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PAULA, C.S.1,2; CANTELI, V.C.D.1; VERDAM, M.C.S.1; KALEGARI, M.1; CAMPOS, R.1; HIROTA, B.C.K.1;
MIGUEL, O.G.M.1; MIGUEL, M.D.1
1
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Farmácia, Programa de Pós Graduação em Ciências
Farmacêuticas. Av. Pref. Lothário Meissner, 632 –. Jardim Botânico, CEP 80210-170, Curitiba, PR, Brasil. 2Autor
para correspondência: e-mail: crisspaula@onda.com.br
ABSTRACT: Antioxidant activity and preliminary toxicity of the extracts and fractions
obtained from the leaves and stem bark of Dasyphyllum tomentosum (Spreng.) Cabrera.
Dasyphyllum tomentosum (Spreng.) Cabrera, which belongs to the Asteraceae family, is well
known for having many species with therapeutic properties. The aim of this study was to evaluate
the extracts and fractions from the leaves and stem bark of D. tomentosum with respect to the
antioxidant, cytotoxic and hemolytic activity in in vitro tests. All samples showed antioxidant
activity by the DPPH inhibition method, especially the ethyl acetate fraction obtained from the
leaves, whose activity was comparable to that of standard ascorbic acid and rutin. Regarding
the reduction of the phosphomolybdenum complex, we noted that this same fraction was only
similar to rutin and the fraction obtained from the stem bark showed superior results. There was
no cytotoxicity and hemolytic activity compared to the models used in the extracts and fractions.
The results demonstrate the antioxidant potential of the species without showing toxicity.
INTRODUÇÃO
Dasyphyllum tomentosum (Spreng) Cabrera de matas, floresce de março a agosto e frutifica
é conhecida popularmente por açucará, agulheira, de julho a outubro (Fernandes & Ritter, 2009).
cambará-de-espinho, espinho-de-agulha, espinho- Pertence à família Asteraceae, muito conhecida por
de-judeu, lavra-mão, sucará, goiapá (Fernandes apresentar espécies com propriedades terapêuticas,
& Ritter, 2009). É encontrada no sudeste e sul cosméticas e aromáticas além de vários relatos
do Brasil, de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul na literatura sobre o uso medicinal como anti-
e extremo nordeste da Argentina. Esta espécie helmíntico, anti-inflamatório, anti-hemorrágico,
arbórea pode atingir cerca de 10 m de altura, diurético, analgésico e antiespasmódico (Fabri et al.,
normalmente é encontrada nas bordas ou interior 2011). O chá preparado a partir de folhas e espinhos
Rutina (CI50=6,35±0,14 µg.mL-1), porém, diferente do et al., 2009) com diversas atividades farmacológicas
ácido ascórbico (CI50 =4,22±0,04 µg.mL-1). envolvendo EROs, entre elas a antioxidante. Estes
Além do excelente desempenho antioxidante compostos apresentam propriedades redutoras
da FAE, neste ensaio os extratos e todas as outras agindo na etapa inicial e na propagação do processo
frações também foram capazes de reduzir o radical oxidativo (Sousa et al., 2007).
DPPH eficientemente. O método baseia-se na Ao realizar o mesmo ensaio da redução
redução da solução metanólica de DPPH, um radical do DPPH, Afshar et al. (2011) observaram que os
cromóforo que simula as EROs, na presença do extratos metanólicos obtido das partes aéreas de
antioxidante presente nas amostras que doa um Artemisia scoparia e A. spicigera, plantas da mesma
hidrogênio ao radical, fazendo com que este se torne família da D. tomentosum, também apresentaram
uma molécula estável (Conforti et al., 2002). Esta resultados comparáveis ao padrão utilizados. Grassi-
reação é visualizada pela alteração da coloração que Zampieron et al. (2009), Fabri et al. (2011), Lima et al.
passa de violácea ao amarelo e com decréscimo da (2006) também observaram atividades antioxidantes
absorbância (Mensor et al., 2001). em outras espécies de Asteraceae confirmando
A capacidade antioxidante da FAE pelo desta forma o amplo uso popular desta família em
método da redução do DPPH foi estatisticamente patologias relacionadas à produção de EROs.
comparável ao ácido ascórbico e rutina, o que No presente estudo, outro ensaio utilizado
denota o potencial desta fração. O ácido ascórbico para verificação da capacidade antioxidante
é uma substância de referência muito utilizado nas dos extratos e frações foi o da complexação
análises de atividade antioxidante pela capacidade do fosfomolibdênio, que mede a capacidade
de reduzir rapidamente o DPPH, e a rutina é um antioxidante total, e cujos resultados estão
flavonol heterosídico derivado da quercetina (Negri apresentados na Tabela 2 e 3.
TABELA 1. Atividade antioxidante do extrato e frações das folhas e casca do caule de Dasyphyllum tomentosum
(Spreng.) Cabrera, através da redução do radical DPPH
FOLHAS CI50 (μg.mL-1)±DP CASCAS DO CAULE CI50 (μg.mL-1)±DP
AMOSTRA
EB 55,01±016a3 65,43±1,62b4
FH 410,95±1,98a4 418,74±0,74b6
FCL 58,56±0,41a3 27,54±0,19b3
FAE 7,40±0,06a1 8,32±0,15 b2w
FR 28,52±0,44 a2 85,95±2,46b5
RU 6,35±0,14a1 6,35±0,14b1 b2
AcA 4,22±0,04a1 4,22±0,04b1
CI – Concentração Inibitória, DP – Desvio padrão, EB - Extrato etanólico bruto, FH - Fração Hexânica, FCL – Fração clorofórmio, FAE
- Fração acetato de etila, FR - Fração hidroalcoólica residual, RU - Rutina, AcA – Ácido Ascórbico. CI50±DP seguidos da mesma letra e
número na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
TABELA 2. Atividade antioxidante dos extratos e frações das folhas e casca do caule de Dasyphyllum tomentosum
(Spreng.) Cabrera, através da redução do complexo fosfomolibdênio em relação ao padrão rutina
FOLHAS AA%± DP CASCAS DO CAULE AA%± DP
AMOSTRA
EB 58,13±1,32a1 76,12 ± 1,54 b2b3
FH 53,95 ± 1,17 a1
62,48±1,68b2
FCL 87,29 ± 1,87a1 88,99±1,10b3b4
FAE 145,11 ± 2,1 a2
139,85 ±1,55b5
FR 65,89 ± 1,29a1 35,04±1,76b1
RU 100a1a2 100b4
EB - Extrato etanólico bruto, FH - Fração Hexânica, FCL – Fração clorofórmio, FAE - Fração Acetato de etila, FR - Fração Hidroalcoólica
Residual, RU - Rutina. AA%± DP = Atividade Antioxidante ± Desvio padrão seguidos da mesma letra e número na mesma coluna não
diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
De acordo com os resultados, quando se hemólise. Estes resultados foram confirmados pelo
avalia a atividade antioxidante (AA) do extrato e método de difusão em ágar, em que não houve
frações das folhas, observa-se que comparado a formação do halo de hemólise com o uso das
ao padrão rutina (considerando este padrão com amostras, enquanto que o Triton X-100 (controle
100% de AA) a FAE apresentou AA superior. Este positivo) promoveu a formação de um halo de 2 cm.
resultado também é observado quando se analisa a A hemólise refere-se à lise ou ruptura das
FAE obtida das cascas do caule (Tabela 2). membranas das hemácias permitindo a liberação
Com relação às outras frações e EB obtidos da hemoglobina para o plasma, tendo como
das folhas observa-se que são estatisticamente consequência a hemoglobinemia. A quantidade de
similares ao padrão rutina. Analisando as amostras hemoglobina livre no plasma depende da capacidade
das cascas do caule, excetuando-se a FAE que e da velocidade de remoção do pigmento pelo
apresenta atividade superior, somente a FCL organismo de cada indivíduo, sendo fisiológica a
demonstrou atividade estatisticamente similar a quantidade de 6 mg%. Quando este valor supera
rutina (Tabela 2). Estas amostras demonstraram 100 mg% a hemoglobina passa a ser filtrada pelos
atividade antioxidante por redução do complexo rins e quando excessivamente alto (superiores a
fosfomolibdênio, ao adquirir a coloração verde 3.000 mg%), pode promover lesão renal (Carvalho
característica. Comparando ao ácido ascórbico, et al., 2007; Kalegari et al., 2011). A hemólise
nenhuma amostra apresentou atividade superior ou pode ocorrer como consequência de substâncias
similar a este padrão (Tabela 3). ou compostos utilizados como medicamentos ou
Os métodos utilizados neste estudo, com presentes nas plantas. Desta forma, resultados
DPPH e fosfomolibdênio, para avaliação do potencial negativos obtidos nestes modelos com o extrato e
antioxidante dos extratos e frações das folhas e frações das folhas de D. tomentosum confirmam
cascas do caule de D. tomentosum demonstraram nenhuma toxicidade para membrana do eritrócito
alguns resultados concordantes entre si, sendo nos modelos utilizados.
possível afirmar que a FAE apresenta capacidade Os resultados do ensaio de toxicidade frente
antioxidante significativa em ambos, devido ao aos náuplios de A. salina podem ser observados na
possível conteúdo em substâncias polifenólicas Tabela 4. O controle positivo sulfato de quinidina
normalmente presentes nesta fração, e detectadas apresentou CL 50 de 50,12 μg.mL -1 enquanto
qualitativamente em análise preliminar por Paula et os resultados obtidos para o extrato e frações
al. (2013). Nesta perspectiva, a similaridade entre a para a CL 50 foram superiores a 1.000 μg.mL -1,
atividade antioxidante do ácido ascórbico e da rutina demonstrando que não apresentaram toxicidade
com as amostras confirmam que D. tomentosum para a Artemia salina. Este ensaio biológico, usado
constitui fonte promissora de antioxidantes. para avaliar a toxicidade aguda, é considerado
Com relação aos resultados obtidos nos um ensaio preliminar no estudo de compostos
ensaios de atividade hemolítica, as amostras do com potenciais atividades biológicas. Resultados
extrato bruto e frações testadas não apresentaram similares foram obtidos com o extrato etanólico de
atividade. No teste onde foi utilizada a suspensão brotos de Lychnophora staavioides (Ferraz Filha et
de células sanguíneas não foi observada coloração al., 2012), folhas de Neurolaena lobata (Mayorga
vermelha nos sobrenadantes e todos os tubos et al., 2010) e raízes de Parthenium hysterophorus
apresentaram precipitado de células, demonstrando (Fernández-Calienes Valdés et al.,2009) também
que as amostras testadas não promoveram a pertencentes à família Asteraceae.
TABELA 3. Atividade antioxidante dos extratos e frações das folhas e casca do caule de Dasyphyllum tomentosum
(Spreng.) Cabrera, através da redução do complexo fosfomolibdênio em relação ao padrão ácido ascórbico
FOLHAS AA%± DP CASCAS DO CAULE AA%± DP
AMOSTRA
EB 18,08±1,69 a1 23,67±1,96b2b3
FH 16,78±1,61a1 19,43±1,76b2
FCL 27,14±1,42 a1
27,67±1,2 b1
FAE 45,13±1,32a2 43,49±1,71b4
FR 20,49±1,02 a1
10,89±0,54b1
AcA 100a3 100b5
EB - Extrato etanólico bruto, FH - Fração Hexânica, FCL – Fração clorofórmio, FAE - Fração Acetato de etila, FR - Fração Hidroalcoólica
Residual, AcA - Ácido ascórbico. AA%±DP = Atividade Antioxidante± Desvio padrão seguidos da mesma letra e número na mesma coluna
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
TABELA 4. Estimativa de CL50 provocada pelos Extratos e Frações obtidas das folhas de D. tomentosum para
náuplios de A. salina
AMOSTRA CL50 (µg.mL-1) 95% INTERVALO DE CONFIANÇA (µg.mL-1)
EB > 1000 -
FH > 1000 -
FCL > 1000 -
FAE > 1000 -
FR > 1000 -
SULFATO DE QUINIDINA 50,12 35,8 – 70,16
EB - Extrato etanólico bruto, FH - Fração Hexânica, FCL – Fração clorofórmio, FAE – Fração acetato de etila, FR - Fração hidroalcoólica
residual.
Os resultados obtidos nos ensaios de no Morro Santana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
atividade antioxidante revelaram o potencial da Brasil. Brazilian Journal of Biosciences, v. 7, n. 4, p.
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AGRADECIMENTO
e estresse oxidativo. Revista da Associação Medica
Os autores agradecem a CAPES/REUNI Brasileira, v. 43, n. 1, p. 61-68, 1997.
pelas bolsas de estudos e financiamento do projeto GRASSI-ZAMPIERON, R.F.; VIEIRA, M.C.; SIQUEIRA,
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