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Elaboração:
Maio/2013
-2-
COMITÊ EXECUTIVO ESTADUAL DAS DEMANDAS DE SAÚDE
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Adriana Torquato
Procuradora do Estado do RN
Alaíde Porpino
Diretora da Unicat do RN
Clístenes Gadelha
Defensor Público Estadual
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO
_________________________________________________________________ 5
BIBLIOGRAFICA CONSULTADA
_________________________________________________________________ 54
-4-
-5-
Cada vez mais o câncer se torna uma realidade presente na vida
dos brasileiros, já que cresce o número de pessoas próximas que vêm
sendo diagnosticadas com algum tipo de câncer: na própria família, no
trabalho, nas vizinhanças, amigos e personalidades nacionais ou
internacionais. Esse fato tem feito com que passemos a buscar
informações relacionadas ao câncer, permitindo o alargamento dos
conhecimentos já construídos pela medicina e das tecnologias envolvidas
no tratamento desse agravo de saúde, ainda que todas essas informações
não constituam motivo para tranquilidade sobre a questão em debate, pelo
contrário, parece que quanto mais conhecemos, mais aumentam o pavor,
as incertezas e o sofrimento frente ao câncer.
1
O câncer, em si, não é uma doença de descoberta recente , mas
não se tem dúvida de que quanto mais o tempo passa, mais se aperfeiçoam
os estudos, as pesquisas e as descobertas de novas tecnologias, tudo
voltado para a cura e o controle de um mal que acomete milhares de
pessoas no Brasil e no mundo, sendo responsável por um percentual muito
elevado de mortes em todo o mundo. Segundo estimativas da Agência
Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial de
1
“A doença é conhecida desde longa data. Egípcios, persas e indianos, 30 séculos antes de Cristo, já se
referiam a tumores malignos, mas foram os estudos da escola hipocrática grega, datados do século IV a. C.,
que a definiram melhor, caracterizando-a como um tumor duro que, muitas vezes, reaparecia depois de
extirpado, ou que se alastrava para diversas partes do corpo levando à morte. Então denominado de
carcicoma ou cirro, o câncer era visto pelos hipocráticos como um desequilíbrio dos fluidos que compunham
o organismo. No início do período cristão, a medicina galênica reforçou a idéia do câncer como desequilíbrio
de fluidos. Essa noção manteve-se presente na medicina ocidental até o século XVII, sendo que, a partir do
século XV, a descoberta do sistema linfático fez com que a doença fosse relacionada ao desequilíbrio da
linfa nos organismos. Pensar a doença como desequilíbrio de fluidos representava pensá-la como um
problema orgânico mais geral, em que os tumores eram apenas as manifestações visíveis. Tal concepção
desaconselhava intervenções cirúrgicas ou medicamentosas, postulando que as terapêuticas voltadas para a
obtenção do equilíbrio corpóreo – como as sangrias – eram mais adequadas ao restabelecimento completo do
doente. Somente no século XVIII, o câncer passou a ser visto como uma doença de caráter local. Para essa
mudança mostrou-se fundamental o desenvolvimento da anatomia patológica e dos conhecimentos sobre as
células”. (Luiz Antonio Teixeira e Cristina M. O. Fonseca, De Doença desconhecida a problema de saúde
pública: o INCA e o controle do Câncer no Brasil, p. 13)
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Saúde (OMS), no ano de 2008 ocorreriam 12,8 milhões de casos novos e 7,6
milhões de óbitos no mundo, sendo que destes, cerca de um milhão de
casos novos e de 598 mil óbitos ocorrerá na América do Sul, Central e
2
Caribe .
2
Dados constantes da Estimativa 2012 para incidência de câncer no Brasil, elaborado pelo INCA
(BRASIL, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de
Janeiro : INCA, p. 23)
3
BRASIL, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil , p. 24.
4
A Oncologia é também chamada de Cancerologia no Brasil. A Oncologia, nos últimos anos,
tornou-se uma disciplina complexa e interessante e conta com o auxílio de outras
especialidades, como cirurgia, pediatria, patologia, radiologia, psiquiatria e outras. Portanto, na
Oncologia atual é de suma importância o tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos
(oncologistas, cirurgiões, radiologistas, radioterapeutas, patologistas...), enfermeiros, psicólogos,
nutricionistas, fisioterapeutas e muitos outros profissionais, devido à enorme complexidade da
doença e suas diferentes abordagens terapêuticas porque cada tipo de câncer tem seu
tratamento específico: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e outras inúmeras
possibilidades. Muitas vezes é necessária a combinação de vários tratamentos.
(http://www.oncoguia.com.br/site/interna.php?cat=2&id=474&menu=2)
5
“Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente do controle
do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro”
(Pérez-Tamayo, 1987; Robbins, 1984, citado por BRASIL, Manual de bases técnicas oncologia, p.
7)
-7-
estruturar para oferecer as ações e serviços que atendam a essa demanda
da população.
-8-
Até 1998 todos os medicamentos para câncer
(hormonioterápicos e imunobiológicos antineoplásicos de uso contínuo)
eram fornecidos em farmácias do SUS, por meio das Secretarias de Saúde e
dentro das normas estabelecidas para as políticas farmacêuticas, bastando
para tal que o cidadão apresentasse uma receita e um relatório de algum
médico, de consultório particular ou de hospital público ou privado.
-9-
Assim, em meados da década de 90 e procurando atender as
diretrizes e princípios estabelecidos pelo SUS, foi realizado um minucioso
trabalho de revisão de normas, procedimentos e da tabela da oncologia do
SUS, procedido pelas instâncias técnicas internas do Ministério da Saúde,
em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e seus membros
6
consultivos . A partir desse trabalho, foi instituída a Política Nacional de
Atenção Oncológica – PNAO no SUS. Não se constituía num projeto
acabado, mas se apresentava como um fórum democrático e com a
participação de especialistas do governo, das organizações técnicas ligadas
à área da cancerologia e organizações civis, na tentativa de esboçar uma
política pública que buscasse atingir o máximo de eficiência e que fosse
capaz de dar respostas efetivas ao integral atendimento aos pacientes com
câncer, com ênfase na prevenção, detecção precoce, diagnóstico,
tratamento, reabilitação e cuidados paliativos.
6
O INCA conta, desde 1992, com um Conselho Consultivo – CONSINCA -, formado por
entidades de âmbito nacional, representativas de vários setores, que contribui, de forma
decisiva, para elaboração de atos normativos relativos à estrutura e financiamento da atenção
oncológica no país. O CONSINCA é presidido pelo Diretor Geral do INCA. Em 2003, o Conselho
foi reformulado e ampliado, cabendo-lhe pronunciar-se, quando solicitado, sobre: a política de
controle do câncer; o desenvolvimento das ações de controle do câncer das entidades públicas e
privadas que integram o SUS, elaborando recomendações; a avaliação de projetos de incentivo, e
a supervisão e controle das ações de controle do câncer; a avaliação de estudos e pesquisas na
área de controle do câncer e os critérios de aprimoramento que permitam uma melhor
resolutividade, visando à incorporação de avanços científicos e tecnológicos
(http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=67). Na época da revisão das normas e tabelas
de procedimentos oncológicos realizado pelo Ministério da Saúde, o CONSINCA era formado
pelas seguintes instituições: Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), Sociedade Brasileira de
Cirurgia Oncológica (SBCO), Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Setor de
Radioterapia do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBT/RT), Fundação Oncocentro de São Paulo
(FOSP), Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer (ABIFICC),
Hospital AC Camargo, da Fundação Antonio Prudente, de São Paulo e Hospital Erastro Gaertner,
da Liga Paranaense de Combate ao Câncer (BRASIL, Manual de Bases Técnicas Oncologia –
SAI/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais, p.4)
- 10 -
posteriormente, a Política Nacional de Atenção Oncológica. Atualmente
toda a política pública na área da cancerologia e da oncologia está
desenhada a partir da Portaria GM/MS nº 2.439, de 08/12/2005, que
instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica (a ser implantada em
todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas
de gestão) e da Portaria SAS/MS nº 741, de 19/12/2005, que,
regulamentando a Portaria nº 2.439/2005, estabelece os contornos
conceituais e as diretrizes técnicas para a organização e implantação das
redes estaduais e ou regionais da atenção oncológica no SUS, além de
elencar as exigências e pressupostos para habilitação dos prestadores e
estabelecimentos de saúde que integrarão as referidas redes, no âmbito do
SUS.
- 11 -
Segundo a Portaria GM/MS nº 2.439/2005, a Política Nacional de
Atenção Oncológica compreenderá ações e serviços de promoção,
prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos,
devendo tais ações e serviços serem implementadas em todas as unidades
da federação, respeitadas as competências das três esferas de gestão.
- 12 -
planejamento de políticas públicas voltadas para o tratamento adequado,
no tempo certo e com chances de mais sucesso nesse tratamento.
7
Quimioterapia “é a forma de tratamento sistêmico do câncer que usa medicamentos
denominados genericamente de ‘quimioterápicos’ (sejam eles quimioterápicos propriamente
ditos, hormonioterápicos, bioterápicos, imunoterápicos, alvoterápicos) que são administrados
continuamente ou a intervalos regulares, que variam de acordo com os esquemas terapêuticos”
(BRASIL, Manual de Bases Técnicas Oncologia – SAI/SUS - Sistema de Informações
Ambulatoriais, p. 25).
8
Por sua vez, “a radioterapia é o método de tratamento local ou loco-regional do câncer, que
utiliza equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo humano, prévia e
cuidadosamente demarcadas. A radioterapia externa (roentgenterapia, cobaltoterapia e
radioterapia por acelerador linear) consiste na aplicação diária de uma dose de radiação,
expressa em centigray (cGy) ou em gray (Gy), durante um intervalo de tempo pré-determinado, a
partir de uma fonte de irradiação localizada longe do organismo (telerapia)”. (BRASIL, Manual
de Bases Técnicas Oncologia – SAI/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais, p. 61/62)
9
Item 2 do Anexo III da Portaria nº 741/2005.
- 13 -
as respectivas especialidades; g) odontologia; h) psiquiatria; e i) terapia
10
renal substitutiva .
A PNAO também traz cobertura para oferecimento de cuidados
11
paliativos aos pacientes com câncer , o que pode ser feita tanto na própria
estrutura hospitalar credenciada à rede estadual de oncologia ou, de forma
integrada, com outros estabelecimentos da rede de atenção à saúde,
devidamente reconhecido e formalizado perante o Gestor do SUS na
respectiva área de atuação dos prestadores e/ou credenciados.
10
Cf. Portaria SAS/MS nº 741/2005.
11
A Portaria SAS/MS nº 741/2005 dá os contornos para a prestação dos CUIDADOS PALIATIVOS,
ao assim estabelecer: “conjunto de ações interdisciplinares, associado ao tratamento oncológico,
promovido por uma equipe de profissionais da saúde voltado para o alívio do sofrimento físico,
emocional, espiritual e psico-social de doentes com prognóstico reservado, acometidos por
neoplasias malignas em estágio irreversível, que se dão em forma de: a) assistência ambulatorial
(incluindo o fornecimento de opiáceos); b) internações por intercorrências (incluindo
procedimentos de controle da dor); c) internações de longa permanência; e d) assistência
domiciliar”.
- 14 -
tipos de câncer. Portanto, resta analisar agora como a prestação desses
serviços está organizado no sistema público de saúde brasileiro.
- 15 -
A exemplo do que ocorre com todas as ações e serviços do SUS e
para que se possa alcançar os objetivos e metas traçados na Portaria
GM/MS nº 2.439/2005, a instituição da Política Nacional de Atenção
Oncológica deverá ser organizada de forma articulada pelos órgãos da
administração pública que representam os três entes federados que
compõem o Sistema Único de Saúde (Ministério da Saúde, Secretarias de
Saúde dos Estados e Secretarias de Saúde dos Municípios). Por sua vez,
deverá obedecer aos princípios e diretrizes constitucionalmente
estabelecidos para o SUS, de forma a se constituir, basicamente, por redes
estaduais ou regionais de atenção oncológica (formalizadas nos planos
estaduais de saúde), nas quais estejam contemplados os níveis
hierárquicos, bem como estabelecidos os fluxos de referência e
contrarreferência, possibilitando, assim, a plenitude de acesso e o
atendimento integral às ações e serviços de promoção, prevenção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos na área da
oncologia, a todos os brasileiros e residentes no país.
- 16 -
possível pensar na estruturação da rede estadual ou regional de atenção
oncológica sem levar em conta os níveis de atenção à saúde que integram o
Sistema Único de Saúde (SUS), pois as ações integradas, descentralizadas e
hierarquizadas é que permitirão o alcance dos objetivos e metas
estabelecidas, tanto para a redução do número de casos de câncer no país,
como para o oferecimento de tratamento universal e integral aos pacientes
que já foram diagnosticados com câncer.
- 17 -
12
dezembro de 2011 ) e os hospitais gerais (para realização de cirurgias
13
oncológicas) .
12
Conforme disposto no § 9º do art. 1º, da Portaria SAS/MS nº 62, de 11 de março de 2009.
13
Art. 1º da Portaria SAS/MS nº 361, de 25 de junho de 2007.
14
Portaria SAS/MS nº 741, de 19/12/2005.
- 18 -
após preenchidas as condições técnicas e os requisitos estabelecidos nos
normativos do SUS que regem essa matéria.
- 19 -
UNACON UNACON HG com Serviços isolados
UF CACON
com RT sem RT CO de RT
AC 0 1 0 0 0
AL 2 0 2 0 0
AP 0 0 1 0 0
AM 0 1 0 0 0
BA 1 5 5 0 4
CE 2 2 5 0 2
DF 1 1 1 0 1
ES 1 1 2 1 0
GO 1 1 3 0 0
MA 1 0 1 0 0
MT 0 2 2 0 0
MS 0 3 2 0 0
MG 3 18 9 0 1
PA 1 1 0 0 0
PB 1 1 2 0 0
PR 5 6 11 0 1
PE 0 2 7 0 0
PI 1 0 0 0 0
RN 1 0 4 0 0
RS 3 12 12 0 0
RJ 2 6 13 2 1
RO 0 1 0 0 2
RR 0 0 1 0 0
SC 1 5 8 0 2
SP 15 18 32 6 0
SE 0 2 0 0 0
TO 0 1 1 0 0
Total 42 90 124 9 14
Fonte: CGMAC/DAE/SAS/MS – maio/2011.
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No Estado do Rio Grande do Norte existem 5 (cinco)
estabelecimentos de saúde habilitados na área de Oncologia, sendo 01
(um) em Mossoró – o Centro de Oncologia e Hematologia – e 04 (quatro)
em Natal, conforme quadro abaixo:
TOTA
L MUNICÍPI
NOME CLASSIFICAÇÃO
GERA O
L
Hospital Dr. Luiz
Antônio – Liga Norte CACON com Serviço de
01 Natal
Riograndense Contra Oncologia Pediátrica
o Câncer
Natal Hospital
01 Center Natal UNACON
Hospital do Coração
01 Natal UNACON
de Natal Ltda
Centro de Oncologia
Mossoró
01 e Hematologia UNACON
COHM
- 21 -
serviços o sistema disponibilize o Tratamento Fora do Domicílio (TFD),
onerando, sobremaneira o SUS e também o usuário, que terá que se
deslocar do seu município para receber as aplicações de radioterapia em
outro município, muitas vezes distante do seu domicílio originário e por
período bastante prolongado.
- 23 -
Antes de adentrarmos ao procedimento utilizado pelo SUS para
autorização, habilitação e credenciamento dos estabelecimentos
hospitalares (UNACON, CACON e CRACON) que integrarão a rede estadual
ou regional de atenção oncológica, é necessário fazer a diferenciação
conceitual entre essas expressões, facilitando a compreensão de todo esse
processo.
15
Estas definições constam do Item 1 do Anexo I da Portaria SAS/MS n° 741/2005.
- 24 -
saúde para a prestação dos serviços da área da oncologia, conforme o perfil
que lhe for destinado. Neste contexto, o credenciamento se reveste da
16
condição de ato administrativo vinculado e complexo , na medida em que
o Gestor local deverá cumprir todo o procedimento estabelecido no item 2
do Anexo I da Portaria SAS/MS nº 741/2005, o qual impõe obrigações
próprias ao Gestor do SUS local (solicitação/aceitação de credenciamento,
vistorias in locu, documentação comprobatória de regularidade técnica e
de adequação às exigências de vigilância sanitária, parecer conclusivo
acerca do credenciamento, aprovação do credenciamento pela Comissão
Intergestores Bipartite - CIB, além de informação sobre o impacto
financeiro no custeio do estabelecimento credenciado) e, por
consequência, também determinando o cumprimento de obrigações aos
17
estabelecimentos para os quais se buscam o credenciamento , sem as
quais não será possível, sequer, dar sequência ao procedimento de
credenciamento ao SUS.
16
Neste sentido, buscam-se as definições delineadas por Hely Lopes Meirelles, quando assim
explicita: “Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e
condições de sua realização. Nesta categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase por
completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal, para validade da atividade administrativa. Desatendido qualquer
requisito, compromete-se a eficácia do ato praticado, tornando-se passível de anulação pela
própria Administração, ou pelo Judiciário, se assim o requerer o interessado” ( Direito
administrativo brasileiro, p. 143). Por sua vez, define o ato administrativo complexo como sendo
“o que se forma pela conjugação de vontade de mais de um órgão administrativo. [...] No ato
administrativo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de um mesmo ato; [...]
o ato complexo só se aperfeiçoa com a integração da vontade final da Administração e a partir
deste momento é que se torna atacável por via administrativa ou judicial; [...]” ( ob. cit., p. 148)
17
Os estabelecimentos hospitalares deverão comprovar além da regularidade jurídica, o
cumprimento de todas as exigências técnicas, na conformidade dos Anexos que integram a
Portaria SAS/MS nº 741/2005, de modo especial os contidos nos itens 4.1 a 4.4, do Anexo I, que
tratam das disposições gerais e específicas para o credenciamento de UNACON e CACON.
18
“No caso de processo formalizado por Secretaria de município em Gestão Plena do Sistema
Municipal de Saúde, deverá constar, além do parecer do Gestor Municipal, o parecer do Gestor
estadual do SUS, que será responsável pela integração da Unidade ou CACON à rede estadual e a
definição dos fluxos de referência e contra-referência dos pacientes” (item 2.4 do Anexo I, da
Portaria SAS/MS n° 741/2005)
- 25 -
encaminhará o formulário de vistoria devidamente preenchido e assinado
pelo Secretário Estadual de Saúde, diretamente para a Coordenação Geral
da Alta Complexidade Ambulatorial, da Secretaria de Atenção à Saúde do
Ministério da Saúde, onde será avaliado e, obtido avaliação favorável, será
encaminhado para publicação da habilitação.
- 26 -
quimioterapia e radioterapia), para prestação de serviços de atenção a
pacientes com câncer, devem estes oferecer todos esses serviços,
respaldando-os em diretrizes terapêuticas ancoradas nas melhores
práticas médicas, nas diretrizes terapêuticas dos manuais de oncologia
internacionais e do INCA, especialmente nas práticas reconhecidas pela
19
Medicina Baseada em Evidências (MBE) .
19
“A Medicina Baseada em Evidências é o uso consciente, explícito e judicioso das melhores
evidências atuais disponíveis para a tomada de decisões acerca do cuidado com os pacientes.
Isso exige mais do que entender a fisiopatologia da doença, ter experiência clínica (pessoal ou do
serviço) ou contar com a opinião de peritos (professores, palestrantes de congressos, autores de
capítulos de livros-texto bem-conceituados). Sempre que possível, as decisões devem ser
baseadas em evidências de investigações clínicas que quantificam benefícios, riscos e custos.”
(Bruce B. Duncan, Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseada em
evidências, p. 31)
- 27 -
20
A cada ano surgem inúmeras inovações tecnológicas nas diversas
21
áreas da saúde e, por consequência, na área da oncologia : são
equipamentos, insumos, antineoplásicos e mudanças nas diretrizes
terapêuticas. Muitas dessas inovações são logo absorvidas na prática
médica, dada a rapidez com que as informações hoje circulam ao redor do
mundo, fruto do avançado estágio em que se encontra a tecnologia da
informação e as redes sociais. Por sua vez, os investimentos nas
descobertas de novas tecnologias em saúde, especialmente no que diz
respeito à área farmacêutica, impõem um ônus aos destinatários dessas
inovações (o doente ou paciente), impactando os custos da saúde e
impondo aos gestores dos sistemas públicos de saúde uma tomada de
decisão acerca dos limites financeiros disponíveis para a cobertura dessas
tecnologias, bem assim o estabelecimento de critérios para sua
incorporação.
20
“Inovação tecnológica em saúde representa a aplicação de novos conhecimentos, que tanto
podem aparecer de forma concretamente incorporada num artefato físico (um equipamento,
dispositivo ou medicamento, por exemplo) quanto podem representar “ideias”, na forma de
novos procedimentos (ou práticas) ou de (re)organização dos serviços”. (BRASIL. Ciência e
Tecnologia em Saúde , p. 55).
21
“As últimas décadas têm presenciado um processo de transformação e de inovação tecnológica
sem precedentes na área da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de
50% de todos os avanços terapêuticos disponíveis hoje em dia não existiam há dez anos.
Anualmente, novas tecnologias médicas são colocadas à disposição do sistema de saúde e
incorporadas à prática clínica, muitas vezes sem uma avaliação sistemática sequer de sua
eficácia e segurança. Muitos serviços de saúde, em especial os de média e alta complexidade,
precisam ter uma abordagem regional, dado que a economia de escala é fundamental para um
funcionamento racional dessas unidades e para sua adequada manutenção econômica. Além
disso, a multiplicação desordenada e acrítica favorece a duplicidade de meios para fins
idênticos, transferindo custos desnecessários para a sociedade e gerando ineficiência do
sistema”. (BRASIL, Ciência e Tecnologia em Saúde, p. 52)
- 28 -
têm um grande desafio a cumprir, qual seja: construir e implementar
políticas públicas de saúde que venham atender essas duas diretrizes,
compatibilizando-as com os serviços e insumos lançados e
disponibilizados, cotidianamente, no mercado da saúde e os recursos
orçamentários disponíveis para a cobertura pública desses sistemas.
Assim, alguns questionamentos se impõem: Como esses sistemas têm
concebido a integralidade e a universalidade? Eles oferecem,
indistintamente, todo e qualquer serviço de saúde disponível no mercado
aos seus cidadãos? Quais os parâmetros utilizados para o estabelecimento
de cobertura nesses sistemas? É possível compatibilizar os agravos de
saúde da população com os orçamentos públicos, de maneira que não
sejam impostas restrições injustificadas ou fira direitos fundamentais ao
direito à saúde?
22
Ressaltando a impossibilidade dos sistemas públicos de saúde oferecerem todo e qualquer
inovação disponível em saúde, assim se manifesta Ana Paulo de Barcellos: “Como é corrente,
novas prestações de saúde estão em constante desenvolvimento (felizmente) a custos cada vez
maiores: parece inviável conceber um sistema público de saúde que seja capaz de oferecer e
custear, para todos os indivíduos, todas as prestações de saúde disponíveis. Com efeito, é difícil
imaginar que a sociedade brasileira seja capaz de pagar (ou deseje fazê-lo) por toda e qualquer
prestação de saúde disponível no mercado para todos os seus membros.” (Ana Paula de
Barcellos, O Direito à Prestações de Saúde: Complexidades, Mínimo Existencial e o Valor das
Abordagens Coletiva e Abstrata, p. 807)
23
As restrições aos serviços, medicamentos e às coberturas feitas pelos sistemas públicos de
saúde de diversos países da Europa e das Américas estão bem descritas no Documenta n° 19 do
CONASS. (BRASIL, O Sistema Único de Saúde e a qualificação do acesso, p. 51/54)
- 29 -
As principais condutas que vêm sendo utilizadas pelos países
que adotam sistema universal de saúde têm sido a instituição de um órgão
estatal responsável pela avaliação e incorporação das tecnologias em
saúde, bem assim o estabelecimento de critérios técnico-científicos para
subsidiar tanto a permissão de uso e comercialização desses produtos (no
âmbito interno), quanto a efetiva absorção e incorporação desses bens,
serviços e insumos para cobertura pelos sistemas públicos de saúde.
24
Por força da Lei nº 12.401/2011 , fora instituída a Comissão
Nacional de Incorporação de Tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS),
25 26
cuja composição e regimento deverão constar em regulamento a ser
aprovado pelo Ministro da Saúde, devendo contar com um representante
indicado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e um representante
indicado do Conselho Federal de Medicina (CFM), desde que especialista
na área. Para a composição desse novo órgão, o Ministério da Saúde deverá
absorver toda a experiência já sedimentada da antiga Comissão de
Incorporação de Tecnologia do Ministério da Saúde, fazendo apenas os
ajustes necessários e a ampliação determinada pela nova Lei nº
12.401/2011.
24
Regulamentada pelo Decreto n° 7.646, de 21/12/2011.
25
A Portaria GM/MS n° 204, de 07/02/2012, posteriormente alterada pelas Portarias GM/MS n°s
855, de 03/05/2012 e 1.842, de 28/08/2012, designou os membros da CONITEC.
26
A Portaria GM/MS n° 2.009, de 13/09/2012 aprovou o Regimento Interno da CONITEC.
- 30 -
5.1 Iniciativa
5.2 Formalização
27
Nesse sentido é o teor do § 2° do Decreto n° 79.094/77 quando explicita: “A comprovação do
valor real do produto, sob o ponto de vista clínico e terapêutico do novo medicamento, será feita
no momento do pedido de registro, por meio de documentação científica idônea que demonstre
a qualidade e segurança e a eficácia terapêutica. (NR) (Redação dada ao artigo pelo Decreto n°
3.961, de 10.10.2001, DOU 11.10.2001)”
- 31 -
medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão
da Administração Federal responsável pela regulação desse setor, seria
suficiente para garantir a incorporação, integração e distribuição nos
programas públicos de saúde existentes em nosso país, eis que os
fundamentos exigidos para cada uma dessas apreciações, em muito se
diferenciam: à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – caberia,
tão somente, a análise sobre a qualidade, segurança e a eficácia do
medicamento, ou seja, sua análise ficaria restrita à qualidade do
medicamento (através de análise farmacêutica que inclui a verificação de
todas as etapas de fabricação do medicamento), à segurança na utilização
do medicamento (se o uso do fármaco traz mais benefícios do que efeitos
colaterais ao paciente), bem assim se há estudo comprovante que o
medicamento tem eficácia no combate à doença para a qual está sendo
pedido registro para comercialização, conforme disciplinado no inciso IX
do artigo 7º da Lei Federal nº 9.782/99, no artigo 3º, inciso IX, do Decreto
3.029/99 e no § 2° do art. 20 do Decreto 79.094/77.
- 32 -
5.3 Finalização do procedimento de formalização dos Protocolos Clínicos e
Diretrizes Terapêuticas no SUS
- 33 -
Incorporação, esta será fundamentada em parâmetros técnicos, jurídicos
ou econômicos, possibilitando o conhecimento dos fundamentos que o
levaram a tal decisão.
28
BRASIL, Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas: v. 2, p. 10.
29
Acerca da importância dos protocolos clínicos para o uso racional dos recursos disponíveis e
como facilitador do acesso na assistência à saúde: “Além de nortearem uma assistência médica e
farmacêutica efetiva e de qualidade, os PCDTs auxiliam os gestores de saúde nas três esferas de
governo, como instrumento de apoio na disponibilidade de procedimentos e na tomada de
decisão quanto à aquisição e dispensação de medicamentos tanto no âmbito da atenção
- 34 -
Portanto, todas as fases acima elencadas são essenciais à
incorporação de nova tecnologia no SUS (ou em qualquer outro sistema
público de saúde), seja em razão da garantia e da segurança no uso destas
inovações tecnológicas, seja no sentido de possibilitar a correta utilização e
racionalização dos recursos disponíveis à promoção da saúde no país.
- 38 -
Como a Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO) integra
o Bloco da Média e Alta Complexidade do SUS, todo e qualquer pagamento
relacionada a esta política pública advém dessa rubrica orçamentária. Já
foi visto, anteriormente, que o Bloco da Média e Alta Complexidade é
composto por ações e serviços que envolvem alta tecnologia e alto custo,
consequentemente, há um dispêndio financeiro compatível com as ações e
serviços desse componente do sistema público de saúde. No âmbito do
SUS, esse bloco é bastante amplo e contempla inúmeras ações e políticas
tanto do setor secundário, quanto do terciário da assistência à saúde.
35
Na média e alta complexidade o FAEC destinará recursos financeiros para as seguintes ações e
serviços de saúde no SUS: “Art. 16. O Componente Fundo de Ações Estratégicas e Compensação
– FAEC, considerando o disposto no artigo 15, será composto pelos recursos destinados ao
financiamento dos seguintes itens:
I - procedimentos regulados pela Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade –
CNRAC;
II - transplantes e procedimentos vinculados;
III - ações estratégicas ou emergenciais, de caráter temporário, e implementadas com prazo pré-
definido; e
IV - novos procedimentos, não relacionados aos constantes da tabela vigente ou que não
possuam parâmetros para permitir a definição de limite de financiamento, por um período de
seis meses, com vistas a permitir a formação de série histórica necessária à sua agregação ao
Componente Limite Financeiro da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar – MAC.
§ 1º Projetos de Cirurgia Eletiva de Média Complexidade são financiados por meio do
Componente FAEC, classificados no inciso III do caput deste artigo”. (PORTARIA GM/MS nº
204/2007)
- 39 -
Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, conforme a Programação Pactuada e Integrada, publicada
36
em ato normativo específico” . Para o estabelecimento do valor financeiro
que integrará o Teto MAC de uma determinada unidade federativa, são
considerados entre outros elementos: a série histórica da produção
ambulatorial e hospitalar, a população residente e a capacidade instalada
da respectiva unidade da federação. Por sua vez, os recursos FAEC são
distribuídos e liberados conforme a produção informada por cada uma das
37
unidades federativas , embora estes recursos tenham sido criados com
previsão de serem gradativamente incorporados ao Componente Limite
Financeiro MAC dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (caput
do art. 14 da Portaria GM/MS nº 204/2007).
36
§ 2º do art. 14 da PORTARIA GM/MS nº 204/2007.
37
Os recursos do FAEC podem ser utilizados para cobertura dos seguintes procedimentos ligados
à PNAO: “Mamografia bilateral para rastreamento, Radioterapia estereotáxica fracionada,
Quimioterapia do tumor do estroma gastrointestinal avançado, Quimioterapia de carcinoma do
fígado ou do trato biliar avançado, Quimioterapia de neoplasia maligna do timo avançada,
Quimioterapia da leucemia mieloide crônica em fase blástica - marcador positivo - sem fase
crônica ou de transformação anterior (1ª linha), Quimioterapia da leucemia mieloide crônica em
fase crônica - marcador positivo - 1ª linha, Quimioterapia de leucemia mieloide crônica em fase
de transformação - marcador positivo - sem fase crônica anterior (1ª linha), Quimioterapia de
leucemia mieloide crônica em fase crônica - marcador positivo - 2ª linha, Alcoolização
percutânea de carcinoma hepático,Tratamento de carcinoma hepático por radiofreqüência,
Quimioembolização de carcinoma hepático”. (BRASIL, Assistência de Média e Alta
Complexidade no SUS, p. 37/41)
- 40 -
38
Orçamentária (FPO) , na qual são previstos, em termos quantitativos e de
disponibilidade orçamentária, os procedimentos que estarão cobertos e a
referência de cada prestador ou contratado do sistema, para fins de oferta e
prestação dos serviços aos usuários que deles necessitarem.
38
“A programação dos procedimentos tem por objetivo garantir a oferta de serviços aos usuários
do SUS, levando em conta a necessidade da população (parâmetros de cobertura), a capacidade
instalada da unidade (recursos humanos e equipamentos registrados no CNES) e a
disponibilidade de recursos financeiros do gestor para a cobertura do que está sendo
programado”. (BRASIL, Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS, p. 44)
- 41 -
do SUS ou de prestadores sem fins lucrativos; ou quando mesmo existindo
esses prestadores, estes não conseguem atender à demanda da oncologia
em uma determinada área geográfica.
39
Tudo isto conforme previsto na Portaria GM/MS nº 1792/2004.
- 42 -
40
(APAC) - em se tratando de atendimentos realizados em nível
41
ambulatorial – ou por Autorizações para Internação Hospitalar (AIH) –
relativamente aos serviços executados em caso de internação hospitalar.
40
“Apac é, ao mesmo tempo, instrumento de coleta de dados, cobrança de procedimento, de
autorização e de informações epidemiológicas importantes. [...] Atualmente a Apac é emitida por
sistemas informatizados na maioria dos estados, não sendo mais necessária a confecção de
impressos, cuja responsabilidade era do gestor estadual”. (BRASIL, Assistência de Média e Alta
Complexidade no SUS, p. 44)
41
“O SIH/SUS, utilizado para o registro das internações, é também um sistema informatizado, de
envio obrigatório para todos os gestores que tenham serviços públicos ou privados sob sua
gestão. O instrumento de coleta de dados é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH),
documento emitido após análise do laudo de solicitação de internação. Até março de 2006, o
processamento das informações do SIH era centralizado no Datasus e, a partir de abril de 2006,
compete ao gestor estadual ou municipal o processamento por meio do Sistema de Informações
Hospitalares Descentralizado (SIHD)”. (BRASIL, ibidem, p. 44)
- 43 -
privados daquela instituição, gerando uma espécie de remuneração
indireta pelo SUS para aquele dado estabelecimento de saúde.
- 45 -
Por outro lado, a comparação com o ano de 2010 mostra o reflexo tanto do
crescimento dos investimentos que o SUS vem fazendo na oncologia,
como chama à atenção para o fato de que as tendências de aumento do
número de pacientes com câncer no Brasil só contribuem para que as
escalas de investimentos busquem acompanhar essas tendências, quais
sejam, quanto mais pessoas são acometidas por câncer no país, maiores
serão os gastos do sistema público de saúde para oferecer um atenção
integral à saúde desses cidadãos.
- 47 -
tratamento indicado, conforme as condutas adotadas naquele
hospital (credenciado ao SUS);
c) O paciente é submetido ao tratamento indicado, inclusive
recebe do hospital credenciado ao SUS os quimioterápicos que
irá fazer uso;
d) O médico preenche o laudo de solicitação de autorização
para cobrança do procedimento do SUS e o encaminha ao gestor
local (Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde);
e) O gestor autoriza a cobrança conforme as normas
vigentes do Ministério da Saúde e fornece ao hospital ou serviço
isolado um número de APAC;
f) O hospital ou serviço isolado de quimioterapia cobra do
SUS no final do mês o valor mensal do respectivo tratamento;
g) O SUS paga ao hospital ou serviço isolado de
quimioterapia o valor relativo ao procedimento.
A novel lei tem apenas 5 (cinco) artigos e tem sido apontada não
apenas como um inovador instrumento legislativo, mas também como
uma lei que trará benefícios diretos para os usuários do SUS, na medida em
que prevê o estabelecimento de parâmetros temporais para o início do
tratamento do câncer no sistema público de saúde brasileiro.
42
ACÓRDÃO Nº 2843/2011 – TCU – Plenário
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constitucionais do SUS e da Lei nº 12.401/2011; d) retoma a questão dos
cuidados paliativos com os pacientes acometidos por manifestações
dolorosas advindos de neoplasia maligna, ocasião em que para estes
elegeu um tratamento prioritário e gratuito quanto ao acesso às
prescrições e dispensações de analgésicos opiáceos ou correlatos; e) impôs
aos gestores do SUS, direta ou indiretamente, as penalidades
administrativas em caso de descumprimento da referida lei; e f) instou os
gestores do SUS a produzir planos regionais para expansão e atendimento
aos pacientes com câncer.
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Como já explicitado anteriormente, apesar do SUS não possuir na
política de oncologia a dispensação isolada de medicamentos como eixo
principal, tal política pública apresenta exceção nesse particular, a
exemplo do que ocorreu com o MESILATO DE IMATINIBE (GLIVEC®),
para tratamento de Tumor de Estroma Gastrointestinal (GIST) e Leucemia
43
Mielóide Crônica (LMC) , no qual o Ministério da Saúde, por questão de
controle e de ajuste de preço com o fornecedor, entendeu por centralizar a
compra desse fármaco, fazendo-se a distribuição aos prestadores, por meio
dos órgãos da Assistência Farmacêutica dos Estados-Membros.
43
Nesse sentido, consultar o teor do Ofício Circular Conjunto nº 01/2011/DAF/SCTIE e DAE/SAS,
de 28 de fevereiro de 2011.
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1000.
44
Conforme Ofício Circular Conunto nº 006/2012/DAF/SCTIE e DAE/SAS, de 22 de outubro de
2012. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1000.
- 51 -
técnica do Ministério da Saúde encaminha os medicamentos ao órgão
estadual da assistência farmacêutica do SUS, que faz a distribuição aos
CRACONs, CACONs ou UNACONs de sua área de execução geográfica.
45
idem
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CICLO QUIMIOTERÁPICO – Os quimioterápicos de um esquema
terapêutico podem ser aplicados por dia, semana, quinzena, de 3/3
semanas, de 4/4 semanas, 5/5 semanas ou de 6/6 semanas. Quando se
completa a administração do(s) quimioterápico(s) de um esquema
terapêutico, diz-se que se aplicou um ciclo. Portanto, a QT é aplicada em
ciclos que consistem na administração de um ou mais medicamentos a
intervalos regulares.
- 53 -
grupo são aquelas que, pelo conhecimento atual, são passíveis de cura
definitiva.
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TRATAMENTO DE SUPORTE – Constitui um grupo especial de
medicamentos utilizáveis para auxílio no tratamento dos doentes com
câncer, embora não exerçam influência direta sobre as neoplasias. A sua
utilização depende do(s) quimioterápico(s) utilizado(s) e, também, da dose
em que eles são aplicados. Entre estes podem ser citados: corticoides,
analgésicos, anti-inflamatório, diuréticos, antibióticos, antifúngicos de
finalidade profilática.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
FRANCO, Luis Felipe Galeazzi. Lei estabelece prazo para tratar paciente
com câncer. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2013-jan-09/luis-
felipe-franco-lei-estabelece-prazo-para-tratar-paciente-com-câncer.
- 56 -
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Decreto 3.029/99
Lei Federal n.º 8.080/90
Lei Federal nº 9.782/99
Lei Federal nº 12.401/2011
Portaria Interministerial MEC/MS n.º 1000, de 15 de abril de 2004
Portaria GM/MS n° 1.665, de 13 de setembro de 2002
Portaria GM/MS nº 1792, de 15 de junho de 2004
Portaria GM/MS nº 2.439, de 08 de dezembro de 2005
Portaria GM/MS nº 204, de 29 de janeiro de 2007
Portaria SAS/MS n.º 184, de 16 de outubro de 1998
Portaria SAS/MS nº 741, de 19 de dezembro de 2005
Portaria SAS/MS n° 757, de 27 de dezembro de 2005
Portaria SAS/MS nº 361, de 25 de junho de 2007
Portaria SAS/MS n° 466, de 20 de agosto de 2007
Portaria SAS/MS n° 469, de 19 de maio de 2008
Portaria SAS/MS nº 62, de 11 de março de 2009
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=41180.
http://www.cito.med.br/?menu=artigos&idcat=8&idmenu=82&idartigos=5
72.
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