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A Imoralidade - Pio XII PDF
A Imoralidade - Pio XII PDF
Não haveria para os outros algo que lhes conviesse? Podem eles acalentarem a
esperança de que a atração das boas e belas obras será universalmente capaz de
fazer nascer e difundir invencível desgosto e repúdio por todas as torpezas?
Sobre isto ninguém é tão ingênuo que se iluda. E, então, encontram-se
porventura desarmadas as pessoas de bem, diante dos mais desfrutadores da
imprensa, da tela e do humorismo? Isto seria injusto afirmar, e tal injustiça
manifestar-se-ia logo a quem quer que conhece e considera atentamente a
louvável legislação que honra o País. Aos cidadãos respeitáveis, aos pais de
família, aos educadores, está aberto o caminho para assegurar a aplicação e
eficaz sanção daqueles leis providenciais, levando à autoridade civil, de modo
devido, as denúncias baseadas sobre o fato, exata nas referências e quanto às
pessoas, coisas e palavras, a fim de que tudo o que de reprovável fosse
apresentado ao público seja reprimido ou impedido.
Mas é igualmente certo que a verdadeira e própria razão de tão grande mal é
ainda mais profunda. Deve ser procurada naquilo que com um termo geral se
chama materialismo, na negação ou ao menos no descaso e no desprezo de tudo
o que é religião, cristianismo, submissão a Deus e a sua lei, vida futura e
eternidade. Como um hálito pestífero, o materialismo invade sempre mais todo
o ser e produz maléficos frutos no matrimônio, na família e nos jovens.
Os relatórios que provêm de diversas regiões, assinalam tais fatores como causa
do abandono moral e religioso dos jovens. É porém responsável, em primeiro
lugar, a desagregação do matrimônio, cuja funesta consequência e cujo índice é
o abaixamento moral da juventude.
Os olhos e os ouvidos são como amplas vias, que levam diretamente à alma do
homem e estão abertas, o mais das vezes sem obstáculos, pelos espectadores dos
vossos filmes. Que é que passa da tela para os recônditos da mente onde se
desenvolve o fundo dos conhecimentos e se plasmam e afinam as normas e os
motivos da conduta, que formarão o caráter definitivo dos jovens?
São Paulo citou Menandro, antigo poeta grego, quando escreveu aos fiéis de sua
Igreja em Corinto que"a péssima conversa corrompe os bons costumes". Isso,
que então foi verdade, não deixa de hoje também ser verdade, porque a natureza
humana muda pouco com os séculos. E se é verdade, como o é realmente, que a
má conversa corrompe a moral, quanto mais eficazmente não será esta
corrompida pela má conversa acompanhada pela conduta, vivamente projetada,
que contradiz as leis de Deus e da decência civil? Oh, imenso é o bem que o
cinema pode fazer! Eis porque os espíritos maléficos, sempre ativos neste
mundo, desejam perverter este instrumento para seus ímpios escopos; é
encorajante saber que o vosso Comitê está consciente do perigo e torna-se
sempre mais consciente de suas graves responsabilidades diante da sociedade e
de Deus.
Moda e modéstia deveriam caminhar juntas como duas irmãs, porque ambos os
vocábulos têm a mesma etimologia; do latim "modus", quer dizer, a reta
medida, além e aquém da qual não se pode encontrar o justo. Mas a modéstia
não é mais moda! Semelhantes àqueles pobres alienados que, tendo perdido o
instinto da conservação e a noção do perigo, se atiram no fogo ou nos rios, não
poucas almas femininas, esquecidas por ambiciosa vaidade, da modéstia cristã,
vão miseravelmente ao encontro de perigos onde sua pureza pode encontrar a
morte. Sofrem a tirania da moda, até a da moda imodesta, de sorte que parecem
não suspeitar mais, nem mesmo da inconveniência; perderam o próprio
conceito do perigo, o instinto da modéstia.