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RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de metacaulim sobre as propriedades
mecânicas do concreto laterítico. A pesquisa é de particular importância devido à abundância de
concreções lateríticas e escassez de rochas mais resistentes, como o calcário, granito e seixo rolado, na
Região Amazônica, no norte do Brasil. O concreto foi dosado de acordo com o método de dosagem da
ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), e foram elaborados três diferentes traços em massa
com o teor de argamassa corrigido. Para o Traço 1 utilizou-se a proporção 1:1,45:2,35:0,48 e 0,8% de
aditivo plastificante. Para o Traço 2, empregou-se a proporção 1: 1,45:2,35:0,40 e 2% de aditivo, além de
10% de metacaulim em substituição ao cimento. Para o Traço 3, adotou-se 1:1,45:2,35:0,38 e 0,75% de
aditivo plastificante, e manteve-se a proporção de Metacaulim. Observou-se que os concretos analisados
apresentaram comportamentos similares ao de concretos convencionais, com brita ou seixo rolado. A
incorporação deste resíduo mineral melhorou as propriedades mecânicas do concreto laterítico.
ABSTRACT: The purpose of this research was to study the effect of metakaolin on the mechanical
properties of the lateritic concrete. The research is of particular relevance once lateritic concretions are
quite abundant in the north Brazilian Amazon instead granite, limestone and rolled pebble. The concrete
was measured according to the ABCP method for normal strength concretes (Brazilian Association of
Portland Cement), and then three different mixtures of concrete were prepared with the mortar percentage
corrected. For the first mixture the proportion 1:1.45:2.35:0.48 in mass and 0.8% of plasticizer additive
was used. The second mixture presented the proportion 1:1.45:2.35:0.40 with 2% of additive and 10% of
metakaolin replacing the Portland cement. For the third mixture the proportion 1:1.45:2.35:0.38 with
0.75% of additive and the same percentage of metakaolin was adopted. It was observed that this type of
concrete presents similar behavior of the normal strength ones. The addition of metakaolin strongly
improved the mechanical properties of the lateritic concrete.
2.1.2 Metacaulim
Figura 2 – Bacia de metacaulim e contaminação de um rio na
Região Amazônica
O resíduo metacaulim utilizado como adição
para concreto é proveniente da própria região
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
amazônica, mas beneficiado na região sudeste do
Brasil. É encontrado facilmente no mercado sob
Visando investigar o efeito do metacaulim na
forma de pó branco. Suas principais características
resistência à compressão, resistência à tração e
físicas são as seguintes: massa específica de 2,60
módulo de elasticidade do concreto laterítico,
kg/dm3, massa unitária de 0,55 kg/dm3 e área
foram elaborados três diferentes traços. O Traço 1,
específica igual a 18.000 cm2/g.
com a proporção 1:1,45:2,35:0,48 em massa e
0,8% de aditivo plastificante/retardador de pega,
2.1.3 Agregado miúdo
de uso comum na construção civil, e sem
metacaulim. Para o Traço 2, empregou-se a
Foi utilizada uma areia proveniente do Estado
proporção 1: 1,45:2,35:0,40 e 2% de aditivo
do Acre, com massa específica 2,63 kg/dm3 e
plastificante, além de 10% de metacaulim em
massa unitária de 1,61 kg/dm3, determinadas de
substituição ao cimento e, para o Traço 3, adotou-
acordo com a MB 2643 (ABNT, 1986), NM 45
se 1:1,45:2,35:0,38 e 0,75% de aditivo
(ABNT, 2006) e MB 1733 (ABNT, 1983). A
plastificante, mantendo-se a proporção de
composição granulométrica foi definida atendendo
Metacaulim. Foram então moldados 36 corpos-de-
as recomendações da MB 7 (ABNT, 1987). A
prova (CP) cilíndricos com 150 mm de diâmetro e
figura 4 mostra a curva granulométrica da areia.
300 mm de comprimento, como mostrado na
figura 3. A cura dos corpos-de-prova foi realizada 100
em câmara úmida do laboratório de engenharia
civil da Universidade Federal do Pará. 80
% Retido acumulado
Série de peneiras
Figura 4 – Curva granulométrica da areia
compatíveis com os apresentados pelo granito matriz e da zona de transição dos concretos
britado e seixo rolado, enquanto sua absorção lateríticos. Este aumento na resistência à tração
assemelha-se à apresentada pelos agregados leves. corrobora os resultados de diversos autores que
A porcentagem de perda de material no ensaio de afirmam que tais melhorias estão, em grande parte,
desgaste Los Ângeles é inferior ao máximo relacionadas à atividade pozolânica, enquanto a
permitido pela NM 51 (ABNT, 2001), ou seja, resistência a compressão está relacionada ao efeito
50%. O teor de material pulverulento também está filler. A figura 8 mostra graficamente o
dentro do limite especificado pela MB 9 (ABNT, desempenho dos concretos durante os ensaios de
1987), que recomenda o valor máximo de 1,5%. compressão diametral.
Tabela 3 – Resultados para a resistência à tração Tabela 4 – Resultados para o módulo de elasticidade
Compressão Diametral: Traço 1 Módulo de elasticidade: Traço 1
Área 7 dias 14 dias 28 dias 7 dias 14 dias 28 dias
CP CP
(mm²) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
1 2,1 2,3 3,2 1 21.152,5 21.711,7 25.439,6
3.140
2 2,1 1,7 2,9 2 21.433,9 22.524,4 25.282,1
Média Aritmética 2,1 1,9 3,1 Média Aritmética 21.293,2 22.118,1 25.360,8
Desvio Padrão 0,0 0,4 0,2 Desvio Padrão 199,0 574,7 111,4
Coeficiente de Coeficiente de
1,1% 20,5% 5,9% 0,9% 2,6% 0,4%
Variação Variação
Compressão Diametral: Traço 2 Módulo de elasticidade: Traço 2
1 1,8 2,2 2,9 1 23.649,2 28.964,2 34.445,4
3.140
2 2,7 3,5 3,0 2 27.982,1 28.053,4 32.842,4
Média Aritmética 2,3 2,9 2,9 Média Aritmética 25.815,7 28.508,8 33.643,9
Desvio Padrão 0,7 0,9 0,1 Desvio Padrão 3.063,8 644,1 1133,5
Coeficiente de Coeficiente de
29,1% 32,0% 2,3% 11,9% 2,3% 3,4%
Variação Variação
Compressão Diametral: Traço 3 Módulo de elasticidade: Traço 3
1 3,3 2,4 3,7 1 25.043,9 26.591,3 32903,1
3.140
2 2,3 3,2 3,2 2 25.043,9 27.910,6 32352,2
Média Aritmética 2,8 2,8 3,5 Média Aritmética 25.043,9 27.251,0 32627,6
Desvio Padrão 0,7 0,6 0,4 Desvio Padrão 0,0 932,9 389,6
Coeficiente de Coeficiente de
26,4% 20,4% 11,1% 0,0% 3,4% 1,2%
Variação Variação
Figura 8 – Comparação entre as resistências à tração Figura 9 – Comparação entre os módulos de elasticidade
de satisfatórios, os resultados apresentados devem frasco Chapman (MB 2643). Rio de Janeiro,
ser complementados com análises rigorosas do 1987.
comportamento de concretos lateríticos sob 9. _____. Argamassa e concreto – Determinação
esforços elevados ao longo do tempo, o que da resistência à tração por compressão
contribui significativamente para o emprego desta diametral de corpos-de-prova cilíndricos (NBR
tecnologia e, conseqüentemente, para o 7222). Rio de Janeiro, 2010.
desenvolvimento da Região Norte do Brasil, onde 10. _____. Agregado graúdo – Ensaio de
este agregado é abundante e de baixo custo. Os abrasão “Los Ángeles” (NM 51). Rio de
resultados ratificam o bom desempenho que os Janeiro, 2001.
concretos lateriticos vêm apresentando em diversas 11. _____. Agregado graúdo – Determinação da
edificações de pequeno porte e trechos de rodovias massa específica, massa especifica aparente e
há mais de 30 anos. O uso conjunto de laterita e absorção de água (NM 53). Rio de Janeiro,
metacaulim e concretos de baixo custo, além de 2009.
contribuir sócio-economicamente com a população 12. _____. Agregados – Determinação da massa
regional, ajudam a sanear o meio ambiente, sem unitária e do volume vazios (NM 45). Rio de
causar os bem conhecidos danos ambientais Janeiro, 2006.
provenientes da exploração do outros agregados. 13. Calister, W.D. Ciência e Engenharia dos
materiais: Uma introdução. Livros Técnicos e
5. AGRADECIMENTOS Científicos. Rio de Janeiro, 2002. 589 pp.
14. Helene, P.; Terziam. P.. Manual de Dosagem
Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e Controle do Concreto. PINI / SENAI. São
FAPESPA e ao ITEGAM pelo apoio financeiro a Paulo, 1992. 189 pp.
esta e outras pesquisas desta natureza realizadas na 15. Neto, B.B.P.. Um estudo sobre as
Região Norte do Brasil. propriedades de resistência mecânica de
concreto laterítico. Dissertação de Mestrado.
REFERÊNCIAS Universidade Federal da Paraíba, Campina
Grande, 1976. 132 pp.
1. Aitchin, P.C.; Mehta, P.K. – Effect of coarse- 16. Portal de tecnologia. Acessado
aggregate characteristics on mechanical www.portaldetecnologia.com.br, em 15 de
properties of high-strength concrete. ACI Novembro de 2010.
Material Journal, No. 87, p.103-107, August,
1990.
2. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Agregado para concreto (NBR 7211). Rio de
Janeiro. 2009.
3. _____. Ensaio de compressão de corpos-de-
prova cilíndrico (NBR 5739). Rio de Janeiro,
2007.
4. _____. Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento (NBR 6118). Rio de Janeiro,
2003.
5. _____. Agregados – Determinação da
composição granulométrica (MB 7). Rio de
Janeiro, 1987.
6. _____. Agregados – Determinação do teor de
materiais pulverulentos (MB 9). Rio de Janeiro,
1997.
7. _____. Agregado em estado compactado seco –
Determinação da massa unitária (MB 1733).
Rio de Janeiro, 1983.
8. _____. Agregados – Determinação da massa
específica de agregados miúdos por meio do