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Aceitar o facto básico de que o homem só vive em sociedade não implica reconhecer que
necessariamente tem de viver numa sociedade política nem que o Estado é a sociedade política
necessária. 1
Quando Aristóteles escreveu que «o homem é por natureza um animal político» , dando início a
meditação científica do fenómeno do Estado, quis significar que, além da sociabilidade
partilhada em comum com as outras espécies animais, tem a mais o dom da comunicação pela
palavra, e assim a possibilidade de definir um sentimento comum do justo e do injusto, que
baseia a construção e funcionamento de um aparelho do Poder, e normalmente de um Estado ou
comunidade política.2
Embora Aristóteles e uma linha contínua de seguidores, com a mais radical expressão em Hegel,
não atribuam origem contratual ao Estado, todos o consideram natural no sentido de que é
indispensável para a realização dos fins que o homem prossegue de acordo com a sua natureza e
que excedem o apoio que pode encontrar na família ou na associação das famílias em pequenas
comunidades. 2
Entendido como « um conjunto de órgãos que numa sociedade aparecem a exercer o Poder
Político», ou como «uma instituição social equipada e destinada a manter a organização política
de um povo interna e externamente », o Estado aparece-nos como uma estrutura com
determinada função na sociedade global, ou antes, como um sistema que produz decisões
irresistíveis. Esta conceptualização do Estado, que é a dos funcionalistas e normativistas, parte
de uma observação estática e formal da instituição estadual, pondo o assento tónico no aparelho
do Poder Político, identificando-o com um sistema de funções destinados a alcançar os fins
abstractos do Estado.