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Capítulo XII - Cálculo do Escoamento no Interior Dutos

Unicamp/FEQ/DTF/EQ541 Fenômenos de Transporte I - Profa. Katia Tannous


Parte III

REDES DE TUBULAÇÃO

1
SISTEMAS DE TUBOS

Constituídos de:

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 Elementos: trechos de tubo (D constante)
 Componentes: válvulas, tês, cotovelos, redutores, etc.

**Bomba (adicionam energia); turbinas (extraem energia)

Tipos de sistemas mais simples:


 tubos em série
 tubos em paralelo
 tubos ramificados
2
Muitos sistemas contém todos estes tipos de configurações e

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envolvem cálculos mais complexo.

 A maioria dos problemas de sistemas de tubo a serem


analisados são aqueles em que a vazão na descarga dos tubos é a
variável desconhecida ou perda de carga do sistema.
sistema

Trataremos aqui somente da análise dos sistemas com


escoamento permanente e incompressível. 3
PERDAS EM SISTEMAS DE TUBOS
Perdas

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 cisalhamento na parede dos elementos de tubo  é distribuída ao longo
do comprimento do tubo
2
L v (1)
hL = f D Darcy-Weisbach
D 2g
 componentes da tubulação  é localizada e representa descontinui -
nuidades discretas na linha de energia do sistema.

v2 ou
Leq v 2 (2)
hL = ΣK hL = f D
2g D 2g 4
PERDAS EM ELEMENTOS DE TUBOS
As perdas podem ser escritas da seguinte forma:

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x Expoente (3)
h L = RQ
Vazão de descarga
Coeficiente de resistência (e, Re, L, Dt)
Perda de carga ao longo do comprimento L do tubo

Combinando com Darcy-Weisbach:


8 fDL e x=2 (4)
 R=
gπ 2 D 5

Para análise de sistemas de tubos, é mais conveniente expressar o comportamento de


f utilizando fórmulas empíricas aproximadas. Assim, o fator de fricção pode ser 5
obtido analiticamente em termos do número de Reynolds e da rugosidade relativa
relativa..
Correlações para fD e R
−2
   e   1   
0 ,9

Swamee-Jain (1976): f D = 1,325 ln  0 ,27   + 5 ,74    (5)

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   
D  Re   

−2
 L     1   
0 ,9
 e 
Combinando com R de Darcy: R = 1,07   ln  0 ,27   + 5 ,74 
5   
 gD     
D  Re   
−8
 valem para a faixa de 0,01 > e / D > 10 (6)
8
5000 < Re < 10
K1L
 Hazen-Williams: R= x m
(7)
C D
x = 1,85
m = 4,87
C = f(rugosidade)  coeficiente de Hazen-Williams – Tabela 1 6
K1 depende do sistema de unidades  SI: K1 = 10,59 e UI K1 = 4,72
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Tabela 1: Valores nominais do coeficiente C de Hazen-Williams

Tipo de tubo C

7
Comparação entre as correlações para fD e R

Dados válidos para


escoamento de água (20ºC)

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em tubo de concreto de
D=1m

Esta é a equação que descreve as curvas do Diagrama de Moody na


faixa de transição entre o regime laminar e o totalmente rugoso 8
PERDAS EM SISTEMAS DE TUBOS
Perdas localizadas (em componentes)

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2
v 2  ΣK  2 ΣK  4  2 8 2 (8)
hL = Σ K =   ⋅ Q = ⋅  ⋅ Q = ⋅ Σ K ⋅ Q
2 g  2 gA 2  2 g  πD 2  gπ 2 D 4

Em alguns casos, é melhor expressar como comprimento equivalente:


fD (9)
K = Le
D
Tubo Componentes (ou acidentes)
Substituindo:
8f D [L + Le ] 2 2
hL = ⋅ Q = R ⋅ Q (10)
gπ 2 D 5
9
Coeficiente de
Resistência Médio
SISTEMA DE TUBOS EM SÉRIE

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Princípio: identificar todas as
Princípio:
variáveis desconhecidas e escrever
um número equivalente de equações,
independentes a serem resolvidas.

p  p   ΣK  2  ΣK  2  ΣK  2
Energia  + z  −  + z  =  R1 +  Q
2  1
+ 
 R 2 +  Q
2  2
+ L + 
 R N + Q
2  N
γ A  γ B  2gA1   2gA 2   2gA N 
(11)

Massa: Q1 = Q 2 = L = Q i = L = Q N = Q Q = todos os tubos!!

N N
p  p   ΣK  2  ΣK  2
 + z  −  + z  =
γ A  γ B
∑i =1
 Ri +

 2gAi 
Q =
2  i ∑
i =1
 Ri +


Q
2 
2gAi 
(12)

10
Diferença de carga ou
nível piezométrico Ri calculado eq. (6) ou eq. (4)+Moody
(4)+Moody
EXEMPLO

Para o sistema abaixo, encontre a potência requerida para bombear 100 l/s de
líquido (d=0,85 e ν=10-5m2/s). A bomba é operada numa eficiência de 75% e

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dados adicionais são dados na Tabela abaixo.
2

K2=1 Ke=0,25

11
SISTEMA DE TUBOS EM PARALELO

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p  p   ΣK  2
Energia::
Energia 
 + z  −  + z  =  Ri +  Qi = R i Qi2 (13)
γ A  γ B  2gAi2 

N
Massa: Q = ∑ Qi i = 1,K , N (14)
i =1

12
A vazão de entrada é conhecida, mas a distribuição das vazões e pressão
piezométrica são desconhecidas !
Resolução do sistema de equações

Inserindo a variável W (nível piezométrico): W = ( p γ + z ) A − ( p γ + z ) B (15)

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W
As vazões podem ser escritas (eq. 13): Qi = (16)
Ri

Substituindo na Eq. Continuidade: N


W N
1
Q=∑ = W ∑ (17)
(W é igual para todos os tubos) i =1 Ri i =1 Ri

2
 
 
Evidenciando a variável desconhecida:  Q  (18)
W = N 
 1 
∑
13

 i =1 R i 
Resolução: Método iterativo

1. Para uma primeira estimativa, assumir que o escoamento em todas a linhas está
na região totalmente rugosa, necessitando somente o conhecimento da

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rugosidade relativa para determinação do fator de fricção f em cada tubo.
2
 
 
 
2. Com o valor de fi , calcular R i e determinar: W = N
Q

 1 
 ∑ 
W  i =1 R i 
3. Calcular Qi para cada tubo: Q i = Ri

4. Atualizar os valores de fi de cada tubo utilizando os valores de Qi obtidos no


passo anterior e a Equação 5 de Swamee-Jain.

5. Repetir os passos 2 e 4 até que as variáveis desconhecidas W e Qi não variem


de acordo com a tolerância desejada.
14
EXEMPLO

Encontre a distribuição da vazão e a queda na linha piezométrica para o arranjo

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em paralelo de três tubos conforme a Figura abaixo. A vazão é Q = 0,02 m3/s e ν
= 10-6 m2/s.
3

15
SISTEMA DE TUBOS RAMIFICADOS

o A rede ramificada é constituída de 3

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elementos conectados por uma única junção.

o Em contraste com o sistema em paralelo,


não existem loops fechados neste sistema.

o Análise é arbitrária, mas com coerência a Escoamento por gravidade


direção do escoamento em cada elemento de
tubo.

o A eq. energia para cada elemento pode ser


escrita usando o conceito de comprimento
Escoamento acionado por bomba
equivalente para contabilizar as perdas
16
localizadas.
Os níveis de energia piezométrica nos pontos A, C, e D são conhecidos,
mas no ponto B ou junção esta energia é desconhecida ;

A direção e distribuição das vazões também são desconhecidas


desconhecidas..

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p  p  (19)
 + z  −  + z  = R1 Q12
γ A  γ B

Energia: p  p 
 + z  −  + z  = R 2 Q 22 4 equações: 3 BE e 1 BM (20)
γ B  γ D 4 incógnitas: 3 Q e WB

p  p  (21)
 + z  −  + z  = R3 Q32
γ B  γ C

Massa: Q1 − Q 2 − Q 3 = 0 (22)
17
na junção B
Assume-se uma direção arbitrária
Resolução: Método iterativo

1. Assumir uma vazão Q1 no elemento 1 com ou sem uma bomba e determinar o nível
piezométrico na junção B resolvendo o BE (eq. 19) em A-B;

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2. Calcular as vazões Qi nas ramificações usando o BE (eqs. 20 e 21) em B-C e B-D;
3. Substituir os valores de Qi no BM (eq. 22) para checar o balanço da continuidade.
4. Geralmente, o BM na junção não será zero e, por isso, uma nova estimativa de Q1
deve ser feita tal que ∆Q = Q1 - Q2 -Q3 < ξ (tolerância). Os passos 2 e 3 são
repetidos até que se obtenha as vazões dentro do limite de tolerância desejado.

18
EXEMPLO 1

Determine as vazões Qi e o nível piezométrico (carga piezométrica) H


na junção. Assuma fatores de fricção constantes.

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D 4

C
A

19
EXEMPLO 2

Para o sistema abaixo, determine as vazões a distribuição de vazão, Qi ,

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de água e o nível piezométrico H na junção B. A potência fornecida ao
fluido é constante e igual a γQHB=20kW. Assuma os fatores de fricção
constantes.

Tabela 5: Dados do sistema de tubos


D

A B

20
ANÁLISE DE REDES DE TUBOS
 Rede de tubos com sete tubos, dois reservatórios e uma bomba (Figura abaixo).
 Assume-se que o nível piezométrico em A e F são conhecidos;
conhecidos estes pontos são

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chamados de nós de nível fixo.
fixo
 Vazões de saída estão presentes nos nós C e D. Os nós C e D, juntamente com os
nós B e E, são chamados nós internos ou junções.
junções
 As direções dos escoamento não são conhecidas inicialmente, mas assume-se
arbitrariamente uma direção.

21
Balanço de Energia para cada tubo (7 equações)
A→B H A − H B + H Bomba (Q 1 ) = R1 Q 12
B→D H B − H D = R 2 Q 22
C→D H C − H D = R 3 Q 32

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B→C H B − H C = R 4 Q 42
C→E H C − H E = R 5 Q 52
E→D H E − H D = R 6 Q 62
F→E H F − H E = R 7 Q 72

Balanço de massa em cada nó interno (4 equações)


equações))
B Q1 − Q 2 − Q 4 = 0
D Q2 + Q3 + Q6 = Q D
C Q4 − Q3 − Q5 = QC
E Q5 − Q6 + Q7 = 0

Curva da Bomba (1 equação)


equação) - aproximação

H Bomba (Q1 ) = a 0 + a1Q1 + a 2 Q12 (23) 22


 As variáveis desconhecidas são: Q1,...,Q7, HB, HC, HD, HE e Hbomba .

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 12 variáveis desconhecidas para um sistema de 12 equações para
serem resolvidas simultaneamente.

Uma vez que as equações de energia e a equação das bombas são


não-
não- lineares
lineares, é necessário recorrer a algum tipo de solução por
interação sucessiva.
sucessiva

As 12 eqs. podem ser reduzidas em número combinando as eqs. de


energia ao longo de caminhos específicos no circuito de tubo.

23
Designemos a variável Wi como sendo a
2
queda do nível piezométrico em um elemento W i = Ri Q i
(24)

de tubo i:

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Dois caminhos fechados, ou loops internos,
podem ser identificados. O escoamento é W6 − W3 + W5 = 0 (25)

considerado positivo no sentido horário em


W3 − W 2 + W 4 = 0 (26)
cada loop. Os balanços de energia escritos
para cada loop, I e II são:

6
2
3
5
4
24
Para se levar em conta as vazões nos tubos 1 e 7, um caminho pode ser
definido ao longo dos nós A, B, D, E e F. Com a adição do termo da
potência da bomba, o balanço de energia de A até F é:

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H A + H Bomba − H F = W1 + W 2 − W 6 − W 7 (27)

7 6
2
1

25
Substituindo a equação da bomba e a equação do fator de fricção nas
relações de energia das Equações 25, 26 e 27, obtém-se o seguinte
conjunto de equações reduzidas:

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− R 3 Q 32 + R 5 Q 52 + R 6 Q 62 = 0

− R 2 Q 22 + R 3 Q 32 + R 4 Q 42 = 0

( )
− R1 Q 12 + a 0 + a 1 Q1 + a 2 Q12 − R 2 Q 22 + R 6 Q 62 + R 7 Q 72 + H A − H F = 0

Somadas às equações da continuidade,


continuidade tem-se um sistema de 7 incógnitas
(Q1, ..., Q7) e sete equações para resolver.
26
EQUAÇÕES GENERALIZADAS PARA REDES DE TUBOS

1. Equação da Continuidade no j-ésimo nó interno: Σ (± ) j Q j − Q e = 0

 o índice j se refere aos tubos conectados ao nó e Qe representa uma vazão


externa

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 Convenção do sinal algébrico: positivo para um escoamento entrando no
nó e negativo para um escoamento saindo do nó

Σ
2. Balanço de energia ao longo de um loop interno: (± )i [Wi ] = 0
 o índice i se refere ao tubos que pertencem ao loop
 Existirá um relação para cada um dos loops
 Convenção do sinal algébrico: positivo é usado se o escoamento no
elemento de tubo está no sentido horário; do contrário, é negativo.
27
3. Balanço de energia ao longo de um caminho único ou pseudoloop
conectando dois nós fixos:

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Σ (± )i [W i − (H Bomba )i ] + ∆ H =0

• onde ∆H é a diferença de magnitude do nível piezométrico dos


dois nós fixos no caminho ordenado no sentido horário através
de um tubo imaginário no pseudoloop.
• Convenção do sinal algébrico: positivo é usado se o escoamento
no elemento de tubo está no sentido horário; do contrário, é
negativo.
28
Se F é o número de nós fixos no sistema, existirá (F-1) equações para
caminhos distintos. Seja P o número de elementos de tubo numa rede, J
o número de nós internos e L o número de loops internos.

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P = J + L + F −1

No exemplo inicial, temos J = 4, L = 2 e F = 2, tal que P = 4 + 2 + 2 – 1 =7

29
LINEARIZAÇÃO DA EQUAÇÃO DA ENERGIA
A equação abaixo é uma relação geral do balanço de energia e pode ser

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aplicada a qualquer caminho ou loop interno de uma rede de tubos.

Σ (± )i [W i − (H Bomba )i ] + ∆ H =0

Se é aplicada a um loop fechado, ∆H é zero e, se nenhuma bomba existe no


caminho ou loop, Hbomba é igual a zero. No desenvolvimento da
linearização, esta equação será usada para representar qualquer loop ou
caminho na rede de tubos. Inicialmente, define-se a função f (Q) contendo
os termos não lineares W(Q) e HBomba(Q):

φ (Q ) = W (Q ) − H Bomba (Q ) = R Q x − H Bomba (Q ) 30
Esta equação pode ser expandida em série de Taylor assumindo a seguinte
forma, na qual Q0 é uma estimativa de Q.

dφ d 2φ (Q − Q 0 )2
φ (Q ) = φ (Q 0 ) + (Q − Q 0 ) + 2 +L

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dQ Q0
dQ Q0
2

Retendo somente os primeiros dois termos do lado direito da equação e abrindo a


variável φ(Q):

 dH Bomba (Q ) 
φ (Q ) ≅ R Q − H Bomba
x
0 (Q 0 ) +  xR Q 0 −
x −1
 (Q − Q 0 )
 dQ Q0 

Note que esta aproximação para a função φ(Q) é linear em relação a Q.

dH Bomba (Q )
Introduzindo-se um parâmetro G: G = xR Q 0x −1 −
dQ Q0
31
Substituindo a equação de energia de um loop generalizado:

φ (Q ) = R Q 0x − H Bomba (Q 0 ) + (Q − Q 0 )G = W 0 − H Bomba + (Q − Q 0 )G

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0

na qual W0 = W(Q0) e HBomba 0 = HBomba (Q0).

Finalmente, a equação φ(Q) é substituída na equação da energia de um loop


φ(Q)
generalizado
resultando uma equação da
Σ (± )i [W i − (H Bomba )i ] + ∆ H =0 energia linearizada:

[ ]
Σ (± )i (W0 )i − (H Bomba 0 )i + Σ [Qi − (Q0 )i ]⋅ Gi + ∆ H = 0
32
O segundo termo da equação não contém o sinal de mais ou menos uma
vez que Gi é uma função monotônica crescente da correção da vazão.

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Considerando Q nas relações acima pode-se assumir valores negativos
x −1
ou positivos,Q 0x e Q 0 são freqüentemente substituídos por e
x −1 x −1
Q0 Q0 Q0

respectivamente, em algoritmos.

A equação linearizada da energia forma a base do método de Hardy


Cross e outros métodos de resolução de sistemas lineares.

33
MÉTODO DE HARDY CROSS
Seja (Q0)i a estimativa das vazões de uma iteração prévia e seja Qi as novas
estimativas das vazões. Em cada loop, é definido o ajuste dos escoamentos ∆Qj da

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seguinte forma:
onde o índice j se refere ao loop analisado e
∆ Q j = Σ (Q i − (Q 0 )i ) o índice i, aos elementos de tubo que
pertencem ao loop.

O ajuste é aplicado independentemente em todos os tubos num dado loop ou


caminho do sistema. Portanto, a equação da energia linearizada pode ser escrita
para cada loop na seguinte forma:

[ ]
Σ (± )i (W0 )i − (H Bomba 0 )i + ∆ Q j ⋅ Σ Gi + ∆ H = 0

Resolvendo a equação para ∆Q , temos: ∆Q =


[ ]
− Σ(±)i (W0 )i − (H Bomba0 )i − ∆H 34
j
ΣGi
A solução iterativa de Hardy Cross é descrita nos seguintes passos:

1. Assume-se uma estimativa inicial para a distribuição das vazões que


satisfaça a continuidade em cada k-ésimo nó interno:

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Σ(± )k Qk − Qe = 0 O termo Σ∆Qj é usado para
a correção das vazões pois
cada elemento de tubo
pertence a mais de um loop
2. Para cada j-ésimo loop ou caminho , calcula-se: ou caminho. Portanto, a
correção será a soma da

∆Q j =
[ ]
− Σ(± )i (W0 )i − (H Bomba 0 )i − ∆H correções obtida em todos
os loops aos quais o
elemento de tubo pertence.
ΣGi

3. A vazão é atualizada em cada i-ésimo elemento de tubo da rede :

Qi = (Q0 )i + ∑ ∆Q j

4. Os passos 2 e 3 são repetidos com os valores atualizados das vazões até


que a precisão desejada seja alcançada. Um possível critério é:
Σ Qi − (Q0 )i 35
≤ε
Σ Qi
EXEMPLO DO MÉTODO DE HARDY CROSS
Para o sistema de tubos mostrado na figura abaixo, determinar a
distribuição de vazão e o nível piezométrico nas junções usando o método

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de Hardy Cross.

36

OBS.: As unidades estão em SI


Resolução: existem 5 junções (J = 5), oito tubos (P = 8) e dois nós fixos (F = 2).
Portanto o número de loops fechados é L = 8 - 5 - 2 + 1 = 2, somado a mais um
pseudoloop. A equação de ∆Q é aplicada aos loops I, II e III
III::

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− (± W4 ± W3 ± W2 ± W1 ) − ( z A − z B )
∆QI =
G 4 + G3 + G 2 + G1

I
Q1
Q2 Q3
− (± W 2 ± W 8 ± W 7 ± W 6 )
∆ Q II = Q4
G 2 + G8 + G 7 + G 6 Q6 II Q8 III

Q5

− (± W 3 ± W 5 ± W 8 ) Q7
∆Q III =
G3 + G5 + G8
37
O problema é resolvido utilizando uma planilha eletrônica. A seguir, estão
apresentados os cálculos da primeira iteração. Na planilha, o sinal correto é
x −1
atribuído a cada W automaticamente usando a relação: ± W = R Q Q

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Q1 Q2 I
Q3
Q4

Loop I
Ri Qi Ri Qi |Q|i 2 Ri |Q|i Qi novo
∆H 20
Tubo 4 100 -0,02 -0,04 4 -0,022 SWi = 0,55
Tubo 3 200 -0,06 -0,72 24 -0,064 SGi = 222
Tubo 2 500 -0,13 -8,45 130 -0,137 DQi = -0,0025
38
Tubo 1 100 -0,32 -10,24 64 -0,322
Q2

Q6 Q8
II

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Q7

Loop II

Ri Qi Ri Qi |Q|i 2 Ri |Q|i Qi novo

Tubo 2 500 0,13 8,45 130 0,137 ΣWi = -1,55


Tubo 8 300 0,07 1,47 42 0,074 ΣGi = 318
Tubo 7 400 -0,04 -0,64 32 -0,035 ∆Qi = 0,0049
Tubo 6 300 -0,19 -10,83 114 -0,185

39
Q3

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Q8 III

Q5

Loop III
Ri Qi Ri Qi |Q|i 2 Ri |Q|i Qi novo
Tubo 3 200 0,06 0,72 24 0,064 SWi = -0,11
Tubo 5 400 0,04 0,64 32 0,041 SGi = 98
Tubo 8 300 -0,07 -1,47 42 -0,074 DQi = 0,0011

40
Valores finais das vazões em litros/segundo:

41

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