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O Que a Bíblia Ensina Sobre Falar em Línguas

Gary Fisher

Quase todos os grupos religiosos tentam "provar" que são a religião verdadeira.
Freqüentemente, eles apelam para algum tipo de sinal, milagre ou experiência
sobrenatural. Os católicos, por exemplo, citam o aparecimento de Maria; os
mórmons alegam as visitas de um anjo a Joseph Smith; os espíritas têm uma
variedade de sinais e manifestações do sobrenatural; a Igreja Universal do
Reino de Deus, todas as noites, realiza curas, expulsões de demônios e
milagres; as igrejas pentecostais tradicionais têm línguas, curas, e o batismo do
Espírito Santo. E a lista continua. Certamente, não é Deus aquele que realiza
todas estas demonstrações, em todos estes diferentes grupos. Como podemos
saber com certeza se um sinal ou uma língua ou um fenômeno sobrenatural é
de Deus ou não?

A existência de falsos sinais, prodígios de mentira e milagres falsificados não


surpreenderá os estudantes sérios da Bíblia. Numerosos textos bíblicos
advertem sobre estas coisas (Mateus 24:4; 2 Coríntios 11:13-15; 2 Timóteo 3:13;
Apocalipse 13:13-14; 16:13-14). Se acreditarmos na Bíblia, podemos esperar
uma abundância de falsos milagres.

Então, como saberemos quais sinais são verdadeiros e quais não são?
Primeiramente, comparando o ensinamento do operador do sinal com as
Escrituras para ver se sua mensagem é verdadeira. João nos adverte para
testar os espíritos: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai
os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora" (1 João 4:1). Ele revela o teste a usar: "Nós somos de Deus;
aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não
nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro" (1
João 4:6). O teste é a revelação escrita pelos apóstolos. Os cristãos de Beréia
são um bom exemplo: "Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de
Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as
Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim" (Atos
17:11). Paulo operou sinais em Beréia, mas os cristãos dali determinaram se
Paulo era de Deus ou não, comparando sua pregação com as Escrituras.
(Deuteronômio 13:1-5; Jeremias 23:25-32; 1 Coríntios 12:1-3; 1 Tessalonicenses
5:21 podem ser estudados para mais ajuda neste ponto).

Infelizmente, muitas pessoas vêem acontecimentos espantosos e,


automaticamente, concluem que eles vêm de Deus. Precisamos perceber que
coincidência, pensamento positivo, ilusão fraudulenta e o Diabo podem falsificar
milagres bíblicos. Contudo, as falsificações nunca poderão igualar-se aos
milagres reais. Deus mostrou que seu Filho era inigualável por meio de sinais
que hoje ninguém sequer pretende realizar: transformar água em vinho,
multiplicar pães e peixes, caminhar sobre as águas, curar instantaneamente um
cego, surdo e leproso, e ainda ressuscitar um morto.

Temos que voltar ao modelo da Bíblia, que é testar o sinal pela Palavra de Deus,
e não modificar a Palavra de Deus para ajustá-la ao sinal. A Bíblia é o padrão
segundo o qual toda a pretensão de ter um sinal ou um prodígio de Deus deve
ser testada. Por favor, estudem as Escrituras cuidadosamente, com o desejo de
permitir que elas sejam o juiz final da validade de qualquer sinal ou prodígio.

Neste estudo, testemos o falar em línguas das igrejas Pentecostais pela Bíblia.
Veremos seis diferenças entre as línguas da Bíblia e as línguas das igrejas de
hoje:

O Dom de Línguas
Hoje em Dia É Diferente

· Regras de Uso
· Tipo das Línguas
· Modo de Receber
· Propósito
· Pessoas que Recebem
· Época

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Regras de Uso
(1 Coríntios 14:26-40)

· Específicas:
v. 27 Não mais do que dois ou três por culto
v. 27 Sucessivamente
v. 28 Se não houver intérprete, fique calado
v. 34-35 As mulheres não falam na igreja

· Princípios Gerais:
v. 26 Tudo para edificação
v. 40 Com decência e ordem

Em 1 Coríntios 14:26-40 encontram-se vários regulamentos para o uso das


línguas da Bíblia. Existem regras específicas e princípios gerais. Quase todas
estas regras a serem obedecidas no uso das línguas da Bíblia são
habitualmente violadas por aqueles que pretendem falar línguas da Bíblia. Em
vez de limitar o número dos que falam em línguas a 2 ou 3 pessoas por culto, as
igrejas de hoje, às vezes, têm dúzias falando no mesmo culto. Em vez de falar
um de cada vez, atualmente falam muitos simultânea-mente. Em vez de falar
em línguas somente quando um tradutor está presente, muitas igrejas onde se
falam em línguas falam quer haja um intérprete, quer não. A proibição de Deus
das mulheres falarem nos cultos da igreja é tão flagrantemente des-respeitada
que, em alguns cultos, a maioria dos que falam em línguas é mulheres. As
regras gerais, também, são violadas freqüente-mente. Os propósitos das
línguas são mais de mostrar excitação e emoção do que edificar. E, em muitos
cultos em que se falam línguas, há puquíssi-ma ordem. O forte contraste entre
as regras de Deus para as línguas da Bíblia e as regras que são segui-das pelas
línguas modernas deveriam fazer-nos perguntar: Por quê? Por que, se temos os
mesmos dons, não seguimos as mesmas regras? Se as igrejas que mais
freqüentemente dizem que falam em línguas flagrantemente desrespeitam a
Bíblia no uso destas línguas, poderia ser que essas próprias línguas não fossem
de Deus?

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Tipo das Línguas

· Na Bíblia: Idiomas Verdadeiros

Atos 2
v. 4 "em outras línguas"
v. 6 "cada um ouvia falar na sua própria língua"
v. 8 "ouvimos falar, cada um em nossa própria língua"
v. 9-11 lista das nações
v. 11 "ouvimos falar em nossas próprias línguas"

1 Coríntios 14
v. 2,4,5, etc. "língua" quer dizer "idioma"
v. 13 "interpretar" quer dizer "traduzir"
v. 11 "estrangeiro" quer dizer "alguém que fala uma linguagem diferente"
v. 21 Referência à linguagem assíria
v. 10 "Há . . . muitos tipos de vozes no mundo, nenhum deles, contudo, sem
sentido"

· Hoje: Sílabas sem Sentido

De que tipo eram as línguas da Bíblia? Com alguma exceção ocasional, as


igrejas Pentecostais de nossos dias nem sequer pretendem falar em linguagens
conhecidas de hoje, mas em sons incompreensíveis (combinações de sílabas
sem significado próprio, ao menos para principiantes). Mas as línguas da Bíblia
sempre significavam falar em idiomas verdadeiros, entendidos por pessoas que
sabiam falar aquelas linguagens (Apêndice 1). Em Atos 2, pessoas de muitas
nações tinham se reunido em Jerusalém para a celebração do dia de
Pentecoste. Ali, pela primeira vez, homens batizados pelo Espírito Santo
começaram "a falar em outras línguas". O texto mostra clara-mente que a
audiência era composta de pessoas que falavam diferentes línguas: "E como os
ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Somos partos, medos
e elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, da
Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e
romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios"
(Atos 2:8-11). E as Escrituras dizem: "Quando, pois, se fez ouvir aquela voz,
afluiu a multidão, que se possuiu de perplexi-dade, porquanto cada um os ouvia
falar na sua própria língua" (Atos 2:6); "e como os ouvimos falar, cada um em
nossa própria língua materna?" (Atos 2:8); "como os ouvimos falar em nossas
próprias línguas as grandezas de Deus?" (Atos 2:11). Atos 2 foi o protótipo do
falar em línguas no Novo Testamento. E, em Atos 2, falar em línguas significava
falar em linguagens que poderiam ser enten-didas. Em 1 Coríntios 14, a Bíblia
mostra também que essas línguas eram idiomas verdadeiros. Notem os
significados das palavras usadas: "língua" (nos versículos
2,4,5,6,9,13,18,19 . . .) significa "idioma"; "interpretar" (versículo 13) significa
traduzir de uma língua para outra; "estrangeiro" (versículo 11) significa alguém
de um país diferente, que fala uma linguagem diferente. Ele ilustra esta
passagem, citando uma profecia de Isaías que se referia à linguagem assíria:
"Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos,
e nem assim me ouvirão, diz o Senhor" (versículo 21 Isaías 28:11). Finalmente,
ele categoricamente, disse: "Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo,
nenhum deles, contudo, sem sentido" (1 Coríntios 14:10). Pessoas que falavam
línguas da Bíblia eram capazes de falar em linguagens reais, sem estudo ou
treinamento. Muito interessante, mesmo as igrejas que hoje são muito ativas no
"falar em línguas" nunca enviam um missionário sem dar-lhe treinamento, de
modo que ele possa falar a linguagem do povo ao qual ele está sendo enviado.
As línguas da Bíblia eram linguagens reais. Portanto, as "línguas" das igrejas de
hoje não são línguas da Bíblia.

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Modo de Receber

· Batismo no Espírito Santo


Apóstolos no dia de Pentecoste (Atos 2) para revelar o evangelho
A família de Cornélio (Atos 10) para mostrar a aceitação dos gentios

· As Mãos dos Apóstolos


Samaritanos (Atos 8:14-18)
Discípulos em Éfeso (Atos 19:1-7)

. . . Mas Hoje . . .
· Só há um batismo Efésios 4:5 (na água para remissão dos pecados Mateus
28:18-20; Atos 2:38; Efésios 5:26)
· Os apóstolos morreram estão na fundação da igreja (Efésios 2:20; Apocalipse
21:14)

As línguas não poderiam ser recebidas hoje em dia como foram as línguas da
Bíblia. As línguas da Bíblia foram recebidas ou por pessoas sendo batizadas
pelo Espírito Santo (Atos 2:1-4) ou pela imposição das mãos dos apóstolos (Atos
8:14-18; 19:1-7). É claro que ninguém poderia receber línguas hoje pela mão
dos apóstolos, uma vez que eles morreram e estão na fundação da igreja
(Efésios 2:20; Apocalipse 21:14). Muitas pessoas, que hoje pensam possuir
línguas da Bíblia, acreditam tê-las recebido pelo batismo do Espírito Santo. Mas
na Bíblia, o batismo pelo Espírito Santo ocorreu somente duas vezes: aos
apóstolos, em Atos 2, para capacitá-los a revelar o Novo Testamento e a
Cornélio e sua família, em Atos 10, para mostrar a aprovação, por Deus, da
conversão dos gentios. Depois destes dois casos, a Bíblia diz que agora só
existe um batismo (Efésios 4:5), o batismo na água para remissão dos pecados
(Mateus 28:18-20; Atos 2:38; Efésios 5:26). Portanto, se alguma pessoa falasse
em línguas da Bíblia hoje em dia não poderia havê-las recebido da maneira pela
qual eram recebidas na Bíblia.

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Propósito
· Na Bíblia
Confirmar a Palavra (Marcos 16:17-20; Atos 2; 1 Coríntios 14:22; Hebreus 2:3-4)

. . . Hoje, a palavra já tem sido


confirmada

Edificar a Igreja (1 Coríntios 14:5-6, 26)

. . . Hoje, a palavra já tem sido


revelada para a edificação

· Hoje
Adoração de Deus
Demonstração de salvação
Glória pessoal

O propósito das línguas da Bíblia era diferente do propósito das línguas de hoje.
Nos primeiros dias da Cristandade, o Novo Testamento estava em processo de
revelação. Ninguém poderia recorrer ao Novo Testamento escrito, para testar a
verdade do ensinamento de um homem, uma vez que ainda não estava escrito.
Por isso foram dados aos apóstolos e aos profetas sinais especiais, tais como as
línguas, para mostrar que sua mensagem vinha de Deus. Sinais dados por
Deus deveriam confirmar a palavra dos apóstolos e dos profetas revelando o
Novo Testamento. Nota: "Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem:
em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em
serpentes; e, se alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal; se
impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. De fato, o Senhor
Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de
Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda a parte, cooperando com eles o
Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam" (Marcos
16:17-20). "De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes,
mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos e sim para os
que crêem" (1 Coríntios 14:22). "Como escaparemos nós, se negligenciarmos
tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor,
foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho
juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições
do Espírito Santo segundo a sua vontade" (Hebreus 2:3-4). Isto é, exatamente,
o que aconteceu quando os apóstolos falaram em línguas, no dia de Pentecoste.
Sua habilidade para falar em outras línguas, apesar de serem galileus, provou
que a nova mensagem que eles estavam revelando era de Deus. Cada vez que
uma nova mensagem é revelada, Deus, tipicamente, dá prova da autenticidade
de seus mensageiros. Moisés, por exemplo, operou muitos sinais para mostrar
que os mandamentos que Deus estava revelando por meio dele vinham, de fato,
de Deus. Jesus operou muitos sinais e foi, finalmente, ressuscitado, para provar
sua afirmação de que era o Filho de Deus. Igualmente, os apóstolos e profetas
do primeiro século operaram sinais e prodígios, incluindo as línguas, para
demonstrar que Deus estava, na verdade, revelando sua nova mensagem
através deles. Mas Deus nunca continuou a confirmar sua revelação por novos
sinais a cada geração sucessiva. Sua Palavra, uma vez confirmada, é
considerada provada para todas as gerações. Assim, nenhuma geração posterir
de israelitas podia testemunhar a separação das águas do Mar Vermelho ou os
milagres do Monte Sinai (Êxodo 13-14, 20). Ninguém, desde o primeiro século,
viu o corpo ressuscitado de Jesus. Da mesma maneira, a Palavra revelada
pelos apóstolos já foi confirmada e nenhum sinal novo está sendo dado para
"reconfirmá-la".

A Bíblia também mostra que as línguas interpretadas (traduzidas) edificavam a


igreja (1 Coríntios 14) por meio da revelação das mensagens de Deus.
Mensagens que foram mais tarde escritas para nós, no Novo Testamento.
Desde que a Palavra já foi revelada e confirmada, qual propósito têm as
"línguas" modernas? De acordo com o ensinamento em muitas igrejas
Pentecostais, as línguas são para louvar a Deus e para mostrar a evidência da
salvação. Os propósitos das línguas da Bíblia eram diferentes do propósito das
"línguas" modernas.
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Pessoas que Recebem

· Igreja Universal do Reino de Deus


· Igreja Quadrangular
· Igreja Deus é Amor
· Assembléia de Deus
· Igrejas contra a doutrina da trindade
· Católicos carismáticos

Línguas iguais,
mas doutrinas diversas!

Hoje, as "línguas" são usadas por muitas e diferentes igrejas que pregam e
ensinam doutrinas contraditórias. Igrejas desde a Igreja Universal do Reino de
Deus até a Assembléia de Deus, e desde a Deus é Amor até as igrejas que
negam a Trindade, todas têm as mesmas línguas. Muitos católicos falam
línguas nas igrejas católicas carismáticas. Estaria o Espírito Santo dando seu
sinal de aprovação a igrejas que pregam coisas que contradizem completamente
umas às outras? Muitas das doutrinas e práticas destas igrejas não só
contradizem umas às outras, mas contra-dizem também a Bíblia.

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Época

Finalmente, porém talvez o mais importante, a Bíblia especificamente ensina


que as línguas deveriam continuar somente durante aquela época. Note
cuidadosamente 1 Coríntios 13:8-13. No versículo 8, Paulo disse que as línguas
cessariam: "havendo línguas, cessarão". No versículo 10 ele mostra quando:
Quando vier o que é perfeito. Isto está intensamente claro. As línguas eram
para durar somente até que o perfeito viesse. A dificuldade está em determinar
a que o "perfeito" se refere. Em geral, muitas coisas poderiam ser perfeitas
(completas). Poderíamos ter uma casa perfeita, um carro perfeito ou, talvez,
uma completa e perfeita pizza. Perfeito é uma qualidade que pode ser (e assim
está na Bíblia) usada para qualificar muitas coisas. Desta maneira, há um
contraste entre o que é "em parte" e o que é "o perfeito". Em qualquer área, o
perfeito é sempre a soma das partes. Assim, se sabemos quais eram as partes,
podemos juntá-las e encontrar o perfeito. As partes eram o conhecimento e a
revelação (profecia) da vontade de Deus. Naquele tempo, a revelação de Deus
estava se fazendo conhecida justamente uma parte de cada vez. A própria
primeira carta aos Coríntios era uma dessas partes. Se as partes, então, se
referem à revelação da Palavra de Deus, parte por parte, o perfeito tem que ser
a revelação completa de Deus, o Novo Testmento. Portanto, quando o Novo
Testamento se completou, o dom das línguas cessou, de acordo com o plano de
Deus.
· O que vai acontecer? "Línguas cessarão"
· Quando? "Quando vier o que é perfeito"
· O que é perfeito? A soma das partes
· O que são partes? Revelação da palavra em partes
· O que é o perfeito? A revelação completa a Bíblia
· Quando a revelação foi completada, as línguas bíblicas cessaram

O resto do capítulo 13 confirma este entendimento. No versículo 11, Paulo


mostra que é normal a diferença entre o falar e o pensar de uma criança e o de
um adulto. "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino,
pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas
próprias de menino" (1 Coríntios 13:11). Igualmente, é normal a diferença entre
a infância e a idade adulta da igreja. Deus usou os traços da infância (línguas,
profecia, etc.) para revelar sua Palavra, originalmente. Mas, agora que a
maturidade foi atingida, não usamos mais o falar de uma criança. Isto é muito
semelhante à construção de um edifício. No processo de construção, o
escoramento é usado; mas, sempre que a construção é completada, o
escoramento é removido. No versículo 12, Paulo descreve o tempo quando o
evangelho estava sendo revelado peça por peça, como vendo em um espelho
vagamente ou conhecendo em parte: "Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então veremos face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido" (1 Coríntios 13:12). Imagine-se
olhando em um espelho feito de pedacinhos, com alguns deles faltando: você
não veria uma imagem completa. Mas, quando o espelho contém todas as
peças, você pode se ver face a face e ter conhecimento total. É interessante
que Tiago usa a mesma ilustração do espelho e a mesma palavra "perfeito" para
descrever o Novo Testamento (Tiago 1:22-25).

No versículo 13, Paulo resume tudo. Ele falou sobre coisas que cessam e
coisas que vêm. Ele mostrou que, durante esta transição, algumas coisas
permanecem: fé, esperança e amor. No ponto em que a parte (línguas e
profecia) cessa e o perfeito vem, estas três coisas continuam inalteradas. Em
vista dos esforços que são feitos para aplicar a palavra "perfeito" neste caso, à
segunda vinda ou ao estado eterno, é importante examinar cuidadosamente este
versículo. No retorno de Cristo, até mesmo a fé e a esperança findarão, porque
esperamos apenas pelo que não vemos (Romanos 8:24-25), e cremos, ainda
que não vejamos (2 Coríntios 5:7; 1 Pedro 1:8). Quando Cristo retornar,
portanto, a fé e a esperança cessarão. Mas a fé continua quando as línguas
cessam e o perfeito vem. Portanto, isto tem que ocorrer antes da segunda vinda
de Cristo.

Assim como muitos dos escritos de Paulo, 1 Coríntios 13:8-13 está


cuidadosamente escrito e requer estudo minucioso. Mas quando estudamos
com cuidado, aprendemos que Deus planejou que as línguas cessassem
quando o Novo Testamento estivesse completo. As "línguas" de hoje
simplesmente não são as mesmas que as línguas da Bíblia.

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APÊNDICE 1: As línguas eram linguagens reais

Há dois textos usados algumas vezes para tentar provar que as línguas não
eram linguagens reais. Um está em 1 Coríntios 14:2: "Pois quem fala em outra
língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em
espírito fala mistérios". O argumento tirado freqüentemente deste versículo é
que as línguas eram uma "linguagem de oração", especial para comunicação
com Deus. De fato, neste trecho, Paulo está reprovando os Coríntios por seu
uso errado das línguas. Desde que as línguas da Bíblia eram linguagens reais,
elas seriam entendidas somente por aqueles que falassem aquela linguagem.
Nas assembléias dos Coríntios, alguns homens estavam falando em linguagens
que nenhum dos presentes conhecia, e sem o auxílio de um tradutor. Paulo
mostra a conseqüência deste mau uso das línguas. Ninguém além de Deus as
entendia e, portanto, não havia proveito (edificação) para a igreja. Não há
proveito em falar uma língua que não é entendida pela igreja. Paulo disse
claramente que todas as vozes tinham significado (versículo 10), mas que, se
não conhecessem o significado da linguagem, ele estaria falando como um
estrangeiro aos ouvintes, sem nenhum proveito (versículo 11). Paulo lança o
princípio que tudo o que é feito na igreja tem que ser para edifcação. Portanto,
as pessoas poderiam falar somente em linguagens conhecidas dos ouvintes, ou
então, com um intérprete. Nesta passagem, Paulo não está recomendando que
se fale em uma linguagem que só Deus poderia entender, mas está reprovando
esta prática dos Coríntios.

Outro texto está em 1 Coríntios 13:1, onde Paulo diz: "Ainda que eu fale as
línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que
soa, ou como o címbalo que retine". Paulo fala semelhantemente nos versículos
2-3: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e
toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes,
se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens
entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado,
se não tiver amor, nada disso me aproveitará". Em cada versículo, Paulo está
dizendo, em essência: Ainda que eu vá até ao mais extremo limite concebível
em línguas, em conhecimento, em fé, em serviço sem amor estarei vazio e
inútil. Paulo não estava sugerindo que ele havia conhecido todos os mistérios,
que havia dado seu corpo para ser queimado ou que ele houvesse falado na
língua dos anjos. Mas estava, isto sim, dizendo que, mesmo que ele houvesse,
isso nada seria sem o amor.

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APÊNDICE 2:
Certas doutrinas das igrejas contradizem a Bíblia

Todos os ensinamentos, práticas, e igrejas precisam ser testados pelo padrão da


Palavra de Deus. Doutrinas e ensinamentos que não estão na Bíblia vêm dos
homens e são condenadas por Cristo (Mateus 15:1-14; Marcos 7:1-13;
Colossenses 2:20-23). A ênfase e a atenção constante de muitas igrejas ao
dinheiro é uma das feições muito opostas ao ensino de Cristo. Nada lemos a
respeito de Jesus ou de seus seguidores pedindo dinheiro. Os cristãos
deveriam dar conforme sua prosperidade e não por causa de exigência das
igrejas (1 Coríntios 16:1-2; 2 Coríntios 9:7). A contínua ênfase no dinheiro em
muitas igrejas de hoje deveria ser uma advertência de que seus motivos e
doutrinas são muito diferentes daquelas de Cristo. Na Bíblia, os falsos
professores foram freqüentemente caracterizados por sua ganância (1 Timóteo
6:5; Tito 1:11; 2 Pedro 2:1-3,14-15; Marcos 12:40; Mateus 21:13).

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