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2019 - 02 - 07 PÁGINA RB-7.

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CPC em Foco - 2019
7. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

7. Intervenção de terceiros
Felipe Augusto de Toledo Moreira

1. Alterações topográficas, supressões e inclusões

O1 CPC/2015 reformulou o título que trata das modalidades de intervenção de terceiros no


processo civil.

Em primeiro lugar, destaca-se a inclusão da assistência como a primeira modalidade do título


(arts. 119 a 124), uma vez que antes era tratada fora dele e com o litisconsórcio. Em boa hora
ocorreu essa correta alteração!

A oposição saiu do título para ser tratada como procedimento especial nos arts. 682 a 686; a
nomeação à autoria, por sua vez, foi abordada pelo Código como uma hipótese de correção do polo
passivo nos arts. 338 e 339.

Por fim, duas novas modalidades foram trazidas pelo CPC/2015, quais sejam: o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133 a 137) e a especial figura do amicus curiae
(art. 138).

Imperioso destacar que a localização geográfica desse capítulo na Parte Geral do Código
permite a utilização de algumas das modalidades interventivas também no âmbito executivo.2

2. Oposição tratada como procedimento especial

Mesmo não contendo significativas distinções que justificassem a sua caracterização como
procedimento especial, a oposição também não deveria continuar constando no título dedicado às
intervenções de terceiros.

Não se trata de uma modalidade interventiva, mas sim de formulação de nova pretensão
(exercício do direito de ação) em face de partes que já litigam em outra demanda que tem por
objeto justamente o direito do qual o opoente alega ser titular.

Abandonando a distinção entre oposição interventiva e autônoma, o CPC/2015 preferiu manter


a oposição entre os procedimentos especiais, considerando-se a ausência da designação da
audiência de conciliação ou mediação do art. 334. No entanto, o regime jurídico procedimental é
praticamente o mesmo que já existia à luz da sistemática anterior revogada.

3. Nomeação à autoria deixa de existir no CPC/2015

Não há mais espaço para a nomeação à autoria como modalidade autônoma de intervenção de
terceiros na nova sistemática processual civil.

Entretanto, o CPC/2015 permitiu, de forma ampla, a correção do polo passivo da demanda a


partir de manifestação em preliminar de contestação, no bojo da qual o réu, sempre que tiver
conhecimento, já deverá indicar o sujeito passivo que entende legítimo para o processo.
Dessa forma, o autor será intimado para, no prazo de 15 dias, aceitar a indicação e alterar a
petição inicial para substituir o réu – arcando, nesse caso, com despesas processuais e honorários
advocatícios do advogado do réu excluído –, ou simplesmente incluir o novo réu como litisconsorte
passivo (arts. 338 e 339).

Nesse aspecto, houve significativo avanço em relação à sistemática anterior, considerando-se


que não mais existe a limitação de cabimento do mecanismo de correção do polo passivo a
algumas hipóteses de direito material. Da mesma forma, simplifica-se corretamente a questão sob
o aspecto procedimental, pois a arguição da ilegitimidade passiva agora deve ser feita na própria
contestação, e, caso não acolhida, permitirá o regular trâmite da demanda sem maiores
interrupções.

NOTAS DE RODAPÉ
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Todos os artigos citados no texto sem referência são do CPC/2015.

Na lição de Araken de Assis: “Nem todas as modalidades de  intervenção de terceiros  do Título III –
Da Intervenção de Terceiros – do Livro III – Dos Sujeitos do Processo – da Parte Geral do NCPC aplicam-se
ao cumprimento da sentença e ao processo de execução. É indubitável a admissibilidade da assistência,
do  amicus curiae  e do incidente de desconsideração da personalidade jurídica – nesse último caso, por
força de norma expressa (art. 134, caput), fundada na consideração de a disregard assegurar, sobretudo,
resultados frutíferos à atividade executiva e nesse campo encontrar sua aplicação mais natural. Porém, a
execução ostenta formas próprias de intervenção de terceiros. Efetivadas duas penhoras sucessivas (art.
797, parágrafo único) ou penhorado bem gravado com direito real de garantia, origina-se, de um lado, o
concurso especial de credores e a necessidade de todos os credores penhorantes participarem da fase de
pagamento, e, de outro lado, a intervenção dos respectivos titulares dos gravames reais, tornados partes
na relação processual executiva. Fenômeno análogo ocorre no chamamento generalizado dos credores na
insolvência civil (art. 761, II, do CPC de 1973 c/c art. 1.052 do NCPC). Excluem-se, em razão da índole
satisfativa da demanda executória, as formas intervencionais típicas do processo de conhecimento. Não
comporta a execução, a par dos atos executivos, operando no mundo físico, a formulação de regra jurídica
concreta. É bem o caso, p. ex., da denunciação da lide (ou chamamento em garantia), que constitui
pretensão regressiva, in simultaneo processu, segundo a concepção prevalecente, pela qual o autor ou o
réu veiculam pretensão de reembolso contra terceiros, se algum deles sucumbir na ação principal, criando
título executivo. E também o do chamamento ao processo, pelo qual o réu amplia o polo passivo da
demanda, fazendo todos suportarem a condenação. Em última análise, portanto, as duas modalidades de
intervenção de terceiro visam a criação de título executivo. Ora, no bojo da relação processual executiva
semelhante escopo se afigura impertinente, porque o título executivo antecede a pretensão a executar,
dotando-a de base hábil (art. 783). Por isso, a natureza dessas modalidades de intervenção de terceiros
desautoriza, nada obstante situadas na Parte Geral do NCPC, sua admissibilidade na execução. Admite-se a
assistência (infra, 119), a intervenção de amicus curiae, porque não interferem nas atividades próprias do
procedimento in executivis, velando pela inexistência de errores in procedendo, e a desconsideração da
personalidade jurídica (retro, 40.5). Essas questões se recolocam, todavia, no âmbito dos embargos do
devedor (art. 914) e nos embargos de terceiro, e, neles, a resposta pode ser diversa, como a seu tempo se
examinará (infra, 581)” (ARAKEN DE ASSIS, Manual da execução, 19. ed. São Paulo: RT, p. 603-604, 2017).

© desta edição [2019]

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