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Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 1

2 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 3
Ofício das Trevas
I. O chamado “Ofício das Trevas” foi, durante centenas de anos, parte da liturgia da Sema-
na Santa. Este ofício é a recitação do Ofício de Leituras combinado com Laudes, na madrugada ou
manhã da Quinta-feira da Semana Santa, ou seja, rezado à noite na Quarta-feira Santa marcando
assim o início do tríduo pascal.

II. O Ofício de trevas mostra, de forma bastante clara, a figura do servo Sofredor e, junto
dEle, nos colocamos rezando e meditando sobre os Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz.
Este nome (Ofício de Trevas) tem diversas explicações. Entre elas:

• As trevas naturais de meia-noite ao anoitecer, ou seja, as horas destinadas à recitação do


ofício, lembrando as palavras de Cristo preso nas trevas da noite: “Haec est hora vestra et potestas
tenebrarum” (Esta é a vossa hora e do poder das trevas.) (Lc 22, 53);
• As trevas litúrgicas, quando durante as cerimonias da paixão apagam-se todas as luzes na
igreja, exceto uma;
• As trevas simbólicas da paixão.

Observações

O presente “Oficium Tenebrae” está adaptado para este tempo de quarentena do Covid-19.
O Leitor mais acostumado a rezar notará algumas diferenças (minúsculas), como as indicações
para apagar as velas.

Nosso objetivo é proporcionar que a pessoas se aprofundem mais nesta “Semana Maior”
dada a questão das dificuldades óbvias neste tempo.

Esperamos que o leitor seja impactado pelas orações e seja introduzido à vida interior mar-
cando o início do Tríduo Pascal. Deus Abençoe.

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Nota da Editora
Caros Irmãos, com alegria lhe disponibilizamos o oficio das trevas (Oficium Tenebrae)
para viver bem o Tríduo Pascal. A nossa editora valoriza a profundidade da alma e sua intimidade
com Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus dos Exércitos, Nosso Salvador. Queremos através de uma
obra que visa facilitar o acesso aos livros por preços baixos oferecer justamente aquilo que nenhu-
ma ideologia pode dar, intimidade com Deus, e consequentemente, Vida Eterna.

“ZELO ZELATUS SUM PRO DOMINO DEO EXERCITUUM”


“Me consumo de zelo pela causa do Senhor Deus dos Exército”

O zelo pelas coisas de Deus nos movem. Fazer parte do seu exército, pelas santas mãos de
Maria Santíssima, é impulso que acende a chama no mais íntimo da nossa alma. Tudo fazer pela
Beleza Eterna, Pela Verdade!
O mundo contemporâneo, cego e longe de Deus, desvirtua todo o sentido de transcenden-
te materializando tudo. Ir contra as correntes é o meu e o SEU DEVER!!
Como faremos isso? Sendo santo! “Faz o que deves! ” São Josemaria Escrivá

Lutemos contra os instintos mais baixos e animalescos que nos aprisionam numa vida
material e passageira. As virtudes que exercitamos nos elevam para o eterno abandonando a nossa
condição animal e nos elevando a superioridade que nos foi preparada ao lado do Eterno Pai.

Na caridade, reze por nós e por nossa missão!


Salve Maria!
E Viva Cristo Rei!!

Editora Bona Mater

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Invitatório
P. † Abri os meus lábios, ó Senhor.
R. E minha boca anunciará vosso louvor.

Salmo 94 (95)

Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e


na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Vinde, exultemos de alegria no Senhor; *


aclamemos o rochedo que nos salva.
Ao seu encontro caminhemos com louvores, *
e com cantos de alegria o celebremos!
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Na verdade, o Senhor é o grande Deus, *


o grande Rei, muito maior que os deuses todos.
Tem nas mãos as profundezas dos abismos, *
e as alturas das montanhas lhe pertencem;
o mar é dele, pois foi ele quem o fez, *
e a terra firme suas mãos a modelaram.
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Vinde adoremos e prostremo-nos por terra, *


e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, †
e nós somos o seu povo e seu rebanho, *
as ovelhas que conduz com sua mão.
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: †


“Não fecheis os corações como em Meriba, *
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras. “
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos
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Quarenta anos desgostou-me aquela raça, †
e eu disse: “Eis um povo transviado, *
seu coração não conheceu os meus caminhos!”
E por isso lhes jurei na minha ira: *
“Não entrarão no meu repouso prometido! “
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Hino
Cantem meus lábios a luta que sobre a cruz se travou;
cantem o nobre triunfo que no madeiro alcançou o
Redentor do Universo quando por nós se imolou.

O Criador teve pena do primitivo casal, que foi ferido de


morte, comendo o fruto fatal, e marcou logo outra árvore,
para curar-nos do mal.

Tal ordem foi exigida na obra da salvação: cai o inimigo no


laço de sua própria invenção. Do próprio lenho da morte
Deus fez nascer redenção.

Na plenitude dos tempos, a hora santa chegou e, pelo Pai


enviado, nasceu do mundo o autor; e duma Virgem no seio
a nossa carne tomou.

Seis lustros tendo passado, cumpriu a sua missão. Só para


ela nascido, livre se entrega à Paixão. Na cruz se eleva o
Cordeiro, como perfeita oblação.

Glória e poder à Trindade. Ao Pai e ao Filho, louvor. Honra


ao Espírito Santo. Eterna glória ao Senhor, que nos salvou
pela graça e nos remiu pelo amor. Amém

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Salmodia
Ant.1 Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus

Salmo 68(69), 2-22.30-37

Salvai-me, ó meu Deus, porque as águas *


até o meu pescoço já chegaram!
Na lama do abismo eu me afundo *
e não encontro um apoio para os pés.
Nestas águas muito fundas vim cair, *
e as ondas já começam a cobrir-me!

À força de gritar, estou cansado; *


minha garganta já ficou enrouquecida.
Os meus olhos já perderam sua luz, *
de tanto esperar pelo meu Deus!

Mais numerosos que os cabelos da cabeça, *


são aqueles que me odeiam sem motivo;
meus inimigos são mais fortes do que eu; *
contra mim eles se voltam com mentiras!
Por acaso poderei restituir *
alguma coisa que de outros não roubei?
Ó Senhor, vós conheceis minhas loucuras, *
e minha falta não se esconde a vossos olhos.

Por minha causa não deixeis desiludidos *


os que esperam sempre em vós, Deus do universo!
Que eu não seja a decepção e a vergonha *
dos que vos buscam, Senhor Deus de Israel!

Por vossa causa é que sofri tantos insultos, *


e o meu rosto se cobriu de confusão;
eu me tornei como um estranho a meus irmãos, *
como estrangeiro para os filhos de minha mãe.

Pois meu zelo e meu amor por vossa casa *


me devoram como fogo abrasador;
e os insultos de infiéis que vos ultrajam *
recaíram todos eles sobre mim!
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Se aflijo a minha alma com jejuns, *
fazem disso uma razão para insultar-me;
se me visto com sinais de penitência, *
eles fazem zombaria e me escarnecem!
Falam de mim os que se assentam junto às portas, *
sou motivo de canções, até de bêbados!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo....


Ant. Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus

Ant.2 Deram-me fel como se fosse um alimento,


em minha sede ofereceram-me vinagre.

Por isso elevo para vós minha oração, *


neste tempo favorável, Senhor Deus!
Respondei-me pelo vosso imenso amor, *
pela vossa salvação que nunca falha!

Retirai-me deste lodo, pois me afundo! †


Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam, *
e salvai-me destas águas tão profundas!
Que as águas turbulentas não me arrastem, †
não me devorem violentos turbilhões, *
nem a cova feche a boca sobre mim!

Senhor, ouvi-me pois suave é vossa graça, *


ponde os olhos sobre mim com grande amor!
Não oculteis a vossa face ao vosso servo! *
Como eu sofro! Respondei-me bem depressa!
Aproximai-vos de minh’alma e libertai-me, *
apesar da multidão dos inimigos!

Vós conheceis minha vergonha e meu opróbrio, †


minhas injúrias, minha grande humilhação; *
os que me afligem estão todos ante vós!
O insulto me partiu o coração; *
não suportei, desfaleci de tanta dor!

Eu esperei que alguém de mim tivesse pena, †


mas foi em vão, pois a ninguém pude encontrar; *

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procurei quem me aliviasse e não achei!
Deram-me fel como se fosse um alimento, *
em minha sede ofereceram-me vinagre!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre.

Ant.3 Procurai o Senhor continuamente,


e o vosso coração reviverá.

Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! *


Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
Cantando eu louvarei o vosso nome *
e agradecido exultarei de alegria!
Isto será mais agradável ao Senhor, *
que o sacrifício de novilhos e de touros.

Humildes, vede isto e alegrai-vos: †


o vosso coração reviverá, *
se procurardes o Senhor continuamente!
Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, *
e não despreza o clamor de seus cativos.
Que céus e terra glorifiquem o Senhor *
com o mar e todo ser que neles vive!

Sim, Deus virá e salvará Jerusalém, †


reconstruindo as cidades de Judá, *
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
A descendência de seus servos há de herdá-las, †
e os que amam o santo nome do Senhor *
dentro delas fixarão sua morada!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Procurai o Senhor continuamente,
e o vosso coração reviverá.

V. Quando eu for elevado da terra,


R. Atrairei para mim todo ser.

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Primeira Leitura
Da Carta aos Hebreus
Irmãos: Temos um sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus.
Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo-sacerdote
capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com
exceção do pecado. Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conse-
guirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. De fato, todo o
sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se
referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão dos que estão na
ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, deve oferecer sacrifícios
tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus próprios. Ninguém deve atribuir-se esta honra,
senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si
mesmo a honra de ser sumo-sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje
te gerei”. Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec. ”
Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele
que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo
Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação
de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. De fato, ele foi por
Deus proclamado sumo-sacerdote na ordem de Melquisedec.

Responsório Cf. Hb 5,8.9.7

V. Embora fosse o próprio Filho, aprendeu a obediência através do sofrimento.


E para quem lhe obedece tornou-se uma fonte de eterna salvação.
R. Embora fosse o próprio Filho, aprendeu a obediência através do sofrimento.
E para quem lhe obedece tornou-se uma fonte de eterna salvação.
V. Nos seus dias deste mundo fez subir preces e súplicas com clamores
veementes e por sua piedade Jesus foi atendido.
R. E para quem lhe obedece tornou-se uma fonte de eterna salvação.

Segunda Leitura
Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão de Sardes, bispo
Muitas coisas foram preditas pelos profetas sobre o mistério da Páscoa, que é Cristo, a quem
seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém (Gl 1,5). Ele desceu dos céus à terra para curar a
enfermidade do homem; revestiu-se da nossa natureza no seio da Virgem e se fez homem; tomou
sobre si os sofrimentos do homem enfermo num corpo sujeito ao sofrimento, e destruiu as paixões
da carne; seu espírito, que não pode morrer, matou a morte homicida. Foi levado como cordeiro e
morto como ovelha; libertou-nos das seduções do mundo, como outrora tirou os israelitas do Egi-
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to; salvou-nos da escravidão do demônio, como outrora fez sair Israel das mãos do faraó; marcou
nossas almas com o sinal do seu Espírito e os nossos corpos com seu sangue. Foi ele que venceu a
morte e confundiu o demônio, como outrora Moisés ao faraó. Foi ele que destruiu a iniquidade e
condenou a injustiça à esterilidade, como Moisés ao Egito. Foi ele que nos fez passar da escravidão
para a liberdade, das trevas para a luz, da morte para a vida, da tirania para o reino sem fim, e fez
de nós um sacerdócio novo, um povo eleito para sempre. Ele é a Páscoa da nossa salvação. Foi ele
que tomou sobre si os sofrimentos de muitos: foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac;
exilado de sua terra em Jacó; vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal;
perseguido em Davi e ultrajado nos profetas. Foi ele que se encarnou no seio da Virgem, foi sus-
penso na cruz, sepultado na terra e, ressuscitando dos mortos, subiu ao mais alto dos céus. Foi ele
o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro imolado, nascido de Maria, a bela ovelhinha; retirado
do rebanho, foi levado ao matadouro, imolado à tarde e sepultado à noite; ao ser crucificado, não
lhe quebraram osso algum, e ao ser sepultado, não experimentou a corrupção; mas ressuscitando
dos mortos, ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro.

Responsório

V. Pois todos os homens pecaram e carecem da glória de Deus,


sendo justificados, de graça, mediante a libertação, realizada por meio de Cristo.
Deus destinou que Cristo fosse, por seu sangue, a vítima da propiciação,
pela fé que colocamos nele mesmo.
R. Pois todos os homens pecaram e carecem da glória de Deus,
sendo justificados, de graça, mediante a libertação, realizada por meio de Cristo.
Deus destinou que Cristo fosse, por seu sangue, a vítima da propiciação,
pela fé que colocamos nele mesmo.
V. Eis aqui o Cordeiro de Deus, o que tira o pecado do mundo.
R. Deus destinou que Cristo fosse, por seu sangue, a vítima da propiciação,
pela fé que colocamos nele mesmo.

Laudes

Salmodia
Ant. 1 Olhai, Senhor, e contemplai meu sofrimento!
Escutai-me e vinde logo em meu auxílio!

Salmo 79(80)

Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. *

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Vós, que a José apascentais qual um rebanho!
Vós, que sobre os querubins vos assentais, †
aparecei cheio de glória e esplendor *
ante Efraim e Benjamim e Manassés!
Despertai vosso poder, ó nosso Deus, *
e vinde logo nos trazer a salvação!

Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, †


e sobre nós iluminai a vossa face! *
Se voltardes para nós, seremos salvos!

Até quando, ó Senhor, vos irritais, *


apesar da oração do vosso povo?
Vós nos destes a comer o pão das lágrimas, *
e a beber destes um pranto copioso.
Para os vizinhos somos causa de contenda, *
de zombaria para os nossos inimigos.

Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, †


e sobre nós iluminai a vossa face!*
Se voltardes para nós, seremos salvos!

Arrancastes do Egito esta videira, *


e expulsastes as nações para plantá-la;
diante dela preparastes o terreno, *
lançou raízes e encheu a terra inteira.

Os montes recobriu com sua sombra, *


e os cedros do Senhor com os seus ramos;
até o mar se estenderam seus sarmentos, *
até o rio os seus rebentos se espalharam.

Por que razão vós destruístes sua cerca, *


para que todos os passantes a vindimem,
o javali da mata virgem a devaste, *
e os animais do descampado nela pastem?
Voltai-vos para nós, Deus do universo! †
Olhai dos altos céus e observai. *
Visitai a vossa vinha e protegei-a!

Foi a vossa mão direita que a plantou; *

14 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


protegei-a, e ao rebento que firmastes!
E aqueles que a cortaram e a queimaram, *
vão perecer ante o furor de vossa face.

Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, *


o filho do homem que escolhestes para vós!
E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! *
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!

Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, †


e sobre nós iluminai a vossa face! *
Se voltardes para nós, seremos salvos!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. 1 Olhai, Senhor, e contemplai meu sofrimento!
Escutai-me e vinde logo em meu auxílio!

Ant. 2 Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo!

Cântico Is 12,1-6

Dou-vos graças, ó Senhor, porque estando irritado, *


acalmou-se a vossa ira e enfim me consolastes.
Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; *
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.

Com alegria bebereis no manancial da salvação, *


e direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor,
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, *
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.

Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, *


publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, *
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!”

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. 2 Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo!

Ant. 3 Deus nos deu de comer a flor do trigo,


e com o mel que sai da rocha nos fartou.

Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 15


Salmo 80(81)

Exultai no Senhor, nossa força, *


e ao Deus de Jacó aclamai!
Cantai salmos, tocai tamborim, *
harpa e lira suaves tocai!
Na lua nova soai a trombeta, *
na lua cheia, na festa solene!

Porque isto é costume em Jacó, *


um preceito do Deus de Israel;
uma lei que foi dada a José, *
quando o povo saiu do Egito.

Eis que ouço uma voz que não conheço: †


“Aliviei as tuas costas de seu fardo, *
cestos pesados eu tirei de tuas mãos.
Na angústia a mim clamaste, e te salvei, †
de uma nuvem trovejante te falei, *
e junto às águas de Meriba te provei.

Ouve, meu povo, porque vou te advertir! *


Israel, ah! Se quisesses me escutar:
Em teu meio não exista um deus estranho *
nem adores a um deus desconhecido!

Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor, †


que da terra do Egito te arranquei. *
Abre bem a tua boca e eu te sacio!

Mas meu povo não ouviu a minha voz, *


Israel não quis saber de obedecer-me.
Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos, *
abandonei-os ao seu duro coração.

Quem me dera que meu povo me escutasse! *


Que Israel andasse sempre em meus caminhos!
Seus inimigos, sem demora, humilharia *
e voltaria minha mão contra o opressor.

16 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


Os que odeiam o Senhor, o adulariam, *
seria este seu destino para sempre;
eu lhe daria de comer a flor do trigo, *
e com o mel que sai da rocha o fartaria”.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. 3 Deus nos deu de comer a flor do trigo,
e com o mel que sai da rocha nos fartou.

Leitura breve Hb 2, 9b-10

Vemos Jesus coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte. Sim, pela graça de Deus em
favor de todos, ele provou a morte. Convinha de fato que aquele, por quem e para quem todas as
coisas existem, e que desejou conduzir muitos filhos à glória, levasse o iniciador da salvação deles
à consumação, por meio de sofrimentos.

Responsório breve

V. Lembra-te de Cristo, ressuscitado dentre os mortos!


Ele é nossa salvação e nossa glória para sempre.
R. Lembra-te de Cristo, ressuscitado dentre os mortos!
Ele é nossa salvação e nossa glória para sempre.
V. Se com ele nós morremos, também, com ele viveremos.
R. Ele é nossa salvação e nossa glória para sempre.
V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo. (Não se diz o “como era no princípio...”)
R. Lembra-te de Cristo, ressuscitado dentre os mortos!
Ele é nossa salvação e nossa glória para sempre.

Benedictus Lc 1, 68-79

Ant. Ardentemente eu desejei comer convosco esta


Páscoa antes de ir sofrer a morte.

Bendito † seja o Senhor Deus de Israel, *


que a seu povo visitou e libertou;
e fez surgir um poderoso Salvador *
na casa de Davi, seu servidor,
como falara pela boca de seus santos, *
os profetas desde os tempos mais antigos,
para salvar-nos do poder dos inimigos *
e da mão de todos quantos nos odeiam.

Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 17


Assim mostrou misericórdia a nossos pais, *
recordando a sua santa Aliança e o
juramento a Abraão, o nosso pai, *
de conceder-nos que, libertos do inimigo,
a ele nós sirvamos sem temor †
em santidade e em justiça diante dele, *
enquanto perdurarem nossos dias.
Serás profeta do Altíssimo, ó menino, †
pois irás andando à frente do Senhor *
para aplainar e preparar os seus caminhos,
anunciando ao seu povo a salvação, *
que está na remissão de seus pecados.

Pelo amor do coração de nosso Deus, *


Sol nascente que nos veio visitar lá do
alto como luz resplandecente *
a iluminar a quantos jazem entre as
trevas e na sombra da morte estão sentados †
e para dirigir os nossos passos, *
guiando-nos no caminho da paz.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Ardentemente eu desejei comer convosco
esta Páscoa antes de ir sofrer a morte.

Preces

P. A Cristo, eterno sacerdote, a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo


para anunciar aos cativos a libertação, supliquemos humildemente; e digamos:
R. Senhor, tende piedade de nós!

L. Vós, que subistes a Jerusalém para sofrer a Paixão, e assim entrar na glória,
– conduzi vossa Igreja à Páscoa da eternidade. R.

L. Vós, que, elevado na cruz, deixastes a lança do soldado vos transpassar,


– curai as nossas feridas. R.

L. Vós, que transformastes o madeiro da cruz em árvore da vida,


– concedei de seus frutos aos que renasceram pelo batismo. R.

18 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


L. Vós que, pregado na cruz, perdoastes o ladrão arrependido,
– perdoai-nos também a nós pecadores. R.

Pai Nosso...

Pe. O Senhor esteja convosco.


R. Ele está no meio de nós.
Pe. Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho † e Espírito Santo.
R. Amém.
Dada a bênção, acrescenta-se:
Pe. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
R. Graças a Deus.

Divinum Oficium
Ofício de Leitura do Sábado Santo

Invitatório
Pe. † Abri os meus lábios, ó Senhor.
R. E minha boca anunciará vosso louvor.

Salmo 94 (95)

Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e


na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Vinde, exultemos de alegria no Senhor; *


aclamemos o rochedo que nos salva.
Ao seu encontro caminhemos com louvores, *
e com cantos de alegria o celebremos!
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Na verdade, o Senhor é o grande Deus, *


o grande Rei, muito maior que os deuses todos.
Tem nas mãos as profundezas dos abismos, *
e as alturas das montanhas lhe pertencem;
o mar é dele, pois foi ele quem o fez, *

Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 19


e a terra firme suas mãos a modelaram.
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Vinde adoremos e prostremo-nos por terra, *


e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, †
e nós somos o seu povo e seu rebanho, *
as ovelhas que conduz com sua mão.
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: †


“Não fecheis os corações como em Meriba, *
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram, *
apesar de terem visto as minhas obras.”
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Quarenta anos desgostou-me aquela raça, †


e eu disse: “Eis um povo transviado, *
seu coração não conheceu os meus caminhos!”
E por isso lhes jurei na minha ira: *
“Não entrarão no meu repouso prometido!”
Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Cristo por nós foi tentado, sofreu e
na Cruz morreu: Vinde todos, adoremos

Ofício de Leituras
Hino

Jesus, Senhor supremo, do mundo redentor,


na cruz salvastes todos, da morte vencedor!

Mantende, suplicamos, em nossos corações,


os dons que conquistastes por todas as nações.

20 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


Cordeiro imaculado, pregado sobre a cruz,
lavastes nossas vestes em vosso sangue e luz.

Aqueles que lavastes com sangue de Homem-Deus,


convosco ressurgidos, levai-os para os céus.

Ó povos redimidos, ao Deus do céu louvai,


Jesus nos fez, morrendo, um reino para o Pai.

Salmodia
Ant. 1 Tranquilo eu adormeço e repouso em vossa paz.

Salmo 4

Quando eu chamo, respondei-me,


ó meu Deus, minha justiça! †
Vós que soubestes aliviar-me
nos momentos de aflição, *
atendei-me por piedade e
escutai minha oração!
Filhos dos homens, até quando
fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e
procurais a falsidade?

Compreendei que nosso Deus


faz maravilhas por seu servo, *
e que o Senhor me ouvirá quando
lhe faço a minha prece!
Se ficardes revoltados,
não pequeis por vossa ira; *
meditai nos vossos leitos e calai o coração!

Sacrificai o que é justo,


e ao Senhor oferecei-o; *
confiai sempre no Senhor,
ele é a única esperança!
Muitos há que se perguntam:

Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 21


“Quem nos dá felicidade?”*
Sobre nós fazei brilhar o
esplendor de vossa face!

Vós me destes, ó Senhor,


mais alegria ao coração, *
do que a outros na fartura
do seu trigo e vinho novo.
Eu tranquilo vou deitar-me e
na paz logo adormeço, *
pois só vós, ó Senhor Deus,
dais segurança à minha vida!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Tranquilo eu adormeço e repouso em vossa paz.

Ant. 2 Até meu corpo no repouso está tranquilo.

Salmo 15(16)

Guardai-me, ó Deus,
porque em vós me refugio! †
Digo ao Senhor:
“Somente vós sois meu Senhor: *
nenhum bem eu posso achar fora de vós!”
Deus me inspirou uma admirável afeição *
pelos santos que habitam sua terra.

Multiplicam, no entanto, suas dores *


os que correm para os deuses estrangeiros;
seus sacrifícios sanguinários não partilho, *
nem seus nomes passarão pelos meus lábios.
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, *
meu destino está seguro em vossas mãos!
Foi demarcada para mim a melhor terra, *
e eu exulto de alegria em minha herança!

Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, *


e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, *
pois se o tenho a meu lado não vacilo.

22 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


Eis por que meu coração está em festa, †
minha alma rejubila de alegria, *
e até meu corpo no repouso está tranquilo;

pois não haveis de me deixar entregue à morte, *


nem vosso amigo conhecer a corrupção.
Vós me ensinais vosso caminho para a vida; †
junto a vós, felicidade sem limites, *
delícia eterna e alegria ao vosso lado!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Até meu corpo no repouso está tranquilo.

Ant.3 Elevai-vos bem mais alto, antigas portas,


a fim de que o Rei da glória possa entrar!

Salmo 23(24)

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, *


o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares, *
e sobre as águas a mantém inabalável.

“Quem subirá até o monte do Senhor, *


quem ficará em sua santa habitação?”
“Quem tem mãos puras e inocente coração, †
quem não dirige sua mente para o crime, *
nem jura falso para o dano de seu próximo.

Sobre este desce a bênção do Senhor *


e a recompensa de seu Deus e Salvador”.
“É assim a geração dos que o procuram, *
e do Deus de Israel buscam a face”.
“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”

Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória? ” †


“É o Senhor, o valoroso, o onipotente, *
o Senhor, o poderoso nas batalhas! ”

Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae Editora Bona Mater 23


“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”

Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória? ” †


“O Rei da glória é o Senhor onipotente, *
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!”

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...


Ant. Elevai-vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar!

V. Defendei a minha causa e libertai-me.


R. Pela Palavra que me destes, dai-me a vida!

Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus
Irmãos: Tenhamos cuidado, enquanto nos é oferecida a oportunidade de entrar no repouso
de Deus, não aconteça que alguém de vós fique para trás. Também nós, como eles, recebemos uma
boa-nova. Mas a proclamação da palavra de nada lhes adiantou, por não ter sido acompanhada
da fé naqueles que a tinham ouvido, enquanto nós, que acreditamos, entramos no seu repouso. É
assim como ele falou: “Por isso jurei na minha ira: jamais entrarão no meu repouso.”
Isso, não obstante as obras de Deus estarem terminadas desde a criação do mundo. Pois,
em certos lugares, assim falou do sétimo dia: “E Deus repousou no sétimo dia de todas as suas
obras”, e ainda novamente: “Não entrarão no meu repouso. ” Então, ainda há oportunidade para
alguns entrarem nesse repouso. E como os que primeiro receberam o anúncio não entraram por
causa de sua incredulidade, Deus marca de novo um dia, um “hoje”, falando por Davi, muito tempo
depois, como se disse acima: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações”. Ora,
se Josué lhes tivesse proporcionado esse repouso, não falaria de outro dia depois. Portanto ainda
está reservado um repouso sabático para o povo de Deus. Pois aquele que entrou no repouso de
Deus está descansando de suas obras, assim como Deus descansou das suas.
Esforcemo-nos, portanto, por entrar neste repouso, para que ninguém repita o acima refe-
rido exemplo de desobediência. A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pen-
samentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está
nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.

24 Editora Bona Mater Ofício das Trevas - Oficium Tenebrae


Responsório

V. Sepultado o Senhor, rolaram uma pedra à entrada do túmulo e


lacraram o sepulcro, Colocando soldados a fim de guardá-lo.
R. TODOS REPETEM ESSA FRASE
V. Os chefes do povo chegaram a Pilatos e pediram que mandasse vigiar o sepulcro.
R. Colocando soldados a fim de guarda-lo.
V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espirito Santo. (Não se diz o “como era no princípio...)
R. Sepultado o Senhor, rolaram uma pedra à entrada do túmulo e
lacraram o sepulcro, colocando soldados a fim de guardá-lo.

Segunda leitura
De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (Séc. IV)
Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e
uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou
silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus
morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão
de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao en-
contro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos. O Senhor entrou onde eles estavam,
levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou
para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”.
E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que
dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa
me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder,
ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí! ’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz! ’; e aos en-
torpecidos: ‘Levantai-vos! ’. Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para perma-
neceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te,
obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança.
Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escra-
vo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da
terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por
ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim,
crucificado. Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida origi-
nal. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza
corrompida.
Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros
o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como
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outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua
causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado
curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança
que estava dirigida contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te
coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu,
porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem;
ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos
querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as
mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos
céus preparado para ti desde toda a eternidade”

Responsório

V. Nosso pastor se retirou, ele, a fonte de água viva; e o sol, na sua morte,
escurecendo, se apagou; e aquele que trazia prisioneiro o homem primeiro,
por Cristo aprisionado. Hoje o nosso Salvador arrombou as portas da morte
e quebrou os seus ferrolhos.
R. TODOS REPETEM ESSA FRASE
V. Destruiu as prisões do inferno e derrubou o poder satânico.
R. Hoje o nosso Salvador arrombou as portas da morte e quebrou os seus ferrolhos.

Oração

P. Oremos.
Pai cheio de bondade, vosso Filho unigênito desceu à mansão dos mortos e dela surgiu vi-
torioso: concedei aos vossos fiéis, sepultados com ele no batismo, que, pela força de sua ressurrei-
ção, participem da vida eterna, com ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Amém

Conclusão da Hora

P. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.

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Pascha nostrum immolatus est Christus, alleluia.
Itaque epulemur in azimis sinceritatis et veritatis, alleluia.
(1Cor 5,7-8)

Cristo nossa Páscoa foi imolado, celebremos a festa com pão sem fermento, o pão da pureza e da verdade.
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