Você está na página 1de 6

3

AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE NOVA FRIBURGO-RJ.

ALEXANDRO GUEDES SCHIMIT, brasileiro, pedreiro, solteiro, maior,


inscrito no RG sob o nº 25.709.780-8, DETRAN-RJ e no CPF sob o nº 135.977.037-
20, residente e domiciliado na Rua Sebastiao P. Silva, 68, Conselheiro Paulino,
Nova Friburgo - RJ, CEP 28.610-000; vem, mui respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, neste ato assistido por seu patrono infra-assinado, Adalto
Wermelinger Lomba, inscrito na OAB/RJ 201.291, com endereço profissional na
Rua Coronel João Teixeira, nº 140, Conselheiro Paulino, Nova Friburgo/RJ, com
endereço eletrônico adalto.vcp@hotmail.com, onde recebe intimações e
notificações, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c.c. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS, em face de

COCEP CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO, Cirurgião Dentista –


clínico geral Dr. Clayton Eller Pinheiro, inscrito no sob o CRO 30213-RJ, sediado
na Rua Joaquim Pereira Bispo, 614, sobreloja, São Jorge, Nova Friburgo – RJ,
CEP: 28.610-000; pelos fatos e direitos a seguir expostos:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, afirma, sob penas da lei e na forma do disposto na lei


1.060/50 e posteriores alterações, ser pessoa juridicamente necessitada, não
podendo arcar com pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, pelo que faz
jus a gratuidade de justiça.
4
DOS FATOS

O autor em outubro de 2017 contratou um serviço de implante dentário,


no valor de R$ 2.000,00, o valor foi parcelado no cartão do seu antigo
empregador o Senhor José Luiz Teixeira Faria, que sabendo da necessidade do
seu funcionário resolveu ajuda-lo.

O serviço seria executado no prazo de dois dias, na primeira consulta o


cirurgião não compareceu, na consulta seguinte o mesmo compareceu e colocou
uma prótese provisória.

Contudo, após a consulta em que foi colocada a prótese provisória o


autor não mais foi atendido pelo cirurgião, sendo as consultas remarcadas para
outras datas, e apesar das remarcações o dentista não comparecia ao consultório
para prestar o devido atendimento ao autor.

O autor procurou o consultório sucessivamente na tentativa de


solucionar o ocorrido, e mesmo assim o referido dentista não o atendeu, já que
todas as vezes que remarcava a consulta não comparecia.

Até a presente data o autor continua sem o atendimento, e usando uma


prótese provisória, sendo que o mesmo pagou pelo serviço permanente, o que
está lhe causando grande desconforto.

Não vendo outra saída o Autor INCONFORMADO COM A ATITUDE


LEVIANA DO RÉU, não teve alternativa o autor, senão socorrer-se do Poder
Judiciário para ver seus direitos tutelados.

DO DIREITO

Da relação jurídica

A relação descrita nessa exordial é uma típica relação de consumo, onde


em um polo da relação jurídica figura o consumidor, ora requerente, e do outro
lado está o fornecedor de serviços dentários, ora réu.

Elucidam os artigos 2º, caput, e o artigo 3º, caput do Código de Defesa do


Consumidor:
5
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final. (Grifo nosso)

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestações de serviços. (Grifo nosso)

Assim, não há dúvidas de a legislação aplicável ao caso concreto é a Lei


nº 8.078, de 11/09/1990, conhecida como Código de Defesa do Consumidor.

DA COMPROVAÇÃO DO DIREITO.

O autor junta aos autos os cartões onde foram feitas as marcações e


remarcações de consultas, como também algumas faturas do cartão onde
consta o pagamento do serviço.

O pagamento fora feito por seu antigo empregador, o mesmo dividiu o


valor em dois cartões, no entanto alguns boletos foram perdidos, já que o
empregador não previu a possibilidade de problemas posteriores, e por isso
não guardou as faturas, até porque o serviço foi acordado para ser realizado
em 2 (dois) dias.

No entanto passados mais de um ano o serviço acordado não foi


realizado e o mesmo continua usando uma prótese provisória, que lhe causa
grande desconforto, sendo que o autor adimpliu sem atrasos com o
pagamento das parcelas.

DO DANO MATERIAL E MORAL.

Todo o histórico dos fatos já exaustivamente relatado gerou danos de


ordem moral e patrimonial para o autor, que faltou dias de trabalho para
comparecer as consultas e sequer foi atendido, em todas as consultas marcadas
o cirurgião dentista não compareceria, tendo o autor ciência, somente após
chegar ao consultório.

Tal fato vem atrapalhando sua vida pessoal e social do autor, pois a
prótese provisória causa grande desconforto, além da boa aparência ser
6
essencial ao seu trabalho, já que tem trato diário com todo tipo de público
tornando indispensável a boa aparência.

O serviço combinado entre as partes foi para a colocação de uma prótese


permanente e não provisória como foi colocada.

Tal fato está causando prejuízos também na vida profissional do Autor,


pois o requerente é pedreiro e para comparecer as consultas perde seu dia de
trabalho, sendo que as mesmas acabam sendo remarcadas, sem qualquer aviso
prévio por parte da ré, o que atrapalha o sustento do autor e de sua família.

Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, in Curso de Direito Civil


Brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p. 407:

“Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na sua


integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a um bem
jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o causado a
alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo possível à
cumulação da responsabilidade pelo dano material e pelo dano moral”.
(Grifo nosso)

Os fatos ora narrados, sem dúvida alguma, CAUSAM PREJUISOS E


CONSTRANGIMENTOS AO AUTOR, que sempre honrou com todas as suas
obrigações de forma pontual pagando o tratamento em dia, tendo que se privar
de fazer o tratamento completo porque o profissional contratado não vem
cumprindo com suas obrigações.

Da proteção constitucional

Qualquer relação formada dentro de nosso país deve seguir alguns


preceitos. Dentre os basilares mais importantes para que se cumpra o que foi
estipulado na Constituição Federal figura o exposto no artigo 1º, inciso III:

“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

III – a dignidade da pessoa humana; ”. (Grifo nosso)


7
Além do Código de Defesa do Consumidor, agasalham os direitos
e pretensões da requerida nossa Lei Magna em seu artigo 5º, incisos V e X:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral,
decorrentes de sua violação; (...)”. (Grifo nosso)

Assim, todo mal infligido ao estado ideal ou natural das pessoas,


resultando mal-estar, desgostos, aflições, humilhações, interrompendo-lhes o
equilíbrio psíquico, constitui causa suficiente para a obrigação de reparar o
dano, mesmo que exclusivamente moral.

Da responsabilidade objetiva do requerido

A responsabilidade do consultório requerido é OBJETIVA, ou seja,


independente de culpa do fornecedor, nos termos do artigo 14 do CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Claríssimo é dever de indenizar da requerida, já que, em


decorrência de uma série de procedimentos inadequados e incorretos de seus
empregados e/ou prepostos, o requerente SOFREU DANOS MORAIS E
MATERIAS.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

1). Sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos


da Lei nº 1.060/50, tendo em vista que o requerente não possui condições
8
financeiras de arcar com despesas processuais e demais cominações de lei sem
prejuízo do seu próprio sustento e dos seus dependentes,

2). Requer a citação do consultório Réu já qualificado, na pessoa de seus


representantes legais, para que, querendo, venha responder a presente ação no
prazo legal, apresentando sua defesa, sob pena de revelia;

3) Requer o autor que o Réu conclua o tratamento contratado ou faça


devolução no valor de R$2.000,00 (dois mil reais), já devidamente pagos pelo
tratamento;

4) A CONDENAÇÃO do Réu ao pagamento de INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS, referente a dez vezes o valor pago pelo
tratamento, e caso não seja este o entendimento deste Juízo, em valor a ser
arbitrado por Vossa Excelência;

5) sejam julgados totalmente PROCEDENTES os pedidos, e a


consequente condenação do requerido ao pagamento da quantia referida,
acrescidas de juros de mora sobre o capital corrigido, correção monetária, e
honorários advocatícios de sucumbência; e ao pagamento das CUSTAS E
DEMAIS DESPESAS PROCESSUAIS;

Requer todas as PROVAS em direito admitidas, em especial, pelo


depoimento pessoal da requerida, nas pessoas de seus representantes legais,
sob pena de confissão; oitiva de testemunhas, realização de perícias, juntada de
novos documentos que se fizerem necessários e demais provas que ao interesse
da causa possam convir;

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 22.0000 (Vinte e dois mil reais).

Termos em que

P. deferimento.

Nova Friburgo 05 de abril de 2019.

Adalto Wermelinger Lomba

OAB/RJ nº 201.291

Você também pode gostar