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MONOGRAFIA DO CURSO DE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

(UECE)
CENTRO DE TECNOLOGIA – DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PERÍODOS DE RETORNO E RISCOS DE OCORRÊNCIA DE INTENSIDADES


DE PRECIPITAÇÃO DIÁRIA NO ESTADO DO CEARÁ

Fortaleza, Agosto de 2017


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
T período de retorno
AS América do Sul
NEB nordeste brasileiro
CCM complexo convectivo de mesoescala
ZCIT zona de convergência intertropical
JBN jato de baixos níveis
ZCOU zona de convergência de umidade
ZCAS zona de convergência do atlântico sul
VCANs Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis
AC Acre
PB Paraíba
RR Roraima
RS Rio grande do Sul

1. INTRODUÇÃO
As mudanças climáticas influenciam diretamente nos sistemas naturais e humanos em
toda a terra. Os impactos mais severos ocorrem nos desprotegidos sistemas naturais, além
também de causar danos à dinâmica dos sistemas humanos (IPCC 2007; IPCC, 2014).
Envolvendo relações complexas, as mudanças climáticas vêm se tornando discussão central
para o futuro da humanidade, mesmo sendo objeto de estudo de longa data. O estudo da
atmosfera, é baseado intrinsecamente em características observacionais obtidas
diariamente sobre suas condições físicas. Conhecer a variável precipitação, possibilita o
planejamento tanto de atividades cotidianas comuns, quanto de atividades que requerem
maior importância ecológica ou financeira, tais como: calendários agrícolas, turismo,
projetos de riscos, obras de engenharia no geral, etc.

Dentre as variáveis que mensuram a importância de classes de intensidades de


chuva em um determinado local, o tempo de retorno (T) e suas variações são
imprescindíveis. O seu estudo possibilita subsidiar projetos mais seguros interligados as
atividades humanas mencionadas anteriormente (RIGHETTO 1998). De acordo com
Righeto (1998): “É um parâmetro fundamental para a avaliação e projeto de sistemas
hídricos, como reservatórios, canais, vertedouros de barragens, bueiros, galerias de
águas pluviais, etc.”.

O período de retorno (T) também conhecido como intervalo de recorrência é


uma estimativa da probabilidade que um evento natural tem para ocorrer. É uma medida
estatística, tipicamente baseada em dados históricos, denotando a média do intervalo de
recorrência, sobre um determinado período de tempo. Sendo, geralmente usado para
analises de riscos (decidir se um projeto deve ou não seguir em frente em uma área de
risco, ou, projetar estruturas para resistirem a um evento com certo período de retorno).

O Brasil, localizado na América do Sul (AS) possui um campo diversificado


geograficamente permitindo o desenvolvimento e ação de diferentes sistemas
atmosféricos. Estes sistemas, contribuem para a distribuição irregular espaço temporal
das precipitações. Portanto, conhecer T e o risco da ocorrência de precipitações diárias
em vários intervalos de intensidade, pode trazer-nos informações importantes para o
conhecimento da variabilidade pluviométrica nessa região, e assim, subsidiando vários
ramos de atividades que necessitam dessa informação. O objetivo desse estudo é
investigar a variabilidade do T diário para diversos intervalos de precipitação diária na
região da AS que engloba o Brasil.

2. JUSTIFICATIVA

A região brasileira que engloba a AS possui formas de relevo variadas. Outro


fator a ser considerado é que a AS é circundada a oeste pelo oceano pacifico e a leste
pelo oceano atlântico. Estes fatores combinados proporcionam a atuação e o
desenvolvimento de diferentes sistemas atmosféricos que contribuem para a não-
homogeneidade climática da região.

Um exemplo dessa variedade atmosférica encontrada no brasil é citado por


(ALVES et al. 2012) onde diz: “regiões tropicais com alta quantidade de umidade
atmosférica são áreas extremamente favoráveis a ocorrência de precipitação das mais
diversas intensidades. Em geral, devido à intensa atividade convectiva, acumulados
diários de chuvas são expressivos nessas regiões ”

Nos últimos anos, eventos de precipitação nas mais variadas intensidades,


principalmente os extremos, evidenciaram-se mais intensos. Desses eventos cita-se, o
grande período de estiagem no nordeste brasileiro NEB entre anos de 2012-2014,
acarretando prejuízos observados nos setores da economia (perdas de agricultura,
pecuária, etc.), na oferta de energia elétrica, como também, comprometimento do
abastecimento de água para a sociedade e os animais. Nesse aspecto, estudos para ter
melhor conhecimento e entendimento desses eventos climáticos, tanto a ocorrência de
estiagem como de precipitações, são indispensáveis.

Outro fato a destacar é a necessidade da demanda social e econômica que faz


com que conforme os anos passam novas vertentes de pesquisa em observação e
modelagem dinâmica da atmosfera sejam realizadas, fazendo-se inferências a projeções
de mudanças climáticas. Com o último relatório do Intergorvnmental Panel on Climate
Change (IPCC), divulgado em 2013-2014 (IPCC, 2013, 2014), haja vista que seus
comentários implicam que esses eventos de precipitação estão cada vez mais recorrentes
ao longo de várias áreas do globo (GUIMARÃES, 2014).
.
Pelas colocações acima o estudo tem como objetivo preencher com mais
informações detalhadas sobre a variabilidade pluviométrica sobre a região sul-
americana que engloba o Brasil com um aspecto importante, caracterizando essa
variabilidade com um caráter aplicativo, com cálculo do T e suas características,
potencializando essa informação ao uso de áreas correlatas como a estudos de projetos
hidráulicos e hidrológicos etc.

3. SISTEMAS ATMOSFÉRICOS CAUSADORES DE CHUVA NA AS

4.1 Região sul

No sul do Brasil a precipitação é bem distribuída ao longo do ano e com totais


pluviométricos elevados. Os totais ainda são maiores no oeste do sul do Brasil na
fronteira com o Paraguai. Diferentes sistemas atmosféricos influenciam a precipitação
nessa região ao longo do ano, ou seja, os sistemas frontais (Fig. 12), os ciclones (Fig.
12b), os CCM (Fig. 12c), as linhas de instabilidade (Fig12d), os sistemas convectivos
alongados persistentes (Fig. 12e), os VCANs (vórtices ciclônicos de altos níveis) e as
circulações de brisa.

Figura 12. Exemplos de frente fria (a), ciclone (b) e sistemas convectivos de
mesoescala (c-e) atuando no extremo sul do Brasil. A imagem a) foi obtida das
nefoanálises do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina e b) do National
Aeronautics and Space Administration (NASA). Já as imagens c, d e foram
selecionadas no banco de dados da DAS/INPE por Fernandes (2010)
Os sistemas frontais correspondem à zona de encontro entre duas massas de ar com
propriedades térmicas distintas. Na ocorrência de frentes frias, a massa de ar frio força a massa
de ar mais quente a subir, uma vez que esta é menos densa. Isso favorece a formação de nuvens
e chuva. Após a passagem de uma frente fria sobre um determinado local, a massa de ar frio,
que segue a frente fria, acompanha a frente fria e as temperaturas tendem a cair, a precipitação
cessa e o tempo, em geral, fica ensolarado.

Isto porque a massa de ar frio como é densa e seca desfavorece a formação de nuvens. Nessas
situações (com o ar seco e ausência de nuvens), a temperatura durante a noite diminui
consideravelmente, pois a superfície terrestre emite praticamente toda radiação infravermelha
para o espaço. Quando isso ocorre, o vapor d’água presente no ar próximo da superfície pode
condensar formando o orvalho ou até mesmo congelar (situação em que o orvalho é chamado de
orvalho congelado). Quando o congelamento ocorre sem haver passagem da água pela fase
líquida tem-se as geadas. Esses fenômenos meteorológicos são bastante comuns no sul do Brasil
no outono e inverno.

4.2 Noroeste e sudeste

Nesta área, os totais pluviométricos são máximos no verão e mínimos no inverno. No


verão, os raios solares incidem perpendiculares no Trópico de Capricórnio, o que gera
um maior aquecimento da superfície do que no inverno. Esse aquecimento favorece o
levantamento do ar, que é responsável por forte atividade convectiva, ou seja, o ar
quente sobe e condensa formando nuvens. Como é verão no Hemisfério Sul, os sistemas
atmosféricos estão deslocados para sul, assim, a ZCIT favorece a ocorrência de chuva
no norte e nordeste do Brasil. Além disso, nesta época os alísios de nordeste estão mais
intensos (Drumond et al., 2008; Durán-Quesada et al., 2009).

Estes ventos transportam umidade para o interior do continente e favorecem a formação


do Jato de Baixos Níveis (JBN) a leste dos Andes, que por sua vez, transporta umidade
para os subtrópicos (Marengo et al., 2004; Vera et al., 2006), contribuindo para a
formação de CCM. Ainda no verão, forma-se uma Zona de Convergência de Umidade
(ZCOU) sobre o continente, que ocorre devido à interação de vários sistemas (JBN,
frentes, ventos do anticiclone subtropical do Atlântico Sul, por exemplo). A ZCOU se
estende no sentido noroeste-sudeste desde a Amazônia até o sudeste do Brasil e oceano
Atlântico Sul (Grupo de Previsão de Tempo do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – GPT/INPE). Quando a ZCOU atua durante três dias ou mais passa a ser
denominada de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Tanto a ZCOU quanto
a ZCAS são facilmente identificadas em imagens de satélite (Fig. 15) como uma banda
de nebulosidade desde a Amazônia até o oceano Atlântico Sul (Kousky 1988). É
importante destacar que esses sistemas causam elevados totais de precipitação sobre a
região em que estão atuando.

Figura 15. Exemplo de um episódio de Zona de Convergência do Atlântico


Sul (ZCAS) no dia 02 de março de 2010. Esta imagem foi selecionada por
Ana Carolina Nóbile Tomaziello no banco de dados da DAS/INPE

4.3 Norte da região Norte do Brasil e litoral do Nordeste.

O sistema atmosférico mais importante para a precipitação nesta região é o


ZCIT, possuindo máximos pluviométricos no primeiro semestre do ano. No
verão e outono, este sistema atmosférico atinge sua posição mais sul,
contribuindo para o estabelecimento da estação chuvosa na região. Já nas demais
estações do ano, a ZCIT migra para norte (Fig. 17) e seu ramo descendente
austral atinge a região inibindo a precipitação.
Figura 17. Localização da ZCIT com base em dados médios mensais de
precipitação (mm) entre 1979 a 2008 obtidos do GPCP (Adler et al. 2003). A
linha vermelha nas figuras delimita a região deste tópico.

Independente da época do ano, a chuva durante o dia nessa região pode ser
influenciada pela brisa marítima, enquanto à noite pela convergência (encontro) entre
a brisa terrestre com os ventos alísios de sudeste (Kousky, 1980). Neste processo,
linhas de instabilidade (conjunto de nuvens alinhadas) podem se formar e adentrar o
continente.

Ao longo do ano, há um intenso aquecimento radiativo da superfície e isso


favorece a convecção, e, consequentemente, a formação de CCM tropicais, que são
sistemas que causam chuvas intensas. O leste da região também pode ser influenciado
pela passagem de sistemas frontais (Kousky, 1979), VCANs (Kousky e Gan, 1981; Gan e
Kousky, 1986) e ondas no escoamento de leste (Yamazaki e Rao, 1977; Chou, 1990;
Espinoza, 1996). Em junho de 2010, o litoral norte e nordeste da região nordeste do
Brasil (principalmente os estados de Alagoas e Pernambuco) sofreu com as altas taxas
de precipitação. Entre os dias 13 e 15 de junho de 2010, tal região esteve sob a atuação
simultânea de uma frente fria e de uma onda de leste (ondulação nos ventos de leste)
que causaram chuvas (Fig. 18).
Figura 18. Frente fria (indicada pela linha pontilhada) e onda de leste
(indicada pelo círculo) que atuaram na região nordeste do Brasil no dia 13
de junho de 2010. Imagem obtida da DAS/INPE

4.4 Sertão nordestino

Região onde os totais pluviométricos são baixos, mas com um ciclo anual mostrando máximos
de precipitação no verão/outono e mínimos no inverno. No verão e outono, como a ZCIT está
localizada no Hemisfério Sul, favorece a precipitação na região, já no inverno a precipitação é
inibida pelos movimentos descendentes deste sistema, que agora se localiza no Hemisfério
Norte (Fig. 17) e também pelos movimentos descendentes da atividade convectiva que ocorre
no oeste-noroeste da Amazônia.

Outros sistemas como, por exemplo, frentes frias e VCANs quando chegam até o sertão
nordestino também podem causar chuva. É interessante ressaltar que os ventos alísios de leste
provenientes do oceano e carregados de umidade são importantes para a precipitação na (4.3),
mas não na (4.4). Uma explicação estaria associada com o relevo da região: o planalto da
Borborema é uma barreira topográfica para o escoamento atmosférico. Assim, sugere-se que
os ventos de leste, ao encontrarem a barreira topográfica, ascendam favorecendo precipitação
orográfica no lado leste da montanha e, dessa forma, os ventos de leste chegam secos na (4.4).
Entretanto, acredita-se que a causa dos baixos totais pluviométricos na nessa região esteja
mais associado com mecanismos dinâmicos de grande escala do que com a topografia regional.

4.5 Norte
No Norte do Brasil onde a precipitação é elevada durante todo o ano, mas ainda apresentando
maiores valores no inverno. Isto ocorre em função da ZCIT estar na sua posição mais norte, ou
seja, atuando diretamente na região. Já no verão, quando a ZCIT se desloca para o sul
desfavorece um pouco a precipitação em tal região. Além da ZCIT, ondas de leste, cavados em
altos níveis (Riehl, 1977), convecção local, CCM, circulação de brisa e linhas de instabilidade são
sistemas que contribuem para a precipitação nessa região.

MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Localização e Características da Área de Estudo

Localizado na América do Sul, o Brasil apresenta no sentido Leste-Oeste 4.319,4


km de distância. Os extremos são a Serra Contamana, onde está localizada a nascente do
rio Moa (AC), a oeste, com longitude de 73°59’32”, e a Ponta do Seixas (PB), a leste,
com longitude 34°47’30”. Os extremos no sentido norte-sul apresentam 4.394,7 km de
distância e são representados pelo Monte Caburaí (RR), ao norte do território, com
latitude 5°16’20”, e Arroio Chuí (RS), ao sul, com latitude 33°45’03". tendo assim, uma
área de 8.514.876 quilômetros quadrados, 26 estados federados, sendo divididos em
5570 municípios, além do Distrito Federal. (fig.19)

O Brasil, por ser um país de grande extensão territorial, possui diferenciados


regimes de precipitação. De norte a sul encontra-se uma grande variedade de climas
com distintas características regionais. No norte do país verifica-se um clima equatorial
chuvoso, praticamente sem estação seca. No Nordeste a estação chuvosa, com baixos
índices pluviométricos, restringe-se a poucos meses, caracterizando um clima
semiárido. As Regiões Sudeste e Centro-Oeste sofrem influência tanto de sistemas
tropicais como de latitudes médias, com estação seca bem definida no inverno e estação
chuvosa de verão com chuvas convectivas. O sul do Brasil, devido à sua localização
latitudinal, sofre mais influência dos sistemas de latitudes médias, onde os sistemas
frontais são os principais causadores de chuvas durante o ano.

Figura 19 - Mapa do Brasil, destacando os 26 estados federados.


Fonte: www.jetdicas.com

6.2 Dados Observados Usados no Estudo

Foram usadas no estudo séries históricas de dados diários de precipitações


acumulados de 24 horas de mais de 100 postos pluviométricos, referente ao período de
1974 a 2012, obtido através do banco de dados da Fundação Cearense de Meteorologia
e Recursos Hídricos (FUNCEME). Antes do cálculo das frequências das precipitações
nos intervalos especificados na seção de metodologia que serviram de base para o
cálculo dos períodos de retorno e das probabilidades de exceder o período em um
determinado delta de tempo em dias, esses dados diários foram interpolados para grade
regular sobre o Brasil (0,5º de latitude e longitude) usando um método de interpolação
do inverso do quadrado da distância.

3.5 Dados de TSM


Foram usados os dados de TSM Comprehensive Atmospheric-Ocean Data Set
(COADS), correspondente à quadra chuvosa do pais. Esse arquivo contém dados de
médias mensais em pontos de grade de 1° x 1° de latitude - longitude para um período
de 1974 a 1994. Após os cálculos de suas anomalias esses dados foram usados para o
cálculo da correlação linear entre as anomalias dos eventos de precipitação nas diversas
intensidades de intervalos de precipitação usados no estudo. Maiores detalhes desses
dados de TSM são encontrados em Smith et al. (2004, 2008).

6.3 Metodologia de Cálculo do Período de Retorno e Probablidades

A metodologia de cálculo para o estudo mostrada na seçao seguinte foi feita para
os intervalos de classes de precipitação diária definidos com: precitação muito fraca
>=0.01 mm e <= 5 mm, preciopitação fraca >5 mm <= 10 mm, precipitação moderada >
10 mm e <= 15 mm, precipitação forte > 15 mm e <= 20 mm, precipitação muito forte
>= 20 mm e <= 50 mm e precipitação extema > 50 mm. Todos os cálculos de
probabilidades e do T foram feitos usando os dados diários anuais para o período de
1982-2013 em cada ponto de grade interpolado.

6.4 Período de Retorno (T) e Risco Probabilístico

Define-se a probabilidade de ocorrência de um evento qualquer de uma


observação como o inverso do período de retorno (MAYS, 2001 p. 317). P = 1/T. Então
o T em um processo qualquer é a 1/P, aonde P é a chance de o evento vir a ocorrer dado
o número de casos possíveis.

Como exemplo, para um período de retorno de 100 anos a probabilidade é P=


1/100 = 0,01. Isto é, a probabilidade de ocorrer em um determinado tempo, um evento
de período de retorno de 100 anos é de 1% (0,01). A probabilidade de não ocorrer é 1-
0,01, ou seja, 0,99 (99%). Matematicamente teremos: P= 1 - 1/T.

Como cada evento é considerado independente, a probabilidade desse evento


não ocorrer para “n” períodos de tempo é: P = (1 - 1/ T)n.

A probabilidade complementar de esse evento exceder uma vez em “n” períodos de


tempo será: P = 1 - (1 - 1/ T)n.

6.5 Estatística usada na Avaliação do Estudo

Nos parágrafos abaixo são definidas algumas métricas que foram usadas nos
cálculos das variáveis do estudo e outras que serviram para análises dos resultados

- Média Aritmética: Corresponde aos somatórios dos n elementos


divididos pelo tamanho n da amostra, em termos matemáticos é descrita por:
.
n
1 (1)
X m= ∑x
n i= 1 i

Onde, X m é a média, n é o número da população ou amostra usada e x i é


o valor da variável correspondente analisada.

- Anomalia: Define-se como sendo o valor entre um elemento da série


menos a média aritmética dessa série amostral. Sua formulação matemática é dada
abaixo.

An=x i− X m (2)

- Variância ( S 2 ) e Desvio Padrão ( σ ): São métricas que são usadas para


medir o grau de dispersão das variáveis de uma determinada amostra em torno de um
valor central, a medida de dispersão mais utilizada é o Desvio Padrão que é definido
pela raiz quadrada da variância. A variância é dada por:

n
1 (3)
2
S = ∑ ( x −x )2
n−1 i=1 i m

- Coeficientes de Correlação de Pearson ( ): O coeficiente de Pearson infere

uma associação bivariada do grau de relacionamento entre duas variáveis, no caso e .

Isto é, trata-se de uma medida de associação linear entre variáveis. Sua formulação
matemática é dada por:

Cov ( x,y )
r xy =r = (4)
σxσ y

Estatisticamente, duas variáveis se associam quando guardam semelhanças


na distribuição dos seus escores. Mais precisamente, elas podem se associar a partir da
distribuição das frequências ou pelo compartilhamento de variância. No caso da
correlação de Pearson vale esse último parâmetro, ou seja, ele é uma medida da
variância compartilhada entre duas variáveis. Portanto, o modelo linear supõe que o

aumento ou decremento de uma unidade na variável gera o mesmo impacto em .

O coeficiente tem um caráter adimensional, ou seja, ele é desprovido de

unidade física que o defina. Os valores de estão limitados entre uma escala de -1 até

+1, onde o valor indica a direção da relação linear, geralmente, a força relativa de uma
relação linear, ou seja, a adequação com que a relação linear descreve os dados. Valores

de geralmente na vizinhança tanto de -1 quanto de +1 indicam uma relação

relativamente forte, e valores de na vizinhança de 0 (zero) indicam uma relação fraca

ou quase inexistente (WITTE e WITTE, 2005).


A Tabela 1 apresenta uma análise qualitativa e quantitativa do coeficiente de
correlação de Pearson que pode ser avaliado da seguinte forma:

TABELA 1– Análise qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis.

Magnitude da Correlação
0,0 Nula
0,0 ≤ ≤ 0,3 Fraca

0,3 ≤ ≤0,6 Moderada

0,6 ≤ ≤0,9 Forte

0,9 ≤ ≤ 1,0 Muito Forte

1,0 Perfeita

4. RESULTADOS DISCUSSÕES

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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