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brasileira se posicionou diante da política externa conduzida pelo presidente Ernesto Geisel
durante seu governo. Também constituirão objetos de nossa análise o tratamento da grande
2. Justificativa
3. Delimitação do tema.
4. Revisão Historiográfica.
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PONTES, José Alfredo Vidigal. O Estado de S. Paulo, [200-?]. Disponível em: <
http://www.estadao.com.br/historico/print/resumo.htm>. Acesso em 15/11/2018.
De forma geral, é ponto passivo na produção acadêmica sobre o regime civil-militar
que o golpe de 1964 (ponto culminante na Batalha do Brasil durante a Guerra Fria global de
então) representou um ponto de ruptura na política externa nacional até então praticada. Sob
a tutela do presidente Castello Branco, abandonava-se a Política Externa Independente (PEI)
de San Tiago Dantas em favor de uma política externa que possuía no alinhamento
automático com o centro hegemônico do mundo ocidental-capitalista (isso é, os Estados
Unidos) e na associação com o capital externo como esteio de seu desenvolvimento seus
traços centrais, mesmo em detrimento de maior autonomia na perseguição dos interesses
brasileiros5.
Em que pese alguma revisão durante os governos Costa e Silva e Médici, a maior
parte da bibliografia afirma a persistência geral dessa orientação entre 1967 e 1974. Tal
relativa mudança se deu, sobretudo, durante o governo Costa e Silva. Letícia Pinheiro
assevera que o que houve foi uma mudança do americanismo ideológico para o
americanismo pragmático (PINHEIRO, 2000), em que a incorporação de teses mais
próximas ao nacionalismo não coloca em xeque o alinhamento político e militar ao Ocidente
(PINHEIRO, 2004, p. 41). Vizentini afirma que foram paulatinamente estabelecidos espaços
de atuação através dos governos Médici e Costa e Silva, este último já delineando uma
postura pragmática em matéria de política externa, mas sem introduzir as mudanças que
Geisel traria (VIZENTINI, 1998, p. 206). Luiz Alberto Moniz Bandeira assevera que, apesar
do reaparecimento de áreas de atrito, "[...] as desavenças entre Brasil e Estados Unidos não se
ampliaram, àquela época [...]", por convergências na política econômica (BANDEIRA,
1988, p. 172). Mesmo Amador Luiz Cervo6 afirma que apesar de quase tudo levar os
interesses do Brasil e Estados Unidos ao conflito, faltaram impulsos à intensificação desse
enfrentamento, especialmente por parte do Brasil.
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Essa orientação foi chamada de diversas formas por estudiosos do regime civil-militar e da política externa
brasileira do período: para ficar em alguns exemplos, ela foi denominada de liberal-imperialista (MARTINS,
1975); política de fronteiras ideológicas (BANDEIRA, 1988); americanista ideológica (PINHEIRO, 2000);
política externa interdependente (VIZENTINI, 2004); liberal-ocidentalista (MANZUR, 2009); e
liberal-internacionalista (REIS, 2014).
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Cervo não utiliza a ascensão de Geisel como marco periódico central nas rupturas da política externa
brasileira: para ele, a ascensão de Costa e Silva ao poder é que marca a principal mudança de orientação nesse
campo (BUENO & CERVO, 2002, p. 407).
Dessa forma, apesar de ser controverso na historiografia o nível de mudanças que o
governo Geisel significou para a política externa brasileira, através do chamado
Pragmatismo Responsável e Ecumênico elaborado sob a liderança do chanceler Antonio
Francisco Azeredo da Silveira, de forma geral reconhece-se no período de 1974 a 1979 uma
ruptura com relação aos governos anteriores. Pinheiro assevera que durante o governo Geisel