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Projeto de pesquisa em performance apresentado por Renan Marcondes

ANEXO I

Ficha de inscrição: **Data limite de envio: 23 de maio de 2014.

SOLICITANTE
Nome ou razão social: Renan Marcondes Cevales
Endereço Completo: Av Angélica 2389 ap 102ª São Paulo SP CEP 01227200
RG.: 425510220
Passaporte: a ser providenciado
Telefone: 55(11)976776832
Celular: 55(11)976776832
E-mail: renancevales@hotmail.com
URL: www.renanmarcondes.com

OBJETIVOS (Projeto que se propõe a realizar)


Me proponho a realizar a performance duracional “Sob a forma de um pesadelo
simulador”, que será realizada em uma instalação montada dentro do
MATADERO e aberta ao público. A performance, desdobramento de uma
performance de 2012, será composta por três figuras que sustentarão objetos
sobre seus corpos, das quais duas serão realizadas por artistas espanhóis a
serem convocados durante a residência.

COLABORAÇÕES
Não há colaborações prévias.

FINANCIAMENTO
Não há financiamento

DOCUMENTAÇÃO ANEXADA
Resumo biográfico do solicitante.
Carta de motivação.
Projeto a realizar.
Colaboração com outros criadores.
Atividades relacionadas com o projeto.
Vídeo (opcional).

Os participantes aceitam que os dados pessoais informados em virtude da


presente convocatória podem ser objeto de tratamento no banco de dados de
caráter pessoal (atividades e convocatórias culturais, faturas e contratos) da
MADRID DESTINO, com a finalidade de executar as atividades pertinentes a
esta convocatória. Os participantes poderão exercer o direito de acesso,
retificação e cancelamento do registro por solicitação dirigida ao endereço: C/
Montalbán 1- 7ª planta, Madrid.

Data: 30 de abril de 2014

Assinatura:
Explico aqui o projeto de performance que intento desenvolver durante a
residência, nomeado “Sob a forma de um pesadelo simulador” e que se configura
como um segundo desdobramento de uma performance de 2012.

Minha produção artística, que transita principalmente entre a performance e o


vídeo, tem passado por um período de grandes transformações processuais e
estéticas, que possivelmente tenham a ver com a finalização da graduação em
Artes (bolsa FAPESP) e o início do mestrado em Artes Visuais pela UNICAMP.
Dessa forma, muitas revisitações a trabalhos antigos estão sendo feitas, e novas
propostas de concepção espacial e temporal estão sendo pensadas, tanto na
performance quanto no vídeo.

Em 2012, concebi a performance Hipótese sobre a construção (ver link de vídeo),


apresentada pela primeira vez no Liceu de Artes e Ofícios e depois reapresentada
e premiada no 40º Salão de arte contemporânea Luiz Sacilloto. Ela consistia na
ação de um corpo que tenta encontrar equilíbrio e sustentação sobre objetos de
escritório, realizando imagens híbridas entre corpo e objeto. Estes, que
geralmente são utilizados de forma funcional (o que implica uma relação
específica do corpo para seu uso) aqui passam a possuir uma relação subjetiva
com o corpo. Por serem muito leves e pequenos, a constante tentativa fracassada
do corpo de se encontrar sobre esses objetos passa a evidenciar as diferenças
entre corpo e objeto e a quantidade de desajustes existentes quando o corpo se
propõe a outras experiências com eles.

Em 2014, fui convidado à reapresenta-la na Mostra Performatus #1, na Central


Galeria, em São Paulo. Após dois anos e a realização de duas performances
muito importantes para minha trajetória artística (Manual civilizador para um peso
sem nome, de 2013 e Formulações ao insuporte, de 2014), muita coisa havia
mudado, e decidi reformular o trabalho, repensando-o na chave com a qual hoje
lido com os trabalhos. Isso significa primeiramente verticalizar um olhar mais
matemático e estrutural ao espaço, incluindo nele indicações numéricas, amostras
de objetos, linhas retas, etc. Em segundo lugar, há uma maior pesquisa
dramatúrgica nas performances, implicando maior tempo e diferentes
desenvolvimentos da ação.

Assim, apresento Hipótese sobre a construção (§2), com algumas diferenças em


relação à anterior: agora dividida em três espaços, a performance se realiza
contra uma parede branca e se inicia comigo sobre um papel milimetrado A2,
apoiando a cabeça na parede. Transferindo os apoios do corpo durante meia
hora de forma a amassar e rasgar o papel. Após isso, vou ao meio e realizo a
ação de equilibrar os objetos, porém agora realizo a ação contra a parede, tendo
os objetos dentro de uma bolsa (e não mais dispostos em linha no chão, como
na versão anterior). A ação, que dura 3h, reforça um lugar de objetificação do
corpo, uma vez que apenas fico parado junto ao objeto, pois não há mais o
exercício da gravidade nessa relação. Além disso, há também o uso de objetos
mais abstratos, como lixas e maçanetas, que não remetem tanto a um contexto
burocrático. Por fim, vou até a área à minha esquerda e equilibro um pedaço de
madeira grande entre a cabeça e a parede, remetendo às imagens anteriores,
porém com um objeto de tamanho muito maior.

Sinto, porém, que ainda há coisas a se trabalhar nessa performance, portanto


pretendo agora partir dela para constituir um novo trabalho, sobre o qual tentarei
versar brevemente aqui. Em relação à Hipótese sobre a construção (§2), viso
entender como é possível estabelecer essa relação entre corpo-objeto-parede de
forma que a visualização da ação não me coloque de costas para quem observa,
o que leva à necessidade de experimentações como testar um vidro para a ação
(como em body pressure), ou criar uma estrutura central na qual quem observa
circunde a ação. Além disso, pretendo revisitar a estrutura dramatúrgica do
trabalho, principalmente em relação ao seu tempo.

Com forte influência dos artistas Marta Soares, Tino Sehgal e Ann Hamilton, viso
desenvolver agora uma instalação coreográfica, que transita entre as artes visuais
e cênicas. O intuito é explodir espacialmente essas estruturas geométricas na
forma de uma instalação, como começou a ser feito em Formulações ao insuporte,
2014 (ver link de vídeo) e criar três imagens corporais que coexistam com essa
instalação e que poderão ou não ser realizadas por mim.

As duas primeiras derivam de Hipótese sobre a construção, sendo a primeira


realizada junto à esses objetos muito pequenos. A segunda, a ser testada, é
composta por um corpo e diversas vigas metálicas de sustentação apoiadas sobre
os braços e no chão, em uma lenta partitura coreográfica que movimenta corpo
e as estruturas. A terceira imagem revisita estudos de 2011 de uma imagem cuja
cabeça se extende muito além do corpo. Pretende-se criar uma figura em plano
baixo com essa extensão (a ser desenvolvida na residência), próxima a fragmentos
de cadeiras recortadas e fincadas ao chão.

Para tanto, além da realização da instalação e sua exposição, serão marcadas


datas e horários nos quais essas figuras estarão presentes durante horas,
apresentando um trabalho performático duracional que ocorrerá ao mesmo
tempo em que realizo a residência. Como pode ser visto na explanação do projeto
e suas intenções, é necessário um apoio para que sua realização seja possível. É
por esse motivo que busco a residência para concretizá-lo.
- Desenvolvimento conceitual, compra e produção da instalação onde
ocorrerão as performances.

- Chamamento e escolha de dois artistas espanhóis para auxiliarem na


realização da performance.

- Ensaios das ações realizados com com artistas locais convidados (a


definir)

- Estabelecimento de cronograma para a realização das ações.

- Documentação e edição dos matérias de registro para o artista e para a


residência.

- Realização de conversas com a comunidade local sobre o trabalho e seu


processo de construção.

É visada a troca com mais dois artistas espanhóis a serem selecionados


durante a residência, sendo que eles desenvolverão junto do artista as
imagens performáticas que ficarão na instalação e as realizarão. Seu
pagamento será feito pelo artista, com parte do dinheiro disponível para a
realização da residência.
Renan Marcondes (São Bernardo do Campo – SP. Brasil. 1991) é artista
visual e pesquisador da arte performática. Mestrando em Poéticas Visuais
pela UNICAMP e pós-graduando em História da arte: teoria e crítica (bolsa
programa Informados) pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo,
onde também obteve bacharelado em artes visuais (bolsa FAPESP para
Iniciação Científica). Tecnólogo em atuação pela Oficina de Atores Nilton
Travesso, onde hoje realiza assistência de direção para as montagens de
formatura. Desenvolve performances desde 2012, pesquisando sobre
modos de subjetivação em processos produtivos que articulam corpo e
objeto. Concebeu e apresentou os trabalhos: Desassossego (2012),
Hipótese sobre a construção (2012/2014), Manual civilizador para um peso
sem nome (2013), Formulações ao insuporte (2014) e Estudo para
geografias impermanentes (2014). Como intérprete, já realizou
performances de Laura Lima, no MAM-SP (Bala de homem/carne =
mulher/carne), Tino Sehgal, na Pinacoteca de São Paulo (Kiss), Clarissa
Sachelli, no Centro Cultural São Paulo (Sem título) e integrou a Companhia
Perdida (direção de Juliana Moraes) em 2013 em seu último processo de
pesquisa, atuando também como intérprete de Peças curtas para
desesquecer (2012). Expõe com performance e videoperformance em
diversas exposições no Brasil, das quais se destacam: Bienal Internacional
de Dança do Ceará; 65° Salão de Abril de Fortaleza, Mostra Performatus
#1; ABRE ALAS 10. Foi premiado no 41ª Salão de Arte Contemporânea
Luiz Sacilotto com a performance Hipótese sobre a construção.
Eu me motivo a participar da residência por algumas negações: eu nunca
tive a chance de participar de uma residência artística; eu nunca fui à
Espanha; eu não tenho condições de produzir esse trabalho no Brasil.
Dessa forma, vejo na residência uma possibilidade tripla de realização, em
um sentido profissional, afetivo e pessoal. Acredito que a experiência da
residência e a troca que lhe é característica pode ser muito enriquecedora
para meu trabalho, uma vez que trabalho com performance art.
Motivo-me também por me ver em um momento de amadurecimento de
processos e escolhas estéticas, tanto como produtor quanto pesquisador
da performance. Acredito que esse amadurecimento seja essencial para
que eu também consiga agregar aos outros artistas, através da coexistência
com meus processos de produção e apresentação. É por isso que, além da
troca que haverá na residência, proponho trabalhar com dois artistas do
corpo espanhóis, que possibilitarão a troca de referências, escolas, ideias
etc.
Essa residência, quando vista não somente como uma experiência artística
mas também como parte integrante de uma pesquisa de dois anos do meu
mestrado em artes, configura-se como um polo catalisador de produção,
troca e projeção dessa pesquisa, que já possui quatro anos desde seu
início.
Renan Marcondes
(Trago como imagens vinculadas ao projeto fotografias de performances
recentes, que indicam questões formais e processuais que tem me
interessado e que viso desenvolver na Residência)

Renan Marcondes. Estudo para geografias impermanentes, 2014. Performance. 75 minutos.


Realização na Galeria 13, exposição “Da Luz ao Inacabado”. Fotografia: Rafael Amambahy.
Acervo pessoal do artista.
Renan Marcondes. Formulações ao insuporte, 2014. Performance. 40 minutos. Realização na
KUNSTHALLE Galeria. Fotografia: Mariana Lacerda. Acervo pessoal do artista.
Renan Marcondes. Hipótese sobre a construção (§2), 2014. Performance. 3 horas. Realização na
Mostra Performatus #1 (CENTRAL Galeria de arte). Fotografia: Tales Frey. Acervo pessoal do
artista.
Registros de performance:

Desassossego, 2012
http://vimeo.com/45113646
Hipótese sobre a construção, 2012
http://vimeo.com/49198422
e Hipótese sobre a construção (§2), 2014
http://vimeo.com/91346051
Manual civilizador para um peso sem nome, 2013
http://vimeo.com/61642823
Formulações ao insuporte, 2014
http://vimeo.com/89377539

Vídeos:
Improdução, 2012
http://vimeo.com/50471523
Extração líquida para um corpo em pedaços, 2012
http://vimeo.com/52725189
Suposição para a gravidade, 2012
http://vimeo.com/46722842
Normal entre os meus, 2012
http://vimeo.com/45762867
Ensaio para uma abdicação, 2012
http://vimeo.com/45664506
Mobília
http://vimeo.com/45655811

Site pessoal:
www.renanmarcondes.com

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