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Fichamento O Tempo Saquarema
Fichamento O Tempo Saquarema
HISTÓRIA
FICHAMENTO
O TEMPO SAQUAREMA
SÃO PAULO
2014
Referência Bibliográfica:
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. Editora Hucitec, São Paulo,
2004. Pp. 115-204
“Relatam uns poucos que, nos idos de 1845, quando os liberais ocupavam de
novo o governo do Império e a província do Rio de Janeiro era presidida por
Aureliano de Sousa Coutinho, certo Padre José de Câe a Almeida exercia as
funções de subdelegado de Polícia na vila de Saquarema. (...) Relatam
também que Joaquim José Rodrigues Torres e Paulino José Soares de
Sousa, chefes conservadores, com grande parentela nessa localidade, onde
eram também proprietários de escravos e de terras, teriam conseguido livrar
seus protegidos dos desmandos daquela autoridade, e que, desde então, a
denominação saquarema passou a ser dada aos protegidos deles. Relatam,
por fim, que muito rapidamente a nova denominação foi estendida aos
adeptos do partido em todo o Império, de tal modo que no ano seguinte surgia
o jornal O Saquarema na província de Pernambuco, e dois anos depois o
órgão homônimo na de São Paulo. (...) Carregando sentido depreciativo, uma
vez que lembrava ‘protegido’ ou ‘favorecido’ (...) o termo parecia atender aos
anseios dos luzias, ávidos por revidar o apelido que os estigmatizava.”
(pág.118-119).
É interessante notar ambos os partidos viam os levantes populares como
crimes públicos, na classificação do Código Criminal. Outros ponto importante é
saber que desses levantes, todas as classes sociais estavam envolvidas, desde o
que chamavam de ‘flor da sociedade’ até a escória da mesma.
Nota-se tanto na fala dos Luzias quanto na fala dos Saquaremas a sociedade
aristocrática que configurava o brasil Imperial. As classes eram distintas, portanto,
possuíam lugares distintos, estava estabelecida uma hierarquia. Assim, percebe-se
que liberais e conservadores possuíam certa semelhança.
1 Francisco de Sales Torres Homem passou uma temporada na França em 1833 para estudar economia política
e sistemas financeiros. De volta ao Brasil, apoiou a insurreição, reprimida pelo futuro Duque de Caxias, e foi
deportado para Lisboa. Anistiado em 1848, escreveu o panfleto O libelo do povo sob o pseudônimo de Timandro,
para muitos historiadores um dos mais avançados textos do liberalismo de sua geração. A metralhadora giratória
de Torres Homem disparou não só contra o jovem monarca Pedro II e todos os Bragança que o antecederam,
mas também contra a Imperatriz Tereza Cristina, do ramo Bourbon de Nápoles, com ferinas alusões à sua
origem.
conhecer o seu lugar.’ (...) Em ambos, o sentimento aristocrático rastreando a
visão política, especialmente do momento que muitos consideram ser seu
prolongamento ou degenerescência: as rebeliões ou a guerra.” (pág. 125).
“’ três seguintes classes: a dos brancos e sobretudo daqueles que por sua
posição constituíam o que se chama a boa sociedade; a do povo mais ou
menos miúdo; e finalmente a dos escravos’” (pág. 126)2
2 São inúmeros os depoimentos nos quais é possível resgatar a combinação particular entre
condições sociais e matrizes raciais, no Império do Brasil em meados do século XIX.