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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA

UNIDADE DE FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO TÉCNICO DE GEOMENSURA

MÓDULO I UNIDADE CURRICULAR TOPOGRAFIA I

5.7 Medição angular horizontal

5.7.1 Tipos de ângulos


Ângulo - tratando-se da forma, é uma figura formada por duas retas com um ponto em
comum. Tratando-se de medida, é o afastamento entre estas duas retas ao longo de uma
circunferência.

5.7.1.1 Ângulo lido ( L )


É a leitura realizada no instrumento.

Ponto Ângulo Lido ( L )


Est -
1 50° 15’20”
2 75° 25’30”
3 120° 35’40”

5.7.1.2 Ângulo irradiado ( I )

5.7.1.2.1 Conceito
É o ângulo horizontal no sentido horário

5.7.1.2.2 Cálculo Lido – Irradiado


O ângulo irradiado é calculado pela expressão:

I = Lv – Lr ; onde: I é o ângulo irradiado;


Lv é o ângulo lido de vante (leitura ou visada)
Lr é o ângulo lido de ré (leitura ou visada).
Se o valor de I for negativo deve-se somar 360°.
Exemplo 1:
Calcule o ângulo irradiado sabendo que a leitura de ré (Lr) é de 22º12’30” e a leitura de
vante (Lv) é de 152º58’56”.
I = Lv – Lr
I = 152º58’56” - 22º12’30”
I = 130º46’26”

Exemplo 2:
Calcule o ângulo irradiado sabendo que a leitura de ré (Lr) é de 354º26’05” e a leitura de
vante (Lv) é de 52º08’36”.
I = Lv – Lr
I = 52º08’36” - 354º26’05”
I = -302º17’29” + 360º (como o resultado foi negative, somou-se 360º)
I = 57º42’31”

Calcular os ângulos irradiados sendo dados os ângulos lidos:


Leitura ré Leitura vante Ângulo Irradiado
56° 15’ 20” 89° 20” 36”
125° 45’ 35” 12° 56’ 47”
0° 00’ 00” 31° 24’ 30”
328° 47’ 54” 350° 25’ 15”
28° 15’ 20° 48’ 19”
222° 58’23” 312° 58’ 23”

5.7.1.3 Ângulo de deflexão ( d )

5.7.1.3.1 Conceito
São ângulos medidos a partir do prolongamento do alinhamento anterior até o alinhamento
posterior. Variam de 0° a 180° e podem ser lidos ta nto no sentido horário como no anti-horário. Se
for lido no sentido horário é chamada de deflexão à direita. Se for no sentido anti-horário é
chamada de deflexão à esquerda.
Na notação deve-se anotar a direção do ângulo, ex. 45° 27’ 14” E, 22° 43’ 37”D

5.7.1.3.2 Cálculo irradiado-deflexão


Se ; I > 180° d = I – 180
I < 180° d = 180º – I

Exemplo 3:
Dado o ângulo irradiado de 152º13’13”, calcular a deflexão a direita.

d = 180º - I
d = 180º - 152º13’13”
d = 27º46’47”D
5.7.1.4 Ângulo interno ( i )

5.7.1.4.1 Conceito
São ângulos medidos entre dois alinhamentos topográficos, do lado interno a uma
poligonal fechada. É obrigatório a existência de uma poligonal fechada. Variam de 0° a 360° e
podem ser lidos tanto no sentido horário como no anti-horário.

5.7.1.4.2 Fechamento
∑ i = 180° ( n- 2 ) onde n = número de vértices ou lados.
Exemplo 4:
Verifique o fechamento angular interno de uma poligonal de cinco vértices.
n=5
Vértices Ângulo externo
1 99º39’30”
2 119º49’58”
3 114º01’14”
4 108º47’48”
5 97º41’30”

180º . ( 5 - 2 ) = 540º00’00” Σe = 540º00’00”

5.7.1.5 Ângulo externo ( e )

5.7.1.5.1 Conceito
São ângulos medidos entre dois alinhamentos topográficos, do lado externo a uma
poligonal fechada. É obrigatório a existência de uma poligonal fechada. Variam de 0° a 360° e
podem ser lidos tanto no sentido horário como no anti-horário.

Fechamento angular
∑ e = 180° . ( n + 2 ) onde n = número de vértices ou lados.
Exemplo 5:
Verifique o fechamento angular externo de uma poligonal de cinco vértices.
n=5
Vértices Ângulo externo
1 260º20’30”
2 240º10’02”
3 245º58’46”
4 251º12’12”
5 262º18’30”

180º . ( 5 + 2 ) = 1260º00’00” Σe = 1260º00’00”

5.7.1.5.2 Cálculo interno-externo


e = 360° - i
i = 360° -
Exemplo 6:
Calcular os ângulos internos e externos:
Exercício Ângulos internos Ângulos externos
1 125°15’24” 234°44’36”
2 15°58’47”
3 314°12’54” 45°47’06”
4 244°44’00”
5 88°36’29”

5.7.1.6 Azimute (Orientação)


Em Ciências Geodésicas, a medida de direção consiste em determinar uma direção única,
fixa e imutável, no terreno, capaz de ser reconstituída em qualquer época; a esta direção são
referidas todas as medidas de um levantamento, com o objetivo de garantir a uniformidade na
representação, isto é, garantir que os elementos nelas constantes ocupem posições relativas
semelhantes, de forma que uma representação possa ser acoplada a outras, mesmo que
executadas em épocas diferentes.

5.7.1.6.1 Conceitos

5.7.1.6.1.1 Azimute ( Az )
Chama-se azimute de uma direção, o ângulo que esta forma com a direção Norte
(magnético, verdadeiro, quadrícula ou arbitrário) contado no sentido horário variando de 0° à 360°.
A direção Norte também denominada meridiana ou linha meridiana é a projeção (traço) do
meridiano local sobre o plano do horizonte do observador.
5.7.1.6.1.2 Norte magnético ( Nm )
Direção ao Pólo Norte Magnético, pólo este que concentra um enorme campo magnético
e atrai as agulhas das bússolas indicando sua direção.
Obs.: Devido à significativa variação da ordem de minutos de arco anualmente deste pólo
ao longo dos anos, torna-se necessária a correção do valor constantes da carta/mapa para a data
do posicionamento desejado.

5.7.1.6.1.3 Norte verdadeiro ( Nv )


Meridiana verdadeira ou geográfica, ou linha norte-sul verdadeira, aponta para o Pólo
Norte Físico da Terra, sendo a projeção do meridiano local sobre o plano do horizonte do
observador; é determinada diretamente por processos astronômicos, através da observação dos
astros.
O azimute verdadeiro é utilizado em Topografia para cálculos das coordenadas
locais (X, Y).
O Norte verdadeiro será igual ao Norte geodésico quando o Datum for geocêntrico.

5.7.1.6.1.4 Norte de quadrícula ( Nq )


As direções norte-sul geodésicas convergem para os pólos. Na projeção UTM estas
direções são representadas paralelamente ao meridiano central (linha reta) que representa a
direção norte-sul da quadricula.
O azimute plano é utilizado em Geodésia para o cálculo das coordenadas planas das
projeções TM.

5.7.1.6.1.5 Norte arbitrário ( Na )


Se no levantamento não foi determinada nenhuma orientação adota-se um valor arbitrário
para efeito de cálculo. Em campo esta orientação pode ser um ponto fixo bem definido como o
pára-raio da cruz de uma torre de igreja ou uma quina de um prédio. Deve-se anotar que a
orientação é arbitrária.

5.7.1.6.1.6 Declinação magnética ( δ )


O ângulo formado pelas projeções dos meridianos verdadeiro e magnético no plano do
horizonte, dá-se o nome de declinação magnética. A declinação magnética é contada a partir do
extremo norte da direção Nv (norte verdadeiro), por leste ( + δ ou δ E ) ou por oeste ( - δ ou δ W ). A
declinação magnética varia de acordo com o tempo e o local.

Cálculo de atualização da declinação magnética.

δ = δo + VA.( n°a )
Sendo:
δ = declinação atualizada;
δo = declinação inicial;
VA = variação anual;
n°a = número de anos.
Exemplo 7:
Para um levantamento topográfico que foi executado em 1977, a declinação magnética foi
de -10º20’14” com variação anual de -0º06’12”. Calcule a declinação magnética para o ano de
2003.

δ = δo + VA . ( n°a )
δ=?
δo = -10º20’14”
VA = -0º06’12”
n°a = 2003 – 1977 = 26 anos
δ = -10º20’14” + -0º06’12” . ( 26 )
δ = -13º01’26”

Para o cálculo da declinação magnética de um determinado lugar podem ser utilizados dois
procedimentos. Um procedimento gráfico com o uso da Carta Magnética do Brasil ( figura 2) por
interpolação gráfica das curvas isogônicas e isopóricas e outro, analítico com o uso de softwares
disponíveis gratuitamente na internet, exemplo, ELEMAG e DMAG.

Figura 2: Extrato da Carta Magnética do Brasil, ano 2000

5.7.1.6.2 Cálculo de Azv-Azm

Azv = Azm + δ

Exemplo 8:
Cálculo do azimute verdadeiro a partir do azimute magnético e da declinação magnética:
Azv=?
Azm= 86º43’21”
δ= 0º23’32”
Azv= 86º43’21” + 0º13’32”
Azv= 86°56’53”

5.7.1.6.3 Contra-azimute
Contra-Azimute de uma direção é o Azimute da direção inversa.

CAz = Az ± 180º
Exemplo 9
Calcule o contra-azimute, sendo o azimute de 215º18’43”
CAz = Az ± 180º
CAz = 215º18’43” - 180º
CAz = 35°18’43”

5.7.1.6.4 Cálculo irradiado-azimute

De acordo com a figura 3 considera-se:


Azimute anterior ( Azant ) o azimute do ponto Ré para a Estação;
Azimute de ré ( Azr ) o azimute da Estação para o ponto Ré.
Azr = Azant ± 180º
Az = Azr + I
Obs.: quando a soma for maior que 360º, subtrai-se de 360º.

Exemplo 10:
1 ) Calcule o azimute sendo dados :
Azr = 223°54’03”
I = 120°32’12”
Az = 223°54’03” + 120°32’12”
Az = 344°26’15”

2 ) Calcule o azimute sendo dados :


Azant = 72°35’08”
I = 222°13’13”
Azr = Azant ± 180º
Azr = 72°35’08” ± 180°
Azr = 252°35’08”
Az = 252°35’08” + 222°13’13”
Az = 474°48’21” – 360°
Az = 114°48’21”
5.7.1.7 Rumo ( R )

5.7.1.7.1 Conceito
Chama-se rumo de uma direção, o ângulo que esta forma com a direção Norte ou Sul
(magnético, verdadeiro, quadrícula ou arbitrário) contado no sentido horário ou anti-horário
variando de 0° à 90°. Na notação do rumo é obrigató ria a indicação do quadrante ( NE, SE, SO,
NO ).

5.7.1.7.2 Cálculo rumo-azimute

a- Para o 1° quadrante ou NE
Rumo = Azimute R ( NE )
Azimute = Rumo

Exemplo 11
1 ) Transforme o azimute 38°15’23” em rumo:
Rumo = Azimute
Rumo = 38°15’23” NE

2 ) Transforme o rumo 58°19’23” NE em azimute:


Azimute = Rumo
Azimute = 58°19’23”

b- Para o 2° quadrante ou SE
R = 180° - Az R ( SE )
Az = 180° - R

Exemplo 12
1 ) Transforme o azimute 168°15’29” em rumo:
R = 180° - Az
R = 180° - 168°15’29”
R = 11°44’33”SE
2 ) Transforme o rumo 175°58’12” SE em azimute:
R = 180° - Az
R = 180° - 175°58’12”
R = 4°01’48”SE

c- Para o 3° quadrante ou SO
R = Az - 180° R ( SO )
Az = 180° + R

Exemplo 13
1 ) Transforme o azimute 258°01’09” em rumo:
R = Az - 180°
R = 258°01’09” - 180°
R = 78º01’09”SO

2 ) Transforme o rumo 58°19’23” SO em azimute:


Az = 180° + R
Az = 180° + 58°19’23” SO
Az = 238º19’23”
d- Para o 4° quadrante ou NO
R = 360° - Az R (NO )
Az = 360° - R

Exemplo 14
1 ) Transforme o azimute 354°58’59” em rumo:
R = 360° - Az
R = 360° - 354°58’59”
R = 5º01’01”NO

2 ) Transforme o rumo 58°19’23” NO em azimute:


Az = 360° - R
Az = 360° - 58°19’23”
Az = 301º40’37”

Exercício:
Calcular rumos e azimutes:
Rumos Azimutes
45°12’55”SO
00°00’00”
00°00’00”SE
352°15’45”
78°23’56”NE
185°23’47”
66°25’47”NO
100°26’56”

Apostila elaborada pelos professores:


Cesar Rogério Cabral
Leandro Dilnei Viana Soares
Markus Hasenack
Rovane Marcos de França

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