povo, o sentido
essencial e original do texto traduzido, embora que, eventualmente, sejam necessárias
algumas intervenções diretas no texto fonte, mas sempre feitas com a intenção de
salvaguardar o que é tido como principal: o sentido.
REFERÊNCIAS