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Método de Análise de Taludes Reforçados sob

Condições de Trabalho

Método de Análisis de Taludes Reforzados bajo Condiciones de Trabajo


Working Stress Analysis Method for Reinforced Soil Slopes

Bruno Teixeira Dantas, M.Sc.


Professor Assistente, Universidade Tuiuti do Paraná
Maurício Ehrlich, D.Sc.
Professor Adjunto, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo. Neste trabalho, desenvolve-se um método analítico fechado para o dimensionamento interno de estruturas
de solo reforçado de inclinação qualquer baseado em condições de trabalho. Mostra-se a importância da consideração
da compactação e da rigidez relativa solo-reforço na análise e projeto deste tipo de estrutura. A comparação com os
resultados de análises numéricas mostrou a boa capacidade de previsão do método. Um procedimento para a determinação
da tensão vertical no talude foi desenvolvido baseado na posição dos pontos de tração máxima. O método pode ser
aplicado através de equações ou de ábacos adimensionais. Um exemplo de dimensionamento é fornecido.

Resumen. En este trabajo, se desarrolla un método analítico cerrado para el dimensionamiento interno de
estructuras de suelo reforzado de cualquier inclinación bajo condiciones de trabajo. Se muestra la importancia
de la consideración de la compactación y de la rigidez relativa suelo-refuerzo en el análisis y proyecto de este
tipo de estructura. Con base en estudios numéricos, se desarrolló un procedimiento para la determinación de la
tensión vertical aplicada en los puntos de máxima tracción en el refuerzo. Se demuestra la buena capacidad de
previsión del método a través de comparación de resultados obtenidos analiticamente y a través de análisis
numéricos. El método puede ser aplicado a través de ecuaciones o utilizando ábacos adimensionales. Un ejemplo
de dimensionamiento es mostrado

Abstract. This work presents a closed form analytical method for the internal design of reinforced soil slopes based
on working stresses. It is shown that compaction and relative soil-reinforcement stiffness are important factors to be
considered in the analysis and design of these structures. Good predictive capability of the proposed method was
demonstrated by comparison with finite elements analyses. A procedure based on the position of the maximum
reinforcement tension point was developed to determine the overburden stress on reinforced slopes. The method can be
applied either through equations or using design charts. A design example is included.

1. Introdução mento empírico tem a limitação intrínseca de ser


aplicável somente a casos similares aos que o fun-
Um grande número de procedimentos para di- damentam.
mensionamento de estruturas de solo reforçado Um outro enfoque é baseado na análise limite
vem sendo desenvolvido nas últimas décadas. (Juran e Chen, 1989; Juran et al., 1990) ou no
Os métodos convencionais de análise e projeto método do equilíbrio limite (Leshchinsky e Boe-
são essencialmente baseados em fundamentação deker, 1989; Jewell, 1991). Trata-se de procedi-
empírica, como resultado de observações de campo mentos bastante elaborados para determinar as
e modelos em laboratório (Mitchell e Villet, 1987; condições de ruptura da massa. Zornberg et al.
Christopher et al., 1990). Entretanto, todo procedi- (1998a) mostra que, mesmo baseados em diferentes

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hipóteses, diversos métodos de equilíbrio limite 2. Análise de Estruturas de Contenção


tendem a apresentar pequenos desvios nos resul- de Solo Reforçado
tados, quando utilizada uma distribuição uniforme
de tração com a profundidade. No entanto, tais A análise da estabilidade interna de uma estru-
métodos são incapazes de levar em consideração tura de solo reforçado passa pela determinação da
fatores de importância no comportamento da massa tensão máxima atuante nos reforços, que é o aspecto
reforçada, tais como a compactação do solo e a mais importante nesta etapa de projeto. Esta tensão
rigidez relativa solo reforço. é decorrente da interação solo-reforço, que pro-
Uma outra abordagem baseia-se no equilíbrio move a transferência de esforços, seja por atrito ou
da estrutura nas condições de trabalho (Adib, 1988; por resistência passiva, do solo para o reforço.
Ehrlich e Mitchell, 1994). Nestes procedimentos Dividindo-se a massa em zona ativa (instável) e
tem-se a complexa modelagem do estado de tensões zona resistente (estável), Fig. 1, a estabilidade da
e deformações do solo e do reforço, envolvendo a primeira está assegurada desde que, sob ação das
interação de dois elementos, além da influência do cargas, não haja ruptura por tração do reforço e o
processo construtivo, destacando-se o efeito da embutimento na zona resistente seja suficiente para
compactação, induzindo tensões e deformações no evitar o seu arrancamento.
corpo do aterro. No entanto, a formulação analítica
desenvolvida por Adib (1988) e Ehrlich e Mitchell 2.1. Equilíbrio interno
(1994) é restrita apenas a taludes verticais. Considera-se que cada reforço é responsável
Neste trabalho, apresenta-se um novo método pelo equilíbrio horizontal da camada correspon-
de análise baseado em condições de trabalho, apli- dente na zona ativa de espessura Sv e largura Sh, Fig.
cável a taludes de inclinação qualquer, desenvol- 1, onde Sv e Sh são os espaçamentos vertical e
vido por Dantas (1998). A abordagem utilizada no horizontal entre reforços adjacentes, respectiva-
desenvolvimento deste método é similar à adotada mente. Admite-se que os esforços internos dessa
por Ehrlich e Mitchell (1994). Trata-se de um pro- camada são os atuantes na região ABCD da Fig.1.
cedimento analítico desenvolvido sob forma de A inclinação da face da estrutura leva a uma
equações fechadas, que permite levar em conside- redução da tração máxima a ser suportada pelos
ração explicitamente a influência da compactação reforços, em relação a uma mesma estrutura com
do solo e da rigidez relativa solo reforço. face vertical. Neste caso, a hipótese adotada por
Análises numéricas (Dantas, 1998) foram utili- Ehrlich e Mitchell (1994) de se considerar nula a
zadas para verificar as hipóteses adotadas no desen- resultante das tensões cisalhantes atuantes ao longo
volvimento analítico e indicaram uma boa de AB e DC, → FAB e →
FDC, respectivamente, não se
capacidade de previsão do método. apresenta válida.

Figura 1. Equilíbrio interno de uma estrutura de solo reforçado de inclinação qualquer.

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FAB + →
FDC ≠ 0 (1) 90 − ω
δc = (5)
2
Considerou-se, no desenvolvimento do método, δ=
que a resultante das tensões cisalhantes é equiva-
δd = 0,90 . δc
lente à tensão τxzEC, atuante ao longo de EC, devido
à diferença de comprimento entre AB e DC. No onde: σx = tensão horizontal atuante no ponto de
caso de taludes verticais, tal resultante é nula já que máxima tensão; K = coeficiente de empuxo lateral
os pontos E e C são coincidentes. Dessa forma, a no nível do reforço considerado; σz = tensão verti-
Eq. 2 pode ser representativa das condições de
cal atuante no ponto de máxima tensão; δc = ângulo
equilíbrio da fatia, Fig. 1. Trata-se, esta hipótese, de
que os planos principais fazem com a horizontal ou
um procedimento simplificador que levou a bons
vertical no carregamento, resultante de θ = (ω + φm)/2
resultados quando cotejados com obtidos por via
numérica (Dantas, 1998). (θ = ângulo da superfície potencial de ruptura,
___ adotado, por simplificação, idêntico ao correspon-
T − Sv . Sh . (σh)méd + EC . Sh . τszEC = 0 (2) dente à condição ativa de Rankine); φm = ângulo de
atrito mobilizado no solo; e δd = ângulo que os
onde: T = tração máxima no reforço; τxzEC = tensão planos principais fazem com a horizontal ou verti-
cisalhante no solo atuante ao longo de EC; cal no descarregamento, considerado de forma a
(σh)méd = tensão horizontal média no solo entre zm melhor representar os resultados das análises numé-
e zn atuando no plano vertical normal ao reforço no ricas (Dantas,1998).
ponto de tração máxima; EC = comprimento entre
A tensão τxz pode ser escrita como:
os pontos E e C da Fig. 1 (EC = Sv/tan ω); e
ω = ângulo de inclinação da face da estrutura com σz
τxz = . ( 1 − K ) . tan2δ (6)
a horizontal. 2
A tensão cisalhante τxzEC não é facilmente
A Eq. (4) pode, então, ser escrita como:
obtida diretamente por via analítica. Considerou-se
τxzEC como função da tensão cisalhante no solo T − Sv . Sh . K . σz + Sv . Sh . f . σz .
atuante no ponto de máxima tensão no reforço (τxz): ( 1 − K ) tan2δ
. =0 (7)
τxzEC = f . τxz
2 tanω
(3)

onde f = fator de ajuste. A Eq. 7 passa agora a 2 incógnitas (T e K), já


Com base em comparações entre resultados nu- que a tensão vertical σz ao longo do talude pode ser
méricos (Dantas, 1998) e analíticos definiram-se considerada um dado de entrada. Um procedimento
valores para f, conforme apresentado na Fig. 4. bastante simples para a determinação da tensão
Desta forma, a Eq. (2) pode ser reescrita como: vertical, baseado nos resultados das análises numé-
ricas, é apresentado mais adiante (item 4.1).
f . τxz
T − Sv . Sh . (σh)méd + Sv . Sh . =0 (4)
tanω

A Eq. (4) apresenta 3 incógnitas (T, (σh)méd e


τxz), sendo 2 independentes. As tensões (σh)méd e τxz
atuantes no ponto de tração máxima estão re-
lacionadas pelo círculo de Mohr, Fig. 2, conside-
rando a rotação δ das tensões principais em relação
à horizontal ou vertical.
Admitindo-se,
(σh)méd = σx = K . σz
Figura 2. Círculo de Mohr de um elemento de solo próximo ao
e ponto de tração máxima.

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Uma solução analítica fechada para determi- Kaa = Ka / {(1 - Ka).[1 + c / (σ3c.tanφ)] / Rf + Ka},
nação da tração máxima em cada nível de reforço é é o coeficiente de empuxo ativo equivalente; c =
desenvolvida a seguir, relacionando as incógnitas T coesão do solo; φ = ângulo de atrito do solo; Rf = re-
e K, de forma análoga à apresentada em Ehrlich e lação de ruptura (Duncan et al., 1980); Ka = coefi-
Mitchell (1994). ciente de empuxo ativo de Rankine;
2.2. O reforço e a interação solo-reforço Para descarregamento, tem-se

Ehrlich e Mitchell (1994) mostraram que as σ3 n


Eur = κur . Pa . ( ) (11)
incógnitas T e K são interdependentes. Modelando Pa
o reforço como elástico linear, a tração máxima no
reforço, T, é determinada por: onde Eur = módulo de Young para descarregamento
e recarregamento; κur = parâmetro adimensional do
T = Er . Ar . εxr (8) módulo de Young para descarregamento e recarre-
onde Er = módulo de Young do reforço; Ar = área gamento.
transversal do reforço; e εxr = deformação espe- O coeficiente de Poisson durante o carrega-
cífica do reforço no ponto de tração máxima. mento é considerado constante e igual ao corres-
Baseados nos estudos de Jewell (1980) e Dyer pondente às condições de carregamento Ko:
e Milligan (1984), Ehrlich e Mitchell (1994) admi- Ko
tiram a hipótese de aderência perfeita solo reforço vo = (12)
1 + Ko
no ponto de máxima tração. Tal hipótese implica
que não ocorre deslizamento entre o solo e o reforço onde νo = coeficiente de Poisson durante o carre-
neste ponto. Daí tem-se: gamento; e Ko = 1 - sen φ (Jaky, 1944) = coeficiente
εxr = εxs (9) de empuxo no repouso.
Durante o descarregamento ou recarregamento,
onde εxs = deformação específica do solo na direção o coeficiente de Poisson é considerado constante e
do reforço no ponto de tração máxima igual ao valor para condições de descarregamento
A deformação εxs do solo depende do modelo Ko, baseado no procedimento de Duncan e Seed
constitutivo adotado e do caminho de tensões a que (1986), conforme adotado por Ehrlch e Mitchell
se sujeita o ponto de tensão máxima durante o (1994):
processo construtivo, que são apresentados a se-
K∆2
guir. vun = (13)
1 + K∆2
2.3. O solo
em que
O solo é admitido como elástico não linear,
sendo utilizada na sua representação a expressão OCR − OCRα
adotada por Ehrlich e Mitchell (1994). Esta ex- K∆2 = Ko . (14)
OCR − 1
pressão é uma reformulação do modelo hiperbólico
de Duncan et al. (1980). onde: vun = coeficiente de Poisson durante o descar-
A expressão para o módulo de Young no carre- regamento ou recarregamento; K∆2 = coeficiente de
gamento é apresentada a seguir. decréscimo do empuxo lateral para o descarrega-
σ3 n K mento sob condições Ko; α = parâmetro adimen-
E = κ . Pa . ( ) . (1 − aap )2 . (1 − Kaa)−2 (10) sional de Duncan e Seed (1986) para o descarre-
Pa K
gamento; OCR = razão de sobreadensamento =
onde: E = módulo de Young para carregamento; σzc/σze, considerada constante; σzc = máxima ten-
Pa = pressão atmosférica; κ, n = parâmetros adi- são vertical atuante durante todo o processo cons-
mensionais do modelo de Duncan et al. (1980); trutivo, incluindo as tensões induzidas pela com-
Kp = coeficiente de empuxo lateral em termos de pactação; e σze = tensão vertical atuante no reforço
tensões principais; σ3 = tensão principal menor; devido apenas a uma camada da estrutura.

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Ehrlich e Mitchell (1994) propuseram a seguin- metidas a um novo ciclo, mas, agora, de recarre-
te correlação para o parâmetro α, baseando-se em gamento e descarregamento.
resultados de ensaios de laboratório de Belloti et al. Em vez de considerarem todos os ciclos de
(1983): carregamento, descarregamento e recarregamento a
α = 0,7 . senφ (15) que cada camada é submetida, Ehrlich e Mitchell
(1994) adotaram um procedimento simplificado ba-
A definição de K∆2 acima é uma alteração da seado em apenas um ciclo de carga e descarga, que
formulação de Ehrlich e Mitchell (1994), já que a foi adaptado para taludes de inclinação qualquer,
OCR é considerada constante, independente do ní- considerando a rotação das tensões principais, Fig.
vel do reforço, o que resulta em K∆2 e vun também 3. Neste caso, considera-se que o solo é submetido
constantes. a um carregamento (segmentos 1-2-3 da Fig. 3) até
Com o modelo constitutivo acima, a deforma- a maior tensão vertical de sua história (σzc) - σ1c em
ção εxs do solo é calculada considerando o caminho
termos de tensão principal maior (rotação δc) - e a
de tensões apresentado a seguir.
um único posterior descarregamento (segmentos
2.4. O caminho de tensões 3-4-5 da Fig. 3) até a tensão vertical geostática (σz)
O processo construtivo de estruturas de solo para a situação de fim de construção - σ1 em termos
reforçado envolve o lançamento e compactação de de tensão principal maior (rotação δd).
camadas sucessivas até atingir a altura final pre- Por conveniência analítica, o carregamento no
vista. Desta forma, não apenas as tensões geostáti- caminho de tensões principais da Fig. 3 foi dividido
cas, mas também as tensões induzidas pela em 2 etapas: (1) carregamento sem deformação
compactação devem ser consideradas no cálculo lateral (segmento 1-2) até a tensão principal menor
das deformações.
de equilíbrio (σ3c); e (2) carregamento com defor-
Segundo procedimento sugerido por Duncan e
mação lateral (segmento 2-3) sob tensão principal
Seed (1986), a compactação pode ser modelada
menor constante. Da mesma forma, o descarre-
como uma tensão vertical, unidimensional e tran-
sitória aplicada no topo da camada em construção, gamento foi dividido em 2 etapas: (1) descarre-
alterando o estado de tensões no solo. A modelagem gamento sem deformação lateral (segmento 3-4) até
proposta por Duncan e Seed (1986) é aplicável para a tensão principal menor de equilíbrio (σ3R - tensão
condições Ko, isto é, para muros indeslocáveis arri- residual); e (2) descarregamento com deformação
mando aterros compactados. lateral (segmento 4-5) sob tensão principal menor
Ehrlich e Mitchell (1994) sugerem uma abor- constante.
dagem capaz de modelar condições outras que não Os coeficientes de empuxo lateral em termos de
Ko. A tensão vertical equivalente induzida pela tensões principais Kop, K∆2p, Kcp e Krp são definidos
compactação (σzc,i) pode ser considerada constante por
e independente do nível de deformação do solo,
entretanto, a tensão horizontal induzida não. Para
estabelecer o estado de tensões induzido pela com-
pactação, Ehrlich e Mitchell (1994) utilizaram o
artifício de calcular a tensão horizontal máxima
(σxp,i) - que ocorre para a situação de deformações
nulas, ou seja, um estado Ko de tensões - e a partir
dela obter σzc,i (=σxp,i/Ko ), com a qual se calcula a
deformação durante o carregamento. Ao ser reti-
rado o equipamento de compactação, a tensão ver-
tical no solo é a geostática (σz), envolvendo, assim,
um descarregamento. Ao ser lançada e compactada Figura 3. Caminho de tensões a que se sujeita um elemento de
nova camada, as camadas já construídas são sub- solo no ponto de tração máxima.

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( 1 − Ko ) durante o descarregamento (εxs3-5) têm as seguintes


1 + Ko −
cos 2δc expressões:
Kpo = ;
( 1 − Ko ) (1− υ2o) . (1 − Kaa)2 . (Kpo . σ1c − σ3c) . σ3c
1 + Ko + εxs(1−3) = .
cos 2δc σ3c
κ . Pa . ( )n . (σ3c − Kaa . σ1c) . (Kpo − Kaa)
Pa
( 1 − Kc )
1 + Kc −
cos 2δc (sen2δc − Ko . cos2δc) (18)
Kpc = ;
( 1 − Kc )
1 + Kc + 2
cos 2δc 1 − υun σ3c − σ3r
εxs(3−5) = . (σ1c − σ1 − ).
σ3r p
K∆2
(16) κur . Pa . ( )n
Pa
(K∆2 . cos2δd − sen2δd) (19)
( 1 − K∆2 )
1 + K∆2 −
cos 2δd
p
K∆2 = ; 2.5. As tensões induzidas pela compactação
( 1 − K∆2 )
1 + K∆2 + A tensão σzc,i pode ser obtida a partir do pro-
cos 2δd
cedimento proposto por Ehrlich e Mitchell (1994).
( 1 − Kr ) Estes autores admitem que esta tensão é constante
1 + Kr − e igual em todos os níveis de reforço, se for utilizado
cos 2δd
Kpr = um mesmo esforço, e é função do tipo de equi-
( 1 − Kr )
1 + Kr + pamento de compactação utilizado. Ou seja, se to-
cos 2δd das as camadas forem compactadas exatamente da
mesma forma, a tensão vertical induzida (σzc,i) será
A tensão σzc, a máxima tensão vertical da his-
idêntica em todas as camadas. Para placas vi-
tória do solo, é definida a partir da comparação da
bratórias, σzc,i é calculada diretamente e é igual à
tensão vertical induzida pela compactação (σzc,i)
tensão vertical máxima capaz de atuar na base da
com a tensão geostática (σz): placa. Admitindo-se como Q a força vertical má-
Se xima de impacto e a área da base como A, tem-se:
σz < σzc,i → σzc = σzc,i (17a) Q
σzc,i = (20)
A
ou caso
σz > σzc,i → σzc = σz (17b) Para rolos compactadores, a tensão σzc,i é calcu-
lada indiretamente a partir de σxp,i (σzc,i = σxp,i/Ko),
A expressão (17b) indica o caso em que a tensão utilizando uma expressão desenvolvida por Ehrlich
vertical geostática supera a induzida pela compac- e Mitchell (1994) baseada na teoria de capacidade
tação. Neste caso, não se considera o descarre- de carga, dada por:
gamento no caminho de tensões da Fig. 3 (os
segmentos 3-4-5 são resumidos ao ponto 3≡5), 1 Nγ 1
σxp,i = υο . (1 + Ka) . [ .γ.Q. ]2 (21)
admitindo-se no solo somente deformação devido 2 L
ao carregamento. Assim, modela-se a tensão indu-
com
zida pela compactação como uma espécie de so-
breadensamento do solo. Enquanto σz < σzc,i, o ϕ
efeito da compactação prevalece no comportamen- Ka = tan2 (45 − )
2
to tensão-deformação do solo, sendo apagado quan-
do σz > σzc,i. e
Definido, então, o caminho de tensões, as defor-
ϕ ϕ
mações do solo durante o carregamento (εxs1-3) e Nγ = tan(45 + ) . [ tan4( 45 + ) − 1 ]
2 2

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onde Ka = coeficiente de empuxo ativo de Rankine; Er . Ar


Si =
γ = peso específico do solo; Q e L = força vertical Sv . Sh . κ . Pa
máxima de operação e comprimento do rolo, res-
pectivamente; e Nγ = fator de capacidade de carga, é o índice de rigidez relativa reforço-solo; e
calculado pela teoria das cunhas de Rankine. Ka
No caminho de tensões da Fig. 3, esta mode- Kaa =
c
lagem da compactação é considerada através da [1+ ]
(σ3c . tanφ)
tensão principal maior σ1c, a partir da comparação (1 − K a) . + Ka
Rf
da tensão vertical induzida (σzc,i) com a tensão
geostática (σz): Caso a coesão (c) não seja nula, a solução da Eq.
Se (23) envolve um procedimento iterativo, pois, neste
caso, Kaa também é função de Kc.
σz < σzc,i,
Caso não haja compactação ou σz seja superior
σzc,i 1 − Ko a σzc,i, a tração máxima (T) é calculada por
σ1c = [ (1 + Ko) + ( )] (22a)
2 cos 2δc σzc
T = Sv . Sh . Kc . σzc − Sv . Sh . f . .
ou caso 2
tan 2δc
σz > σzc,i, (1 − Kc) . (24)
tanω
σz 1 − Kc Para o descarregamento, Kr é calculado por
σ1c = [ (1 + Kc) + ( )] (22b)
2 cos 2δc tentativas, sendo também função de Kc, σ1c e σ3c,
utilizando a seguinte expressão:
2.6. Determinação da tração máxima
2
( 1 − υun ) σ3c − σ3r
A tração máxima é obtida a partir do cálculo dos . ( σ1c − σ1 − ).
coeficientes de empuxo lateral no carregamento, κur p
K∆2
incluindo os esforços de compactação durante o κ
processo construtivo (Kc), e no descarregamento 1 σ3r n
( K∆2 . cos2 δd − sen2 δd) − .( ) .
para a condição final ao término da construção (Kr). Si Pa
A substituição das Eqs. (18) e (19) na Eqs. (9), (8) σzc tan 2δc
[ Kc . σzc − Kr . σz − f . [ . (1 − Kc) . −
e depois em (7) conduz às expressões abaixo indi- 2 tanω
cadas. σz tan 2δd
. |1 − Kr| . ]]=0 (25)
Para o carregamento, Kc é calculado por tenta- 2 tanω
tivas utilizando a seguinte expressão:
onde
(1 − υ2o) . (1 − Kaa) . (Kpo . σ1c − σ3c) . σ3c
2
σz 1 − Kr
. σ1 = [ (1 + Kr) + ( ) ];
Kc . σzc . (σ3c − Kaa . σ1c) . (Kpo − Kaa) 2 cos 2δd

(Ko . cos2δc − sen2δc) − σz 1 − Kr


σ3 = [ (1 + Kr) − ( ) ];
1 σ3c n 1 − Kc tan 2δc 2 cos 2δd
.( ) .[1−f. . ] = 0 (23)
Si Pa 2 . Kc tanω
e |1 - Kr| é o módulo de (1 – Kr).
Neste caso, a tração máxima (T) é dada por:
onde σ1c é definida pelas Eqs. (22a) e (22b);
σzc 1 − Kc σz
σ3c = . [ (1 + Kc) − ( )] T = Sv . Sh . Kr . σz − Sv . Sh . f . .
2 2
cos 2δc
tan 2δd
|1 − Kr| . (26)
e tan ω

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As expressões acima mostram que as incógnitas a tensão vertical geostática no ponto (σz), σz/σzc é
T e K da Eq. (7) não são independentes. O fator f igual a 1.
varia com a inclinação do talude e deve ser conside- Dantas e Ehrlich (1999a) fornecem ábacos simi-
rado conforme apresentado na Fig. 4. A partir de lares considerando o efeito da coesão do solo, re-
ω = 70°, f torna-se constante e igual a 2,00. duzindo a máxima tração no reforço.
2.7. Ábacos 3. Influência Típica da Compactação
De acordo com as expressões apresentadas para do Solo e da Rigidez do Reforço
a determinação da tração máxima nos reforços, os A importância da consideração da influência da
principais fatores de influência neste cálculo são: compactação e da rigidez relativa solo-reforço pode
(1) a inclinação da face da estrutura; (2) a coesão, ser visualizada na Fig. 9, para taludes de 45°, 60° e
c, e o ângulo de atrito, φ, do solo; (3) a tensão 70° com altura (H) de 5 m. A influência destes
vertical, σz; (4) a relação entre a tensão vertical fatores também varia com a altura da estrutura,
atuante no ponto considerado e a máxima tensão sendo apresentado na Fig. 10 um estudo consid-
vertical a que já se submeteu o solo, incluindo a erando um talude de 60° com três alturas diferentes
compactação, σz/σzc; e (5) a extensibilidade relativa (5, 10 e 15 m). Comportamento semelhante ocorre
entre solo e reforço, β, definida por Ehrlich e para taludes de 45° e 70°.
Mitchell (1994) como: Nestas análises, foram considerados os seguin-
tes parâmetros para o solo, o reforço e a compac-
σzc n 1
β=( ) . (27) tação. Para o solo: γ = 19,6 kN/m3, n = 0,5, Rf = 0,8,
Pa Si
c = 0, φ = 35°. Os valores de Si de 0,01, 0,1 e 1
Os ábacos adimensionais das Figs. 5 a 8 são uma representam reforços típicos: geotêxtil, geogrelha e
compilação da influência de todos estes fatores para
o caso de (c = 0) e (Rf = 0,8). O erro máximo em
usar estes ábacos para a faixa normal de variação
do Rf, de 0,7 a 1,0 (conforme resultados em Duncan
et al., 1980), é de cerca de 20%. Os estados ativo,
de repouso e passivo estão indicados nestas figuras
por linhas tracejadas. Observa-se que estes ábacos
são similares aos de Ehrlich e Mitchell (1994),
sendo acrescentada a inclinação da estrutura.
A relação σz/σzc expressa o efeito da compac-
tação. Para a situação em que não há compactação
ou a partir da profundidade em que a tensão vertical
induzida pela compactação (σzc,i) for menor do que

Figura 4. Fator de ajuste da tensão cisalhante. Figura 5. Ábacos adimensionais para taludes 1 (H) : 1 (V) (45°).

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Análise de Taludes Reforçados

Figura 6. Ábacos adimensionais para taludes 1 (H) : 2 (V) Figura 7. Ábacos adimensionais para taludes 1 (H) : 3 (V)
(63,4°). (71,6º).

metálico, respectivamente. Considerou-se um equi- reforço: Er . Ar = 290 kN/m; Rt (resistência admis-


pamento de compactação equivalente ao rolo vi- sível) = 17,19 kN/m; solo: γ = 19,6 kN/m3; c = 0;
bratório DYNAPAC CA25 (Q = 160 kN, φ = 35º; κ = 480; n = 0,5; Rf = 0,8; equipamento de
L = 2,1 m). compactação: rolo vibratório DYNAPAC CA25
Nas Figs. 9 e 10 também são apresentadas as (Q = 160 kN; L = 2,1 m). No cálculo pelo método
curvas calculadas de tensão nos reforços utilizando de Leshchinsky e Boedeker (1989) utilizou-se um
o método de Leshchinsky e Boedeker (1989). De fator de segurança para o ângulo de atrito igual a
forma a se ter uma semelhança de parâmetros do 1,5, que é o recomendado por estes autores. A
solo para efeito de comparação com o método pro- utilização de tal fator de segurança no método pro-
posto, considerou-se coeficiente de segurança igual
posto não corresponderia à situação de equilíbrio da
a 1 no cálculo destas curvas.
massa de solo sob condições de trabalho, não sendo,
Na Fig. 11 apresenta-se para a situação de di-
portanto, utilizado neste método. O cálculo com-
mensionamento interno de um talude hipotético
(1:2) reforçado por geogrelha do tipo Tensar SR2, pleto pelo método proposto é apresentado no
a comparação dos resultados de tração nos reforços apêndice.
obtidos com o método proposto e os determinados A análise destas figuras conduz às seguintes
com o método de Leshchinsky e Boedeker (1989). conclusões:
Considerou-se para o talude as seguintes carac- • A modelagem adotada indica que, para taludes
terísticas: geometria: H = 5 m; Sv = 0,5 m; Sh = 1 m; com altura (H) menor do que 10 m e inclinação (ω)

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 121
Dantas & Ehrlich

pondência entre esta tensão e a altura de terra acima


do ponto de tração máxima. Para os taludes es-
tudados (45° ≤ ω ≤ 70°), as tensões mais elevadas
ocorreram em camadas situadas entre 0,55 H e
0,80 H. Resultado similar também foi obtido por
Zornberg et al. (1998b) a partir de modelagem
centrífuga de taludes reforçados por geossintéticos,
indicando que o maior valor da tração no reforço
não ocorre no pé do talude;
• Para Si = 1 (reforço metálico), as tensões no
reforço são próximas à correspondente à condição
de repouso, afastando-se ligeiramente à medida que
aumenta a inclinação. Para Si = 0,01 (geotêxtil),
tem-se as tensões no reforço próximas à correspon-
dente à condição ativa, aproximando-se ainda mais
com o aumento da inclinação.
• Nota-se nas Figs. 9 e 10 que, não considerando
o efeito da compactação, os resultados obtidos utili-
zando o método proposto e o sugerido por Lesh-
chinsky e Boedeker (1989) apresentam resultados
semelhantes para z/H menor do que 0,7. A dis-
tribuição linearmente crescente com a profundidade
não é válida a partir de então;
• Quando, no entanto, considera-se a compac-
tação, as tensões máximas nos reforços determi-
nadas através do método proposto para Si ≤ 0,1
(geogrelhas, geotêxteis ou outros geossintéticos fle-
Figura 8. Ábacos adimensionais para taludes de 90°. xíveis) pouco variam com a profundidade, e, em
geral, são superiores às previstas por Leshchinsky
menor do que 60°, a compactação é o fator determi- e Boedeker (1989) para a ruptura da estrutura
nante da tração máxima no reforço; (FS = 1). Este resultado indica que uma análise na
• A influência da compactação varia com a condição de colapso iminente pode estar compro-
inclinação (ω), tendo maior importância relativa metida caso o esforço de compactação seja signifi-
nos taludes menos inclinados; cativo em relação ao peso próprio. Isto pode
• O efeito da compactação varia com a rigidez ocorrer, tipicamente, para estruturas com até 10 m
do reforço (Si), tendo maior influência relativa para de altura (Fig. 10);
baixos valores de Si. Note que, para Si = 0,01, a • Outro aspecto que pode ser ressaltado é quanto
tração máxima no reforço é praticamente constante, à rigidez do reforço. Apesar de o método de Lesh-
independente da profundidade; chinsky e Boedeker (1989) ter sido desenvolvido
• Verifica-se, em todas as condições estudadas, genericamente para materiais extensíveis (geossin-
uma significativa influência da rigidez do reforço. téticos), existem diferenças de comportamento
De forma geral, quanto mais rígido o reforço, maior devido à rigidez do reforço, por exemplo, geogrelha
é a tração desenvolvida. Entretanto, pode ocorrer o (Si = 0,1) e geotêxtil (Si = 0,01) nas Figs. 9 e 10. Tal
contrário a pequenas profundidades e próximo à método, entretanto, não considera essas diferenças.
base do talude, quando se considera a compactação; Uma discussão sobre a influência da compactação
• Taludes menos íngremes levam a tensões mais e da rigidez do reforço na análise de estruturas de
baixas no solo e no reforço; solo reforçado utilizando métodos de equilíbrio
• A tensão máxima no reforço varia conforme a limite pode ser encontrada em Ehrlich e Dantas
posição da camada no talude. Existe uma corres- (1999);

122 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

• No caso de aterros compactados, verifica-se,


no entanto, sob o aspecto prático (considerando
fator de segurança maior do que 1), que o dimen-
sionamento utilizando Leshchinsky e Boedeker
(1989) pouco diferirá dos resultados obtidos pelo
método proposto, Fig. 11. Considerando que geral-
mente no projeto não se varia o espaçamento e tipo
de reforço para as diferentes camadas e o dimen-
sionamento é comumente efetuado para a condição Figura 11. Tração nos reforços para a situação de dimensiona-
mento interno de um talude hipotético (1:2) obtida pelo método
mais crítica, que no caso da ruptura dos reforços
proposto e pelo de Leshchinsky e Boedeker (1989).

Figura 9. Influência típica da compactação e da rigidez para Figura 10. Influência típica da compactação e da rigidez em
taludes com H = 5 m. taludes de diferentes alturas com ω = 60º.

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 123
Dantas & Ehrlich

corresponde à última camada, a diferença entre os resultados das análises numéricas de Dantas (1998).
resultados obtidos pelos dois métodos seria de cerca Essa proposta representou adequadamente tais pon-
de 15%, Fig. 11. No entanto, o mesmo não se tos (curvas tracejadas na Fig. 12) para todos os
verifica quando o arrancamento é a condição mais taludes modelados. Consiste em traçar, a partir do
crítica, já que esta ocorrerá no topo do aterro. ponto B, uma reta paralela à inclinação do talude
obtendo o ponto D, e uma outra unindo o ponto B
4. Análises Numéricas ao ponto A, situado no pé do talude.
As análises numéricas de Dantas (1998) foram A tensão vertical (σz) num ponto qualquer desta
realizadas com o programa de elementos finitos curva, por exemplo o ponto E, é igual a
CRISP92-SC (“CRISP92 with Soil Compaction”),
versão do programa CRISP92 (Britto e Gunn, 1990) σz = γ . zE (28)
implementada por Iturri (1996).
onde γ = peso específico do solo; e zE = altura de
Um total de 89 análises foram conduzidas de
solo acima do ponto E.
forma que representassem adequadamente a com-
pilação de todos os fatores que influem no compor- A análise das diferentes estruturas modeladas
tamento de uma estrutura de solo reforçado. Foram conduziu às seguintes expressões para a posição do
realizadas análises paramétricas considerando a va- ponto B, determinada pelos comprimentos x e h da
riação da inclinação da face, da altura, do ângulo de Fig. 13, função da geometria do talude:
atrito do solo, da rigidez do reforço e as tensões Para 45° ≤ ω ≤ 65°
induzidas pela compactação do solo. Dantas e 0,75 . H x
Ehrlich (1999b) fornecem maiores detalhes da mo- x= e h= (29)
tanω 3
delagem numérica.
Os resultados numéricos, além de serem com- Para 65° < ω < 90°
parados com os resultados previstos pelo método
0,8 . H x
analítico, também serviram como base para o de- x= e h= (30)
senvolvimento de um procedimento analítico para tanω 2
determinação das tensões verticais geostáticas em
Por este procedimento, verifica-se que, para
taludes reforçados, apresentado a seguir.
taludes verticais, tem-se A ≡ B e a reta BD passa,
4.1. Determinação das tensões verticais então, a facear o talude, em contradição com o
geostáticas observado em obras reais e também com os resul-
tados numéricos. Nesta condição, ω = 90º, deve ser
Com base nos resultados numéricos, mostrados
utilizada a Eq. (31), apresentada em Ehrlich e
na Fig. 12 para as estruturas com H = 10 m, esta-
Mitchell (1994), para o cálculo da tensão vertical
beleceu-se um procedimento para o cálculo das
em taludes sem sobrecarga, fazendo uma analogia,
tensões verticais geostáticas em estruturas de solo
para muros de solo reforçado, com a distribuição de
reforçado, atuantes nos pontos de máxima tensão
tensões proposta por Meyerhof (1955) para o caso
nos reforços. Como se verifica, a locação destes
de carregamento excêntrico em sapatas (vide
pontos não é significativamente influenciada pela
Fig. 14).
rigidez e espaçamento dos reforços e pelo ângulo
de atrito do solo. γ . z . Lr z
No procedimento proposto, a tensão vertical no σz = =γ. (31)
Lr − 2 . e [1−(
Ka z
) . ( )2 ]
ponto de tração máxima no reforço deve ser tomada 3 Lr
como o peso de solo acima deste ponto, levando em
conta a geometria do talude. Portanto, para a deter- onde e = excentricidade; e Lr = comprimento do
minação desta tração, a localização destes pontos reforço.
deve ser conhecida. A excentricidade das cargas pode se tornar im-
Na Fig. 13 apresenta-se uma proposta para a de- portante para muros esbeltos (H/Lr elevados) ou
terminação dos pontos de tração máxima no reforço sujeitos a carregamentos externos. No entanto, sua
para um talude genérico com inclinação ω, a partir dos influência é pequena para muros típicos de solo

124 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

Figura 12. Posição dos pontos de tração máxima nas estruturas com 10 m de altura, com talude de: a) 45º; b) 60º; c) 70º; d) 80º; e) 90º.

reforçado (0,6 < Lr/H < 0,8) e decresce significati- Si = 0,01 (geotêxtil) e Si = 0,1 (geogrelha), os
vamente com a inclinação da face. demais casos apresentam resultados similares e en-
contram-se em Dantas (1998). A Fig. 17 apresenta
4.2. Comparação entre resultados analíticos e
os resultados nos quais a compactação foi incluída
numéricos
na análise.
As Figs. 15 e 16 apresentam os resultados na Verifica-se, de maneira geral, uma boa con-
forma de gráficos adimensionais para os casos de cordância entre os resultados numéricos e analíti-

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 125
Dantas & Ehrlich

desenvolvimento do método analítico, particular-


mente, nas hipóteses da rotação de tensões princi-
pais e da tensão cisalhante.
Sob aspecto prático, recomenda-se a utilização
do método analítico somente quando se tenha:
ω − φ ≥ 10° (32)

Para os casos que não se encaixam nesta con-


dição, o método analítico pode ser aplicado utili-
zando um ângulo de atrito reduzido para:
φ = ω − 10° (33)
Figura 13. Lugar geométrico dos pontos de tração máxima.
A utilização deste procedimento fornece sempre
cos. Os estudos paramétricos demonstraram que a valores conservativos para a tração no reforço, tanto
formulação analítica forneceu, relativamente aos maiores quanto maior for o ângulo de atrito do solo.
obtidos por via numérica, resultados conservativos. 5. Procedimento de Cálculo
A excessão ocorre para as análises correspon-
A tração máxima no reforço pode ser determi-
dentes ao talude com inclinação, ω, de 45º. Há uma
nada por equações ou através de ábacos adimen-
franca discordância entre os resultados, para as
sionais (Figs. 5 a 8). Os ábacos foram construídos
análises sem compactação, quando é considerado o
considerando quatro inclinações típicas: taludes
ângulo de atrito do solo, φ, de 40º (ω – φ = 5º). Nesta (1:1), taludes (1:2), taludes (1:3) e taludes verticais.
condição, os resultados analíticos apresentaram-se A utilização dos ábacos envolve as seguintes
muito inferiores aos numéricos. No entanto, para etapas:
φ = 25º, 30º e 35º, os resultados apresentaram-se 1. determinar σzc,i usando a Eq. (20) ou a Eq.
bons (ω – φ ≥ 10º). O mesmo se verifica para as (21) e depois (σzc,i = σxp,i/Ko), função do tipo de
análises nas quais inclui-se a compactação. Acre- equipamento de compactação utilizado;
dita-se que esta discordância tenha origem, princi-
2. determinar a tensão vertical geostática σz no
palmente, nas simplificações adotadas no
nível do reforço em questão, utilizando o procedi-
mento descrito no subitem 4.1;
3. determinar σzc de acordo com as Eqs. (17a) e
(17b);
4. assumir um valor adequado de Si para o tipo
de reforço em questão, baseado na Tabela 1, e
determinar β, Eq. (27);
5. Com os valores de β, σz e σzc, determinar a
tração máxima a partir dos ábacos das Figs. 5 a
8;
6. Com a tração máxima, determinar as dimen-
sões necessárias ao reforço e calcular um novo Si,
comparando-o com o valor assumido previamente;
7. Repetir as etapas 2 a 6 até que os valores
calculado e assumido para o Si sejam coerentes.
Se a rigidez (Er . Ar) do material for conhecida,
não é necessária iteração, eliminando-se a etapa 7
acima, pois, neste caso, já fica estabelecido o Si da
Figura 14. Tensão vertical em taludes de 90º, conforme Ehrlich estrutura. Isto ocorre, tipicamente, quando são utili-
e Mitchell (1994). zados geossintéticos como elementos de reforço.

126 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

O reforço ainda deve ser verificado quanto aos Mitchell e Villet (1987) fornecem expressões, para
efeitos de corrosão, no caso de metálicos, e de perda vários tipos de reforços, que possibilitam esta aná-
de resistência, para os geossintéticos. Estas análises lise.
podem ser encontradas, por exemplo, em Mitchell Com relação aos parâmetros hiperbólicos do
e Villet (1987). solo (n, κ, κu e Rf), ensaios triaxias com diferentes
O comprimento do reforço deve ser verificado pressões de confinamento podem ser utilizados pa-
quanto ao arrancamento na zona resistente. ra determiná-los. Outra alternativa é utilizar uma

Figura 15. Gráficos adimensionais da tração máxima no reforço nos taludes de 45º e 60º.

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 127
Dantas & Ehrlich

tabela de valores conservativos para vários tipos de 6. Conclusões


solo fornecida em Duncan et al. (1980), adequada
para análises preliminares, reproduzida na Tabe- O método desenvolvido no presente trabalho
la 2. possibilita o dimensionamento interno de estruturas
No apêndice, encontra-se um exemplo do di- de solo reforçado de inclinação qualquer, sob con-
mensionamento interno de um talude hipotético
dições de trabalho, utilizando um procedimento
(1:2) reforçado com geogrelha.
analítico fechado para o cálculo da tração máxima
nos reforços. As tensões induzidas pela compac-

Figura 16. Gráficos adimensionais da tração máxima no reforço nos taludes de 70º e 90º.

128 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

tação e a rigidez do solo e do reforço são conside- este último o fator preponderante no dimensiona-
radas explicitamente na formulação. mento interno de taludes de até 10 m de altura com
A tração máxima é função da inclinação do talude inclinação da face de até 60º. No entanto, os pro-
(ω), da coesão do solo (c), do ângulo de atrito do solo cedimentos convencionais de análise não conside-
(φ), do índide de rigidez relativa solo-reforço (Si), da ram os esforços devido à compactação do solo, o
tensão vertical (σz) e da compactação (σzc,i), sendo que pode levar a resultados contra a segurança.

Figura 17. Gráficos adimensionais da tração máxima no reforço incluindo o efeito da compactação.

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 129
Dantas & Ehrlich

Tabela 1. Valores típicos de Si função do tipo de reforço (apud tudados. Neste sentido, o programa CRISP92-SC,
Erhlich e Mitchell, 1994). implementado por Iturri (1996), mostrou-se uma
boa ferramenta para a modelagem de estruturas de
Tipo de Reforço Si
solo reforçado.
Metálico 0,500 - 3,200
Plástico
Apêndice
0,030 - 0,120
Geotêxtil 0,003 - 0,012 Considera-se, a título de exemplificação da uti-
lização do método, o dimensionamento de um talu-
de hipotético (1:2) reforçado por geogrelha do tipo
No caso de taludes inclinados, a posição dos Tensar SR2 com as seguintes características:
pontos de tração máxima é o fator determinante da Geometria:H = 5 m;Sv = 0,5 m;Sh = 1 m
tensão vertical nestes pontos. As análises numéricas Reforço:Er . Ar = 290 kN/m; Rt (resistência
mostraram que, sob condições de trabalho, a admissível) = 17,19 kN/m
posição destes pontos não é significativamente afe-
Solo:γ = 19,6 kN/m3;φ = 35º;κ = 480; n = 0,5
tada pelo ângulo de atrito do solo ou pela rigidez e
Compactação: Rolo vibratório DYNAPAC
espaçamento do reforço. Baseado nestes resultados,
CA25 (Q = 160 kN; L = 2,1 m)
foi desenvolvido um procedimento para a determi-
Solução
nação da tensão vertical como função apenas da
geometria do talude, tendo sido obtidas boas com- • σxp,i = 51,11 kN/m2 (conforme Eq. 22);
parações com as análises numéricas. • σzc,i = 119,86 kN/m2 (σzc,i = σxp,i/Ko);
A comparação com os resultados das análises • A posição dos pontos de tração máxima é
numéricas mostrou a boa capacidade de previsão do mostrada na Fig. 19;
método, considerando a variação de parâmetros do • Si = 290 / (480 . 101,325 . 0,5 . 1) = 0,012;
solo, do reforço e da geometria dos taludes es- f = 1,57 (Fig. 4)

Tabela 2. Parâmetros conservativos do solo (apud Duncan et al., 1980).

Class. Unificada Grau de Compact. γm φo ∆φ c κ n Rf


AASHTO kN/m3 deg deg kN/m2
GW, GP 105 24 42 9 0 600 0,4 0,7
SW, SP 100 23 39 7 0 450 0,4 0,7
95 22 36 5 0 300 0,4 0,7
90 21 33 3 0 200 0,4 0,7
SM 100 21 36 8 0 600 0,25 0,7
95 20 34 6 0 450 0,25 0,7
90 19 32 4 0 300 0,25 0,7
85 18 30 2 0 150 0,25 0,7
SM-SC 100 21 33 0 24 400 0,6 0,7
95 20 33 0 19 200 0,6 0,7
90 19 33 0 14 150 0,6 0,7
85 18 33 0 10 100 0,6 0,7
CL 100 21 30 0 19 150 0,45 0,7
95 20 30 0 14 120 0,45 0,7
90 19 30 0 10 90 0,45 0,7
85 18 30 0 5 60 0,45 0,7

130 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

Tabela 3. Dimensionamento interno da estrutura.

Nível do Prof. σz σzc,i σzc β T FS FS


Reforço (m) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m) Ruptura Arrancamento

1 0,50 9,8 --- --- --- 8,64 1,99 2,40


2 1,00 19,6 --- --- --- 8,68 1,98 4,78
3 1,50 29,4 --- --- --- 8,70 1,98 7,14
4 2,00 39,2 --- --- --- 8,72 1,97 9,50
5 2,50 49 --- --- --- 8,75 1,96 11,84
6 3,00 58,8 119,86 119,86 91,20 8,77 1,96 14,18
7 3,50 61,25 --- --- --- 8,77 1,96 14,77
8 4,00 61,25 --- --- --- 8,77 1,96 14,77
9 4,50 49 --- --- --- 8,75 1,96 12,13
10 5,00 0 --- --- --- 0 --- ---

cimento da zona resistente como idêntica à posição


dos pontos de tração máxima, Fig. 18.
A estrutura ainda deve ser verificada quanto à
estabilidade externa, ou seja, ao deslizamento, tom-
bamento, capacidade de carga da fundação e ruptura
global.
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• Os cálculos são mostrados na Tabela 3 e na ment, Cambridge University, Cambridge, Eng-
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132 Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000.
Análise de Taludes Reforçados

Kδ2 = coeficiente de decréscimo das tensões φ = ângulo de atrito do solo


horizontal e vertical φm = ângulo de atrito mobilizado no solo
Ko = coeficiente de empuxo no repouso γ = peso específico do solo
Kop = coeficiente de empuxo no repouso em
κ = parâmetro adimensional do modelo de Dun-
termos de tensões principais
can et al. (1980) para carregamento;
Kr = coeficiente de empuxo de equilíbrio no
descarregamento κur = parâmetro adimensional do modelo de
Krp = coeficiente de empuxo de equilíbrio no Duncan et al. (1980) para descarregamento e recar-
descarregamento em termos de tensões principais regamento.
L = comprimento do rolo νo = coeficiente de Poisson durante o carre-
Lr = comprimento do reforço gamento
n = parâmetro adimensional do modelo de Dun- νun = coeficiente de Poisson durante o descarre-
can et al. (1980) gamento ou recarregamento
Nγ = fator de capacidade de carga θ = ângulo que a superfície potencial de ruptura
OCR = razão de sobreadensamento faz com a horizontal no ponto de tração máxima
Pa = pressão atmosférica σ1 = tensão principal maior
Q = força de operação máxima do equipamento
σ1c = máxima tensão principal maior que já
de compactação
atuou durante todo o processo construtivo
Rf = relação de ruptura
Sh = espaçamento horizontal entre reforços ad- σ3 = tensão principal menor
jacentes σ3c = tensão principal menor de equilíbrio no
Si = índice de rigidez relativa solo-reforço carregamento
Sv = espaçamento vertical entre reforços ad- σ3r = tensão principal menor de equilíbrio no
jacentes descarregamento
T = tração máxima (σh)méd = tensão horizontal média
x = distância horizontal entre o ponto B e o pé σx = tensão horizontal
do talude
σxp,i = tensão horizontal induzida pela compac-
z = profundidade ou altura de solo
tação
α = parâmetro adimensional de Duncan e Seed
(1986) para o descarregamento σz = tensão vertical
β = extensibilidade relativa entre solo e reforço σzc = máxima tensão vertical que já atuou no
solo durante todo o processo construtivo
δ = rotação das tensões principais em relação à
horizontal σzc,i = tensão vertical equivalente induzida pela
δc = rotação das tensões principais em relação à compactação
horizontal no carregamento σze = tensão vertical atuante no reforço devido
δd = rotação das tensões principais em relação à apenas a uma camada da estrutura
horizontal no descarregamento τxz = tensão cisalhante no solo atuante no ponto
εxr = deformação específica do reforço no ponto de máxima tensão no reforço
de tração máxima τxzEC = tensão cisalhante atuante ao longo de EC
εxs = deformação específica do solo na direção ω = ângulo de inclinação da face da estrutura
do reforço no ponto de tração máxima com a horizontal

Recebido em 10/12/1999
Aceitação final em 10/8/2000
Discussões até 31/08/2001

Solos e Rochas, São Paulo, 23, (2): 113-133, Agosto, 2000. 133

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