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Para conferir o original, acesse o site https://consultasaj.tjam.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0623235-92.2019.8.04.0001 e código 5C443C2.
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS
JUÍZO DE DIREITO DA 2ª Vara da Fazenda Pública
Autos: 0623235-92.2019.8.04.0001
Petição Cível
Requerente: O Estado do Amazonas
Requerido: Icea - Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas S/s
DECISÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LEONEY FIGLIUOLO HARRAQUIAN, liberado nos autos em 05/08/2019 às 14:29 .
Trata-se de procedimento pelo qual o Estado do Amazonas
optou pelo rito previsto no art. 303, do Cód. de Processo Civil, referente à
tutela de urgência de caráter antecedente, consistente na proibição de
paralisação dos serviços de prestação de Serviços Médicos especializados em
Cirurgia Geral, regido pelo Contrato nº 006/2016 – Susam, firmado entre o
Estado do Amazonas e o Icea.
Deferida liminarmente a antecipação da tutela requerida, este
Juízo determinou a citação do réu "para a audiência a ser designada
oportunamente"; bem como determinou a intimação do Estado do Amazonas
para aditar a inicial, sob pena de extinção do feito.
Decorrido o prazo para aditamento, o Estado do Amazonas
peticionou às fls. 74/78 inferindo que o requerido teria concordado com a
decisão pois teria deixado de recorrer ou se manifestar.
Diante de tal inferência, o Estado do Amazonas requereu a
declaração de estabilização da demanda.
Na sequência, o requerido ingressou no mérito e informou às fls.
94/105 que o Estado do Amazonas "vem exigindo a prestação de serviços da
requerida por mais de 90 dias sem oferecer os pagamentos devidos".
Informa que notificou o Estado do Amazonas acerca da
suspensão parcial das atividades por falta de pagamentos.
Por fim, resumidamente, alega que decidiu retornar às atividades
pois o Estado do Amazonas teria resolvido pagar uma das competências
atrasadas.
É o breve relatório. Fundamento e decido.
Da sorte da tutela antecedente e de seus efeitos.
Primeiramente, retomo os termos da decisão que antecipou a
tutela de urgência e adotou o rito previsto no art. 303, do CPC, conforme
optado pelo autor:
Cite-se e intime-se a Requerida para a audiência de conciliação a ser
designada oportunamente, nos moldes do artigo 334 do CPC.
Intime-se o Estado do Amazonas para aditar a petição inicial,
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JUÍZO DE DIREITO DA 2ª Vara da Fazenda Pública
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LEONEY FIGLIUOLO HARRAQUIAN, liberado nos autos em 05/08/2019 às 14:29 .
Ocorre que, a par de não haver recurso do requerido, a audiência
ainda não foi pautada, não se iniciando, até o presente momento, o prazo para
apresentação da contestação.
Nessa linha, conforme demonstrado pelo Estado do Amazonas,
a redação legal permite mais de uma interpretação acerca da necessidade ou
não de recurso específico para a estabilização, sendo que parte da doutrina,
ao qual este juízo adere, exige que haja qualquer resistência por parte do
requerido.
Se é fato que não houve recurso, não se pode negar que houve
resistência, consubstanciada na petição de fls. 94/105, a qual apresenta
natureza jurídica de reconvenção para cobrança de parcelas atrasadas.
Neste contexto processual, conforme alegado na reconvenção,
entendo que o requerido, por um momento, retornou às atividades movido
pela iniciativa estatal que efetivou o pagamento de uma das parcelas em
atraso; porém, de tal fato não se pode inferir que tenha acolhido a decisão
antecipatória, a uma, devido ao fato de que o prazo de contestação somente
se iniciaria após a audiência anunciada pelo juízo; a duas, diante da petição de
reconvenção.
Acolher o pleito do Estado do Amazonas para estabilizar a
demanda equivaleria a uma ação de má fé processual por parte do juízo, na
espécie "venire contra factum proprio", pois, ao anunciar a audiência prévia,
esse juízo incutiu no requerido que o termo inicial para o prazo de
contestação será após a audiência, conforme previsto no art. 303, §1º, inciso III,
do CPC.
Por outro lado, melhor sorte não socorre o autor pois, uma vez
concedida a antecipação, o código lhe impõe o ônus processual do
aditamento, sob pena de extinção do feito, o que fora expressamente alertado
pelo juízo.
Se, por um lado é controvertido o interesse do requerido em
recorrer, por outro, a falta de aditamento da inicial acarreta, invariavelmente, a
extinção do processo.
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III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será
contado na forma do art. 335.
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste
artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.
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Como no presente caso, o encerramento das atividade pela
empresa prestadora de serviços acarretará danos à saúde, não de um ou outro
indivíduo, mas da coletividade.
Além disso, em demandas como esta, pelas quais o próprio Ente
Estatal se socorre do judiciário para constranger particulares, que lograram
êxito em certames licitatórios, a continuar fornecendo serviços de saúde para
inadimplência superior a 90 dias de atraso.
A lei 8.666/93 reconheceu expressamente que o atraso superior
a 90 dias inviabiliza a continuidade da prestação de serviços.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos
pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra,
assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do
cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
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sob pena de BLOQUEIO de verbas públicas.
No caso de omissão estatal no pagamento, deverá o
reconvinte/credor apresentar os cálculos dos valores devidos há mais de 90
dias para o devido bloqueio.
Ressalte-se que, apesar da extinção do procedimento
antecipado, o contrato deverá ser observado conforme previsão legal e
contratual.
Intimem-se. Cumpra-se.
Manaus, 05 de agosto de 2019
Assinatura digital
LEONEY FIGLIUOLO HARRAQUIAN
Juiz de direito