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A Emocao No Design Uma Discussao Sobre A PDF
A Emocao No Design Uma Discussao Sobre A PDF
abordagens
The emotion in design: a discussion about the practices and approaches
Resumo
O tema emoção tem sido cada vez mais explorado nas publicações e estudos em design.
Diante disso, o profissional dessa área deve buscar resultados para proporcionar uma
experiência agradável aos destinatários de seus projetos. Este artigo tem como objetivo
apresentar uma visão geral das práticas e abordagens desta relação entre design e emoção. Um
estudo exploratório mostra, através de uma revisão de literatura, a conceituação, o
funcionamento, a classificação e as ferramentas utilizadas para avaliar a emoção no design.
Os resultados revelam que a emoção tem parte da tomada de decisões dos usuários, sendo um
dos fatores relevantes na avaliação de um projeto e os designers devem considerá-la, mesmo
que a emoção seja mutável, instantânea, ela precisa ser mensurada para se obter resultados
satisfatórios.
Abstract
The issue emotion has been increasingly explored in publications and studies in design. Given
this, the professionals of this area should seek results to provide a pleasant experience to the
users of their projects. This paper aims to present an overview of the practices and
approaches of the relationship between design and emotion. An exploratory study shows,
through a literature review, the conceptualization, operation, classification and the tools used
to assess emotion in design. The results show that emotion is part of the decision making of
users, one of the relevant factors in assessing a project, it is recommended that designers
consider it, even if the emotion is changeable, instant, it needs to be measured to obtain
satisfactory results.
Conceituação da emoção
A emoção é conceituada por Bock, Furtado e Teixeira (1991, p. 175) como
“expressões afetivas acompanhadas de reações intensas e breves do organismo”. Segundo os
autores, a emoção acontece por uma experiência interna que é percebida pelas modificações
no organismo (como exemplo, o batimento cardíaco acelerado). Damásio (1996, p. 168)
define a emoção como “a combinação de um processo avaliatório mental, simples ou
complexo, com respostas dispositivas a esse processo, em sua maioria dirigidas ao corpo
proprieamente dito, resultando num estado emocional”.
Para James (1884), a natureza da emoção surge de sentimentos de prazer e desprazer,
do interesse e da excitação, ligados pelas operações mentais, que apresentam à expressão
corporal. James (1884) defende que as mudanças corporais se manifestam pela percepção do
fato estimulado, desta maneira o sentimento criado pelas mudanças corporais podem ser
denominados de emoção.
Na visão de Rolls (2000), as emoções podem ser produzidas através da entrega,
omissão, término de recompensas ou punições aos estímulos, por exemplo, a frustração de um
prêmio recebido (omissão da recompensa esperada), a morte de um ente querido (término da
recompensa de viver com a pessoa amada), ou ainda, o alívio por colocar um barco fora de
perigo (omissão ou término da punição, sem culpas ou dores).
Além dos estímulos, as emoções também compartilham dois princípios básicos, ou
seja, podem ser positivas e atraentes ou negativas e repulsivas e com esses princípios
conseguimos escolher o que é bom para nós (CSIKSZENTMIHALYI, 1999).
Relacionando os conceitos apresentados, podemos concluir que a emoção é gerada por
estímulos internos, manifestados pela expressão corporal do indivíduo, que determina um
estado emocional, podendo ser positivo ou negativo, atraente ou repulsivo. Mas como
funcionam esses estímulos internos? Como os sinais se comunicam e reagem no ser humano?
O funcionamento da emoção
No cérebro humano, um conjunto de sistemas é dedicado tanto à razão quanto a
emoção, o processo de pensamento, guiado para um determinado fim, chamamos de
raciocínio (a razão), desenvolvido pelo córtex pré-frontal (visualizado na figura 1), no mesmo
conjunto se localiza o sistema límbico (destacado pelo contorno preto da figura 1),
responsável pela emoção (DAMÁSIO, 1996). Sendo assim, ao selecionar uma resposta, o ser
humano ativa este conjunto de sistemas e toma uma decisão através do seu domínio pessoal e
De acordo com outra pesquisa feita por Santi (2011), explica que no cérebro o sistema
desenvolvido pelo córtex pré-frontal raciocina os problemas e faz comparações com tudo
(papel pelo qual é dedico à razão), que faz as escolhas para garantir o sucesso em longo prazo,
por outro lado, as pessoas possuem emoções e sentimentos irracionais, que são preocupados
com o resultado imediato das escolhas. Deste modo, o instinto das pessoas influenciam
diretamente suas escolhas, mesmo quando as pessoas não querem (SANTI, 2011).
Assim, todas essas escolhas ou experiências são registradas e catalogadas por uma
região do cérebro, denominada como sistema de recompensas, que contém o nível do prazer e
da frustração das pessoas (SANTI, 2011). O funcionamento fica por incumbência dos
neurônios, que controlam a dose de dopamina (neurotransmissor que causa sensações de
prazer e motivação) acessando constantemente a memória das pessoas para orientar o cérebro
sobre as alternativas (SANTI, 2011).
Portanto, sabemos que as pessoas tomam decisões usando sempre o instinto, a
experiência (pessoal e social) e a razão, por esse motivo, tanto os lados racional e emocional
não decidem individualmente a tomada de decisão, o importante é saber usar as alternativas,
mesmo assim, o sistema de recompensas anota tudo e avisa se algum equívoco acontecer
(DAMÁSIO, 1996; SANTI, 2011).
Além disso, as emoções também possuem um mecanismo pré-organizado, pelo qual as
pessoas reagem a determinadas características dos estímulos recebidos pelo envolvimento no
ambiente e corpo, são identificadas individualmente ou em conjunto (DAMÁSIO, 1996).
Ekman, Friesen e
Panksepp (1982)
Ellsworth (1982)
Tomkins (1984)
Mowrer (1960)
Plutchik (1980)
Watson (1930)
Arnold (1960)
Reeve (2008)
James (1884)
Frijda (1986)
Izard (1971)
Gray (1982)
Tipos de
Emoções
Básicas
Medo
Raiva
Alegria
Repulsa
Tristeza
Interesse
Surpresa
Ira
Amor
Felicidade
Vergonha
Ansiedade
Culpa
Depressão
Desejo
Desprezo
Maravilha
Pesar
Sofrimento
Sob os aspectos da classificação das emoções, Ekman (1999) acredita que para
classificar as emoções é necessário considerar o que está ocorrendo dentro da pessoa (planos,
memórias, mudanças fisiológicas), o que provavelmente ocorreu antes (antecedentes) e o que
provavelmente ocorre depois (precedentes), as consequências, a tentativa ou a ação tomada
pela pessoa.
A emoção no Design
A emoção faz parte do ser humano, sabemos que ela interage junto com o lado
racional de cada um, portanto, a emoção tem parte da tomada de decisão, da escolha, da
avaliação perante o produto. Alguns autores defendem que a emoção estava ausente no
Design e há pouco tempo ganhou destaque, pois o indivíduo estabelece relações afetivas com
os produtos que o cercam (NORMAN, 2008; MONT'ALVÃO e DAMAZIO, 2008).
Norman (2008) acredita que o design emocional faz com que os designers passem a
projetar focados na emoção, buscando resultados que proporcionem experiências agradáveis
para as pessoas. Na visão de Norman (2008, p. 13) “as emoções são inseparáveis da cognição
e fazem parte de um sistema de julgamento do que é bom ou ruim, seguro ou perigoso”. O
autor direciona as emoções para três níveis de processamento, representados na figura 2.
Figura 3: Modelo básico para medir as emoções (adaptado de Desmet, 2002, p. 107)
Conclusões e desdobramentos
O artigo teve o objetivo de explorar a emoção no design, revelando que a emoção
passou a ser um componente importante nas discussões científicas e acadêmicas da nossa
área, bem como, na avaliação usuário-produto. Por isso, os designers precisam avaliar além
da usabilidade, da funcionalidade ou dos aspectos pragmático do produto.
Sob estes aspectos, Desmet (2002) afirma que existe uma variedade de fenômenos
(por exemplo, humor, paixão, prazer) que devem ser considerados e estão relacionados com a
emoção e consequentemente, classificam os estados afetivos das pessoas, portanto, é
necessário incluí-los na avaliação.
Acima de tudo, os autores concluem que estudar a emoção é desafiador, pois sua
construção é altamente complexa, subjetiva e a grande maioria dos estudos são qualitativos.
Sobre as ferramentas para medir a emoção no design, o que posso concluir é que muito
depende do que se escolhe medir (produto, interface) e como será medido, dentro deste
contexto existem as três grandes categorias, verbais, não-verbais e fisiológicas.
Cabe ressaltar que Desmet (2004) explica que as ferramentais não-verbais na maioria
das vezes são menos subjetivas que as de auto-relato (verbais). Além disso, Norman (2008)
enfatiza que as respostas apropriadas de uma emoção dependem da situação e para medi-las é
preciso levar em consideração qual tarefa o usuário vai participar e em que condições e ações
vão ocorrer.
Referências
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