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VERIFICAÇÃO DA ADEQUAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE PCMAT

EM OBRAS DE MÉDIO E GRANDE PORTE

VERIFICATION OF ADEQUACY AND IMPLANTATION OF


PCMAT IN MEDIUM AND LARGE CIVIL CONSTRUCTION
WORKS

Daniela de Lourdes Barboza Brito da Silva [1]


Marcelo Fabiano Costella [2]

[1] Acadêmica do curso de Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de


Chapecó. Chapecó, SC, Brasil. E-mail: dani_brito@unochapeco.edu.br.
[2] Doutor em Engenharia de Produção, Coordenador do Mestrado Profissional em
Tecnologia e Gestão da Inovação, Universidade Comunitária da Região de Chapecó.
Chapecó, SC, Brasil. E-mail: costella@unochapeco.edu.br.

RESUMO

Considerando as exigências da norma regulamentadora NR-18, a seguinte pesquisa teve


como objetivo verificar a adequação e implantação do Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho - PCMAT em canteiros de obras de pequeno, médio e grande
porte. Foram elaborados dois check lists, sendo um referente a elaboração do PCMAT e
outro de Implantação do mesmo. Após isso, fez-se a aplicação destes em 30 canteiros de
obras na cidade de Chapecó-SC, como forma de avaliar a situação atual em que a cidade
se encontra para este quesito da NR-18. Os resultados encontrados apontaram que
apenas dezesseis entre os trinta canteiros de obras pesquisados dispunham de PCMAT,
sendo 53% da amostra total. Tanto na elaboração quanto na implantação do PCMAT, as
maiores não-conformidades estão relacionadas aos projetos de execução das proteções
coletivas (42% de cumprimento na elaboração e 35% na implantação) e ao cronograma
de implantação das medidas preventivas (48% na elaboração e 26% na implantação do
PCMAT). As deficiências são identificadas principalmente na elaboração do documento
base, fazendo com que não se tenha um parâmetro correto e detalhado para implantar
todas as medidas de segurança necessárias. Ainda, obteve-se que, para os dezesseis
canteiros que tinham PCMAT, a média de cumprimento dos itens do check list foi de
69% na elaboração do documento e 58% na implantação do mesmo.

Palavras-chave: NR-18; Segurança do trabalho; Implantação do PCMAT.

ABSTRACT

Considering the requirements of NR-18 regulatory standard, the following research was
to verify the adequacy and implementation of the Program Conditions and Working
Environment - PCMAT on small, medium and large civil construction works. Two
checklists were developed, one concerning the preparation of PCMAT and another of
the same implantation. After that, there was the application of these in 30 construction
sites in the city of Chapecó-SC as a way to assess the current situation in the city is to
this question of NR-18. The results show that only sixteen of the thirty construction
sites surveyed had to PCMAT, 53% of the total sample. Both in the preparation and in
the implementation of PCMAT, are the largest non-conformities related to the execution
of projects of collective protection (42% compliance in the preparation and 35% in
implementation) and the implementation schedule of preventive measures (48% in the
preparation and 26% in the implementation of PCMAT). Deficiencies are mainly
identified in the preparation of the basic document, causing not have a correct and
detailed parameter to deploy all necessary security measures. Still, it was found that, for
sixteen construction site that had PCMAT, the average achievement of the checklist
items was 69% in the preparation of the document and 58% in the implementation of
the same.

Key words: NR-18; Work safety; Implementation of PCMAT.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil, a construção civil encontra-se em ritmo acelerado, sendo


incentivada com programas do governo federal e com a facilidade de acesso aos
financiamentos para residência própria. Com este crescimento, muitos construtores e
incorporadores focam apenas na produção acelerada, fazendo com que itens importantes
sejam ignorados, não compondo os sistemas de gestão das empresas.
A segurança do trabalho é um dos componentes que, em muitos casos, não é
incorporada ao planejamento da obra. O setor da construção civil é um dos que registra
maior número de acidentes de trabalho, mesmo tendo uma norma regulamentadora
considerada extensa. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabelece a NR-18,
que trata das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil;
neste contexto, a norma estabelece a concepção e implantação do PCMAT – Programa
de Condições e Meio Ambiente de Trabalho.
O PCMAT compõe um conjunto de medidas de segurança a serem tomadas pelas
empresas construtoras, visando manter intacta a integridade física e mental dos
trabalhadores e demais pessoas que venham estar presentes no canteiro de obras, o que
vem a reforçar sua importância. De acordo com a NR-18 (MTE, 2013), a qual se
encontra em revisão, o PCMAT é obrigatório em estabelecimentos com 20 (vinte)
trabalhadores ou mais.
Porém, de acordo com Saurin (2002), em vários empreendimentos a implantação do
PCMAT é considerada como uma atividade extra, o qual é muitas vezes elaborado por
profissionais com pouco envolvimento nas atividades; há casos onde este é feito uma
única vez no início da obra e não mais revisto. Além disso, há construtores que
consideram que o acidente no trabalho é causado apenas por descuido do funcionário,
ignorando assim os sistemas preventivos, que são em sua maioria muito mais eficazes
que a correção do problema após o ocorrido.
Desta forma, torna-se indispensável conhecer como se encontra a situação local em
relação à adesão dos sistemas de segurança, inclusive a implantação do PCMAT.
Portanto, baseando-se no item 18.3 da NR-18, a seguinte pesquisa tem como objetivo
geral avaliar a qualidade da implantação do programa de condições e meio ambiente de
trabalho (PCMAT) em obras de pequeno, médio e grande porte.

2. SEGURANÇA NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

A segurança no trabalho na construção civil, segundo Martins e Serra (2003), é definida


como o conjunto de medidas adotadas com o objetivo de reduzir os acidentes de
trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de
trabalho do operário. A segurança age como um componente do processo de produção,
de forma que sua inserção no planejamento da empresa resulta na preservação do
patrimônio humano e material.
De acordo com Menezes e Serra (2003) são vários os fatores que colocam a segurança
dos operários em risco, podendo-se destacar a falta de controle do ambiente de trabalho
e dos processos de produção, bem como a falta de orientação dos trabalhadores. Sendo
assim, observa-se que as empresas estão buscando cada vez mais investimentos na área
de segurança do trabalho.
A saúde ocupacional depende da segurança, higiene e medicina do trabalho para
prevenir os acidentes. Primeiramente, a higiene do trabalho preocupa-se com lesões
definidas como doenças profissionais; já a medicina do trabalho está empenhada na
prevenção e tratamento destas lesões. A medicina preventiva apresenta-se como a mais
eficiente, pois impede o aparecimento da doença profissional através do diagnóstico
antecipado; contudo, a medicina curativa ainda é a mais utilizada pelas empresas
(MARTINS; SERRA, 2003).
Quanto a viabilidade da implantação dos sistemas de segurança no trabalho que vão
desde a etapa de projeto e seguem até o final da execução da obra, Guimarães et al.
(2003) dizem que este processo pode ocorrer mais facilmente se a segurança já estiver
inclusa em um sistema de gerenciamento da empresa; desta forma, trata-se de suas
interfaces juntamente com todos os outros processos gerenciais.

2.1. Norma Regulamentadora NR-18 e o PCMAT: Definição e Concepção

A Norma Regulamentadora das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria


da Construção (NR-18), age como meio de estabelecer diretrizes de ordem
administrativa, de planejamento e organização, tendo por objetivo implementar medidas
de controle e sistemas de prevenção de segurança nas atividades, condições e no meio
ambiente de trabalho na indústria da construção. O item 18.3 desta norma estabelece a
implantação do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção, o PCMAT (MTE, 2013).
Para Saurin e Formoso (2003) o PCMAT consiste em um projeto de segurança no
trabalho do empreendimento, e defende sua obrigatoriedade, com a ideia de que seria
útil a padronização de conceitos, escopo e procedimentos de execução do mesmo em
uma norma da ABNT, ou em um regulamento técnico de procedimento (RTP)
específico.
A implementação do PCMAT é obrigatória nas empresas com 20 trabalhadores ou mais,
sendo que deve estar disponível nos estabelecimentos, à disposição do órgão regional do
Ministério do Trabalho e Emprego. Além disso, a elaboração do documento deve ser
por meio de profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho (MTE,
2013).
Quanto à estruturação do PCMAT, segundo o item 18.3 da NR-18 (MTE, 2013), são
integrantes:
 Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e
operações, levando-se em consideração os riscos de acidentes, bem como suas
respectivas medidas de prevenção;
 Projeto de execução das proteções coletivas, considerando-se as etapas de
execução da obra;
 Especificação técnica das proteções coletivas e individuais utilizadas no
canteiro;
 Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT,
levando em consideração as etapas de execução da obra;
 Layout inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho,
juntamente com a previsão de dimensionamento das áreas de vivência;
 Programa educativo contemplando temas relacionados à prevenção de acidentes
e doenças do trabalho, incluindo carga horária.
Outro integrante do PCMAT é o programa de prevenção e riscos ambientais (PPRA).
Saurin (2002) diz que a elaboração do PPRA deve considerar a percepção dos
trabalhadores em relação ao processo de trabalho e aos riscos ambientais, incluindo as
etapas de antecipação do reconhecimento dos riscos, estabelecimento de prioridades,
avaliação da exposição dos trabalhadores aos riscos, implantação de medidas de
controle, monitoramento desta exposição e registro dos dados.
Na concepção do PCMAT, de acordo com Lima Jr., Valcárcel e Dias (2005), a alta
direção da empresa deve estar comprometida com o programa por meio da política de
segurança e saúde, bem como a análise criteriosa de antecipação e reconhecimento dos
riscos. Além disso, deve ser feita uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, observando-
se os aspectos técnicos e legais, avaliando também o nível de conhecimento dos
operários nos aspectos de segurança, saúde, escolaridade, hábitos, entre outros.
Skowronski e Costella (2004) determinam que a empresa deve realizar um diagnóstico
das condições de segurança da obra antes da elaboração do programa, para que assim
realmente se obtenha sucesso no desenvolvimento do mesmo.
Skowronski e Costella (2004) ainda ressalta a importância de o programa ser elaborado
por um engenheiro de segurança do trabalho e executado pelo engenheiro responsável
da obra. Devido à sua elaboração ocorrer antes da implantação do canteiro de obras, o
PCMAT deve ser atualizado e corrigido de acordo com o andamento da obra, sendo
ajustado sempre que novos processos iniciarem ou novos riscos forem detectados.
Contudo, Saurin (2002, p. 134) ainda diz que “não faz sentido o planejamento da
segurança ser desenvolvido exclusivamente por especialistas em segurança, tal como é a
prática usual na elaboração do PCMAT”. De acordo com o autor, a prevenção de
acidentes é uma atividade muito complexa, variando de acordo com o canteiro de obra,
sendo necessária a participação dos seguintes intervenientes: gerência da obra
(engenheiros, mestres e técnicos em segurança), representantes de subempreiteiros e
trabalhadores. Desta forma, a participação tende a gerar maior comprometimento das
partes na implantação das medidas preventivas.
Guimarães et al. (2003) dizem que na NR-18, o PCMAT representa uma excelente
oportunidade de inclusão de medidas gerenciais no canteiro de obras; porém, o que é
visto é que os PCMATs estão sendo elaborados apenas com o intuito de suprir à
legislação, e não como uma contribuição na gestão da obra.

2.1.1. Deficiências na concepção do PCMAT

Boa parte das exigências da NR-18 não são cumpridas, entre outros aspectos, devido à
falta de planejamento das atividades, bem como ausência da conscientização de sua
importância, já que algumas possuem baixo custo e tem facilidade em serem executadas
na própria obra (MENEZES; SERRA, 2003).
Segundo Martins e Serra (2003), no Brasil, nos canteiros de obra são adotadas
instalações
físicas mínimas de segurança, não sendo estabelecidas metas de redução de acidentes,
diferentemente de países desenvolvidos, onde adota-se uma política de segurança
voltada para a valorização dos recursos humanos. Ainda, cita-se que a alteração deste
quadro depende das ações tomadas pela direção em relação à valorização dos recursos
humanos como peças primordiais no processo de implantação do PCMAT.
Segundo Saurin (2002, cap.1, p. 2) “apesar de constituir a exigência central da norma, o
PCMAT apresenta deficiências na sua concepção, além de muitas vezes ser implantado
precariamente”. O autor define os principais problemas na implantação do programa,
sendo destacados os seguintes:
 A implantação é normalmente tida como uma atividade extra para os gerentes,
não sendo integrado às atividades rotineiras de gestão da produção;
 A elaboração do PCMAT normalmente se dá por profissionais externos à
empresa, com pouco ou nenhum envolvimento de gerentes de produção,
subempreiteiros e trabalhadores;
 Não são realizadas atualizações no PCMAT no decorrer da obra, não levando em
conta a incerteza inerente aos empreendimentos de construção;
 O PCMAT dá ênfase às proteções físicas contra acidentes, normalmente
negligenciando as ações gerenciais necessárias para obtenção de um ambiente de
trabalho seguro, como por exemplo a implementação de indicadores de
desempenho pró-ativo;
 O PCMAT não exige a adoção de medidas preventivas, que eliminem os riscos
em sua origem, sendo esta uma abordagem prioritária para a prevenção de
acidentes.
Ainda, de acordo com Martins e Serra (2003), observa-se que o baixo índice de
aplicação das normas de segurança deve-se às características do setor da construção no
Brasil. Faz-se grande uso de mão-de-obra não qualificada, sem treinamento e com
promoções escassas. Além disso, a indefinição das estratégias de administração e
planejamento dos empreendimentos, a falta de conhecimento das exigências da Norma,
somadas ao custo que se tem e à questão cultural.

2.2. Segurança e Saúde no Trabalho na União Européia

Com o objetivo de diminuir o número de acidentes nos canteiros de obra, em 1992, a


União Europeia publicou uma directiva especial que modificava a forma de como a
saúde na construção vinha sendo considerada. Esta directiva (92/57/CEE) é
mundialmente conhecida como Directiva Canteiros. A partir daí, a indústria da
construção mudou em todos os países da União Europeia, sendo a segurança e saúde no
trabalho uma questão conhecida e considerada por todos os envolvidos no processo
(DIAS, 2009).
De acordo com a EASHW – European Agency for Safety and Health at Work (2004), o
objetivo da Directiva Canteiros 92/57/CEE promoveu melhorias nas condições de
trabalho, considerando a saúde e segurança na concepção do projeto e nos estágios de
organização. Além disso, cita que o princípio da directiva prevenir os riscos de uma
cadeia de responsabilidades que liga todas as partes envolvidas na construção.
A EASHW (2004), ainda diz que os requisitos mínimos exigidos pela Directiva
Canteiros são incorporados a legislação de cada país componente da União Europeia,
podendo proporcionar requisitos adicionais. Desta forma, o elevado número de
acidentes e problemas de saúde podem ser explicados pelo baixo nível de cumprimento
da legislação.
Ainda de acordo com Dias (2004), com a nova legislação, cada um dos intervenientes
do canteiro de obras tem tarefas relativas à segurança e saúde no trabalho. O dono da
obra, por não ter conhecimento especifico na área da construção, fica responsável por
designar um ou mais coordenadores de segurança e saúde, comunicar às autoridades
competentes do início dos trabalhos e garantir a existência de um plano de segurança e
saúde antes do estabelecimento do canteiro de obras; já os empreiteiros, estes ficam
responsabilidade de cumprir todas as regras estabelecidas na legislação vigente e no
contrato feito com o dono da obra. Por fim, os trabalhadores têm a obrigação de utilizar
todos os EPIs, mantendo-os em boas condições; devem ainda informar ao seu
representante sobre qualquer situação que venha a interferir na segurança do serviço que
lhes foi destinado.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo se subdividiu em duas etapas: primeiramente, foi feita uma análise
dos itens contidos no PCMAT, exigidos pela NR-18, de forma a avaliar a eficiência do
documento. Em seguida, foi feita a visita no canteiro de obras e, com base no conteúdo
do PCMAT, fez-se a verificação da aplicação na obra de todos os sistemas descritos.
Para coleta de dados, utilizou-se o método de investigação direta, onde por meio de
visitas foram obtidas informações das reais condições do meio ambiente de trabalho,
juntamente com aplicação de um check list da elaboração do PCMAT e um check list de
implantação do mesmo na obra.
O check list foi dividido em sete partes, sendo que contemplavam tanto a elaboração
quanto a implantação do PCMAT, as quais são:
 Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e
operações;
 Projeto de execução das proteções coletivas;
 Especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
 Cronograma de implantação das medidas preventivas;
 Layout inicial e atualizado do canteiro de obras;
 Programa educativo;
 Procedimentos úteis.
Foram visitados 30 canteiros de obra em Chapecó – SC, espalhados em diferentes
regiões, com objetivo de aproximar os resultados obtidos à real situação do local. Os
canteiros de obra dividiram-se em três tipologias: pequeno, médio e grande porte, sendo
10 canteiros para cada uma destas. As obras de pequeno porte abrangem as residências
unifamiliares de até dois pavimentos (máximo de 250 m²); as obras de médio porte
compreendem edifícios de dois a quatro pavimentos, com área entre 250 m² e 2.000 m².
Por fim, as obras de grande porte consistem em edificações de quatro a dezesseis
pavimentos, com área superior a 2.000 m².
Os dados foram coletados através de uma cópia física dos check list do PCMAT e de
Implantação. Primeiramente, como forma de testar a formulação das perguntas, o check
list piloto foi aplicado em dois canteiros de obra, sendo uma edificação residencial de
médio porte e a outra de grande porte. Após isso, percebeu-se que algumas questões
relativas às proteções coletivas geraram dúvidas, sendo assim necessário a alteração
destas para que ficassem mais claras, sem perder o foco principal. Com as modificações
feitas, chegou-se ao check list definitivo, aplicado nos 30 canteiros de obras visitados.

3.1. Coleta dos Dados

A aplicação do check list se iniciava com a verificação do PCMAT. Primeiramente, o


PCMAT da obra era separado para que fosse feita a avaliação de seu conteúdo. Fazia-se
o preenchimento das informações gerais e, em seguida, iniciava-se a inspeção das
exigências correspondentes ao item 18.3 da NR-18. Após ser feita a aplicação do check
list no PCMAT, seguia-se com o mesmo pela obra. Foram analisadas as atividades que
se encontravam em execução, verificando se os dispositivos de segurança solicitados no
PCMAT estavam sendo implantados. As atividades que não se encontravam em
execução no dia da visita não foram consideradas no check list de implantação.
Para cada questão do check list, quando estava 100% em conformidade com o
solicitado, assinalava-se o campo “SIM”, caso contrário, assinalava-se “NÃO”. No
check list do PCMAT e no check list de implantação, quando o item não se aplicava à
situação do canteiro de obras, marcava-se o campo “NÃO SE APLICA”. Para os casos
em que determinada atividade já havia sido executada ou ainda não tinha sido iniciada,
considerava-se como item não aplicável.
Após análise geral, procedeu-se com análise dos resultados individuais. Para cada um
dos itens contemplados no check list, foi elaborado um gráfico; cada gráfico apresenta a
porcentagem de aprovação de cada um dos canteiros de obras, tanto na elaboração do
PCMAT quanto na sua implantação. A partir desta análise, foi possível apontar os
pontos falhos encontrados com a realização da pesquisa.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS


4.1. Análise Geral
Ao final da pesquisa, foi possível verificar que o PCMAT estava presente em 16 dos 30
canteiros de obras pesquisados, representando assim uma adesão em torno de 53% no
total. Separando os dados para cada uma das três tipologias adotadas, obteve-se o
seguinte: Para as obras de pequeno porte, dos 10 canteiros pesquisados, apenas um
dispunha do PCMAT no local, representando assim 10% do total para esta tipologia. De
acordo com informações fornecidas por funcionários, a não elaboração do PCMAT está
relacionada ao custo alto que representa se comparado custo final do empreendimento.
Para as obras de médio porte, entre os 10 canteiros pesquisados, apenas 5 apresentaram
PCMAT na obra, resultando em 50% do total destes. Em alguns dos canteiros que não
dispunham do PCMAT, foi informado que o mesmo encontrava-se no escritório da
construtora. Porém, a NR-18 exige que o documento esteja na obra, o que faz com que
os canteiros que não o disponibilizam fiquem irregulares nesse quesito.
Por fim, para as obras de grande porte, todos os 10 canteiros pesquisados dispunham de
PCMAT no local, representando assim uma adesão de 100% para esta tipologia. Esta
porcentagem se dá devido ao fato de que obras maiores possuem um tempo de execução
longo, grandes frentes de trabalho e, na maioria dos casos, controle de qualidade mais
rigoroso. Ainda, a elaboração do PCMAT representa um custo muito pequeno quando
comparado ao custo total da edificação. O gráfico resumo abaixo demonstra a
porcentagem de adesão do PCMAT para cada uma das tipologias dos canteiros de obra
avaliados.

Figura 01 – Gráfico resumo da porcentagem de obras visitadas com PCMAT.

Fonte: Elaboração do autor.


Observando cada uma das tipologias adotadas, notou-se uma distinção entre as mesmas
quanto à disposição do PCMAT. Desta forma, não foi possível realizar uma avaliação
que se aplicasse igualmente aos três portes de edificações em questão, visto que não
havia meios de avaliar a implantação do PCMAT em canteiros de obras que não os
tinham.
Optou-se por analisar separadamente as edificações que dispunham do PCMAT no
canteiro de obras, de acordo com os itens contidos no check list do PCMAT e de
implantação.

4.2. Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e


operações

O memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho deve considerar os riscos de


acidentes e doenças, bem como indicar medidas preventivas e de controle. O gráfico da
figura 02 a seguir apresenta as porcentagens de aprovação do memorial para cada uma
das obras que continham PCMAT.

Figura 02 – Porcentagem de aprovação do memorial.

Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho

100% 100% 100%


89% 90%
90% 86% 86% 85%
83% 84%
78% 78% 80% 80% 79%
80% 73% 74% 73%
Porcentagem de Aprovação

71% 70%
70% 67% 67% 67%
64% 63%
60% 56% 59%
56%
50% 50%
50%
40%
30% 27%
21%
20% 15%
10%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P
PCMAT
Obras
Implantação
Fonte: Elaboração do autor.

Se tratando da elaboração do PCMAT, todos os memoriais apresentavam porcentagem


de cumprimento maior que 50%, ficando assim com média geral de aprovação de 78%.
Apenas o canteiro de obras N e O obtiveram 100% de cumprimento, visto que foram
elaborados pelo mesmo engenheiro de segurança do trabalho, porém pertenciam a
empresas distintas. Pode-se verificar que os maiores pontos falhos estão relacionados à
identificação dos riscos de acidentes, bem como as medidas preventivas e de controle
dos serviços e equipamentos. Atividades como carpintaria, armações de aço, estruturas
de concreto armado, estrutura do telhado, cobertura, gesso e pintura foram as que menos
apresentaram a descrição das medidas de prevenção a serem tomadas.
Já para a implantação do memorial do PCMAT, observando a totalidade dos dados, a
média geral de cumprimento obtida para as dezesseis obras foi de 60%. Pode-se
observar também que os canteiros de obras A, C, E, L e P possuem aprovados 50% ou
menos das exigências da implantação do memorial; apenas três canteiros (K, M e O)
apresentaram mais de 80% de cumprimento para este item. Foram encontradas falhas na
implantação do memorial no que se refere às áreas de vivência, principalmente nas
instalações sanitárias e refeitórios. Nos casos em que as porcentagens ficaram abaixo de
50%, os problemas mais evidentes são devido a estes canteiros não disporem de
banheiros para homens e mulheres, visto que tinham ambos trabalhando no local.
Com relação aos riscos e medidas preventivas, o memorial já apresentava deficiências
em sua concepção e, consequentemente, na sua implantação também. Nas atividades
que não se tinha uma base para verificar se as medidas de prevenção estavam sendo
adotadas, automaticamente o item era reprovado, como foi o caso para as atividades de
gesso e pintura na maioria dos canteiros.

4.3. Projeto de execução das proteções coletivas

O projeto de execução das proteções coletivas deve estar anexado ao PCMAT, sempre
em conformidade com as etapas de execução da obra. A seguir, o gráfico da figura 03
apresenta as porcentagens de cumprimento deste item para cada uma das obras que
continham PCMAT.
Figura 03 – Porcentagem de aprovação do projeto de execução das proteções coletivas.

Projeto de execução das proteções coletivas

100% 100% 100%

90%
Porcentagem de Aprovação

80%
70%
60%
50%
40%
33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33% 33%
30%
20%
10%
0% 0% 0%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P

Obras PCMAT
Implantação
Fonte: Elaboração do autor.

O projeto de execução das proteções coletivas foi o item que apresentou menor
cumprimento das exigências feitas pelo check list de elaboração do PCMAT, baseadas
na NR-18, com um percentual médio de cumprimento de 42%. Entre os dezesseis
canteiros de obras, apenas dois apresentaram 100% de aprovação para este item
(canteiros N e O). Os demais cumpriam somente o que se referia à descrição das
proteções coletivas mínimas a serem executadas nos canteiros.
Foi possível verificar que quatorze entre os dezesseis PCMAT’s pesquisados dispunham
apenas de representações gráficas muito vagas referentes ao projeto de proteções
coletivas, atingindo apenas 33% de cumprimento. Não se tinha uma adaptação do
projeto ao canteiro em si, impossibilitando a sua execução em conformidade com o
cronograma da obra. Ainda, estes mesmos não apresentaram memorial de cálculo para
as proteções coletivas.
Já na implantação do projeto, pode-se observar que os dois canteiros de obras que
possuíam o projeto de execução das proteções coletivas (N e O) os implantavam
integralmente, indicando 100% de cumprimento dos requisitos. Os canteiros de obras C,
E e L não possuíam o projeto, sendo que foram inteiramente reprovados por não
implantarem as proteções coletivas mínimas que descreviam em seu PCMAT. A maior
falha observada na implantação do projeto de execução das proteções coletivas é a
própria ausência do projeto em anexo ao PCMAT. Desta forma, não se tem um
parâmetro para avaliar se as proteções estão sendo executadas em conformidade com o
andamento da obra, bem como se satisfazem há um dimensionamento feito por
responsável técnico habilitado.

4.4. Especificação técnica das proteções coletivas e individuais

O PCMAT deve especificar em seu conteúdo todas as proteções coletivas e individuais


a serem utilizadas dentro do canteiro de obras. Estas proteções devem contemplar tanto
os trabalhadores da obra quanto as pessoas que venham a estar no local eventualmente.
A figura 04 apresenta as porcentagens de cumprimento deste item para o check list.

Figura 04 – Porcentagem de aprovação das especificações técnicas das proteções coletivas e individuais.

Especificação técnica das proteções coletivas e individuais

100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100%
90%
Porcentagem de Aprovação

80% 75% 75% 75%


70%
60%
50% 50% 50% 50%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P
PCMAT
Obras Implantação

Fonte: Elaboração do autor.


As especificações técnicas das proteções coletivas e individuais apresentaram a maior
porcentagem de cumprimento dentre os sete itens analisados pelo check list de
elaboração do PCMAT, totalizando 95% de aprovação dentre as obras pesquisadas.
Observou-se que a maioria das obras apresentavam PCMAT com descrição sucinta e
detalhada dos EPI’s a serem utilizados por seus funcionários, bem como a distinção
destes de acordo com a função exercida. Eram apresentados ainda detalhes das
proteções coletivas a serem utilizadas no decorrer da obra. Apenas os canteiros A, C e E
não apresentaram 100% de cumprimento neste item, devido ao fato de PCMAT não
dispor do respectivo Certificado de Aprovação dos EPI’s, representando assim 18,75%
do total.
Já na implantação do PCMAT, os canteiros C, E, L e P apontaram cumprimento de 50%
dos itens do check list. Onze canteiros de obras apresentaram aprovação de 100%, ou
seja, considerando que o check list do PCMAT apresentava treze obras com total
aprovação, apenas duas destas não cumpriram totalmente o que tinham descrito em seu
respectivo PCMAT (canteiros L e P).
O canteiro de obras A já apresentava deficiências na elaboração das especificações
técnicas; porém, pode-se observar que o que está descrito em seu PCMAT é totalmente
condizente com o que está aplicado na obra, sendo 75% de aprovação tanto para o check
list do PCMAT quanto para o check list de Implantação. Pode-se observar que as
maiores falhas para os canteiros que apresentam apenas 50% de cumprimento estão
relacionadas a não implantação das medidas de cuidado e conservação dos EPI’s.
Ainda, em algumas obras pode-se ver funcionários trabalhando com apenas uma parte
dos equipamentos de proteção individual necessários para a função que o mesmo
exercia.

4.5. Cronograma de implantação das medidas preventivas

Figura 05 – Porcentagem de aprovação do cronograma de implantação.

Cronograma de implantação das medidas preventivas

100%
90%
80%
80% 80% 80%
Porcentagem de Aprovação

70%
60% 60% 60% 60% 60% 60% 60% 60%
60%
50%
40% 40% 40% 40% 40% 40%
40%
30%
20% 20% 20% 20% 20%
20%
10%
0% 0% 0% 0%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P

Obras PCMAT
Implantação
Fonte: Elaboração do autor.
A elaboração do cronograma de implantação das medidas preventivas obteve um
cumprimento de 48% do total do check list, ficando entre os itens do PCMAT com
menos da metade dos requisitos aprovados. De acordo com o gráfico da figura 05,
nenhum dos dezesseis PCMAT’s pesquisados apresentou 100% de conformidade para o
cronograma de implantação; Quatro PCMAT’s (I, J, K e L) não o dispunham em anexo,
representando assim 25% no total. Apenas três cronogramas atingiram 80% de
cumprimento (A, C e E, sendo 18,75%); os outros nove obtiveram de 40% a 60% de
conformidade com o check list (56,25%).
Dentre os pontos falhos, verificou-se que nenhum dos cronogramas previa a elaboração,
implementação e atualização de programas como o PPRA e PCMSO. Ainda, grande
parte não dispunham de previsão para reavaliação global do PCMAT. Quanto aos
treinamentos de segurança a serem dados aos funcionários quando se iniciam novas
etapas da obra, apenas três dos doze cronogramas encontrados os contemplavam.
Se tratando da implantação, o cronograma obteve a menor porcentagem de todos os
itens do check list, com aprovação média total de 26%. Apenas os canteiros de obras H
e M implantaram todos os procedimentos que descreveram no cronograma, mantendo
aprovação de 60% tanto para o PCMAT quanto para implantação deste.
Os canteiros de obras I, J, K e L não possuíam cronograma, portanto não há como
avaliar a implantação, fazendo com que fossem inteiramente reprovados. Os itens com
maior número de falhas correspondem à falta de acompanhamento do cronograma das
medidas preventivas em conformidade com o cronograma físico-executivo da obra. Dos
doze canteiros que dispunham de cronograma em seu PCMAT, apenas dois deles os
mantinham ao lado do cronograma da obra, sendo visivelmente utilizados. Os demais,
dispunham apenas de uma cópia anexada ao PCMAT, porém não havia nenhum indício
de que o seguiam.

4.6. Layout inicial e atualizado do canteiro de obras

Figura 06 – Porcentagem de aprovação do layout do canteiro de obras.

Layout incial e atualizado do canteiro de obras

100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

90%
83%
80%
Porcentagem de Aprovação

75%
70%
60%
60%
50%
40%
30% 25% 25%
20%
10%
0% 0% 0% 0% 0% 0%
0% 0% 0%
A B C D E F G H I J K L M N O P
PCMAT
Obras Implantação

Fonte: Elaboração do autor.


A elaboração do layout do canteiro de obras apresentou uma porcentagem média de
aprovação de 46%, indicando que, no geral, menos da metade dos itens aplicáveis do
check list foram cumpridos. Observando-se os dados do gráfico da figura 06 como um
todo, verificou-se que sete entre os dezesseis PCMAT’s pesquisados não dispunham do
layout inicial e atualizado do canteiro de obras (obras E, H, I, J, K, L e P),
representando 43,75% do total dos PCMAT’s.
Dos layouts encontrados, seis deles apresentavam 100% de conformidade dos itens do
check list. Apenas os canteiros de obras A e C tinham cumprimento de 25%,
representando que menos da metade dos itens eram cumpridos. Para este último caso, a
baixa porcentagem de aprovação se deve ao fato de que, mesmo possuindo o layout,
este não apresentava as dimensões de vestiários e refeitórios.
Pode-se verificar que, quando o PCMAT possuía em anexo o layout do canteiro de
obras, o mesmo encontrava-se com grande porcentagem de cumprimento dos itens.
Porém, devido à ausência destes em quase metade dos PCMAT’s, obteve-se uma
diminuição significativa na média geral de cumprimento.
Na implantação, o layout do canteiro de obras apresentou um percentual médio de
cumprimento de 40% no geral. Com uma análise dos dados mais detalhada, pode-se
perceber que os canteiros de obras B, D, F e M cumpriram todos os requisitos tanto
quando se trata da elaboração do layout quanto à sua disposição no canteiro de obras.
As obras E, H, I, J, K, L e P não dispunham de layout do canteiro de obras, portanto
encontram-se reprovados nos dois check lists que foram aplicados. O canteiro de obras
A já apresentava pendências na elaboração do layout, contudo mesmo assim nenhuma
das áreas de vivência foram executadas conforme o projeto, sendo atribuído 0% de
conformidade.
Assim como o canteiro de obras A, os canteiros C e G também possuíam pendências no
projeto do layout inicial. Porém, cumpriram a disposição do mesmo de acordo com o
documento em questão, obtendo o mesmo percentual de aprovação tanto para o
PCMAT quanto para a Implantação (25% de aprovação canteiro C e 83% de aprovação
canteiro G).
As maiores pendências na implantação dos layouts se refere à disposição das áreas de
vivência. Nos canteiros de obras N e O, o vestiário e o refeitório possuíam dimensões
menores do que o especificado em projeto. Ainda assim, podem ser consideradas falhas
menos significativas, pois estão em menor número e representam menor periculosidade
se comparadas aos demais itens avaliados.

4.7. Programa educativo

O programa educativo deve contemplar treinamento admissional e periódico para os


funcionários, além de treinamentos para cada uma das atividades a serem desenvolvidas
no canteiro de obras. O gráfico da figura 07 apresenta a porcentagem de cumprimento
na elaboração do programa educativo e para sua implantação.
Figura 07 – Porcentagem de aprovação do programa educativo.

Programa educativo
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100%
90%
90%
80% 80% 80% 80% 80%
Porcentagem de Aprovação

80%
70% 70% 70%
70%
60%
50%
40% 40% 40% 40%
40%
30%
30%
20%
10%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P
PCMAT
Obras
Implantação

Fonte: Elaboração do autor.

O item do check list do PCMAT referente e elaboração dos programas educativos


obteve 79% de conformidade na média geral. Todos os PCMAT’s previam treinamentos
admissionais e periódicos de segurança, incluindo combate ao fogo e carga horária para
cada um destes. Conforme o gráfico da figura 07 apresenta, apenas quatro dos dezesseis
PCMAT’s pesquisados apresentavam porcentagem de cumprimento de 40%,
representando assim 25% do total. Os outros treze (75%) apresentaram conformidade de
80% a 100%.
Para os PCMAT’s com menor índice de aprovação, os pontos falhos estão relacionados
aos itens que contemplavam os treinamentos específicos para quando fosse iniciada uma
nova etapa da obra. Os três programas educativos que apresentaram 40% de
cumprimento dos itens no total não previam treinamentos para diversas atividades como
escavações, fundações, carpintaria, acabamentos, entre outros.
A implantação do programa educativo resultou em um percentual médio de aprovação
de 73% no geral, muito próximo ao obtido com o check list do PCMAT. Algumas obras
continham uma pasta com cópias dos certificados dos treinamentos fornecidos aos
trabalhadores; porém, como não é obrigatória a presença desta documentação na obra,
para os casos em que não se podia comprovar com os certificados, foi perguntado mais
detalhadamente ao funcionário que acompanhou a aplicação do check list. Como meio
de verificar a veracidade das informações, perguntava-se como eram feitos os
treinamentos, quem os dava e em que período o fazia.
Dos dezesseis canteiros de obras pesquisados, seis deles apresentaram 100% de
aprovação tanto na concepção dos treinamentos quanto na concessão dos mesmos. As
falhas mais grosseiras ocorreram na concessão dos treinamentos para cada nova etapa
da obra. O canteiro de obras F, por exemplo, tem em seu PCMAT que são fornecidos
treinamentos para quatro em seis etapas de construção; porém, de acordo com os
funcionários, a construtora fornece apenas treinamento admissional de segurança,
alegando que os trabalhadores já entram na empresa treinados devido à sua experiência
com empregos anteriores.

4.8. Procedimentos úteis


Figura 08 – Porcentagem de aprovação dos procedimentos úteis.

Procedimentos úteis

100% 100% 100% 100%100% 100%100%100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

90%
Porcentagem de Aprovação

80%
70%
60%
50% 50% 50% 50%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A B C D E F G H I J K L M N O P
Obras PCMAT
Implantação

Fonte: Elaboração do autor.

Observando os dados gerais, a média obtida na elaboração dos procedimentos úteis foi
de 94% para os dezesseis PCMAT’s pesquisados. De acordo com o gráfico da figura 08,
pode-se perceber que quatorze destes estavam com 100% de conformidade neste item,
representando assim 87,5% do total. Os outros dois PCMAT’s apresentaram 50% de
cumprimento dos itens, isto porque não dispunham dos procedimentos de emergência a
serem tomados em caso de acidentes pequenos, com gravidade média, alta e acidentes
com óbito. Desta forma, pode-se dizer então que, no geral, os procedimentos úteis
encontram-se em conformidade com os itens exigidos pelo check list do PCMAT.
Após fazer uma análise geral dos dados, obteve-se um percentual médio de aprovação
de 88% para a implantação dos procedimentos úteis descritos no PCMAT de cada uma
das obras; sendo assim, se destaca como o item com maior cumprimento dentre os sete
itens do check list de Implantação. Ainda nesse contexto, doze dos canteiros de obras
apresentavam cumprimento de 100% para o item em questão.
Quanto aos pontos falhos, apenas dois dos dezesseis canteiros de obras (J e P)
diminuíram a porcentagem de aprovação da concepção do PCMAT para a Implantação.
Isso se deve ao fato da falta de adaptação da sinalização de segurança do canteiro de
obras, de acordo com o que foi descrito no PCMAT, fazendo com que o percentual de
cumprimento caísse para 50%.
Nos outros quatorze canteiros de obras, todos os procedimentos de emergência e
sinalização do canteiro foram cumpridos conforme citado no PCMAT. Para os acidentes
de gravidade alta, média e acidentes com óbito, foi perguntado ao funcionário que
estava acompanhando a visita; em todas as obras, não ocorreu nenhum acidente de
gravidade alta e acidente com óbito. No restante, todas as medidas de segurança eram
cumpridas, o que contribuiu para que o item de procedimentos úteis apresentasse maior
percentual de aprovação na implantação do PCMAT.

4.9. Análise final: comparativo PCMAT x Implantação

Figura 09 – Média final por item para o check list do PCMAT e de Implantação.

Média Final: PCMAT X Implantação


100% 95% 94%
90% 88%
86%
78% 79%
80%
Porcentagem de Aprovação

73%
70%
60%
60%

50% 48% 46%


42% 40%
40% 35%

30% 26%

20%

10%

0%
Memorial Projeto Especificação Cronograma de Layout Inicial Programa Proced. Úteis
Proteções Técnica Implantação Educativo
Coletivas Proteções PCMAT
Coletivas e Implantação
Individuais
Fonte: Elaboração do autor.

Com os resultados obtidos na elaboração e implantação do PCMAT, os itens com


menor porcentagem de aprovação consistem no projeto de proteções coletivas,
cronograma de implantação e layout inicial do canteiro de obras. Conforme apresenta o
gráfico da figura 09, tais itens apresentaram cumprimento inferior à 50% das exigências
de ambos os check lists.
Pode-se observar também que, no geral, mesmo para os itens com cumprimento acima
de 75% na elaboração do PCMAT, a implantação não foi feita integralmente de acordo
com o documento em questão. Ainda, nenhum dos itens do check list apresentou total
conformidade na elaboração do PCMAT e, consequentemente, na implantação também.
Com a finalização da análise por item, tanto para o check list do PCMAT quanto para o
check list de Implantação, obteve-se a média geral de cumprimento, considerando as
dezesseis obras com PCMAT pesquisadas. Para a elaboração do PCMAT e a
conformidade deste com as exigências da NR-18, obteve-se uma média geral de 69% de
cumprimento, considerando os sete itens do check list. Já para a implantação das
medidas descritas no PCMAT, obteve-se 59% de aprovação na média geral.
Pode-se perceber que, para os mesmos itens, a implantação do PCMAT se apresenta
com porcentagens menores de cumprimento do que quando se trata da elaboração do
documento. Desta forma, quanto menor atenção se dá às exigências quando se formula
o PCMAT, maiores são as chances de se obter uma implantação em não-conformidade,
prejudicando assim a segurança dos trabalhadores dentro do canteiro de obras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa, diante dos resultados obtidos, foi possível constatar que a
elaboração e aplicação do PCMAT ainda não possui a abrangência necessária entre as
empresas construtoras. Dos 30 canteiros de obras visitados, somente 53% possuíam o
PCMAT disponível no local.
Considerando os dados como um todo, pode-se concluir que quanto maior o porte da
edificação, maior também são as preocupações com a segurança do trabalho no canteiro
de obras, incluindo a atenção ao PCMAT. Observa-se que 100% dos canteiros de obras
de grande porte possuíam esse documento na obra; para os de médio porte a adesão caía
para 50%. Já nos canteiros de obras de pequeno porte, apenas um entre os dez
pesquisados possuía o PCMAT, sendo que o mesmo encontrava-se incompleto em
diversos quesitos.
Os resultados apontam que, tanto na elaboração do PCMAT quanto na sua implantação,
os itens que apresentaram não-conformidades mais significativas são referentes ao
projeto de execução das proteções coletivas e o cronograma de implantação das medidas
preventivas. Obteve-se que 87,5% dos PCMAT’s não possuíam em anexo o projeto de
execução das proteções coletivas e memorial descritivo de cálculo. Desta forma, como
não há um dimensionamento preciso, conclui-se que a maioria dos construtores
executam estas proteções sem ter um responsável técnico para o respectivo projeto,
podendo assim comprometer a eficiência destes sistemas e a segurança dos
trabalhadores. Portanto, obteve-se um percentual de conformidade de 42% para a
elaboração do projeto e 35% para sua implantação no canteiro de obras.
Quanto ao cronograma de implantação, o mesmo foi encontrado em anexo em 75% dos
PCMAT’s pesquisados. Porém, comparando-se com o exigido pela NR-18, obteve-se
um percentual de aprovação de apenas 48% considerando sua elaboração e 26% na
implantação. Nenhum dos cronogramas encontrados descrevia em seu conteúdo a
concepção e atualização de programas importantes, como o PPRA e PCMSO e até o
próprio PCMAT. Desta forma, é possível concluir que o próprio documento que visa
implantar as medidas de prevenção já encontra-se com não-conformidades, o que trará
deficiências ainda maiores na aplicação propriamente dita.
Com uma análise geral de todos os dados e informações coletadas durante a pesquisa,
para as dezesseis obras que possuíam o PCMAT, obteve-se uma média de cumprimento
de 69% para a elaboração do documento base e 58% na implantação no canteiro de
obras. Desta forma, conclui-se que a origem de grande parte das não-conformidades na
implantação do PCMAT nos canteiros de obras é a própria elaboração do programa;
pode-se afirmar que um documento que não está totalmente de acordo com o exigido
pela norma, também não obterá sucesso na sua implantação. A elaboração de um bom
PCMAT é de extrema importância para dar início aos sistemas segurança do trabalho na
construção civil, bem como para melhorar as condições dos seus integrantes,
diminuindo assim os riscos de doenças e acidentes neste ramo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). NR 18 – Condições e Meio
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