Você está na página 1de 31

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA II

AULA 10 – CONVERSORES CC-CC


CUK E SEPIC

Prof. Marcio Kimpara

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul


FAENG – Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia
Nota
• Até o momento foram estudadas as três topologias clássicas de
conversores CC/CC não isolados (Buck, Boost e Buck-Boost), além de
outras duas topologias isoladas (forward e flyback), também clássicas;

• Existem diversas outras topologias de conversores CC/CC (isolados e


não isolados) que foram derivadas das topologias clássicas;

• O objetivo desta aula é apresentar duas topologias populares de


conversores CC/CC, o conversor CUK e o conversor SEPIC;

• Contudo estes conversores não serão abordados com o mesmo


detalhamento dos demais. O objetivo é apresentar o circuito, entender
as etapas de operação e identificar as características que os
diferenciam dos demais conversores

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 2


Nota
Já vimos em outras aulas que a chamada “célula canônica”
forma a base para análise de circuitos chaveados, porém a
transferência de energia forma os fundamentos para definir
os blocos de cada conversor.

Essencialmente o conversor Buck é visto como um conversor de TENSÃO para


CORRENTE, o conversor Boost de CORRENTE para TENSÃO. O conversor Buck-
Boost por fim é visto como conversor de TENSÃO-CORRENTE-TENSÃO.

O conversor CUK que veremos a seguir, se encaixa no grupo dos que convertem
CORRENTE-TENSÃO-CORRENTE.

Qualquer outro conversor DEVE pertencer a um dos grupos citados acima, a


menos que os estágios de chaveamento sejam aumentados.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 3


De modo geral... Diferentes formas de operá-los:

Não Isolados Isolados 1. Controle por PWM (pulso


variável) ou por frequência
1. Boost 1. Flyback variável
2. Buck-Boost 2. Forward 2. Controle digital ou analógico
3. Buck 3. Push-pull 3. Modo de condução contínuo
4. CUK 4. Half-bridge ou descontínuo*
5. SEPIC 5. Full-bridge 4. Controle de tensão ou
. .
.
controle de corrente
.
. . 5. “soft-switching” (ZVS ou ZCS)

* Modo contínuo: preferencial • Indutor pequeno


Pós: • Não há necessidade de
* Modo descontínuo: garantir carga mínima
• Corrente de carga pequena;
• Capacitor maior
• Indutância pequena (menor que a crítica);
Contras: • Ganho estático dependente
• Frequência baixa;
de carga e frequência;
• Duty cicle pequeno.
• maior ruído
Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 4
Conversores Clássicos – Principais Características
Buck
• Corrente de entrada pulsada, requer filtro de entrada;
• Corrente de saída contínua resultando num ondulação baixa na tensão de saída
(capacitor menor);
• Tensão de saída é sempre menor que a tensão de entrada (ou no máximo igual)

Boost
• Corrente de entrada constante, dispensa filtro de entrada;
• Corrente de saída pulsada resultando num ondulação na tensão de saída maior
(capacitor maior);
• Tensão de saída é sempre maior que a tensão de entrada (ou no mínimo igual)

Buck-Boost
• Corrente de entrada pulsada, requer filtro de entrada;
• Corrente de saída contínua resultando num ondulação baixa na tensão de saída
(capacitor menor);
• Tensão de saída é sempre menor que a tensão de entrada.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 5


Como são as correntes de entrada e saída dos
conversores?

Conversor
CC/CC

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 6


Corrente de entrada e saída dos conversores

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 7


Correntes ruidosas  necessidade de filtros

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 8


Existe um conversor que apresenta correntes pouco
ruidosas tanto na entrada quanto na saída?

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 9


O conversor elevador-abaixador

Vin CONVERSOR VAB CONVERSOR


BUCK BOOST Vo

BUCK-BOOST

Vin CONVERSOR VAB CONVERSOR Vo


Conversor
BOOST BUCK
CUK
B

O conversor Cuk (assim nomeado devido ao seu inventor) essencialmente é


um conversor Boost seguido por um conversor Buck, com um capacitor para
acoplamento de energia.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 10


O conversor CUK
• Principal vantagem: combina as características boas dos
conversores Buck e Boost em termos de filtragem nas correntes de
entrada e saída e ainda possui a capacidade de elevar ou abaixar a
tensão, como no conversor Buck-Boost;

• Apresenta inversão de polaridade na tensão de saída em relação à


de entrada (similar ao conversor Buck-Boost clássico);

• A transferência de energia entre entrada e saída ocorre através de


um capacitor de acoplamento;

• Possui dois indutores e dois capacitores

• Controle mais complexo;

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 11


Boost Buck
L D L
S

Vin C C
D Vo
S

Considerando, num primeiro instante, ambas as chaves funcionando


simultaneamente e posteriormente ambos os diodos em operação simultânea,
tem-se os seguintes estágios topológicos (circuitos equivalentes para cada
intervalo):
L1 L2 L1 L2

Vin Vin C C
C C Vo
Vo

Invervalo S  ON Invervalo S  OFF


D  OFF D  ON
Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 12
Circuito do conversor CUK
L Cc L

Vin Co
D
Vo
S

• Transferência de energia através de Cc;

• O capacitor Cc é assumido grande suficiente para que a tensão Vc


possa ser consideranda constante em regime permanente;

• Os indutores na entrada e na saída asseguram que as correntes não


sejam pulsadas;

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 13


O conversor CUK
L C L
Primeiro Estágio: S  ON

Vin
D C
Vo
• Diodo D fica reversamente
S
polarizado com tensão VCc;

• A corrente e a energia
armazenada em L1 cresce
através da potência drenada
iL1
Vc
iL2 da fonte de entrada
C

• A corrente e a energia
Vin Co armazenada em L2 cresce
Vo
através da energia drenada do
iCo
io capacitor Cc

Circuito equivalente da etapa 1 • O capacitor Cc descarrega

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 14


O conversor CUK
L C L Segundo Estágio: S  OFF

Vin
D C
Vo
• A corrente e a energia
armazenada em L1 decresce
S
devido à energia entregue a Cc

• A corrente e a energia
armazenada em L2 decresce
devido à energia entregue a
+ Vc - Co e à carga
iL1 iL2
C

• O capacitor Cc carrega
Vin Co
Vo

iCo
io

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 15


Tensão no capacitor Cc

VL1 VCC VL2


L Cc L

Vin Co
D
Vo
S

Aplicando a Lei de Kirchhoff das tensões na malha externa (em azul):

Vin  VL1  VCc  VL 2  Vo  0


VCc  Vin  Vo

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 16


Tensão nos indutores
iL1 iL2
C iL1
C iL2

Vin Co Vin
Vo Co
Vo
iCo
io iCo
io

PRIMEIRA ETAPA SEGUNDA ETAPA

VL1  Vin VL1  Vin  VCc


VL 2  VCC  Vo  0  
  VL1  Vin  Vin  Vo 

  
VL 2  VCc  Vo  Vin  Vo   Vo
  VCc 
  
VL1  Vo
 VCc 
VL 2  Vin VL 2  Vo

Portanto as tensões sobre os indutores são iguais entre si,


mas diferem entre uma etapa e outra

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 17


Balanço Volts-segundos
VL (t)
Note que o balanço
D.Ts volts-segundos pode ser
Vin
aplicado sobre qualquer
indutor uma vez que
ambos possuem a
 Vo t mesma tensão nas
(1  D).Ts etapas 1 e 2.

Vin .D.Ts    Vo .1  D .Ts I L (t )


iL1
Vo D
 I in
Vin 1  D
iL2

De modo semelhante, o balanço Io


de potência nos dá:
I in D

Io 1 D

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 18


Corrente no capacitor de acoplamento
I L (t )
iL1

I in

iL2
Io

Aplicando o Balanço corrente-


segundos para o capacitor Cc
ICc (t)
iL1
i in  I o .D.TS  I in 1  D .TS  0
I in 1  D   I o .D
-iL2
I in D

 io I o 1  D 

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 19


Projeto do conversor
I L (t )
Calculo dos indutores iL1

I in
Selecionado para oscilação de
corrente (∆iL) em torno de 10 - Io
iL2

20% do valor médio (iin ou iout)

Para o instante ton: Para o instante toff: i


I L1_ máx  I in  L1
iL iL 2
L  Vin L  Vo iL 2
D.T  1  D   T I L 2 _ máx  I o 
2
Vin  D  T Vo  1  D   T
L L
iL iL Os indutores podem ser
acoplados, isto é, enrolados
no mesmo núcleo.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 20


Projeto do conversor
Capacitor de saída
Dimensionado de forma idêntica ao do conversor Buck.
I L 2 .D iL 2
C ou C
Vo . f S 8  Vo  f S

Capacitor de acoplamento

VCc  Vin  Vout


Cc é dimensionado para permitir
um certo nível de oscilação VCc,
por exemplo 10%.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 21


Projeto do conversor

Capacitor de acoplamento
ICc (t)
iL1
dVCc i in
iCc  CC 
dt
-iL2
No intervalo de S ON
 io
io  D  T
VCc  Desconsiderando o ripple de corrente
CC ICc (t) no indutor
io  D  T i in
CC 
VCc

 io

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 22


Projeto do conversor

Semicondutores

MOSFET

Tensão reversa: VS  Vin  Vo

Corrente de pico: iS  iL1  iL 2 máx

DIODO

Tensão reversa: VD  Vin  Vo

Corrente de pico: iD  iL1  iL 2 máx

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 23


CONVERSOR SEPIC

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 24


O conversor SEPIC básico é uma modificação das topologias básicas do BOOST
e CUK.
iin VL1 D iout

L1 Conversor
Vin
S
C Vout Boost

VCc
iin VL1 Cc D iout
Conversor
L1
Vin SEPIC
S VL2 Co Vout
L2

VCc
Cc

L2 VL2

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 25


Conversor SEPIC
VCc
iin VL1 Cc D iout

L1
Vin
S VL2 Co Vout
L2

Nomenclatura oficial: SEPIC = Single Ended Primary Inductor

Nomenclatura não-oficial: SEPIC = SEcondary Polarity Inverted Cuk

 O SEPIC também é basicamente um conversor BOOST-BUCK como o


conversor CUK (o estágio Boost vem primeiro, seguindo pelo estágio Buck),
podendo elevar ou abaixar a tensão

 A diferença é que no SEPIC a tensão de saída tem a mesma polaridade da


tensão de entrada

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 26


1ª Etapa – Chave fechada

Vin -(Vin+Vo) Em regime permanente:


Vin Cc
iin iout
D Lei Kirchhoff das tensões
L1
Vin L2 iout VS  VCc  VD  Vo  0
iL1 icc
VL2 Co
VD  Vin  Vo 
Vout
S
iL2

I L1  I in
I Cc  I L 2

• As correntes iL1 e iL2 são crescentes (indutores estão carregando);


• Cc está carregando o indutor L2 (então Cc está descarregando);
• Co abastece a carga enquanto a chave está fechada (capacitor Co está
descarregando)

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 27


2ª Etapa – Chave aberta

Vin Em regime permanente:


Vout Cc
iin iout
D
Lei Kirchhoff das tensões
L1
Vin ico
iL2
Vo Co Vout
Vin  VL1  Vin  Vo  0
L2
S VL1  Vo

VL 2  V0  0 Inversão de
VL 2  Vo polaridade

• As correntes iL1 e iL2 são decrescentes (indutores estão descarregando);


• Cc está sendo carregado por L1;
• Co é carregado por L2.

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 28


Ganho estático
 D 
VL1_ méd  Vin  D.T   Vo 
. 1  D .T  0 Vo  Vin   
    1 D 
chave fechada chave aberta

Corrente no indutor L2
Valores médios

+ Vin –
I in + 0 – 0 Iout Iout
L1 + +
Cc Iout Vout
Vin 0
I in L2 Co 0
– –

iL2

Iméd = Iout
ΔI
0

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 29


Correntes no MOSFET e Diodo

+ v Cc –
iin + v L1 – Iout
L1 + +
Cc Vout
Vin v L2
L2 –
Co

iL1 + iL2
MOSFET Diode iL1 + iL2

0 0
Chave Chave
fechada aberta

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 30


Capacitor de acoplamento

+ Vin – + Vin – – (Vin + Vout) +


iin Iout
L1 – +
Cc Vout
Vin Vin
L2 Co Iout
+ –

+ Vin –
iin – Vout + Iout
L1 + +
Cc Vout Vout
Vin
L2 Co
– –
iCc
Chave fechada, ICc = −IL2
2Iin
Chave
Chave aberta, ICc = IL1 fechada
0 Chave
aberta
−2Iout

Prof. Marcio Kimpara – UFMS/FAENG Eletrônica de Potência II 31

Você também pode gostar