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O princípio da credibilidade na selecção da

informação mediática
Paulo Serra
Universidade da Beira Interior

Índice sofrendo depois as necessárias adaptações,


passaram a constituir o dispositivo de cre-
1 Introdução 1 dibilização das organizações mediáticas “in-
2 O princípio da credibilidade 1 formativas” e “noticiosas” tradicionais; um
3 A retórica clássica e a credibilidade dispositivo que, através de um processo emi-
como ethos 3 nentemente reflexivo, está, neste momento, a
4 A informação jornalística e o disposi- ser exportado para a Web, tendendo a trans-
tivo de credibilização 5 formar esta numa província da informação
5 A Web e a credibilização do disposi- dita “objectiva” e “imparcial”.
tivo 7
6 Conclusão 10
7 Bibliografia 11 2 O princípio da credibilidade
Os desenvolvimentos da comunicação me-
1 Introdução diática obrigam-nos, com frequência, a pen-
sar de forma nova problemas antigos. Um
Os desenvolvimentos mais recentes da co- dos problemas em que se revela, de forma
municação mediática têm vindo a recolocar nítida, essa dialéctica entre a permanência e
a credibilidade como um problema central. a mudança, a antiguidade e a novidade – ou,
Vista pela retórica clássica como o primeiro como diria talvez Cassirer, entre a forma e o
meio da persuasão, a credibilidade revela-se fluxo - é o da credibilidade.
hoje como um princípio essencial à selecção, Formulado enquanto problema teórico-
pelo receptor, de uma informação mediática prático pela retórica grega, mais especifica-
cada vez mais excessiva, tanto do ponto de mente por Aristóteles – também neste domí-
vista quantitativo como qualitativo. A ques- nio o sistema retórico constituirá “uma das
tão que se coloca é, então, a de saber quais chaves da nossa cultura”1 -, ele é reactuali-
são os índices/critérios que, dada uma certa zado pela emergência dos meios de comuni-
informação, levam o receptor a inferir acerca cação de massa e, mais recentemente, da In-
da sua credibilidade. A nossa tese é a de que
1
esses critérios/índices são, no essencial, os Olivier Reboul, Introdução à Retórica, S. Paulo:
que, tendo sido forjados na retórica clássica, Martins Fontes, 1998, p. 69.
2 Paulo Serra

ternet. Todos e cada um destes meios produ- “princípio da pertinência” se refere à pre-
zem e fazem chegar, aos seus destinatários, tensão de existência de uma informação, à
uma informação cada vez mais diversificada, sua ontologia, o “princípio da credibilidade”
apelativa e excessiva que não pode deixar de refere-se à pretensão de verdade dessa infor-
ser submetida a determinadas operações de mação, à sua epistemologia.5
selecção, sob pena de se confundir com o Afirmar a importância da credibilidade
mero “ruído”. A que princípios obedece uma revela-se, no entanto, mais fácil do que de-
tal selecção? finir o conceito, pelo menos de uma forma
A aceitarmos, com Sperber e Wilson, que essencial. A dificuldade reside, basicamente,
a comunicação da informação, incluindo a no facto de a credibilidade não ser uma enti-
mediatizada, obedece a um “princípio de dade, ou uma propriedade de uma entidade,
pertinência” 2 , parece-nos ter todo o sentido mas uma relação - que tem, como pólos,
acrescentar, a esse, um “princípio de credi- o produtor/emissor da informação e o re-
bilidade”. Com efeito, pertinência e credibi- ceptor dessa mesma informação. Mas esta
lidade parecem andar a par enquanto princí- relação bipolar não é estática. Utilizando
pios orientadores da selecção da informação aqui uma distinção que remonta aos gre-
pelos receptores: se não for considerada per- gos, particularmente a Aristóteles, diremos
tinente, uma informação, por mais credível que a credibilidade é não um resultado ou
que ela seja, ao não concitar a atenção dos estado (ergon) mas uma actividade ou pro-
seus eventuais receptores, está condenada a cesso (enérgeia) mediante o qual um produ-
uma não existência de facto - uma situação tor/emissor A se vai tornando credível pe-
que é confirmada, a partir de uma outra pers- rante um receptor B à medida que vai ga-
pectiva teórica, pela chamada “economia da nhando a confiança deste; e em que, recipro-
atenção”3 ; mas, se não for considerada cre- camente, um receptor B vai ganhando confi-
dível, uma informação, por mais pertinente ança num produtor/emissor A à medida que
que ela possa ser, acaba por ser desqualifi- este vai conseguindo demonstrar a sua cre-
cada e mesmo anulada como informação.4 dibilidade. Isto implica que, à partida, A e
A diferença reside em que, enquanto que o B sejam conhecedores dos critérios/índices
2 de credibilidade x, y e z que A pode apa-
Cf. Dan Sperber, Deirdre Wilson, La Pertinence.
Communication et Cognition, Paris: Les Éditions de rentar – de forma “sincera” ou não, isso é
Minuit, 1989, especialmente p. 7 e 233-244. irrelevante – para se mostrar como credível
3
Cf. Georg Franck, Okonomie der Aufmersksam- perante B, e que B pode tomar como ante-
keit, Munich, Karl Hanser Verlag, 1998; The Eco- cedentes de um processo inferencial que po-
nomy of Attention, 1999, htttp://www.heise.de/tp/eng
lish/special/auf/5567/1.html.
derá ter, como consequente, a credibilidade
4
Distanciamo-nos, assim, de teorias como a de A. Um tal processo de credibilização –
“Prominence-Interpretation Theory”, proposta por B. passe o neologismo – parece obedecer pelo
J. Fogg, e que considera a “proeminência” – termo
que podemos tomar como sinónimo de “pertinên- asive Technology Lab, Stanford University, 2002,
cia” – já como uma das variáveis da credibili- http://credibility.stanford.edu/pit.html).
5
dade. (Cf. B. J. Fogg, Prominence-Interpretation O uso do termo “pretensão” pretende sublinhar,
Theory: Explaining How People Assess Credibi- em ambos os casos, a ideia de que poderá ou não ser
lity. A Research Report from the Stanford Persu- satisfeita.

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O princípio da credibilidade 3

menos a quatro leis fundamentais. A pri- 3 A retórica clássica e a


meira, a que chamaremos a lei da progres- credibilidade como ethos
são geométrica, diz que a cada caso/episódio
de credibilização a credibilidade de A não só É a retórica grega que, como dissemos, for-
aumenta como aumenta cada vez mais; a se- mula o problema da credibilidade enquanto
gunda, a que chamaremos a lei da indução, problema teórico-prático da comunicação.
diz que não bastando um número potencial- Na definição proposta por Olivier Reboul,
mente infinito de casos/episódios de credibi- a retórica é “a arte de persuadir pelo dis-
lização para que a credibilidade de A atinja curso” - entendendo-se por “arte” um saber-
o seu valor máximo, basta, no entanto, um fazer, aquilo a que os gregos chamavam uma
único caso/episódio de quebra de credibili- technê, por discurso “toda a produção ver-
dade para que a credibilidade de A se reduza bal, escrita ou oral, constituída por uma frase
a zero;6 a terceira, a que chamaremos a lei ou por uma sequência de frases, que tenha
da associação, diz que a credibilidade de A começo e fim e represente uma certa uni-
aumenta quando A é associado por B a uma dade de sentido”, e, por “persuadir”, o “le-
entidade C a quem reconhece, por sua vez, var alguém a crer em alguma coisa”.8 Ora,
credibilidade; a quarta, a que chamaremos e este é um dos grandes postulados da re-
a lei da transferência, diz que se A se mos- tórica aristotélica, só se pode levar alguém
trou credível num determinado contexto, ele a “crer em alguma coisa” quando se pode
mostrar-se-á credível num contexto diferente levar esse alguém a crer no alguém que o
do anterior. quer levar a crer. Compreende-se, assim, que
Das múltiplas questões que um tal pro- Aristóteles inclua, como primeiro meio de
cesso de credibilização coloca, há duas que persuasão – e primeiro no duplo sentido do
aqui nos interessam particularmente: quais termo –, o ethos, “o carácter moral do ora-
são os critérios/índices de credibilidade uti- dor”.9 A persuasão pelo carácter pode ser
lizados pelo receptor para avaliar a credibili- caracterizada numa tripla dimensão: a dos
dade de uma informação? Serão esses crité- fins, a dos meios e a do campo de aplica-
rios os mesmos na avaliação da credibilidade ção. Em relação aos fins, estes residem, fun-
da informação comunicada pelas organiza- damentalmente, em o orador dar ao auditó-
ções mediáticas tradicionais7 e pela Web? rio a impressão – aparente ou real, para o
caso tanto importa - de que é digno da sua
6
Numa formulação deste género reside, como é confiança, de que é, como Aristóteles tam-
sabido, o essencial da crítica popperiana do induti-
vismo.
bém diz, uma “pessoa honesta”. Quanto aos
7
Designamos, com esta expressão, organizações - meios, eles referem-se à forma como se pro-
também ditas “informativas” ou “noticiosas” - como fere o discurso, e não a factores pré- ou extra-
os jornais, as televisões, as rádios, etc., prévias ao
8
aparecimento da Web, que tratamos à parte. Reboul, op. cit., p. xiv/xv.
9
Tanto assim é que, como afirma Aristóteles,
“quase se poderia dizer que o carácter é o principal
meio de persuasão”. Aristóteles, Retórica, I, 2, 1356
a, Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998,
p. 49.

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4 Paulo Serra

discursivos que, enquanto provas “não técni- com o auditório e o seu “discurso” interior e
cas” ou “extrínsecas”, não pertencem à re- silencioso, um tipo especial de comunicação.
tórica propriamente dita. Quanto ao campo Esse tipo de comunicação, correspondendo
de aplicação, ele permite perceber porque é ao tipo de comunicação que Adriano Duarte
que a “fé” ou “confiança” é essencial à prá- Rodrigues chama “simbólica” – e que define
tica retórica – com efeito, tal campo refere- como aquela em que “o destinador comunica
se a questões que não têm a ver com a ver- a um destinatário uma experiência que é já
dade mas com a verosimilhança, e acerca dos conhecida de ambos”13 -, deve permitir esta-
quais não pode haver certezas mas apenas belecer o acordo acerca dos “lugares“ (topoi)
dúvidas e controvérsia.10 No que se refere e dos “factos” a partir dos quais não só a ar-
às “causas que tornam persuasivos os orado- gumentação do orador mas, mais elementar-
res” – Reboul chama-lhes “condições míni- mente, o próprio entendimento entre o ora-
mas de credibilidade”11 – elas são, segundo o dor e o auditório podem ter lugar.14
estagirita, a prudência (phrónêsis), que per- Uma questão essencial que nos é colocada
mite emitir opiniões correctas, a virtude ou pelo modelo retórico – chamemos assim à
honestidade (aretê), que consiste em dizer o forma como a retórica coloca e resolve o pro-
que se pensa, e a benevolência (eúnoia), a blema da credibilidade - é a de sabermos até
atitude de respeito para com o ouvinte.12 que ponto tal modelo é exclusivo da prática
Note-se que, pelo menos aparentemente, retórica ou é, pelo contrário, extensível à ge-
Aristóteles incorre aqui num círculo: por um neralidade da comunicação humana, nomea-
lado, é a credibilidade do orador que torna damente à comunicação da informação pelos
o seu discurso credível; mas, por outro lado, media. Como procuraremos mostrar nas sec-
é o discurso credível que revela a credibili- ções seguintes, se é verdade que o modelo
dade do orador. O círculo pode resolver-se retórico define as condições mínimas a que
dizendo que a relação entre a credibilidade deve obedecer todo o orador/emissor e todo
do orador e a credibilidade do discurso é uma o discurso que queiram apresentar-se como
relação dialéctica, no duplo sentido em que credíveis – a prudência, a honestidade e a
é, por um lado, uma relação em que as quali- benevolência, termos com significados variá-
dades de cada um dos elementos se vão re- veis para diferentes auditórios mas necessá-
percutindo no outro – o orador vai-se tor- rios para todos eles -, não é menos verdade
nando credível à medida que o seu discurso que a forma como essas condições se apre-
se torna credível, e reciprocamente – e é, por 13
Adriano Duarte Rodrigues, Comunicação e ex-
outro lado, uma relação dinâmica, que pro- periência, 1997, http://www.bocc.ubi.pt. O autor dis-
gride, pelo menos idealmente, do menos para tingue a comunicação simbólica da comunicação in-
o mais. Mas, para que uma tal relação dialéc- formativa, incluindo nesta o testemunho e a transmis-
tica se torne efectiva, exige-se que o orador são.
14
Este acordo sobre os “factos” é essencial, já que,
e o seu discurso sejam capazes de instaurar,
como observa Perelman, “uma mesma acção poderia,
10
Cf. Aristóteles, ibidem. com efeito, ser descrita como o facto de apertar uma
11
Reboul, op. cit., p. 48. cavilha, montar um veículo, ganhar a vida, favorecer a
12
Cf Aristóteles, op. cit., II, 1, 1377b – 1388a, p. corrente de exportação”. Chaïm Perelman, O Império
106. Retórico, Lisboa: Asa, 1993, p. 61.

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O princípio da credibilidade 5

sentam não pode deixar de diferir na comu- munho do que experienciou tais factos e a
nicação interpessoal e presencial e na comu- apreciação da fidelidade de cada um dos elos
nicação tecnologicamente mediada. da “cadeia de transmissão”.17
Ora, sendo verdade que este conceito de
transmissão traduz bem o tipo de comunica-
4 A informação jornalística e o
ção que caracteriza a “tradição”, não é me-
dispositivo de credibilização nos verdade que, com as devidas adaptações,
A comunicação informativa introduz, em re- ele poderá servir-nos, também, para carac-
lação à comunicação simbólica, a novidade terizar a chamada informação jornalística –
de o destinatário comunicar, a outra pessoa, dos jornais e não só. Com efeito, este tipo
o relato de um facto ou acontecimento de de informação obriga a colocar o problema
que esta última não teve experiência.15 E se da credibilidade em termos bastantes dife-
é verdade que já a comunicação como tes- rentes do que acontece com a prática retórica
temunho16 coloca problemas sérios em re- – uma diferença que poderia ser colocada em
lação à questão da credibilidade da infor- termos da dicotomia proximidade/distância.
mação comunicada – relacionados, nomea- Proximidade, no caso da prática retórica, na
damente, com a mediação linguística, o ca- medida em que, por um lado, ela se exerce
rácter parcial das vivências do que testemu- ao nível da interlocução e da relação inter-
nha, a incapacidade de distanciamento dos pessoal e, por outro lado, incide sobre “fac-
factos, os hábitos e as idiossincrasias pesso- tos” ou “acontecimentos” de que orador e au-
ais e sociais, o envolvimento afectivo, a de- ditório têm um conhecimento mínimo e que
fesa de certos interesses, etc. -, esses pro- se trata, essencialmente, de interpretar e jul-
blemas multiplicam-se com a comunicação gar. Distância, no caso da informação me-
como transmissão, que exige uma espécie de diática, na medida em que, por um lado, os
credibilidade diferida, “escorrendo” do que destinadores e os destinatários não partilham
testemunhou - da “fonte” - para o destina- o mesmo contexto de interlocução18 e, por
tário primeiro, deste para o destinatário se- outro lado, ela trata de “factos” ou “aconte-
gundo, e assim sucessivamente, exigindo ac- cimentos” que, em princípio, só os primei-
tividades como a verificação dos factos efec- ros conhecem, de forma geralmente já indi-
tivamente ocorridos, a acreditação do teste- recta, e intentam dar a conhecer aos segun-
17
15
Cf. Rodrigues, op. cit.. Cf. Rodrigues, ibidem. Seguimos aqui, no es-
16
Adoptamos , no que se segue, a distinção de sencial, a argumentação do autor.
18
Adriano Duarte Rodrigues a que já fizemos referên- O que assim se perde de fundamental, em rela-
cia, entre “testemunho” - a relação “que existe entre ção à prática retórica e à credibilidade como ethos,
alguém que teve a experiência directa e imediata de são os aspectos ligados à acção (hypocrisis), à “pro-
um acontecimento ou de um fenómeno e que a comu- ferição efectiva do discurso, com tudo o que ele pode
nica a outra pessoa que não teve a mesma experiência implicar em termos de efeitos de voz, mímicas e ges-
directa e imediata” – e “transmissão” – que “compre- tos”. (Reboul, op. cit., p. 44). É claro que o modelo
ende os casos em que alguém transmite a outra pessoa aqui explicitado se aplica, essencialmente, aos media
o relato de um acontecimento ou de um fenómeno que assentes na escrita – podendo colocar-se a questão de
lhe foi comunicado, de que não teve, portanto, uma saber até que ponto meios como a rádio e a televisão
experiência directa e imediata.” (Rodrigues, ibidem). conseguem recuperar aqueles aspectos.

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dos. Deste modo, o problema da credibili- regras ortográficas e gramaticais e das con-
dade passa a colocar-se em cada um dos vá- venções e códigos de escrita.20
rios níveis e etapas do processo de constru- Este conjunto de princípios, que aparece
ção da informação, do processo que medeia nos Livros de Estilo das organizações me-
entre os “factos” ou “acontecimentos” bru- diáticas como algo de feito e acabado é, de
tos e os mesmos enquanto conhecidos pelo facto, o resultado de um longo processo, que
leitor/receptor. remonta a meados do século XIX e que en-
A solução desse problema é encontrada, volveu a adaptação crescente da informação
pelos jornalistas e pelas organizações mediá- mediática aos “desejos” do público mas, si-
ticas, na sua auto-subordinação a um con- multaneamente, a criação no público desses
junto de princípios deontológicos e técnicos, mesmos “desejos”, num verdadeiro processo
mais ou menos precisos e codificados, e de de causalidade circular.21 Esquecidas as suas
que se destacam os seguintes: i) Produção de origens - e o que existia antes dessas origens
uma informação de qualidade, entendendo- -, um tal conjunto de princípios constitui-
se por tal uma informação exacta, devida- se hoje, e de há muito, como um disposi-
mente confirmada, originada em fontes de tivo22 de credibilização que se escora numa
absoluta confiança19 , assente no princípio do retórica que tem como característica espe-
contraditório, objectiva - e, como tal, distin- cial o seu apagamento como retórica.23 Que-
guindo claramente entre factos e opiniões - remos com isto dizer que, ao materializar-
, rigorosa, profunda, independente - nome- se de acordo com tais princípios, o discurso
adamente de interesses políticos e econó- 20
Cf. Jornal Público, Livro de Estilo, Lisboa: Pú-
micos, nomeadamente publicitários - e ac- blico, 1998, especialmente p. 29, 59-63, 65-66 e 159.
tual; ii) Responsabilização de cada jorna- 21
Cf. David T. Z. Mindich, Just the facts. How
lista, traduzindo-se, nomeadamente, na assi- “objectivity” came to define American Journalism,
natura das peças que produz e na garantia da New York: New York University Press, 1998.
22
Utilizamos aqui o termo no sentido em que, ao
veracidade de informações por si publicadas
referir-se à Técnica moderna, Heidegger diz que a sua
e não atribuídas a fontes identificáveis; iii) essência reside no seu carácter de “dispositivo” – Ges-
Correcção pronta e adequada das falhas; iv) tell, derivado de “Ge”, o que congrega, e “Stell”, raiz
Reconhecimento do direito de resposta; v) do verbo “stellen”, pôr em pé -, isto é, de algo que
Relação transparente com os outros órgãos não depende da “vontade” do homem e funciona, as-
sim, de forma “natural”. Cf. Martin Heidegger, “La
de comunicação social, traduzida na recusa
question de la technique”, in Essais et Conférences,
do plágio e na devida atribuição das notícias Paris: Gallimard, 1990, p. 27-28.
aos seus autores; vi) Utilização de um es- 23
O jornalismo conflui, neste aspecto, com o
tilo rigoroso, implicando a observância das discurso científico. Cf., sobre este último, Boa-
ventura Sousa Santos, Introdução a uma Ciência
19
A questão da “competência” e da “seriedade” Pós-Moderna, Porto: Afrontamento, 1989, p.114.
das fontes é aqui decisiva, já que, e como se depre- Para uma comparação entre os discursos jornalís-
ende do que dissemos atrás, a transmissão da infor- tico e científico, cf. Eduardo Meditsch, O Jor-
mação se refere, na maior parte dos casos, não aos nalismo é uma Forma de Conhecimento?, 1997,
“factos” propriamente ditos mas ao relato dos factos http://www.bocc.ubi.pt; Journalism as a way of kno-
pelas fontes – primárias ou, em muitos casos, já se- wledge: a Brazilian pedagogical experience, 1999,
cundárias. http://www.bocc.ubi.pt.

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O princípio da credibilidade 7

da informação jornalística consegue dissi- parte27 , o dispositivo de credibilização posto


mular o “fazer crer” e o carácter de “ilusão em jogo por estas. Não há agora, entre os
de realidade” que o caracterizam, podendo “factos” e o receptor, uma organização que,
apresentar-se, assim, como o “saber” acerca dotada de um conjunto de princípios técnicos
da “realidade”.24 e deontológicos, garanta a validade da infor-
Que este dispositivo de credibilização fun- mação, tornando-a um dado inquestionável;
ciona de forma perfeita não só do lado dos cabe a cada um dos receptores decidir, por si
emissores mas também do lado dos recepto- próprio, que informação é ou não é credível,
res, prova-o o facto de que a maior parte das que informação é mais ou menos credível.
críticas que hoje são dirigidas aos jornalis- Mediante que critérios, explícitos ou implí-
tas e às organizações mediáticas tende a atri- citos, é tomada uma tal decisão? Serão esses
buir a crescente falta de credibilidade de uns critérios diferentes, no essencial, dos aplica-
e outros ao seu afastamento do cânone de- dos pelo receptor na avaliação da credibili-
finido pelo dispositivo, ao privilegiarem uma dade da informação das organizações mediá-
“informação” que se confunde cada vez mais ticas tradicionais?
com o entretenimento e a publicidade.25 Ali- As respostas a estas e outras perguntas têm
cerçado no consenso dos emissores, dos re- vindo a ser procuradas, basicamente, através
ceptores e dos próprios “críticos”, o cânone de estudos empíricos incidindo sobre os uti-
determina, assim, não só quem pode produ- lizadores da Web. Antes de examinarmos, de
zir a informação mas, mais liminarmente, o forma sucinta, os resultados de alguns des-
que é informação – excluindo todos e tudo o ses estudos que nos parecem mais relevan-
que nele não couber. tes, importa analisar a forma como se efec-
tua, pelo menos neste momento, o processo
de credibilização da informação – e dos res-
5 A Web e a credibilização do
pectivos sítios – na Web.
dispositivo Estabelecendo uma comparação com o
A facilidade e a liberdade quase ilimitadas que acontece com as organizações mediáti-
de publicação que caracterizam a Web26 , a cas tradicionais – em que, como dissemos,
ausência de gatekeeping, levam a que, ao existe implantado, de forma consensual, um
mesmo tempo que se rompe o “monopólio” dispositivo de credibilização da informação
de produção da informação das organizações -, diremos que a Web se caracteriza, neste
mediáticas tradicionais, se esbata, em grande momento, por um processo de credibiliza-
ção do dispositivo. No seu conjunto, e de
24
Cf. José Rebelo, O Discurso do Jornal, Lis- forma sumária, este processo pode ser des-
boa: Editorial Notícias, 2000, p. 87 e 109. Acerca
desta mesma temática, cf. também Américo de 27
Dizemos em grande parte porque, como é sa-
Sousa, A retórica da verdade jornalística, 2002, bido, muitas das organizações mediáticas tradicio-
http://www.bocc.ubi.pt. nais, seja sob a forma de shovelware seja sob a forma
25
Cf., por exemplo, James Fallows, Breaking the de produção específica para o on-line, procuraram
News, New York: Vintage Books, 1997. transportar para a Web uma credibilidade que já ti-
26
Centramo-nos, no que se segue, nos sítios Web nham antes e fora dela – visando, assim, um verda-
classificados como “de notícias e informação”. deiro “efeito de halo”.

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8 Paulo Serra

crito em três momentos: num primeiro mo- tém uma boa posição num motor de busca.
mento, o da utilização, o utilizador decide vi- Deste modo, credibilidade e relevância vão-
sitar um sítio que, mediante critérios mais ou se confundindo, cada vez mais, na teoria e na
menos implícitos e tácitos, considera como prática da busca da informação na Web pelo
credível; num segundo momento, o da pes- utilizador comum.31
quisa, os estudos empíricos tornam explíci- Mas quais são esses critérios de avalia-
tos os critérios de credibilidade usados, de ção da credibilidade que o utilizador usa
forma implícita e tácita, pela maioria ou pela de forma implícita, a pesquisa explicita e o
média dos utilizadores; num terceiro mo- construtor dos sítios aplica? Alguns estudos
mento, o da aplicação, os construtores dos empíricos recentes32 mostram que eles repe-
sítios constróem estes tendo em conta os cri- 31
Assim, num estudo empírico recente, os inqui-
térios de credibilidade explicitados pela pes- ridos a quem é pedido para ordenarem, por grau de
quisa.28 Este processo de reflexividade29 é credibilidade, dez sítios previamente seleccionados
reforçado, e muito, pela utilização dos pró- pelos investigadores, colocam nos primeiros cinco
prios motores de busca ditos “de segunda lugares os seguintes (por ordem decrescente): The
New York Times, Yahoo! News, CNN, Time,
geração”, de que o Google pode ser visto
MSNBC (Cf. B.J. Fogg, Ph.D., Cathy Soohoo, David
como paradigma: com efeito, ao incluírem Danielsen, Leslie Marable, Julianne Stanford, Ellen
nos seus critérios de relevância parâmetros -R. Tauber How Do People Evaluate a Web Site’s
que, procurando ultrapassar a mera “popula- Credibility?Results from a Large Study, Persuasive
ridade”, têm já a ver com a credibilidade – Technology Lab, Stanford University, Consu-
mer WebWatch, Sliced Bread Design, LLC, 2002,
referimo-nos, nomeadamente, a parâmetros
http://www.consumerwebwatch.org/news/report3_cre
como a estrutura de ligações de um sítio de dibilityresearch/stanfordPTL.pdf, p. 66). Numa pes-
e para páginas consideradas como “autori- quisa feita por nós em 13 de Janeiro de 2003,
dades”30 -, criam, nos utilizadores, a ideia utilizando a palavra “News”, o Yahoo! dá, como
de que um sítio que obtém uma boa posição cinco resultados mais relevantes, os seguintes (tam-
bém por ordem decrescente): CNN, BBCNews,
num motor de busca é credível, e, recipro- Yahoo!News, ABC News, MSBNBC; o Google
camente, de que um sítio que é credível ob- dá, por sua vez: CNN, CNETNews, ABCNews,
28 BBCNews, USNews.
Um exemplo claro deste processo é o do Per- 32
Referimo-nos, concretamente, aos estudos
suasive Technology Lab da Universidade de Stanford.
seguintes: B.J. Fogg, Ph.D., Cathy Soohoo, David
Cf. B. J. Fogg, "Stanford Guidelines for Web Credibi-
Danielsen, Leslie Marable, Julianne Stanford, Ellen
lity."A Research Summary from the Stanford Persua-
R. Tauber, How Do People Evaluate a Web Site’s
sive Technology Lab, Stanford University, May 2002,
Credibility? Results from a Large Study, Persuasive
http://www.Webcredibility.org/guidelines.
29 Technology Lab, Stanford University, Consu-
Utilizamos aqui o conceito no sentido que lhe é
mer WebWatch, Sliced Bread Design, LLC, 2002,
dado por Giddens – que vê precisamente, na “reflexi-
http://www.consumerwebwatch.org/news/report3_cre
vidade”, uma das características essenciais da moder-
dibilityresearch/stanfordPTL.pdf; Howard Finberg,
nidade. (Cf. Anthony Giddens, As Consequências da
Martha L. Stone, Dyane Lynch, Digital Journalism
Modernidade, Lisboa: Celta, 1992, especialmente p.
Credibility Study, Online News Association, 2002,
28-34).
30 http://www.journalists.org/Programs/credibility_
Tratei desta questão no ensaio A Internet e o mito
study.pdf; Julianne Stanford, Ellen R. Tauber,
da visibilidade universal, 2002, http://www.bocc.ubi.
B.J.Fogg, Leslie Marable, Experts vs. On-
pt.
line Consumers: A Comparative Credibility

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O princípio da credibilidade 9

tem, no essencial, os critérios consignados da heterogeneidade das amostras e das meto-


no dispositivo de credibilização das organi- dologias utilizadas35 -, neles são geralmente
zações mediáticas tradicionais - como o con- mencionados critérios como os seguintes: a
firma, aliás, e de forma irrefutável, o facto de independência, nomeadamente de interesses
a quase totalidade dos utilizadores inquiridos económicos, traduzida na distinção clara en-
num desses estudos afirmar como importante tre publicidade e informação; a responsabili-
ou muito importante, para a avaliação da cre- dade, traduzida na identificação dos respon-
dibilidade de um sítio, a pertença deste a uma sáveis pelo sítio e pela informação, incluindo
organização noticiosa com nome já feito fora os proprietários; o direito de resposta e in-
da Internet.33 Assim, apesar das disparidades tervenção do leitor/receptor, um aspecto que
e, por vezes, mesmo algumas contradições tem vindo a ser estudado a partir do tema da
entre os diversos estudos empíricos - deri- “interactividade”; a correcção de erros e fa-
vadas quer do seu carácter recente34 , quer lhas; qualidades da informação como a ac-
tualidade, a sua origem em fontes de confi-
Study of Health and Finance Web Sites, Sli-
ced Bread Design, LLC, Stanford Persuasive ança, a imparcialidade, a exactidão, a clareza
Technology Lab, Consumer WebWatch, Octo- e a legibilidade. O que é realmente novo,
ber, 2002, http://www.consumerwebwatch.org/ nos critérios mencionados pelos inquiridos,
news/report3_credibilityresearch/slicedbread.pdf; mas que tem a ver mais com as caracterís-
Kate Scribbins, Credibility on the web. An internati-
ticas do meio Internet do que propriamente
onal study of the credibility of consumer information
on the internet, Consumers International, Office for com as qualidades da informação, são aspec-
Developed and Transition Economies (ODTE), 2002, tos como a rapidez da actualização da infor-
http://www.consumersinternational.org/document_ mação – cada vez mais próxima do “aconte-
store/Doc509.pdf; Princeton Survey Research As- cimento” -, a política de privacidade - crucial
sociates, A Matter of Trust: What Users Want From
num meio em que cada pesquisador é, simul-
Web Sites, Results of a National Survey of Inter-
net Users for Consumer WebWatch, January 2002, taneamente, objecto de pesquisa e de registo
http://www.consumerwebwatch.org/news/report1.pdf; -, o design e a estrutura do sítio e da infor-
Rasha A. Abdulla, Bruce Garrison, Michael Salwen, mação – que não podem deixar de ter em
Paul Driscoll, Denise Casey, The credibility of conta condições de leitura muito diferentes
newspapers, television news, and online news, A
paper presented to the Mass Communication and
das dos meios tradicionais -, a facilidade de
Society Division, Association for Education in navegação, a rapidez do carregamento, etc..
Journalism and Mass Communication, annual con- Todo este conjunto de resultados é resumido
vention, Miami Beach, Fla., August 9, 2002, http:// de forma liminar, pelos autores de um dos
www.miami.edu/com/car/miamibeach1.htm. estudos sobre jornalismo online, na conclu-
33
Cf. Howard Finberg, Martha L. Stone, Dyane
Lynch, op. cit., p. 22. Mais exactamente, 91,5% dos
são de que “o público online pretende infor-
utilizadores inquiridos dizem que é “importante” e, mação exacta, completa e imparcial de uma
destes, 23,3% dizem que é “muito importante”. fonte de confiança – e quere-a já”– querendo
34
Apenas a título de ilustração, refira-se que o Per-
35
suasive Tecnology Lab, da Universidade de Stanford, Parecem observar-se diferenças assinaláveis nos
que tem vindo a dedicar-se de forma sistemática a tais resultados obtidos quando se utilizam questionários
estudos, iniciou a sua actividade apenas em 1998. Cf. de perguntas fechadas, incluindo ou não escalas como
http://credibility.stanford.edu/. a de Lickert, ou questionários de perguntas abertas;
quando o inquérito é feito online ou por telefone; etc..

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10 Paulo Serra

significar que, no fundo, residirá neste “já” se crucial para os produtores/emissores de


a única diferença essencial entre o “velho” informação mostrarem-se credíveis. No en-
jornalismo e o jornalismo online.36 O que, tanto, enquanto que na prática retórica o ora-
dito de outra forma, significa que o processo dor pode ir avaliando, passo a passo, os
de credibilização do dispositivo em curso na efeitos do seu discurso sobre o ouvinte, e,
Web parece tender, de forma irreversível, a em função de tais avaliações, ir fornecendo
implantar, aí, o dispositivo de credibilização àquele os índices/critérios de credibilidade
da informação próprio das organizações me- mais adequados, na comunicação mediática
diáticas tradicionais. é a própria construção da informação que
Um dos efeitos mais importantes desse deve incluir, como elementos essenciais, os
processo é a anulação efectiva – a invisibili- índices/critérios da sua credibilidade - uma
dade - a que ele vai condenando toda a in- situação que procurámos traduzir dizendo
formação não produzida de acordo com o que, na comunicação mediática, a credibili-
dispositivo de credibilização das organiza- dade se transforma em dispositivo. Mediante
ções mediáticas tradicionais, sejam estas or- este dispositivo, a informação aparenta ser o
ganizações mediáticas que, existindo já fora contrário da persuasão, o discurso informa-
da Web, passaram também a existir na Web tivo o contrário do discurso retórico. Na re-
(e.g., a CNN), sejam organizações que, tendo alidade, o que há, em ambos os casos, são
iniciado a sua existência na Web, conse- diferentes estratégias de persuasão, perfeita-
guiram sucesso económico e financeiro ao mente adequadas ao facto de uma ser in pra-
aparentar-se, o mais possível, às primeiras esentia e a outra ser in absentia. Se numa a
(e.g., o Yahoo!). O mesmo é dizer que a poli- intenção de persuadir é ostensiva, claramente
fonia informativa, vista desde sempre como perceptível para o auditório – faz parte, por
uma das grandes qualidades da Web, tenderá assim dizer, das “regras do jogo” -, na ou-
a aproximar-se, cada vez mais, da monofonia tra essa estratégia encontra-se dissimulada
e da monotonia que caracterizam a informa- no carácter “objectivo” e “imparcial” do dis-
ção tal como a conhecemos no mundo “real”. curso, mas não é menos imperativa e essen-
cial.
Comparada com as organizações mediáti-
6 Conclusão
cas tradicionais, a Web caracteriza-se, neste
Vista pela retórica clássica como um dos momento, por um processo de credibiliza-
meios essenciais do discurso persuasivo, a ção do dispositivo – uma expressão que uti-
credibilidade revela-se, na comunicação me- lizámos para designar o processo mediante
diática, como um princípio essencial à selec- o qual se procura estender, à Web, o disposi-
ção da informação pelo receptor. Por isso tivo de credibilização característico das orga-
mesmo, e sob pena de a informação pro- nizações mediáticas tradicionais, e que obe-
duzida e transmitida ser considerada como dece, no essencial às leis a que chamámos da
nula pelos seus potenciais receptores, torna- associação e da transferência.
36
Apesar das diferenças nas formas como
Cf. Howard Finberg, Martha L. Stone, Dyane
Lynch, op. cit., p. 60. se joga o processo de credibilização da in-
formação nas organizações mediáticas tradi-

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O princípio da credibilidade 11

cionais e na Web, há um aspecto que lhes Credibility Study, Online News Associ-
é comum, e que foi evidenciado, há muito, ation, 2002, http://www.journalists.org/
pela retórica clássica: a de que a credibili- Programs/credibility_study.pdf.
dade é, em todos os casos, uma construção
que vai sendo feita pela acção conjugada do FOGG, B. J., "Stanford Guidelines for Web
orador/emissor e do ouvinte/receptor. Um Credibility."A Research Summary from
aspecto que, generalizado ao problema da the Stanford Persuasive Technology
recepção dos produtos mediáticos mostra, Lab, Stanford University, May 2002,
mais uma vez, a dificuldade que se coloca http://www.Webcredibility.org/guidelin
a todas as teorias que, de uma forma ou ou- es.
tra, encaram o processo de recepção de uma FOGG, B. J., Prominence-Interpretation
forma mecanicista e incorrem, assim, no que Theory: Explaining How People As-
John Thompson chama o “mito do receptor sess Credibility. A Research Report
passivo” e a “falácia do internalismo”.37 from the Stanford Persuasive Techno-
logy Lab, Stanford University, 2002,
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dern Culture, Cambridge: Polity Press, 1996, p. 98 e pecialmente p. 28-34.
ss.

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12 Paulo Serra

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