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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS/CAMPUS JANUÁRIA

Tipos de cruzamento em
bovinocultura

Profª: Patrícia Monteiro Costa


Disciplina: Produção de Ruminantes

Januária
2018
1
Tipos de cruzamentos
Cruzamento Simples: cruzamento mais
simples a primeira etapa de um sistema
de cruzamento mais complexo.

Conhecido como cruzamento terminal:


raças puras são utilizadas e todos os
produtos (F1) são destinados ao abate.

Explora 100% da heterose individual


porque nenhum reprodutor (macho ou
fêmea) cruzado é aproveitado no
sistema.
Tipos de cruzamentos
Terminal clássico (three-cross): fêmeas F1 em acasalamentos com
touros de uma terceira raça, que pode ser identificada como raça
terminal.

Normalmente as fêmeas F1 são mais precoces e férteis que as


fêmeas puras (especialmente as zebuínas) e o aproveitamento
destas fêmeas permite melhorar os índices reprodutivos médios do
rebanho.
X

Tricross
F1

X
Tipos de cruzamentos
Cruzamento rotacional ou alternativo: Ele consiste na rotação das
raças dos touros em cada geração.

Um dos inconvenientes deste sistema de cruzamento, especialmente


nas gerações iniciais e se as raças utilizadas forem muito
divergentes, é a existência de grupos de animais muito diferentes e
que precisam ser manejados de forma específica.
Tipos de cruzamentos
Contínuo ou absorvente: O cruzamento contínuo é uma opção
quando há interesse em substituir a raça existente no rebanho por
uma nova raça.

Neste tipo de cruzamento são utilizados apenas touros daquela raça


que se deseja introduzir no rebanho.

Realizado para produzir animais puros de origem.


X

X
....
Animais puros por cruzamento (PC) a partir de animais
com composição genética desconhecida. Utilizaremos
como exemplo a raça Holandesa, chegando ao PC 31/32
Holandês, a partir da utilização de touros puros de
origem (PO) Holandês:

1ª. Geração: (0H+1H)/2=1⁄2 H


2ª. Geração: (1⁄2 H+1H)/2=3⁄4 H
3ª. Geração: (3⁄4 H+1H)/2=7⁄8 H
4ª. Geração: (7⁄8 H+1H)/2=15⁄16 H
4ª. Geração: (15⁄16 H+1H)/2=31⁄32 H
Estrutura Corporal (E): corresponde ao tamanho ou área do animal visto de lado,
do dorso/lombo ao chão, considerando as pernas. Trata-se basicamente do
comprimento corporal e altura do animal.
Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 pequeno e 6 grande.
- Precocidade (P): corresponde à relação entre o comprimento de costelas e altura
de membros. O objetivo é identificar animais com maior profundidade de costelas,
que tende a depositar gordura de acabamento mais cedo.

Os escores variam de 1 a 6, sendo escores menores atribuídos a indivíduos mais


tardios e maiores para os mais precoces.
- Musculosidade (M): corresponde às evidências de massas musculares,
principalmente observadas no posterior e na linha dorso-lombar, regiões onde
estão situados os cortes nobres. Animais mais musculosos são mais pesados e
apresentam maior rendimento de carcaça.
- Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 para os menos musculosos do lote e
6 para os mais musculosos.
- Umbigo (U): corresponde ao tamanho e posicionamento da prega umbilical,
considerando bainha e prepúcio nos machos. Importante característica para as
condições de produção brasileira – basicamente a pasto.

- Animais com umbigos muito pendulosos estão mais susceptíveis a patologias,


podendo comprometer a reprodução. Os escores variam de 1 a 6, sendo escore
1 colado; 2,3,4 funcionais; 5 e 6 pendulosos.
As características raça, aprumos e sexualidade (RAS) tem funções importantes,
relacionadas à adaptabilidade do animal ao ambiente tropical brasileiro. Alguns
exemplos são: bordos dos olhos negros e com pele enrugada, protegendo dos
raios solares, assim como espelho nasal pigmentado, garantindo boa
pigmentação do corpo do animal; aprumos corretos garantem longevidade do
animal no rebanho e sustentação da monta, tanto do macho quanto da fêmea; o
touro com a tábua do pescoço e cupim escuros, estes mostram a ação da
testosterona, o que pode garantir um bom reprodutor.

- Caracterização Racial (R): todos os itens previstos nos padrões raciais


determinados pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) devem
ser considerados.

Seus escores variam de 1 a 4, sendo 1 fraco e 4 muito bom.


Aprumos (A): são avaliados por meio das proporções, direções, angulações e
articulações dos membros anteriores e posteriores. No Brasil, a maioria dos
animais é criada a pasto, com suplementação mineral. Com isso, os animais são
obrigados a percorrerem grandes distâncias, favorecendo aqueles de melhores
aprumos. Na reprodução, bons aprumos são fundamentais para o macho
efetuar bem a monta e para a fêmea suportá-la, além de estarem diretamente
ligados ao período de permanência do indivíduo no rebanho.
- Características Sexuais (S): busca-se masculinidade nos machos e feminilidade
nas fêmeas. Estas características deverão ser tanto mais acentuadas quanto
maior a idade dos animais avaliados. Avaliam-se os genitais externos, que
devem ser funcionais, de desenvolvimento condizente com a idade
cronológica. Características sexuais do exterior do animal parecem estar
diretamente ligadas à eficiência reprodutiva.

- A reprodução é a característica de maior impacto financeiro na atividade.


RAÇAS BOVINOS DE LEITE
O que deve ser avaliado?
Características de Tipo: tipo ideal pode ser definido como uma
perfeição que combina as característicasfísicas que contribuem para a
utilização de umanimal para o propósito específico.
Aptidão Leiteira: Habilidade “natural” para produzir leite.
Aparência Geral – Harmonia e desenvolvimento do conjunto –
Levar em consideração idade e raça do animal – Feminilidade ou
masculinidade

Temperamento Leiteiro – Considerar estágio da lactação e idade


do animal – Controle emocional e índole do animal – Forma do
corpo (Forma de Cunha)
Capacidade Corporal – Capacidade e equilíbrio do tórax (peito
e costelas) – Capacidade de ingerir alimentos – Formas angulosas –
Membros fortes, qualidade dos ossos e aprumos – Garupa
(comprimento, nivelamento e largura)
Sistema Mamário – Tamanho, comprimento e profundidade do
úbere anterior e posterior. – Ligamentos e veias mamárias.
O que deve ser avaliado?
Altura da Garupa
Perímetro Torácico
Comprimento do Corpo
Comprimento da Garupa
Largura entre os Ísquios e os Ílios
Ângulo da Garupa
Ângulo dos cascos
Posição das Pernas - Curvatura
Úbere Anterior ( ligamento – firmeza )
Úbere Posterior - Altura
Profundidade do Úbere
Comprimento e Diâmetro das Tetas
O que deve ser avaliado?
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O que deve ser avaliado?
Holandesa: Esta raça é criada com a finalidade de exploração leiteira na
Holanda.
Apresenta três variedades: Frisia, Grominga e a
variedade Mosa, Reno e Yessel. São criadas no Brasil a Frísia (preto e branco) e
a Mosa, Reno e Yessel (vermelho e branco).
Gir Leiteiro
O Gir Leiteiro se destaca por sua rusticidade, longevidade
produtiva e reprodutiva, docilidade, baixo custo de mantença,
facilidade de parto, produção de leite a pasto e versatilidade nos
cruzamentos. O Gir Leiteiro reduz os custos nos aspectos de
alimentação, medicamentos, assistência veterinária e mão de obra
exigida para condução e cuidados com os animais do rebanho.
Bos taurus taurus (Holandesa)
X
Bos taurus indicus (Gir)
=
Girolando
CARACTERÍSTICAS
RACIAIS

Se adapta muito bem ao


clima tropical;

Capacidade de auto-
regulação do calor
corporal;

Pés fortes;

Hábitos de pastejo;

Resistente a parasitas;
Dócil;

Habilidade materna;

Excelente produtora
de leite;

Utilizado para a
produção de carne
devido sua
adaptabilidade.
Holandes e Gir
Visando a associação das qualidades de resistência da Gir com as de
produção leiteira da raça Holandesa, os criadores buscaram através
desse cruzamento chegar em um animal que produzisse
satisfatoriamente em regime de pastejo. Surgiu com isso, o
Girolando, produto do cruzamento do Holandês com o Gir, dois
pilares sólidos, passando por variados graus de sangue, do 1/4 de
Holandês até o 7/8.
ESTRATÉGIAS DE CRUZAMENTOS
A raça é fundamentalmente produto do cruzamento do Holandês com
o Gir, passando por variados graus de sangue, direciona-se visando a
fixação do padrão racial, no grau de 5/8 hol + 3/8 gir, objetivando um
gado produtivo e padronizado.
IDENTIFICAÇÃO RACIAL DOS GRAUS DE
SANGUE
1) Nunca tire conclusão sobre o grau de sangue de um animal, somente por
determinada característica.
Uma vaca é “umbiguda” ou “barbeluda” que ela tem que ser 1/2 sangue. Ou
porque tem orelha mais curta que tem que ser 3/4. “É o conjunto de características
que vão determinar com precisão, o grau de sangue do animal”.

2) Sempre começar analisando o animal pela cabeça, em seguida o pescoço e a


barbela. Depois passamos para a parte posterior do corpo: garupa, vulva e calda e
finalizando nossa análise, o umbigo.
IDENTIFICAÇÃO RACIAL DOS GRAUS DE
SANGUE
CABEÇA: a cabeça é particularmente quem carrega a expressão racial e
se o animal está ou não bem definido racialmente. Na cabeça devemos
observar o perfil, visto lateralmente, o formato dos olhos e as orelhas,
vistas de frente, seu tamanho, formato e posicionamento em relação aos
olhos;

Perfil típico da 1/2 sangue é sub-convexo,


5/8 é tipicamente retilíneo
3/4 é sub-côncavo, pois tem uma ligeira depressão na região da fronte.

- a 1/2 sangue tem 50% de sangue Gir/Holandês = sub-convexo;


- a 3/4 tem 75% de Holandês = sub-côncavo;
- a 5/8 possui 62,5% de Holandês, ou seja, está exatamente entre a 1/2
sangue e a 3/4. Misturando sub-convexo (1/2) com o sub-côncavo (3/4)
=perfil retilíneo (5/8).
PESCOÇO: Guardando as devidas proporções, a regra segue o mesmo
padrão da cabeça: quanto maior o grau de sangue de holandês do animal,
como é o caso do 3/4, a característica tende a assemelhar-se a raça
holandesa, ou seja, mais descarnada e triangular. Já a 1/2 sangue, nota-se
a musculatura rombóide um pouquinho mais desenvolvida, pela maior
presença de sangue gir, e a 5/8 com formato intermediário, como
podemos visualizar na figura abaixo.
Garupa: inclinação da 1/2 sangue é maior e mais evidente, pela
presença de mais sangue Gir;

5/8 tem uma garupa intermediária menos inclinada em relação a 1/2


sangue;

3/4, já com 75% de sangue holandês, tem uma garupa mais nivelada,
bem mais plana em relação às outras duas.
Vulva: Girolando 1/2 sangue, com 50% de sangue Holandês e 50% de
sangue Gir, mantêm uma conformação da vulva mais próxima das vacas
Gir, conservando um maior volume e a típica presença de rugas (estrias).

3/4 de sangue, com 75% de Holandês, carregam a característica da vulva


das holandesas, com menor volume e menos estrias, praticamente lisas.

Como as 5/8 possuem 62,5% de sangue Holandês, estando entre as 1/2


sangue e 3/4 na proporção genética, suas características vão ser sempre
intermediárias em relação a elas.

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