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Desenvolvimento Humano Social Unidade 1 PDF
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Desenvolvimento
humano e social
Sumário
CAPÍTULO 1 – O Homem e o Trabalho nas Diferentes Configurações Geográficas................05
Síntese...........................................................................................................................20
Referências Bibliográficas.................................................................................................21
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Capítulo 1
O Homem e o Trabalho nas Diferentes
Configurações Geográficas
“O que vou ser quando crescer?”. Ao ler essa pergunta, você deve ter relembrado os tempos de
sua infância ou de sua adolescência e juventude, não é mesmo? Todos nós, um dia, nos fazemos
esse questionamento. E mais: todos nós, em algum dia, perguntaremos aos nossos filhos, netos
e bisnetos: “o que você quer ser quando crescer?”.
Ser algo quando crescer: o que, afinal, significa isso? Ser algo implica o mais complexo modo
de existência do homem, o trabalho.
Umas das características fundamentais da experiência humana é o trabalho. Por meio dele, sus-
tentamos nossa própria existência e a de outras pessoas. Há muito tempo, o homem descobriu
que, com o trabalho, poderia transformar e dominar a natureza, tão impetuosa. Desde o mais
simples mecanismo até o mais complexo e avançado modo de produção tecnológico atual, o
homem tem, ao longo de sua milenar existência, construído formas de modificar os elementos
da natureza, a fim de transformá-los para seu usufruto. No entanto, talvez nunca tenhamos nos
perguntado: afinal, o que é o trabalho? Como posso ser agente de mudança social por meio do
exercício da minha prática profissional?
Ao longo deste capítulo, analisaremos a ideia de trabalho e sua implicação para a espécie hu-
mana.
No tópico Evolução do trabalho e sua relação com a sociedade, analisaremos a composição dos
modos de produção do trabalho humano. Da confecção de rústicas ferramentas – com madeira,
pedras e ossos – à invenção de complexos sistemas informatizados, a mente humana sempre
buscou modos de aprimorar o trabalho, a fim de minimizar custos e maximizar a produção.
Assim, você compreenderá melhor como o trabalho transforma a sociedade e qual o seu papel,
como profissional, nesse cenário de transformações. Preparado? Siga em frente e bons estudos!
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Desenvolvimento humano e social
Todo homem trabalha, trabalhou ou, em algum momento, trabalhará. O trabalho é constitutivo
do modo de ser humano. É um dos fundamentos mais básicos da vida social. É a atividade mais
humana, aquilo que faz do homem um ser especificamente humano.
Neste tópico, abordaremos o tema da relação dialética entre o homem e o trabalho, na perspec-
tiva de compreendermos como o homem constitui e, ao mesmo tempo, é constituído pelas socie-
dades, por meio do trabalho. Para tanto, iniciaremos investigando algumas definições conceitu-
ais da ideia de trabalho, ressaltando a importância do conhecimento e da prática profissional.
Em seguida, analisaremos as relações entre o homem e a natureza, que são intermediadas pela
capacidade humana de produzir trabalho consciente. Finalmente, abordaremos os modos como
o pensamento universal compreendeu a noção de trabalho, como elemento constitutivo da natu-
reza humana. Esses conhecimentos serão fundamentais para sua formação crítica e reflexiva. Por
meio deles, você compreenderá os principais elementos que compõem a natureza do homem, a
fim de que sua atuação profissional seja sempre pautada pela ética e pela moralidade.
Vamos ao trabalho!
Na perspectiva adotada pelos autores, é o trabalho o que nos distingue, em essência, de todo
o restante do mundo orgânico e inorgânico. O homem, pela mediação do trabalho, e agindo
sobre a natureza, transformando-a, tornou “o mundo possível à sua vida e sua vida possível no
mundo” (GIORDANO, 2000, p. 53). No entanto, poderíamos opor, aqui, uma questão: as ativi-
dades animais, como as desenvolvidas pelo castor, na construção de seus diques, por exemplo,
ou pelo joão-de-barro, na de seus casebres, não são, porventura, trabalho? Na verdade, não.
Isso porque a consciência é outro elemento constituinte da ideia de trabalho, e que o determina
como atividade exclusivamente humana e o configura, além disso, como a “extensão de uma
existência subjetiva” do homem (RANIERI, 2011, p. 130).
De acordo com Ranieri (2011, p. 130), “toda atividade humana está determinada por certo
gradiente de intencionalidade”. Ou seja: toda atividade humana está determinada, embora em
diferentes graus, pelos mecanismos da consciência. Por essa razão, o objeto da atividade huma-
na e de seu trabalho é a exteriorização de sua capacidade para a consecução de determinada
atividade consciente (RANIERI, 2011, p. 130). Por meio da consciência, o homem diagnostica
e atualiza a abrangência de suas necessidades e urgências, e as realiza para além dos ditames
da “mera espontaneidade do instinto biológico” (LUKÁCS, 2013, p. 59). Então, vamos retomar
a questão das atividades de bichos como o castor e o joão-de-barro. Conseguiu compreender
por que elas não são consideradas trabalho? O “trabalho” animal constitui-se apenas como
uma resposta instintiva a um problema imediato e visa, por essa razão, a encontrar uma solução
também imediata. Nas palavras de Ranieri:
Portanto, o que nos diferencia essencialmente de todo o mundo natural é a capacidade de reali-
zação consciente, e não mais como mera resposta instintiva, de toda atividade e, por definição,
de todo trabalho.
De acordo com Aranha e Martins (1986, p. 46), o ponto substancial da distinção entre as ativida-
des humanas e animais constitui-se no fato de que, no homem, o trabalho regula-se por intermé-
dio de um projeto intencionalmente planejado. Entre a teoria e a prática, existe, portanto, uma
relação dialética: “o projeto orienta a ação e esta altera o projeto, que de novo altera a ação”
(ARANHA; MARTINS, 1986, p. 55). O esquema projeto-ação-projeto é, por isso, o elemento
distintivo do caráter humano, quando em comparação à condição animal. A noção de projeto,
aqui, pressupõe a ideia de regulação do tempo, outra característica especificamente humana
quando nos referimos à temática do trabalho. O homem, ao projetar sua ação, ultrapassa a
dimensão de um problema imediato e sua correspondente solução, visando também à resolução
de dificuldades vindouras possíveis. Dessa forma, o homem produz um processo evolutivo de
concepção do trabalho que, por sua vez, se configura em um “processo histórico” (ARANHA;
MARTINS, 1986, p. 55), na medida em que cada ação presente constrói, para a ação futura, os
paradigmas para a sistematização do trabalho, inclusive do ponto de vista fabril.
Em resumo, vimos, até o momento, que o trabalho transforma a natureza, tornando-a humani-
zada, em certo sentido. Além disso, reúne os homens por meio da comunhão e da união, para
satisfação de suas necessidades comuns. Como consequência, o trabalho transforma o homem
em um ente fundamentalmente social, na medida em que o coloca em condição de sociabilidade
com os outros indivíduos.
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Desenvolvimento humano e social
O animal, na natureza, permanecerá envolvido por ela, sujeito individualmente a ela, sob suas
determinações, protegido apenas por seus instintos primitivos. O homem, contudo, ao transfor-
mar a natureza, tornando possível conceber sua própria existência, exerce sobre ela domínio,
subjugando-a e reconfigurando, com isso, seu modo de ser e estar no mundo e suas relações
com os demais de sua espécie. Com as definições analisadas até o momento, percebemos o
caráter constitutivo do trabalho humano. O trabalho determina, no homem, sua mais íntima es-
sência, aquilo que marca a distinção entre a natureza animal e a natureza humana.
O filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte afirmava que, por mais reles e insignificante, toda
ocupação humana, desde que adstrita à conservação e à livre ação dos seres morais, deve ser
“santificada” em proporção idêntica às ações mais elevadas do espírito humano. Por essa razão,
todo trabalho, a despeito de seu status quo, deve ser dignificado, pois constitui parte da natureza
do homem.
No entanto, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, um dos marcos fundamentais do pensamento ale-
mão, foi o primeiro pensador a formular especificamente uma teoria do trabalho, explorando a
temática em muitos de seus escritos. Nas palavras do autor:
Por exemplo, caso estejamos carentes de calçados, e caminhando descalços, sofrendo com as
intempéries de um solo pedregoso ou escorregadio, nossa produção vai se concentrar na confec-
ção desses produtos específicos, a fim de que, por esses meios, vençamos os desafios propostos
pela natureza. A carência particularizada gerou, nesse caso, um meio também particularizado e
um produto humano destinado a um fim consciente. Nessa perspectiva, a relação entre trabalho
Pela divisão, o trabalho do indivíduo torna-se mais simples, aumentando a sua aptidão para o
trabalho abstrato bem como a quantidade da sua produção. Esta abstração das aptidões e dos
meios completa, ao mesmo tempo, a dependência mútua dos homens para a satisfação das
outras carências, assim se estabelecendo uma necessidade total.
Hegel nos propõe, a essa altura, uma organização social do trabalho, por meio de sua divisão.
Com isso, o trabalho do homem é simplificado, na medida em que, agora, cada trabalhador
executará apenas uma pequena fração da atividade. Outro benefício, angariado por meio da
divisão sistemática do trabalho, é a majoração da produção e, por consequência, o aumento do
alcance da satisfação das necessidades humanas, pois o homem, “ao ganhar e produzir para sua
fruição, ganha e produz também para a fruição dos outros” (HEGEL, 1997, p. 178).
Nessa perspectiva, o trabalho assume caráter constitutivo da sociedade, elemento essencial des-
ta. Por meio do trabalho, o homem constitui a sociedade e, ao mesmo tempo, é por ela constitu-
ído substancialmente. Observe: por um lado, constitui a sociedade, na medida em que atualiza,
por meio do trabalho, os produtos da cultura. E, por outro lado, é constituído, na medida em
que se compõe como homem ao consumir os produtos do trabalho social. Essa ambivalência é
a característica essencial do homem.
Natureza Trabalho
Produto
Sociedade do trabalho
Natureza
Quadro 1 – Representação do ciclo Natureza-Trabalho-Sociedade
Fonte: Moraes, 2015.
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Desenvolvimento humano e social
Em síntese, o homem, por intermédio de seu labor, transforma a natureza. Dessa transformação,
resultam os produtos do trabalho humano que, por sua vez, constituem as culturas e, consequen-
temente, as sociedades. Toda história humana pode ser remontada ao analisarmos os diversos
produtos do trabalho humano, aspecto que desenvolveremos adiante.
Outro importante pensador a teorizar a respeito do trabalho foi Karl Marx. Reconhecido, na
história do pensamento universal, como fundador do marxismo, Marx admite que a diferença
constitutiva existente entre homem e natureza inicia-se quando os homens começam “a produzir
seus próprios meios de subsistência, progresso este condicionado pela organização física huma-
na. Produzindo seus meios de subsistência, os homens produzem indiretamente sua própria vida
material” (MARX, 1998, p. 10).
Dessa forma, o trabalho não apenas implica a produção dos meios com os quais o homem ga-
rante sua subsistência. Na verdade, o trabalho é a própria vida tornada extrínseca. Ou seja, é o
próprio homem, um modo específico de ser do homem, um mecanismo, também específico, de
fazer-se homem e opor-se ao julgo dos instintos naturais.
Karl Marx acredita, por isso, que o trabalho constitui a trama e a estrutura autêntica da História,
pois, por meio dele, mais do que por intermédio da natureza, o homem põe-se em contato direto
com outros indivíduos de sua espécie, tornando-se substancialmente, como nos referimos ante-
riormente, um ente social. De acordo com Marx, as relações políticas, econômicas e de produção
determinam a natureza humana e são, por isso, elementos constitutivos da sociedade.
Figura 2 – Escultura em bronze de Karl Marx em São Petersburgo, na Rússia, construída em 1932.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Você conseguiu compreender os limites entre o homem e a natureza? Ao longo deste tópico,
você viu que o trabalho é uma das características que demarcam tais limites. Por meio dele, o
homem venceu sua condição animal. Sobrepujando os instintos naturais, ele tornou-se humano
Vamos às técnicas!
Veja um exemplo prático dessa influência. Na atualidade, as grandes cidades estão completa-
mente sobrecarregadas. Suas vias, avenidas e ruas não suportam mais o intenso trânsito dos
automóveis. Em São Paulo, por exemplo, no ano de 2014, um balanço da Companhia de Enge-
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nharia de Tráfego – CET revelou que a velocidade média dos automóveis, nos horários de pico,
era de 6,9 km/h. Outro dado também alarmante, divulgado pela mesma entidade, diz que, em
2014, entre as 10h30 e as 16h30, São Paulo possuía em média 50 km de congestionamento por
dia útil (ESTADO DE MINAS, 2014). Com isso, o enorme tempo gasto nos engarrafamentos levou
patrões e trabalhadores a adotarem um novo modelo de trabalho, possível graças aos avanços
das tecnologias de comunicação: o home office. Com essa nova metodologia, os funcionários
puderam executar suas tarefas em casa, via mecanismos de comunicação real, otimizando o
tempo antes perdido nos extensos congestionamentos.
A ampla maioria dos historiadores reconhece a existência histórica de cinco mecanismos distintos
de organização do trabalho, ou seja, cinco modos de produção do trabalho. De acordo com
Soares (1988, p. 61), são eles:
Agora, você estudará o modo de produção capitalista e, posteriormente, verá como Marx diag-
nosticou os problemas desse sistema e propôs o modo de produção comunista.
De acordo com Huberman (1979, p. 167-168), “quando o dinheiro é empregado num empre-
endimento ou transação que dá lucro (ou promete dar), esse dinheiro se transforma em capital”.
O capitalismo, portanto, é a relação humana marcada pelo condicionamento capital-lucro. No
capitalismo, o proprietário dos meios de produção compra a força de trabalho do operário,
mas não poderá vender a força de trabalho, em si, a fim de obter lucro. O capitalista vende, na
verdade, as mercadorias produzidas pela força de trabalho de seus operários. Essa é a relação
fundamental para compreendermos o capitalismo: o operário vende, ao capitalista, sua força de
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Desenvolvimento humano e social
trabalho, e o capitalista, por sua vez, venderá o produto da força de trabalho do operário, a fim
de angariar lucro. O lucro, dessa forma, é obtido por meio da redução do custo do trabalho,
segundo um raciocínio bastante simples. Segundo Huberman (1979, p. 168), “o lucro vem do
fato de receber o trabalhador um salário menor do que o valor da coisa produzida”.
Para lucrar mais, portanto, o capitalista precisará, em primeiro lugar, pagar o mínimo possível na
compra da força de trabalho e, em segundo, majorar ao máximo a produção do trabalho, por
meio, por exemplo, do avanço tecnológico e da regulação dos modos de produção.
Veja, então, a seguir, a forma como Taylor e Ford, os mais significativos empreendedores capi-
talistas, alteraram radicalmente a composição do modo de produção capitalista do século XX.
Frederick Winslow Taylor, engenheiro estadunidense, escreveu, em 1911, o livro The Principles of
Scientific Management (Princípios da Administração Científica). Taylor nos apresenta os princípios
que, mais adiante, se tornariam os fundamentos básicos da organização do trabalho do moderno
sistema de produção capitalista.
Henry Ford, empreendedor também estadunidense e fundador da Ford Motor Company, alinha-se
aos pressupostos tayloristas, estendendo-os aos mecanismos de produção e consumo em massa.
Por essa razão, neste tópico, adotaremos a relação de contiguidade entre Taylor e Ford, anali-
sando suas implicações a partir do paradigma proposto pela noção taylorismo-fordismo, que,
segundo Antunes (1995, p, 17), é “a forma pela qual a indústria e o processo de trabalho con-
solidaram-se ao longo deste século”. Segundo o autor, seus elementos constitutivos básicos são:
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Desenvolvimento humano e social
A questão fundamental do novo modelo de produção, conforme proposto por Taylor, resume-se a
como fazer o trabalhador trabalhar mais? Para solucionar esse problema, Taylor propõe uma
série de medidas administrativas. O primeiro fundamento da administração científica proposta
por Taylor é a noção de tarefa. Segundo ele, na tarefa, “é especificado o que deve ser feito e
também como fazê-lo, além do tempo exato concebido para a execução” (TAYLOR, 1990, p.
42). Com base no estudo do tempo e dos movimentos necessários para a consecução de de-
terminada atividade, Taylor propôs uma complexa estrutura de planejamento que antecipa, por
meio da instrução escrita e detalhada, as tarefas e os meios necessários para executar o máximo
de atividade e circunscrevê-la à medida de um tempo máximo exato de execução. Para tanto, a
partir da possibilidade de divisão tecnológica do trabalho, o taylorismo funda diversos cargos
e funções, distribuindo entre eles as tarefas a serem realizadas por cada um e, além disso, a
relação que cada tarefa estabelece com as demais na linha de produção. O trabalho, nessa
perspectiva, tornou-se mera execução de um projeto não mais concebido pelo trabalhador, mas,
sim, imposto a ele verticalmente.
Para ilustrar, no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, o trabalhador, submetido à produ-
ção em série e à repetição ininterrupta de um único movimento – o de parafusar –, acaba inter-
nalizando esse movimento laboral obrigatório que não mais consegue abandonar. Ao deitar, ao
levantar, ao almoçar e jantar, o trabalhador representado por Chaplin repete inconscientemente
o movimento de parafusar, como se estivesse na fábrica.
Em síntese, você viu que, no modo de produção capitalista, o trabalhador vende, ao capitalista,
sua força de trabalho. Ela produzirá a mais-valia, em decorrência do tempo de trabalho exce-
dente, ou seja, nesse período, o trabalhador não mais produz valor para si. A mais-valia difere
do lucro, pois é a exploração do tempo de trabalho excedente, tempo que extrapola a produção
das condições de vida material necessárias para o trabalhador.
Ao constatar esse regime de exploração, Marx propõe o modo de produção comunista. Sua
característica fundamental consiste na inexistência de toda propriedade privada. Dessa forma,
mantêm-se os níveis de alta produtividade, como no capitalismo; no entanto, os produtos e re-
sultados da produção seriam coletivos e não mais privados.
VOCÊ O CONHECE?
Em 29 de fevereiro de 1912, nascia Taiichi Ohno, em Dalian, China. Ele frequentou o
Departamento de Engenharia Mecânica da Nagoya Technical High School e, em 1932,
começou a trabalhar na Toyota Boshoku. Em 1943, foi transferido para a Toyota Motor
Company. Depois de 11 anos, tornou-se Diretor da Toyota. Em 1964, foi promovido
a Diretor Gerente e, em 1970, Diretor Gerente Sênior. Em 1975, tornou-se Vice-Presi-
dente Executivo. Taiichi Ohno aposentou-se em 1978.
Ohno, em seu livro, funda um dos conceitos básicos dos modos de produção capitalista do
século XX, a ideia de just-in-time. Desde sua formulação, o toyotismo tem alterado significativa-
mente os modos de produção capitalista em diversos países e em diferentes ramos da produção
capitalista.
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Desenvolvimento humano e social
Para compreender o toyotismo, é preciso analisar inicialmente três elementos fundamentais que,
de acordo com Alves (2011, p. 43), o compõem:
• inovações organizacionais;
• inovações tecnológicas;
• inovações sociometabólicas.
Outra noção importante para o entendimento do toyotismo é a de sistema. Ohno busca uma
intrínseca coerência entre a organização do trabalho, a gestão da produção e o gerenciamento
dos recursos humanos. Esse último aspecto constitui a “dimensão essencial do espírito do toyo-
tismo: a imprescindibilidade do ‘engajamento’ moral-intelectual dos operários e empregados na
produção do capital” (ALVES, 2011, p. 46). Esse é nosso ponto fundamental.
Mais adiante, Ohno (1997, p. 44) adverte ser necessário “ter o espírito para aguentar o treina-
mento”. É preciso, então, que o operário tenha severidade e disciplina, a fim de submeter-se à
naturalização imposta pelos novos mecanismos de produção do trabalho. Ohno advoga, portan-
to, por uma transmutação subjetiva dos modos de produção. Ou seja, propõe, conforme esclare-
ce Alves (2011, p. 46), por meio da reorganização do trabalho e dos instrumentos tecnológicos
de comunicação, a “captura da subjetividade do trabalho vivo pelos ditames da produção de
mercadorias”, produzindo, assim, um novo sociometabolismo, conforme supracitado, isto é, uma
nova forma de configuração do homem e do trabalho vivo. Essas novas exigências implicam di-
retamente a composição da sociedade.
Todos esses diferentes modos de produção nos ensinam algo realmente importante para toda
atuação profissional: a centralidade e a importância do trabalho no desenvolvimento individual
e no desenvolvimento das sociedades. Não se trata, evidentemente, de conhecimentos teóricos.
Ao contrário, são extremamente práticos. Esse saber é essencial e sua aplicabilidade será perce-
bida assim que você se deparar, por exemplo, com situações-problemas, com conflitos éticos e
morais, no exercício diário das profissões.
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Síntese Síntese
• O trabalho é a forma como o homem transforma a natureza, a fim de adaptá-la às suas
necessidades. Por um lado, a natureza oferece ao homem “produtos naturais”. Por outro,
com aqueles, e por meio do trabalho, o homem produz os “produtos humanos”.
• Na segunda metade do século XX, o modelo japonês, proposto por Taiichi Ohno,
reconfigurou novamente os modos de produção do trabalho, impondo uma regulação
ainda mais fina dos sistemas produtivos e introduzindo, entre outros aspectos, o espírito
da competição do mercado de trabalho contemporâneo.
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo, 2013.
MARCONDES, D.; JAPIASSU, H. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2001.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Tradução de Luís Cláudio de Castro e Costa. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
RANIERI, J. Trabalho e dialética: Hegel, Marx e a teoria social do devir. São Paulo: Boitem-
po, 2011.
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Desenvolvimento humano e social
WOOD JR., T. Fordismo, toyotismo e volvismo: os caminhos da indústria em busca do tempo per-
dido. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 32, nº 4, p. 6-18, Set./Out., 1992.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rae/v32n4/a02v32n4.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2015.