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DIREITOS CONEXOS
( Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de
Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro,
pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de
Abril )
Artigo 79.º
Artigo 76.º * (Prelecções)
(Requisitos) 1 – As prelecções dos professores só podem ser
1 – A utilização livre a que se refere o artigo publicadas por terceiros com autorização dos
anterior deve ser acompanhada: autores, mesmo que se apresentem como relato
a) Da indicação, sempre que possível, do nome da responsabilidade pessoal de quem as publica.
do autor e do editor, do título da obra e demais 2 – Não havendo especificação, considera-se
circunstâncias que os identifiquem; que a publicação só se pode destinar ao uso dos
b) Nos casos das alíneas a) e e) do n.º 2 do alunos.
artigo anterior, de uma remuneração equitativa a
atribuir ao autor e, no âmbito analógico, ao Artigo 80.º
editor pela entidade que tiver procedido à (Processo Braille)
reprodução; Será sempre permitida a reprodução ou qualquer
c) No caso da alínea h) do n.º 2 do artigo espécie de utilização, pelo processo Braille ou
anterior, de uma remuneração equitativa a outro destinado a invisuais, de obras licitamente
atribuir ao autor e ao editor; publicadas, contanto que essa reprodução ou
d) No caso da alínea p) do n.º 2 do artigo utilização não obedeça a intuito lucrativo.
anterior, de uma remuneração equitativa a
atribuir aos titulares de direitos. Artigo 81.º
2 — As obras reproduzidas ou citadas, nos (Outras utilizações)
casos das alíneas b), d), e), f), g) e h) do n.º 2 do É consentida a reprodução:
artigo anterior, não se devem confundir com a a) Em exemplar único, para fins de interesse
obra de quem as utilize, nem a reprodução ou exclusivamente científico ou humanitário, de
citação podem ser tão extensas que prejudiquem obras ainda não disponíveis no comércio ou de
o interesse por aquelas obras. obtenção impossível, pelo tempo necessário à
3 — Só o autor tem o direito de reunir em sua utilização;
volume as obras a que se refere a alínea b) do b) Para uso exclusivamente privado, desde que
n.º 2 do artigo anterior. não atinga a exploração normal da obra e não
(Redacção dada pela Lei 50/2004 de 24 de Agosto)
cause prejuízo injustificado dos interesses
legítimos do autor, não podendo ser utilizada
Artigo 77.º para quaisquer fins de comunicação pública ou
( Comentários, anotações e polémicas) comercialização.
1 – Não é permitida a reprodução de obra alheia
sem autorização do autor sob pretexto de a
Artigo 82.º * 2 – O contrato correspondente às situações
(Compensação devida pela reprodução ou caracterizadas no número anterior rege-se pelo
gravação de obras) que estipula o seu teor, subsidiariamente pelas
1 – No preço de venda ao público de todos e disposições legais relativas às associações em
quaisquer aparelhos mecânicos, químicos, participação, no caso da alínea a), e ao contrato
eléctricos, electrónicos ou outros que permitam de prestação de serviços nos casos das alíneas
a fixação e reprodução de obras e, bem assim, b) e c), e supletivamente pelos usos correntes.
de todos e quaisquer suportes materiais das
fixações e reproduções que por qualquer desses Artigo 85.º
meios possam obter-se, incluir-se-á uma quantia (Objecto)
destinada a beneficiar os autores, os artistas, O contrato de edição pode ter por objecto uma
intérpretes ou executantes, os editores e os ou mais obras, existentes ou futuras, inéditas ou
produtores fonográficos e videográficos. publicadas.
2 — A fixação do regime de cobrança e
afectação do montante da quantia referida no Artigo 86.º
número anterior é definida por decreto-lei. (Conteúdo)
3 – O disposto no número 1 deste artigo não se 1 – O contrato de edição deve mencionar o
aplica quando os aparelhos e suportes ali número de edições que abrange, o número de
mencionados sejam adquiridos por organismos exemplares que cada edição compreende e o
de comunicação audiovisual ou produtores de preço de venda ao público de cada exemplar.
fonogramas e videogramas exclusivamente para 2 – Se o número de edições não tiver sido
as suas próprias produções ou por organismos contratualmente fixado, o editor só está
que os utilizem para fins exclusivos de auxílio a autorizado a fazer uma.
diminuídos físicos visuais ou auditivos. 3 – Se o contrato de edição for omisso quanto
* O disposto neste Artº. encontra-se regulamentado pela Lei ao número de exemplares a tirar, o editor fica
62/98, de 1 de Setembro e nova redacção dada pela Lei obrigado a produzir, pelo menos, dois mil
50/2004 de 24 de Agosto)
exemplares da obra.
4 – O editor que produzir exemplares em
número inferior ao convencionado pode ser
coagido a completar a edição e, se não o fizer,
CAPÍTULO III
poderá o titular do direito de autor contratar
Das utilizações em especial
com outrem, a expensas do editor, a produção
do número de exemplares em falta, sem prejuízo
SECÇÃO I
do direito a exigir deste indemnização por
Da edição
perdas e danos.
5 – Se o editor produzir exemplares em número
Artigo 83.º
superior ao convencionado, poderá o titular do
(Contrato de edição)
direito de autor requerer a apreensão judicial
Considera-se de edição o contrato pelo qual o
dos exemplares a mais e apropriar-se deles,
autor concede a outrem, nas condições nele
perdendo o editor o custo desses exemplares.
estipuladas ou previstas na lei, autorização para
6 – Nos casos de o editor já ter vendido, total ou
produzir por conta própria um número
parcialmente, os exemplares a mais ou de o
determinado de exemplares de uma obra ou
titular do direito de autor não ter requerido a
conjunto de obras, assumindo a outra parte a
apreensão, o editor indemnizará este último por
obrigação de os distribuir e vender.
perdas e danos.
7 – O autor tem o direito de fiscalizar, por si ou
Artigo 84.º
seu representante, o número de exemplares da
(Outros contratos)
edição, podendo, para esse efeito e nos termos
1 – Não se considera contrato de edição o
da lei, exigir exame à escrituração comercial do
acordo pelo qual o autor encarrega outrem de:
editor ou da empresa que produziu os
a) Produzir por conta própria um determinado
exemplares, se esta não pertencer ao editor, ou
número de exemplares de uma obra e assegurar
recorrer a outro meio que não interfira com o
o seu depósito, distribuição e venda,
fabrico da obra, como seja a aplicação da sua
convencionando as partes dividir entre si os
assinatura ou chancela em cada exemplar.
lucros ou os prejuízos da respectiva exploração;
b) Produzir um determinado número de
exemplares da obra e assegurar o seu depósito,
Artigo 87.º
distribuição e venda por conta e risco do titular
(Forma)
do direito, contra o pagamento de certa quantia
1 – O contrato de edição só tem validade
fixa ou proporcional;
quando celebrado por escrito.
c) Assegurar o depósito, distribuição e venda de
2 – A nulidade resultante da falta de redução do
exemplares da obra por ele mesmo produzidos,
contrato a escrito presume-se imputável ao
mediante pagamento de comissão ou qualquer
editor e só pode ser invocada pelo autor.
outra forma de retribuição.
original e concluí-la no prazo de 12 meses a
contar da mesma data, salvo caso de força maior
Artigo 88.º devidamente comprovado, em que o editor deve
(Efeitos) concluir a reprodução no semestre seguinte à
1 – O contrato de edição não implica a expiração deste último prazo.
transmissão, permanente ou temporária, para o 3 – Não se consideram casos de força maior a
editor do direito de publicar a obra, mas apenas falta de meios financeiros para custear a edição
a concessão de autorização para reproduzir e nem o agravamento dos respectivos custos.
comercializar nos precisos termos do contrato. 4 – Se a obra versar assunto de grande
2 – A autorização para a edição não confere ao actualidade ou de natureza tal que perca o
editor o direito de traduzir a obra, de a interesse ou a oportunidade em caso de demora
transformar ou adaptar a outros géneros ou na publicação, o editor será obrigado a dar
formas de utilização, direito esse que fica início imediato à reprodução e a tê-la concluída
sempre reservado ao autor. em prazo susceptível de evitar os prejuízos da
3 – O contrato de edição, salvo o disposto no nº. perda referida.
1 do artigo 103º. Ou estipulação em contrário,
inibe o autor de fazer ou autorizar nova edição Artigo 91.º
da mesma obra na mesma língua, no País ou no (Retribuição)
estrangeiro, enquanto não estiver esgotada a 1 – O contrato de edição presume-se oneroso.
edição anterior ou não tiver decorrido o prazo 2 – A retribuição do autor é a estipulada no
estipulado, excepto se sobrevierem contrato de edição e pode consistir numa
circunstâncias tais que prejudiquem o interesse quantia fixa, a pagar pela totalidade da edição,
da edição e tornem necessária a remodelação ou numa percentagem sobre o preço de capa de
actualização da obra. cada exemplar, na atribuição de certo número de
exemplares, ou em prestação estabelecida em
qualquer outra base, segundo a natureza da obra,
Artigo 89.º podendo sempre recorrer-se à combinação das
(Obrigações do autor) modalidades.
1 – O autor obriga-se a proporcionar ao editor 3 – Na falta de estipulação quanto à retribuição
os meios necessários para cumprimento do do autor, tem este direito a 25% sobre o preço
contrato, devendo, nomeadamente, entregar, nos de capa de cada exemplar vendido.
prazos convencionados, o original da obra 4 – Se a retribuição consistir numa percentagem
objecto da edição em condições de poder fazer- sobre o preço de capa, incidirão no seu cálculo
se a reprodução. os aumentos ou reduções do respectivo preço.
2 – O original referido no número anterior 5 – Exceptuando o caso do artigo 99º., o editor
pertence ao autor, que tem o direito de exigir a só pode determinar reduções do preço com o
sua restituição logo esteja concluída a edição. acordo do autor, a menos que lhe pague a
3 – Se o autor demorar injustificadamente a retribuição correspondente ao preço anterior.
entrega do original, de modo a comprometer a
expectativa do editor, pode este resolver o Artigo 92.º
contrato, sem embargo do pedido de (Exigibilidade do pagamento)
indemnização por perdas e danos. O preço da edição considera-se exigível logo
4 – O autor é obrigado a assegurar ao editor o após a conclusão da edição, nos prazos e
exercício dos direitos emergentes do contrato de condições que define o artigo 90º., salvo se a
edição contra os embargos e turbações forma de retribuição adoptada fizer depender o
provenientes de direitos de terceiros em relação pagamento de circunstâncias ulteriores,
à obra a que respeita o contrato, mas não contra nomeadamente da colocação total ou parcial dos
embaraços e turbações provocados por mero exemplares produzidos.
facto de terceiros.
Artigo 93.º
Artigo 90.º (Actualização ortográfica)
(Obrigações do editor) Salvo por opção ortográfica de carácter estético
1 – O editor é obrigado a consagrar à execução do autor, não se considera modificação a
da edição os cuidados necessários à reprodução actualização ortográfica do texto em harmonia
da obra nas condições convencionadas e a com as regras oficiais vigentes.
fomentar, com zelo e diligência, a sua promoção
e a colocação no mercado dos exemplares Artigo 94.º
produzidos, devendo, em caso de (Provas)
incumprimento, indemnização ao autor por 1 – O editor é obrigado a facultar ao autor um
perdas e danos. jogo de provas de granel, um jogo de provas de
2 – não havendo convenção em contrário, o página e o projecto gráfico da capa, devendo o
editor deve iniciar a reprodução da obra no autor corrigir a composição daquelas páginas e
prazo de seis meses a contar da entrega do ser ouvido quanto a este projecto e obrigando-
se, em condições normais, a restituir as provas (Identificação do autor)
no prazo de vinte dias e o projecto de capa no O editor deve mencionar em cada exemplar o
prazo de cinco dias. nome ou pseudónimo do autor ou qualquer outra
2 – Se o editor ou o autor demorarem a remessa designação que o identifique.
das provas ou a sua restituição, poderá qualquer
deles notificar o outro, por carta registada com Artigo 98.º
aviso de recepção, para que o editor forneça ou (Impressão)
o autor restitua as provas dentro de novo e 1 – A impressão não pode ser feita sem que o
improrrogável prazo. autor a autorize.
3 – A notificação referida no número anterior é 2 – A restituição das provas de página e do
condição do pedido de indemnização de perdas projecto gráfico da capa, quando não
e danos por demora na publicação. acompanhada de declaração em contrário,
4 – O autor tem o direito de introduzir significa autorização para impressão.
correcções de tipografia, cujos custos serão
suportados pelo editor, tanto nos graneis, como Artigo 99.º
nas provas de página. (Venda de exemplares em saldo ou a peso)
5 – Quanto a correcções, modificações ou 1 – Se a edição da obra se não mostrar esgotada
aditamentos de texto que não se justifiquem por dentro do prazo convencionado ou, na falta de
circunstâncias novas, o seu custo é suportado, convenção, em cinco anos a contar da data da
salvo convenção em contrário, inteiramente pelo sua publicação, o editor tem a faculdade de
editor, se não exceder 5% do preço da vender em saldo ou a peso os exemplares
composição, e, acima desta percentagem, pelo existentes ou de os destruir.
autor. 2 – O editor deve prevenir o autor para este
exercer o direito de preferência na aquisição do
remanescente da edição por preço fixado na
base do que produziria a venda em saldo ou a
peso.
Artigo 95.º
(Modificações) Artigo 100.º
Sem embargo do estabelecido nas disposições (Transmissão dos direitos do editor)
anteriores, o editor de dicionários, enciclopédias 1 – O editor não pode, sem consentimento do
ou obras didácticas, depois da morte do autor, autor, transferir para terceiros, a título gratuito
pode actualizá-las ou completá-las mediante ou oneroso, direitos seus emergentes do contrato
notas, adendas, notas de pé de página ou de edição, salvo se a transferência resultar de
pequenas alterações de texto. trespasse do seu estabelecimento.
2 – As actualizações e alterações previstas no 2 – No caso de o trespasse causar ou vir a causar
número anterior devem ser devidamente prejuízos morais ao outro contratante, este tem
assinaladas sempre que os textos respectivos direito de resolver o contrato no prazo de seis
sejam assinados ou contenham matéria meses a contar do conhecimento do mesmo
doutrinal. trespasse, assistindo ao editor direito à
indemnização por perdas e danos.
Artigo 96.º 3 – Considera-se transmissão dos direitos
(Prestação de contas) emergentes de contrato de edição, nos termos
1 – Se a retribuição devida ao autor depender deste artigo, ficando, portanto, dependente do
dos resultados da venda ou se o seu pagamento consentimento do autor, a inclusão desses
for subordinado à evolução desta, o editor é direitos da participação do editor no capital de
obrigado a apresentar contas ao autor no prazo qualquer sociedade comercial.
convencionado ou, na falta deste, 4 – Não se considera como transmissão dos
semestralmente, com referência a 30 de Junho e direitos emergentes do contrato de edição a
31 de Dezembro de cada ano. adjudicação destes a algum dos sócios da
2 – Para o efeito do disposto no número sociedade editora por efeito de liquidação
anterior, o editor remeterá ao autor, por carta judicial ou extrajudicial desta.
registada, nos 30 dias imediatos ao termo do
prazo, o mapa da situação das vendas e Artigo 101.º
devoluções ocorridas nesse período, (Morte ou incapacidade do autor)
acompanhado do pagamento do respectivo 1 – Se o autor morrer ou ficar impossibilitado de
saldo. terminar a obra depois de entregar parte
3 – O editor facultará sempre ao autor ou ao apreciável desta, os sucessores do autor poderão
representante deste os elementos da sua escrita, resolver o contrato, indemnizando o editor por
indispensáveis à boa verificação das contas, a perdas e danos, mas, se o não fizerem no prazo
que se refere o número anterior. de três meses, poderá o editor resolver o
contrato ou dá-lo por cumprido quanto à parte
Artigo 97.º
entregue, contanto que pague ao sucessor ou 3 – O prazo fixado em contrato pode ser
representante a retribuição correspondente. judicialmente prorrogado, com motivos
2 – Se o autor tiver manifestado vontade de que suficientes, a requerimento do autor.
a obra não seja publicada se não completa, o 4 – Se a obra objecto do contrato dever ser
contrato será resolvido e não poderá a obra escrita à medida que for sendo publicada, em
incompleta ser editada em caso algum, mas volumes ou fascículos, deverão fixar-se no
deverá o editor ser reembolsado dos pagamentos contrato o número e a extensão, ao menos
que tiver eventualmente efectuado a título de aproximados, dos volumes ou fascículos,
direito de autor. adoptando-se, quanto à extensão, uma tolerância
3 – Uma obra incompleta só pode ser de 10%, salvo convenção que disponha
completada por outrem que não o autor com o diversamente.
consentimento escrito deste. 5 – Se o autor exceder, sem prévio acordo do
4 – Sem embargo do consentimento previsto no editor, as referidas proporções, não terá direito a
número anterior, a publicação da obra qualquer remuneração suplementar e o editor
completada só pode fazer-se com clara poderá recusar-se a publicar os volumes,
identificação da parte primitiva e do acrescento fascículos ou páginas em excesso, assistindo
e indicação da autoria deste. todavia ao autor o direito de resolver o contrato,
indemnizando o editor das despesas feitas e dos
Artigo 102.º lucros esperados da edição, atendendo-se aos
(Falência do editor) resultados já obtidos para o cálculo da
1 – Se para a realização do activo no processo indemnização se tiver começado a venda de
de falência do editor, houver que proceder à parte da obra.
venda por baixo preço, na totalidade ou por
grandes lotes, dos exemplares da obra editada Artigo 105.º
existentes nos depósitos do editor, deverá o (Reedições e edições sucessivas)
administrador da massa falida prevenir o autor, 1 – Se o editor tiver sido autorizado a fazer
com a antecipação de vinte dias, pelo menos, a várias edições, as condições estipuladas para a
fim de o habilitar a tomar as providências que edição originária deverão, em caso de dúvida,
julgue convenientes para a defesa dos seus aplicar-se às edições subsequentes.
interesses materiais e morais. 2 – Antes de empreender nova edição, o editor
2 – Ao autor é ainda reconhecido o direito de deve facultar ao autor a possibilidade de intervir
preferência para a aquisição pelo maior preço no texto, para pequenas correcções ou
alcançado dos exemplares postos em apuramentos que não impliquem modificação
arrematação. substancial da obra.
3 – Mesmo que o preço tenha sido globalmente
Artigo 103.º fixado, o autor tem ainda direito a remuneração
(Obras completas) suplementar se acordar com o editor
1 – O autor que contratou com um ou mais modificação substancial da obra, tal como
editores a edição separada de cada uma das suas refundição ou ampliação.
obras mantém a faculdade de contratar a edição 4 – O editor que se tiver obrigado a efectuar
completa ou conjunta das mesmas. edições sucessivas de certa obra deve, sob pena
2 – O contrato para a edição completa não de responder por perdas e danos, executá-las
autoriza o editor a editar em separado qualquer sem interrupção, de forma que nunca venham a
das obras compreendidas nessa edição nem faltar exemplares no mercado.
prejudica o direito de autor a contratar a edição 5 – Exceptua-se, em relação ao princípio
em separado de qualquer destas, salvo estabelecido no número anterior, o caso de força
convenção em contrário. maior, não se considerando, porém, como tal a
3 – O autor que exercer qualquer dos direitos falta de meios financeiros para custear a nova
referidos nos números anteriores deve fazê-lo edição nem o agravamento dos respectivos
sem afectar com o novo contrato as vantagens custos.
asseguradas ao editor em contrato anterior.
Artigo 106.º
Artigo 104.º (Resolução do contrato)
(Obras futuras) 1 – O contrato de edição pode ser resolvido:
1 – Ao contrato de edição que tenha em vista a) Se for declarada a interdição do editor;
obras futuras aplica-se o disposto no artigo 48º.. b) Por morte do editor em nome individual, se o
2 – Se a edição de obra futura tiver sido seu estabelecimento não continuar com algum
convencionada sem que no contrato se haja ou alguns dos seus sucessores;
fixado prazo para a sua entrega ao editor, terá c) Se o autor não entregar o original dentro do
este o direito de requerer a fixação judicial de prazo convencionado ou se o editor não concluir
prazo para essa entrega. a edição no prazo estabelecido no nº. 2 do artigo
90º., salvo caso de força maior devidamente
comprovado;
d) Em todos os demais casos especialmente cada espectáculo ou ser determinada por
previstos e, de um modo geral, sempre que se qualquer outra forma estabelecida no contrato.
verificar o incumprimento de qualquer das 2 – Se a retribuição for determinada em função
cláusulas ou das disposições legais directa ou da receita do espectáculo, deve ser paga no dia
supletivamente aplicáveis. seguinte ao do espectáculo respectivo, salvo se
2 – A resolução do contrato entende-se sempre de outro modo tiver sido convencionado.
sem prejuízo da responsabilidade por perdas e 3 – Sendo a retribuição determinada em função
danos da parte a quem for imputável. da receita de cada espectáculo, assiste ao autor o
direito de fiscalizar por si ou por seu
SECÇÃO II representante as receitas respectivas.
Da representação cénica 4 – Se o empresário viciar as notas de receita ou
fizer uso de quaisquer outros meios fraudulentos
Artigo 107.º para ocultar os resultados exactos da sua
(Noção) exploração incorrerá nas penas aplicáveis aos
Representação é a exibição perante espectadores correspondentes crimes e o autor terá o direito a
de uma obra dramática, dramático-musical, resolver o contrato.
coreográfica, pantomímica ou outra de natureza
análoga, por meio de ficção dramática, canto, Artigo 111.º
dança, música ou outros processos adequados, (Retribuição )
separadamente ou combinados entre si. Sempre que uma representação de obra não
caída no domínio público dependa de licença ou
autorização administrativa, será necessário, para
a obter, a exibição perante autoridade
Artigo 108.º competente de documento comprovativo de que
(Autorização) o autor consentiu na representação.
1 – A utilização da obra por representação
depende de autorização do autor, quer a Artigo 112.º
representação se realize em lugar público, quer (Representação não autorizada)
em lugar privado, com ou sem entradas pagas, A representação sem autorização ou que não se
com ou sem fim lucrativo. conforme com o seu conteúdo confere ao autor
2 – Se a obra tiver sido divulgada por qualquer o direito de a fazer cessar imediatamente, sem
forma, e desde que se realize sem fim lucrativo prejuízo de responsabilidade civil ou criminal
e em privado, num meio familiar, a do empresário ou promotor do espectáculo.
representação poderá fazer-se
independentemente de autorização do autor, Artigo 113.º
princípio que se aplica, aliás, a toda a (Direitos de autor)
comunicação. 1 – Do contrato de representação sem
3 – A concessão do direito de representar autorização derivam para o autor, salvo
presume-se onerosa, excepto quando feita a estipulação em contrário, os seguintes direitos:
favor de amadores. a) De introduzir na obra, independentemente do
consentimento da outra parte, as alterações que
Artigo 109.º julgar necessárias, contanto que não
( Forma, conteúdo e efeitos) prejudiquem a sua estrutura geral, não
1 – Pelo contrato de representação o autor diminuam o seu interesse dramático ou
autoriza um empresário a promover a espectacular nem prejudiquem a programação
representação da obra, obrigando-se este a fazê- dos ensaios e da representação;
la representar nas condições acordadas. b) De ser ouvido sobre a distribuição dos
2 – O contrato de representação deve ser papéis;
celebrado por escrito e, salvo convenção em c) De assistir aos ensaios e fazer as necessárias
contrário, não atribui ao empresário o exclusivo indicações quanto à interpretação e encenação;
da comunicação directa da obra por esse meio. d) De ser ouvido sobre a escolha dos
3 – O contrato deve definir com precisão as colaboradores da realização artística da obra;
condições e os limites em que a representação e) De se opor à exibição enquanto não
da obra é autorizada, designadamente quanto ao considerar suficientemente ensaiado o
prazo, ao lugar, à retribuição do autor e às espectáculo, não podendo, porém, abusar desta
modalidades do respectivo pagamento. faculdade e protelar injustificadamente a
exibição, caso em que responde por perdas e
Artigo 110.º danos;
(Retribuição) f) De fiscalizar o espectáculo, por si ou por
1 – A retribuição do autor pela outorga do representante, para o que tanto um como o outro
direito de representar poderá consistir numa têm livre acesso ao local durante a
quantia global fixa, numa percentagem sobre as representação.
receitas dos espectáculos, em certa quantia por
2 – Se tiver sido convencionado no contracto O empresário não pode transmitir os direitos
que a representação da obra seja confiada a emergentes do contrato de representação sem o
determinados actores ou executantes, a consentimento do autor.
substituição destes só poderá fazer-se por
acordo dos outorgantes. Artigo 119.º
(Representação de obra não divulgada)
Artigo 114.º O autor que tiver contratado a representação de
(Supressão de passos da obra) obra ainda não divulgada poderá publicá-la,
Se, por decisão judicial, for imposta a supressão impressa ou reproduzida por qualquer outro
de algum passo da obra que comprometa ou processo, salvo se outra coisa tiver sido
desvirtue o sentido da mesma, poderá o autor convencionada com o empresário.
retirá-la e resolver o contrato, sem por esse facto
incorrer em qualquer responsabilidade. Artigo 120.º
(Resolução do contrato)
Artigo 115.º 1 – O contrato de representação pode ser
(Obrigações do empresário) resolvido:
1 – O empresário assume pelo contrato a a) Nos casos em que legal ou contratualmente
obrigação de fazer representar a obra em for estabelecido;
espectáculo público dentro do prazo b) Nos casos correspondentes aos da alíneas a) e
convencionado e, na falta de convenção, dentro d) do artigo 106º.;
do prazo de um ano a contar da celebração do c) No caso de evidente e continuada falta de
contrato, salvo tratando-se de obra dramático- assistência do público.
musical, caso em que o prazo se eleva a dois 2 – A resolução do contrato entende-se sempre
anos. sem prejuízo de responsabilidade por perdas e
2 – O empresário é obrigado a realizar os danos da parte a quem for imputável.
ensaios indispensáveis para assegurar a
representação nas condições técnicas adequadas SECÇÃO III
e, de um modo geral, a empregar todos os Da recitação e da execução
esforços usuais em tais circunstâncias para o
bom êxito da representação. Artigo 121.º
3 – O empresário é obrigado a fazer representar (Equiparação à representação)
o texto que lhe tiver sido fornecido, não 1 – A recitação de uma obra literária e a
podendo fazer nele quaisquer modificações, execução por instrumentos ou por instrumentos
como sejam eliminações, substituições ou e cantores de obra musical ou literário-musical
aditamentos, sem o consentimento do autor. são equiparadas à representação definida no
4 – O empresário é obrigado a mencionar, por artigo 107º..
forma bem visível, nos programas, cartazes e 2 – Ao contrato celebrado para a recitação ou
quaisquer outros meios de publicidade o nome, para a execução de tais obras aplica-se, no que
pseudónimo ou qualquer outro sinal de não for especialmente regulado, o disposto na
identificação adoptado pelo autor. secção precedente, contanto que seja compatível
com a natureza da obra e da exibição.
Artigo 116.º
(Sigilo de obra inédita) Artigo 122.º
Tratando-se de obra que ainda não tenha sido (Obrigações do promotor)
representada nem reproduzida, o empresário não 1 – A entidade que promover ou organizar a
pode dá-la a conhecer antes da primeira execução ou a recitação de obra literária,
representação, salvo para efeitos publicitários, musical ou literário-musical em audição pública
segundo os usos correntes. deve afixar previamente no local o respectivo
programa, do qual devem constar, na medida do
Artigo 117.º possível, da designação da obra e a identificação
(Transmissão, reprodução e filmagem da da autoria.
representação) 2 – Uma cópia desse programa deve ser
Para que a representação da obra, no todo ou em fornecida ao autor ou ao seu representante.
parte, 3 – Na falta de afixação do programa ou da sua
Possa ser transmitida pela radiodifusão sonora comunicação nos termos dos números
ou visual, reproduzida em fonogramas ou anteriores, compete à entidade que promove ou
videogramas, filmada ou exibida, é necessário, organiza a execução ou a recitação, quando
para além das autorizações do empresário do demandada, fazer a prova de que obteve
espectáculo e dos artistas, o consentimento autorização dos autores das obras executadas ou
escrito do autor. recitadas.
Artigo 118.º
(Transmissão dos direitos do empresário)
Artigo 123.º
(Fraude na organização ou realização do Artigo 127.º
programa) (Efeitos da autorização)
1 – Se a entidade que promover a execução ou a 1 – Da autorização deriva para o produtor
recitação organizar fraudulentamente o cinematográfico o direito de produzir o
programa, designadamente incluindo nele obra negativo, os positivos, as cópias e os registos
que não se propõe fazer executar ou recitar, e magnéticos necessários para a exibição da obra.
promovendo, em lugar desta, a execução ou 2 – A autorização para a produção
recitação de outra não anunciada, ou se, no cinematográfica implica, salvo estipulação
decurso de audição, por motivo que não especial, autorização para a distribuição e
constitua caso fortuito ou de força maior, deixar exibição do filme em salas públicas de cinema,
de ser executada ou recitada obra constante do bem como para a sua exploração económica por
programa, poderão os autores prejudicados nos este meio, sem prejuízo do pagamento da
seus interesses morais ou materiais reclamar da remuneração estipulada.
referida entidade indemnização por perdas e 3 – Dependem de autorização dos autores das
danos, independentemente da responsabilidade obras cinematográficas a radio difusão sonora
criminal que ao caso couber. ou visual da película, a sua comunicação ao
2 – Não implica responsabilidade ou ónus para público, por fios ou sem fios, nomeadamente
os organizadores da audição o facto de os por ondas hertzianas, fibras ópticas, cabo ou
artistas, por solicitação insistente do público, satélite, e a sua reprodução, exploração ou
executarem ou recitarem quaisquer obras além exibição sob a forma de videograma.
das constantes do programa. 4 – A autorização a que se refere este artigo
também não abrange a transmissão radiofónica
SECÇÃO IV da banda sonora ou de fonograma em que se
Das obras cinematográficas reproduzam trechos de obra cinematográfica.
5 – Não carece de autorização do autor a difusão
Artigo 124.º de obras produzidas por organismo de
(Produção de obra cinematográfica) radiodifusão sonora ou audiovisual, ao qual
A produção cinematográfica depende da assiste o direito de as transmitir e comunicar ao
autorização dos autores das obras preexistentes, público, no todo ou em parte, através dos seus
ainda que estes não sejam considerados autores próprios canais transmissores.
da obra cinematográfica nos termos do artigo
22.º. Artigo 128.º
(Exclusivo)
Artigo 125.º 1 – A autorização dada pelos autores para a
(Autorização dos autores da obra produção cinematográfica de uma obra, quer
cinematográfica) composta especialmente para esta forma de
1 – Das autorizações concedidas pelos autores expressão quer adaptada, implica a concessão de
das obras cinematográficas nos termos do artigo exclusivo, salvo convenção em contrário.
22º. Devem constar especificamente as 2 – No silêncio das partes, o exclusivo
condições da produção, distribuição e exibição concedido para a produção cinematográfica
da película. caduca decorridos vinte e cinco anos sobre a
2 – Se o autor tiver autorizado, expressa ou celebração do contrato respectivo, sem prejuízo
implicitamente, a exibição, o exercício dos do direito daquele a quem tiver sido atribuída a
direitos de exploração económica da obra exploração económica do filme a continuar a
cinematográfica compete ao produtor. projectá-lo, reproduzi-lo e distribui-lo.
Artigo 196.º
(Contrafacção)
Artigo 192.º 1–Comete o crime de contrafacção quem
(Modos de exercício) utilizar, como sendo criação ou prestação sua,
As disposições sobre os modos de exercício dos obra, prestação de artista, fonograma,
direitos de autor aplicam-se no que couber aos videograma ou emissão de radiodifusão que seja
modos de exercício dos direitos conexos. mera reprodução total ou parcial de obra ou
prestação alheia, divulgada ou não divulgada,
Artigo 193.º ou por tal modo semelhante que não tenha
(Extensão da protecção) individualidade própria.
Beneficiam também de protecção os artistas, os 2 – Se a reprodução referida no número anterior
produtores de fonogramas ou videogramas e os representar apenas parte ou fracção da obra ou
organismos de radiodifusão protegidos por prestação, só essa parte ou fracção se considera
convenções internacionais ratificadas ou como contrafacção.
aprovadas. 3 – Para que haja contrafacção não é essencial
que a reprodução seja feita pelo mesmo
Artigo 194.º * processo que o original, com as mesmas
(Retroactividade) dimensões ou com o mesmo formato.
1 – A duração da protecção e a contagem do 4 – Não importam contrafacção:
respectivo prazo determinam-se nos termos do a) A semelhança entre traduções, devidamente
artigo 183.º, ainda que os factos geradores da autorizadas, da mesma obra ou entre fotografias,
protecção tenham ocorrido anteriormente à desenhos, gravuras ou outra forma de
entrada em vigor deste Código. representação do mesmo objecto, se, apesar das
2 – No caso dos titulares de direitos conexos semelhanças decorrentes da identidade do
beneficiarem, por força de disposição legal, de objecto, cada uma das obras tiver
um prazo de protecção superior aos previstos individualidade própria;
neste Código, prevalecem estes últimos. b) A reprodução pela fotografia ou pela gravura
Ver artigo 11.º Do Decreto-Lei nº. 332/97, de 27 de efectuada só para o efeito de documentação da
Novembro – sobre “ Âmbito de aplicação no tempo”
crítica artística.
TÍTULO IV Artigo 197.º
Da violação e defesa do direito de autor e dos (Penalidades)
direitos conexos 1 – Os crimes previstos nos artigos anteriores
são punidos com pena de prisão até três anos e
Artigo 195.º multa de 150 a 250 dias, de acordo com a
(Usurpação) gravidade da infracção, agravadas uma e outra
1 – Comete o crime de usurpação quem, sem para o dobro em caso de reincidência, se o facto
autorização do autor ou do artista, do produtor constitutivo da infracção não tipificar crime
de fonograma e videograma ou do organismo de punível com pena mais grave.
radiodifusão, utilizar uma obra ou prestação por 2 – Nos crimes previstos neste título a
qualquer das formas previstas neste Código. negligência é punível com multa de 50 a 150
2 – Comete também o crime de usurpação: dias.
a) Quem divulgar ou publicar abusivamente 3 – Em caso de reincidência não há suspensão
uma obra ainda não divulgada nem publicada da pena.
pelo seu autor ou não destinada a divulgação ou
4 – Na aplicação destas medidas, o tribunal deve
Artigo 198.º ter em consideração os legítimos interesses de
(Violação do direito moral) terceiros, em particular dos consumidores.
É punido com as penas previstas no artigo 5 – O tribunal, ponderada a natureza e qualidade
anterior: dos bens declarados perdidos a favor do Estado,
a) Quem se arrogar a paternidade de uma obra pode atribuí-los a entidades, públicas ou
ou de prestação que sabe não lhe pertencer; privadas, sem fins lucrativos se o lesado der o
b) Quem atentar contra a genuinidade ou seu consentimento expresso para o efeito.
integridade da obra ou prestação, praticando 6 – O tribunal pode igualmente impor ao
acto que a desvirtue e possa afectar a honra ou infractor, ou ao intermediário cujos serviços
reputação do autor ou do artista. estejam a ser utilizados pelo infractor, uma
medida destinada a inibir a continuação da
Artigo 199.º infracção verificada, designadamente a
(Aproveitamento de obra contrafeita ou interdição temporária do exercício de certas
usurpada) actividades ou profissões, a privação do direito
1 – Quem vender, puser à venda, importar, de participar em feiras ou mercados ou o
exportar ou por qualquer modo distribuir ao encerramento temporário ou definitivo do
público obra usurpada ou contrafeita ou cópia estabelecimento.
não autorizada de fonograma ou videograma, 7 - Nas decisões de condenação à cessação de
quer os respectivos exemplares tenham sido uma actividade ilícita, o tribunal pode prever
produzidos no País quer no estrangeiro, será uma sanção pecuniária compulsória destinada a
punido com as penas previstas no artigo 197º.. assegurar a respectiva execução.
2 – A negligência è punível com multa até (Redacção dada pela Lei nº 16/2008)
cinquenta dias.
Artigo 202.º
Artigo 200.º (Regime especial em caso de violação de
(Procedimento criminal) direito moral)
1 – O procedimento criminal relativo aos crimes 1 – Se apenas for reivindicada a paternidade da
previstos neste Código não depende de queixa obra, pode o tribunal, a requerimento do autor,
do ofendido, excepto quando a infracção disser em vez de ordenar a destruição, mandar entregar
exclusivamente respeito à violação de direitos àquele os exemplares apreendidos, desde que se
morais. mostre possível, mediante adição ou
2 – Tratando-se de obras caídas no domínio substituição das indicações referentes à sua
público, a queixa deverá ser apresentada pelo autoria, assegurar ou garantir aquela
Ministério da Cultura. paternidade.
2 – Se o autor defender a integridade da obra,
Artigo 201.º pode o tribunal, em vez de ordenar a destruição
(Apreensão e perda de coisas relacionadas dos exemplares deformados, mutilados ou
com a prática do crime) modificados por qualquer outro modo, mandar
1 – São sempre apreendidos os exemplares ou entregá-los ao autor, a requerimento deste, se
cópias das obras usurpadas ou contrafeitas, for possível restituir esses exemplares à forma
quaisquer que sejam a natureza da obra e a original.
forma de violação, bem como os respectivos
invólucros materiais, máquinas ou demais Artigo 203.º
instrumentos ou documentos de que haja (Responsabilidade civil)
suspeita de terem sido utilizados ou de se A responsabilidade civil emergente da violação
destinarem à prática da infracção. dos direitos previstos neste código é
2 – Nos casos de flagrante delito, têm independente do procedimento criminal a que
competência para proceder à apreensão as esta dê origem, podendo, contudo, ser exercida
autoridades policiais e administrativas, em conjunto com a acção criminal.
designadamente a Polícia Judiciária, a Polícia de
Segurança Pública, a Polícia Marítima, a Artigo 204.º
Guarda Nacional Republicana, a Autoridade de (Regime das contra-ordenações)
Segurança Alimentar e Económica e a Ás contra-ordenações, em tudo quanto não se
Inspecção-Geral das Actividades Culturais. encontre especialmente regulado, são aplicáveis
3 – A sentença que julgar do mérito da acção as disposições do Decreto-Lei nº. 433/82, de 27
judicial declara perdidos a favor do Estado os de Outubro.
bens que tiverem servido ou estivessem
destinados directamente a servir para a prática Artigo 205.º
de um ilícito, ou que por este tiverem sido (Das contra-ordenações)
produzidos, sendo as cópias ou exemplares 1 – Constitui contra-ordenação punível com
destruídos, sem direito a qualquer coima de € 249,40 a € 2493,99:
indemnização.
a) A falta de comunicação pelos importadores, O uso ilegítimo do nome literário ou artístico ou
fabricantes e vendedores de suportes materiais de qualquer outra forma de identificação do
para obras fonográficas e videográficas das autor confere ao interessado o direito de pedir,
quantidades importadas, fabricadas e vendidas, além da cessação de tal uso, indemnização por
de harmonia com o estatuído no nº. 2 do artigo perdas e danos.
143º.
b) A falta de comunicação pelos fabricantes e Artigo 210.º -A
duplicadores de fonogramas e videogramas das (Medidas para obtenção da prova)
quantidades que prensarem ou duplicarem, 1 – Sempre que elementos de prova se
conforme o estipulado no nº. 3 do artigo 143.º. encontrem na posse, na dependência ou sob
2 – Constitui contra-ordenação punível com controlo da parte contrária ou de terceiros, pode
coima de € 99,79 a € 997,60 a inobservância do o interessado requerer ao tribunal que os
disposto nos artigos 97º.,n.º4 do 115º., nº.2 do mesmos sejam apresentados, desde que para
126º., 134.º, 142.º,154.º, n.º3 do 160.º, 171.º e fundamentar a sua pretensão apresente indícios
185.ºe, não se dispensando indicação do nome suficientes de violação de direito de autor ou de
ou pseudónimo do artista, também no n.º1 do direitos conexos.
artigo 180.º. 2 – Quando estejam em causa actos praticados à
3 – A negligência é punível. escala comercial, pode ainda o requerente
4 – Pode ser determinada a publicidade da solicitar ao tribunal a apresentação de
decisão condenatória, sendo aplicável, com as documentos bancários, financeiros,
necessárias adaptações o disposto no artigo contabilísticos ou comerciais que se encontrem
211.º-A. na posse, na dependência ou sob controlo da
(O nº4 tem a redacção dada pela Lei n.º16/2008) parte contrária.
3 – Em cumprimento do previsto nos números
Artigo 206.º anteriores, o tribunal, assegurando a protecção
(Competência para o processamento das de informações confidenciais, notifica a parte
contra-ordenações e aplicação das coimas) requerida para, dentro do prazo designado,
A competência para o processamento das apresentar os elementos de prova que se
contra-ordenações é da Inspecção-Geral das encontrem na sua posse, promovendo as acções
Actividades Culturais e a aplicação das coimas necessárias em caso de incumprimento.
pertence ao respectivo inspector-geral. (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
(Redacção dada pela Lei nº 16/2008)
Artigo 210.º –B
(Medidas para preservação da prova)
Artigo 207.º 1 – Sempre que haja violação ou fundado receio
(Efeito de recurso) de que outrem cause lesão grave e dificilmente
Não tem efeito suspensivo o recurso da decisão reparável do direito de autor ou dos direitos
que aplicar coima de montante inferior a € conexos, pode o interessado requerer medidas
399,04. provisórias urgentes e eficazes que se destinem
a preservar provas da alegada violação.
2 – As medidas de preservação da prova podem
Artigo 208.º incluir a descrição pormenorizada, com ou sem
(Destino do produto das coimas) recolha de amostras, ou a apreensão efectiva de
O montante das coimas aplicadas pelas contra- bens que se suspeite violarem direitos de autor
ordenações reverte para o fundo de Fomento ou direitos conexos e, sempre que adequado,
Cultural. dos materiais e instrumentos utilizados na
produção ou distribuição desses bens, assim
como dos documentos a eles referentes.
Artigo 209.º (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
(Medidas cautelares administrativas)
Sem prejuízo das providências cautelares Artigo 210º – C
previstas na lei de processo, pode o autor (Tramitação e contraditório)
requerer das autoridades policiais e 1 – Sempre que um eventual atraso na aplicação
administrativas do lugar onde se verifique a das medidas possa causar danos irreparáveis ao
violação do seu direito a imediata suspensão de requerente, ou sempre que exista um risco sério
representação, recitação, execução ou qualquer de destruição ou ocultação da prova, as medidas
outra forma de exibição de obra protegida que previstas no artigo anterior podem ser aplicadas
se estejam realizando sem a devida autorização sem audiência prévia da parte requerida.
e, cumulativamente, requerer a apreensão da 2 – Quando as medidas de preservação da prova
totalidade das receitas. sejam aplicadas sem audiência prévia da parte
(A epígrafe tem a redacção da Lei n.º16/2008) requerida, esta é imediatamente notificada.
3 – Na sequência da notificação prevista no
Artigo 210.º número anterior, pode a parte requerida pedir,
(Identificação ilegítima) no prazo de 10 dias, a revisão das medidas
aplicadas, produzindo prova e alegando factos a) Tenha sido encontrada na posse dos bens ou a
não tidos em conta pelo tribunal. utilizar ou prestar os serviços, à escala
4 – Ouvida a parte requerida, o tribunal pode comercial, que se suspeite violarem direito de
determinar a alteração, a revogação ou a autor ou direitos conexos;
confirmação das medidas aplicadas. b) Tenha sido indicada por pessoa referida na
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008) alínea anterior, como tendo participado na
produção, fabrico ou distribuição dos bens ou na
Artigo 210º – D prestação de serviços que se suspeite violarem
(Causas de extinção e caducidade) direito de autor ou direitos conexos.
Às medidas de obtenção e de preservação de
prova são aplicáveis as causas de extinção e 3 – O previsto no presente artigo não prejudica a
caducidade previstas no artigo 389.º do Código aplicação de outras disposições legislativas ou
de Processo Civil, salvo quando elas se regulamentares que, designadamente:
configurem como medidas preliminares de a)Confiram ao requerente o direito a uma
interposição de providências cautelares nos informação mais extensa;
termos do artigo 210.º-G. b) Regulem a sua utilização em processos de
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
natureza cível ou penal;
c)Regulem a responsabilidade por abuso do
Artigo 210º –E direito à informação;
(Responsabilidade do requerente) d) confiram o direito de não prestar declarações
1 – A aplicação das medidas de preservação de que possam obrigar qualquer das pessoas
prova pode ficar dependente da constituição, referidas no n.º2 a admitir a sua própria
pelo requerente, de uma caução ou outra participação ou de familiares próximos;
garantia destinada a assegurar a indemnização e) confiram o direito de invocar sigilo
prevista no n.º3. profissional, a protecção da confidencialidade
2 – Na fixação do valor da caução deve ser tida das fontes de informação ou o regime legal de
em consideração, entre outros factores protecção dos dados pessoais.
relevantes, a capacidade económica do (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
requerente.
3 – Sempre que a medida de preservação da Artigo 210º-G
prova aplicada for considerada injustificada ou (Providências cautelares)
deixe de produzir efeitos por facto imputável ao 1 – Sempre que haja violação ou fundado receio
requerente, bem como nos casos em que se de que outrem cause lesão grave e dificilmente
verifique não ter havido violação de direito de reparável do direito de autor ou dos direitos
autor ou de direitos conexos, pode o tribunal conexos, pode o tribunal, a pedido do
ordenar ao requerente, a pedido da parte requerente, decretar as providências adequadas
requerida, o pagamento de uma indemnização a:
adequada a reparar qualquer dano causado pela a) Inibir qualquer violação iminente; ou
aplicação das medidas. b) Proibir a continuação da violação.
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
2 – O tribunal exige que o requerente forneça os
Artigo 210º –F elementos de prova para demonstrar que é
(Obrigação de prestar informação) titualr de direito de autor ou de direitos conexos,
1 – O titular de direito de autor ou de direitos ou que está autorizado a utilizá-los, e que se
conexos, ou o seu representante autorizado, verifica ou está iminente uma violação.
pode requerer a prestação de informações 3 – As providências previstas no n.º1 podem
detalhadas sobre a origem e as redes de também ser decretadas contra qualquer
distribuição dos bens ou serviços em que se intermediário cujos serviços estejam a ser
materializa a violação de direito de autor ou de utilizados por terceiros para violar direito de
direitos conexos, designadamente: autor ou direitos conexos, nos termos do artigo
a) Os nomes e os endereços dos produtores, 227.º.
fabricantes, distribuidores, fornecedores e 4 – Pode o tribunal, oficiosamente ou a pedido
outros possuidores anteriores desses bens ou do requerente, decretar uma sanção pecuniária
serviços, bem como dos grossistas e dos compulsória com vista a assegurar a execução
retalhistas destinatários; das providências previstas no n.º1.
b) Informações sobre as quantidades 5 – Ao presente artigo é aplicável o disposto nos
produzidas, fabricadas, entregues, recebidas ou artigos 210.º-C a 210.º-E.
encomendadas, bem como sobre o preço obtido 6 – A pedido da parte requerida, as providências
pelos bens ou serviços. decretadas a que se refere o n.º1 podem, no
prazo de 10 dias, ser substituídas por caução,
2 – A prestação das informações previstas neste sempre que esta, ouvido o requerente, se mostre
artigo pode ser ordenada ao alegado infractor, adequada a assegurar a indemnização do titular.
ou a qualquer pessoa que:
7 – Na determinação das providênciais previstas 4 – Na aplicação destas medidas, o tribunal deve
neste artigo, deve o tribunal atender à natureza ter em consideração os legítimos interesses de
do direito de autor ou dos direitos conexos, terceiros, em particular os consumidores.
salvaguardando nomeadamente a possibilidade 5 – Os instrumentos utilizados no fabrico dos
de o titular continuar a explorar, sem qualquer bens em que se manifeste violação de direito de
restrição, os seus direitos. autor ou de direitos conexos devem ser,
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008) igualmente, objecto das sancções acessórias
previstas neste artigo.
Artigo 210.º-H (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
(Arresto)
1 – Em caso de infracção à escala comercial, Artigo 210.º –J
actual ou iminente, e sempre que o interessado (Medidas inibitórias)
prove a existência de circunstâncias susceptíveis 1 – A decisão judicial de mérito pode
de comprometer a cobrança da indemnização igualmente impor ao infractor uma medida
por perdas e danos, pode o tribunal ordenar a destinada a inibir a continuação da infracção
apreensão dos bens móveis e imóveis do verificada.
alegado infractor, incluindo os saldos das suas 2 – As medidas previstas no número anterior
contas bancárias, podendo o juiz ordenar a podem compreender:
comunicação ou o acesso aos dados e
informações bancárias ou comerciais a) A interdição temporária do exercício de
respeitantes ao infractor. certas actividades ou profissões;
2 – Sempre que haja violação, actual ou b)A privação do direito de participar em feiras
iminente, de direitos de autor ou de direitos ou mercados;
conexos, pode o tribunal, a pedido do c)O encerramento temporário ou definitivo do
interessado, ordenar a apreensão dos bens que estabelecimento.
suspeite violarem esses direitos, bem como dos
instrumentos que sirvam essencialmente para a 3 – Pode o tribunal, oficiosamente ou a pedido
prática do ilícito. do requerente, decretar uma sanção pecuniária
3 – Para efeitos do disposto nos números compulsória com vista a assegurar a execução
anteriores, o tribunal exige que o requerente das medidas previstas neste artigo.
forneça todos os elementos de prova 4 – O disposto neste artigo é aplicável a
razoavelmente disponíveis para demonstrar que qualquer intermediário cujos serviços estejam a
é titular do direito de autor ou dos direitos ser utilizados por terceiros para violar direito de
conexos, ou que está autorizado a utilizá-lo, e autor ou direitos conexos, nos termos do
que se verifica ou está iminente uma violação. disposto do artigo 227.º.
4 – Ao presente artigo é aplicável o disposto nos (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
artigos 210.º-C a 210.º-E.
5 – O disposto neste artigo não prejudica a Artigo 210.º-L
possibilidade de recurso ao arresto previsto no (Escala comercial)
Código de Processo Civil por parte do titular de 1 – Para efeitos do disposto no presente Código,
um direito de autor ou direito conexo. entende-se por actos praticados à escala
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008) comercial todos aqueles que violem direito de
autor ou direito conexos e que tenham por
Artigo 210º -I finalidade uma vantagem económica ou
(Sanções acessórias) comercial, directa ou indirecta.
1 – Sem prejuízo da fixação de uma 2 – Da definição prevista no número anterior
indemnização por perdas e danos, a decisão excluem-se os actos praticados por
judicial de mérito deve, a pedido do lesado e a consumidores finais agindo de boa-fé.
expensas do infractor, determinar medidas (Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
relativas ao destino dos bens em que se tenha
verificado violação de direito de autor ou de Artigo 211.º
direitos conexos. (Indemnização)
2 – As medidas previstas no número anterior 1 – Quem, com dolo ou mera culpa, viole
devem ser adequadas, necessárias e ilicitamente o direito de autor ou os direitos
proporcionais à gravidade da violação, podendo conexos de outrem, fica obrigado a indemnizar
incluir a destruição, a retirada ou a exclusão a parte lesada pelas perdas e danos resultantes
definitiva dos circuitos comerciais, sem da violação.
atribuição de qualquer compensação ao 2 – Na determinação do montante da
infractor. indemnização por perdas e danos, patrimoniais
3 – O tribunal, ponderada a natureza e qualidade e não patrimoniais, o tribunal deve atender ao
dos bens declarados perdidos a favor do Estado, lucro obtido pelo infractor, aos lucros cessantes
pode atribuí-los a entidades públicas ou e danos emergentes sofridos pela parte lesada e
privadas sem fins lucrativos, se o lesado der o aos encargos por esta suportados com a
seu consentimento expresso para o efeito. protecção do direito de autor ou dos direitos
conexos, bem como com a investigação e
cessação da conduta lesiva do seu direito. (Revogado pelo artigo 5.º da Lei n.º 50/2004, de 24 de
Agosto)
3 - Para o cálculo da indemnização devida à
parte lesada, deve atender-se à importância da
receita resultante da conduta ilícita do infractor, TÍTULO V
designadamente do espectáculo ou espectáculos Do registo
ilicitamente realizados.
4 – O tribunal deve atender ainda aos danos não
patrimoniais causados pela conduta do infractor, Artigo 213.º
bem como às circunstâncias da infracção, à (Regra geral)
gravidade da lesão sofrida e ao grau de difusão O direito de autor e os direitos deste derivados
ilícita da obra ou da prestação. adquirem-se independentemente de registo, sem
5 – Na impossilibilidade de se fixar, nos termos prejuízo do disposto no artigo seguinte.
dos números anteriores, o montante do prejuízo
efectivamente sofrido pela parte lesada, e desde
que este não se oponha, pode o tribunal, em Artigo 214.º
alternativa, estabelecer uma quantia fixa com (Registo constitutivo)
recurso à equidade, que tenha por base, no Condiciona a efectividade da protecção legal o
mínimo, as remunerações que teriam sido registo:
auferidas caso o infractor tivesse solicitado a) Do título da obra não publicada nos termos
autorização para utilizar os direitos em questão do n.º3 do artigo 4.º;
e os encargos por aquela suportados com a b) Dos títulos dos jornais e outras publicações
protecção do direito de autor ou dos direitos periódicas.
conexos, bem como com a investigação e
cessação da conduta lesiva do seu direito.
6 – Quando, em relação à parte lesada, a Artigo 215.º
conduta do infractor constitua prática reiterada (Objecto de registo)
ou se revele especialmente gravosa, pode o 1 – Estão sujeitos a registo:
tribunal determinar a indemnização que lhe é a) Os factos que importem constituição,
devida com recurso à cumulação de todos ou de transmissão, oneração, alienação, modificação
alguns dos critérios previstos nos n.ºs 2 a 5. ou extinção do direito de autor;
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008) b) O nome literário ou artístico,
c) O título de obra ainda não publicada;
Artigo 211.º-A d) A penhora e o arresto sobre o direito de
(Publicidade das decisões judiciais) autor;
1 – A pedido do lesado e a expensas do e) O mandato nos termos do artigo 74.º.
infractor, pode o tribunal ordenar a publicitação 2 – São igualmente objecto de registo:
da decisão final. a) As acções que tenham por fim principal ou
2 – A publicitação prevista no número anterior acessório a constituição, o reconhecimento, a
pode ser feita através da divulgação em modificação ou a extinção do direito de autor;
qualquer meio de comunicação que se considere b) As acções que tenham por fim principal ou
adequado. acessório a reforma, a declaração de nulidade ou
3 – A publicitação é feita por extracto, do qual a anulação de um registo ou do seu
constem elementos da sentença e da cancelamento;
condenação, bem como a identificação dos c) As respectivas decisões finais, logo que
agentes. transitem em julgado.
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008)
Artigo 216.º
Artigo 211.º-B (Nome literário ou artístico)
(Direito subsidiário) 1 – O nome literário ou artístico só é registável
1 – Em tudo o que não estiver especialmente em benefício do criador de obra anteriormente
regulado no presente título, são registada.
subsidiariamente aplicáveis outras medidas e 2 – O registo do nome literário ou artístico não
procedimentos previstos na lei, nomeadamente tem outro efeito além da mera publicação do seu
no Código de Processo Civil. uso.
2 – O disposto no presente título não prejudica a
possibilidade de recurso, por parte do titular de
um direito de autor ou direito conexo, aos Disposições finais
procedimentos e acções previstos no Código de
Processo Civil. TÍTULO VI
(Redacção dada pela Lei n.º16/2008) Protecção das medidasde carácter
tecnológico e das informações para a gestão
Artigo 212.º * electrónica dos direitos
(Concorrência desleal)
a) Sejam promovidos, publicitados ou
Artigo 217.º comercializados para neutralizar a protecção de
Protecção das medidas tecnológicas uma medida eficaz de carácter tecnológico, ou;
1 — É assegurada protecção jurídica, nos b) Só tenham limitada finalidade comercial ou
termos previstos neste Código, aos titulares de utilização para além da neutralização da
direitos de autor e conexos, incluindo o titular protecção da medida eficaz de carácter
do direito sui generis previsto no Decreto-Lei tecnológico, ou;
n.º 122/2000, de 4 de Julho, com a excepção dos c) Sejam essencialmente concebidos,
programas de computador, contra a produzidos, adaptados ou executados com o
neutralização de qualquer medida eficaz de objectivo de permitir ou facilitar a neutralização
carácter tecnológico. da protecção de medidas de carácter tecnológico
2 — Para os efeitos do disposto no número eficazes;
anterior, entende-se por «medidas de carácter É punido com pena de prisão até 6 meses ou
tecnológico» toda a técnica, dispositivo ou com pena de multa até 20 dias.
componente que, no decurso do seu
funcionamento normal, se destinem a impedir Artigo 220.º
ou restringir actos relativos a obras, prestações e Extensão aos acordos
produções protegidas, que não sejam As medidas eficazes de carácter tecnológico
autorizados pelo titular dos direitos de resultantes de acordos, decisões de autoridades
propriedade intelectual, não devendo ou da aplicação voluntária pelos titulares de
considerar-se como tais: Direitos de Autor e Conexos destinadas a
a) Um protocolo; permitir as utilizações livres aos beneficiários,
b) Um formato; nos termos previstos no Código, gozam da
c) Um algoritmo; protecção jurídica estabelecida nos artigos
d) Um método de criptografia, de codificação anteriores.
ou de transformação.
3 — As medidas de carácter tecnológico são Artigo 221.º
consideradas «eficazes» quando a utilização da Limitações à protecção das medidas
obra, prestação ou produção protegidas, seja tecnológicas
controlada pelos titulares de direitos mediante a 1 — As medidas eficazes de carácter
aplicação de um controlo de acesso ou de um tecnológico não devem constituir um obstáculo
processo de protecção como, entre outros, a ao exercício normal pelos beneficiários das
codificação, cifragem ou outra transformação da utilizações livres previstas nas alíneas a), e), f),
obra, prestação ou produção protegidas, ou um i), n), p), q), r), s) e t) do n.º 2 do artigo 75.º, da
mecanismo de controlo da cópia, que garanta a alínea b) do artigo 81.º, n.º 4, do artigo 152.º e
realização do objectivo de protecção. do n.º 1, nas alíneas a), c), d), e e) do n.º 1 do
4 – A aplicação de medidas tecnológicas de artigo 189.º do Código, no seu interesse directo,
controlo de acesso é definida de forma devendo os titulares proceder ao depósito legal,
voluntária e opcional pelo detentor dos direitos junto da Inspecção Geral das Actividades
de reprodução da obra, enquanto tal for Culturais. (IGAC), dos meios que permitam
expressamente autorizado pelo seu criador beneficiar das formas de utilização legalmente
intelectual. permitidas.
2 — Em ordem ao cumprimento do disposto no
Artigo 218.º número anterior, os titulares de direitos devem
Tutela penal adoptar adequadas medidas voluntárias, como o
1 — Quem, não estando autorizado, neutralizar estabelecimento e aplicação de acordos entre
qualquer medida eficaz de carácter tecnológico, titulares ou seus representantes e os utilizadores
sabendo isso ou tendo motivos razoáveis para o interessados.
saber, é punido com pena de prisão até 1 ano ou 3 — Sempre que se verifique, em razão de
com pena de multa até 100 dias. omissão de conduta, que uma medida eficaz de
2 — A tentativa é punível com multa até 25 carácter tecnológico impede ou restringe o uso
dias. ou a fruição de uma utilização livre por parte de
um beneficiário que tenha legalmente acesso ao
Artigo 219.º bem protegido, pode o lesado solicitar à IGAC
Actos preparatórios acesso aos meios depositados nos termos do n.º
1 — Quem, não estando autorizado, proceder ao 1.
fabrico, importação, distribuição, venda, 4 — Para resolução dos litígios sobre a matéria
aluguer, publicidade para venda ou aluguer, ou em causa, é competente a Comissão de
tiver a posse para fins comerciais de mediação e Arbitragem, criada pela Lei n.º
dispositivos, produtos ou componentes ou ainda 83/2001, de 3 de Agosto, de cujas decisões cabe
realize as prestações de serviços que: recurso para o Tribunal da Relação, com efeito
meramente devolutivo.
5 — O incumprimento das decisões da Artigo 224.º
Comissão de Mediação e Arbitragem pode dar Tutela penal
lugar à aplicação do disposto no artigo 829.º-A 1 — Quem, não estando autorizado,
do Código Civil. intencionalmente, sabendo ou tendo motivos
6 — A tramitação dos processos previstos no razoáveis para o saber, pratique um dos
número anterior tem a natureza de urgente, de seguintes actos:
modo a permitir a sua conclusão no prazo a) Suprima ou altere qualquer informação para a
máximo de três meses. gestão electrónica de direitos;
7 — O regulamento de funcionamento da b) Distribua, importe para distribuição, emita
Comissão de Mediação e Arbitragem assegura por radiodifusão, comunique ou ponha à
os princípios da igualdade processual entre as disposição do público obras, prestações ou
partes e do contraditório e define as regras produções protegidas, das quais tenha sido
relativas à fixação e pagamento dos encargos suprimida ou alterada, sem autorização, a
devidos a título de preparos e custas dos informação para a gestão electrónica dos
processos. direitos, sabendo que em qualquer das situações
8 – O disposto nos números anteriores não indicadas está a provocar, permitir, facilitar ou
impede os titulares de direitos de aplicarem dissimular a violação de direitos de propriedade
medidas eficazes de carácter tecnológico para intelectual;
limitar o número de reproduções autorizadas É punido com pena de prisão até 1 ano ou com
relativas ao uso privado. pena de multa até 100 dias.
2 — A tentativa é punível com multa até 25
Artigo 222.º dias.
Excepção
O disposto no artigo anterior não se aplica às Artigo 225.º
obras, prestações ou produções protegidas Apreensão e perda de coisas
disponibilizadas ao público na sequência de 1 — Relativamente aos crimes previstos nos
acordo entre titulares e utilizadores, de tal forma artigos anteriores, podem ser aplicadas as
que a pessoa possa aceder a elas a partir de um seguintes penas acessórias:
local e num momento por ela escolhido. a) A perda dos instrumentos usados na prática
dos crimes, incluindo o lucro ilícito obtido;
b) A inutilização, e, caso necessário, a
destruição dos instrumentos, dispositivos,
produtos e serviços cujo único uso sirva para
facilitar a supressão ou neutralização, não
Artigo 223.º autorizadas, das medidas eficazes de carácter
Informação para a gestão electrónica de tecnológico, ou que permita a supressão ou
direitos modificação, não autorizadas, da informação
para a gestão electrónica de direitos.
1 — É assegurada protecção jurídica, nos 2 — O destino dos bens apreendidos é fixado na
termos previstos neste Código, aos titulares de sentença final.
direitos de autor e conexos, incluindo o titular
do direito sui generis previsto no Decreto-Lei Artigo 226.º
n.º 122/2000, de 4 de Julho, com a excepção dos Responsabilidade civil
programas de computador, contra a violação dos A responsabilidade civil emergente da violação
direitos de propriedade intelectual em matéria dos direitos previstos nos artigos anteriores, é
de informação para a gestão electrónica dos independente do procedimento criminal a que
direitos. esta dê origem, podendo, contudo, ser exercida
2 — Para efeitos do disposto no número em conjunto com a acção penal.
anterior, por “informação para a gestão
electrónica dos direitos”, entende-se toda a Artigo 227.º
informação prestada pelos titulares dos direitos, Procedimentos cautelares
que identifique a obra, a prestação e a produção 1 — Os titulares de direitos podem, em caso de
protegidas a informação sobre as condições de infracção ao seu direito ou quando existam
utilização destes, bem como quaisquer números fundadas razões de que esta se vai produzir de
ou códigos que representem essa informação. modo iminente, requerer ao Tribunal o
3 — A protecção jurídica incide sobre toda a decretamento das medidas cautelares previstas
informação para a gestão electrónica dos na lei geral, e que, segundo as circunstâncias, se
direitos» presente no original ou nas cópias das mostrem necessárias para garantir a protecção
obras, prestações e produções protegidas ou urgente do direito.
ainda no contexto de qualquer comunicação ao 2 — O disposto no número anterior aplica-se no
público. caso em que, os intermediários, a que recorra
um terceiro para infringir um direito de autor ou
direitos conexos, possam ser destinatários das
medidas cautelares previstas na lei geral, sem
prejuízo da faculdade de os titulares de direitos
notificarem, prévia e directamente, os
intermediários dos factos ilícitos, em ordem à
sua não produção ou cessação de efeitos.
Artigo 228.º
Tutela por outras disposições legais
A tutela instituída neste Código não prejudica a
conferida por regras de diversa natureza
relativas, nomeadamente, às patentes, marcas
registadas, modelos de utilidade, topografias de
produtos semi-condutores, caracteres
tipográficos, acesso condicionado, acesso ao
cabo de serviços de radiodifusão, protecção dos
bens pertencentes ao património nacional,
depósito legal, à legislação sobre acordos,
decisões ou práticas concertadas entre empresas
e à concorrência desleal, ao segredo comercial,
segurança, confidencialidade, à protecção dos
dados pessoais e da vida privada, ao acesso aos
documentos públicos e ao direito dos
contratos.»
Disposições finais
Artigo 229.º
(Litígios)
A resolução de qualquer litígio que não incida
sobre direitos indisponíveis, surgido na
aplicação das disposições do presente código,
pode ser sujeita pelas partes a arbitragem, nos
termos da lei geral
Estes valores mantêm-se, apenas convertidos em euros ( 25 e 10 nos dois primeiros casos, 5 nos três
últimos).