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TEMPERATURAS CORPORAIS NORMAIS

A temperatura dos tecidos profundos do corpo — o “centro” do corpo — em geral permanece em níveis bastante constantes,
dentro de ±0,6°C, uma pessoa nua pode ser exposta a temperaturas que variam de 13 a 60°C, no ar seco, e ainda manter sua temperatura
central quase constante.
A temperatura da pele, em contraste com a temperatura central, eleva-se e diminui de acordo com a temperatura a seu redor. A
temperatura da pele é importante quando nos referimos à capacidade de a pessoa perder calor para o ambiente.
A temperatura central média normal costuma ser considerada como entre 36,5 e 37°C, quando medida por via oral e,
aproximadamente, 0,6°C mais alta, quando medida por via retal. Medidas feitas em várias pessoas saudáveis que demonstraram variação
das temperaturas normais aferidas na boca, de menos de 36°C até temperaturas superiores a 37,5°C.
Os valores térmicos estão aumentados em certas condições, tais como refeições, exercícios físicos intensos, gravidez ou
ovulação. Na mulher sadia, a ovulação exerce um efeito tão característico sobre a temperatura corporal que é possível determinar a
época da ovulação durante os ciclos menstruais. A temperatura baixa 24 a 36 h antes do início da menstruação e continua nesse nível
durante o período menstrual. Coincidindo com a ovulação, a temperatura se eleva, mantendo-se até 1 ou 2 dias antes da menstruação
seguinte. Como a diferença entre esses níveis térmicos raramente ultrapassa 1 °C, a temperatura deve ser medida em condições basais,
ou seja, pela manhã, antes de se levantar e de realizar qualquer atividade.

Locais de verificação da temperatura e valores normais


A temperatura corporal pode apresentar variações na dependência do local em que será procedida a sua mensuração. Desse
modo, ele pode ser: axilar, oral, retal, timpânico, arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e vesical.
• Temperatura axilar: 35,5 a 37°C, com média de 36 a 36,5°C
• Temperatura bucal: 36 a 37,4°C
• Temperatura retal: 36 a 3 7 ,5°C, ou seja, 0,5°C maior que a axilar.

A TEMPERATURA CORPORAL É CONTROLADA PELO EQUILÍBRIO ENTRE A PRODUÇÃO E A PERDA DE CALOR


Quando a intensidade/velocidade da produção de calor no corpo é superior à da perda de calor, o calor se acumula no corpo e
a temperatura corporal se eleva. Inversamente, quando a perda de calor é maior, tanto o calor corporal como a temperatura corporal
diminuem.
A produção de calor é um dos principais produtos finais do metabolismo do organismo. Grande parte do calor produzido pelo
corpo é gerada nos órgãos profundos, especialmente no fígado, no cérebro e no coração, bem como nos músculos esqueléticos durante
o exercício. A seguir, esse calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele, onde ele é perdido para o ar e para o meio
ambiente. Portanto, a velocidade da perda de calor é determinada quase completamente por:
 Velocidade de condução do calor de onde ele é produzido no centro do corpo até a pele;
 Velocidade de transferência do calor entre a pele e o meio ambiente.
A pele, os tecidos subcutâneos e, em especial, o tecido adiposo, atuam em conjunto como isolantes do corpo. O tecido adiposo
é importante, porque conduz apenas um terço do calor conduzido pelos outros tecidos.
Vasos sanguíneos estão profusamente distribuídos por baixo da pele. Especialmente importante é o plexo venoso contínuo,
suprido pelo influxo de sangue dos capilares da pele. Nas áreas mais expostas do corpo — mãos, pés e orelhas — o sangue também é
suprido por anastomoses arteriovenosas.
A alta velocidade do fluxo na pele faz com que o calor seja conduzido do centro do corpo para a pele com grande eficiência,
enquanto a redução da velocidade do fluxo para a pele pode diminuir a condução do calor do centro do corpo até valores bastante baixos.
Portanto, a pele se constitui em sistema controlado de “radiador de calor” eficiente e o fluxo de sangue para a pele é o
mecanismo mais eficaz para a transferência de calor do centro do corpo para a pele.
A condução de calor para a pele pelo sangue é controlada pelo grau de vasoconstrição das arteríolas e das anastomoses
arteriovenosas que suprem sangue para os plexos venosos da pele. Essa vasoconstrição é controlada quase completamente pelo sistema
nervoso simpático, em resposta às alterações da temperatura central do corpo e alterações da temperatura ambiente.
Ao chegar à superfície corporal, o calor é transferido do sangue para o meio externo através de irradiação, condução e
evaporação. Para que haja irradiação, a temperatura corporal tem que ser mais alta que a do meio ambiente.
O corpo perde calor também por condução, ou seja, quando o corpo se encosta em um objeto frio, ele cede calor até que as
temperaturas se igualem. É o que acontece também em relação ao ar que está em contato com a pele. Este mecanismo de perda de calor
é chamado de convecção.
As roupas aprisionam o ar próximo à pele nas fibras dos tecidos, aumentando a espessura da chamada zona privada de ar
adjacente à pele e diminuindo o fluxo das correntes de convecção do ar. Consequentemente, a velocidade da perda de calor do corpo,
por condução e convecção, diminui bastante. Conjunto de roupas comuns diminui a velocidade da perda de calor aproximadamente para
a metade daquela com o corpo desnudo, mas o tipo de roupa especial para o frio, como o utilizado nas regiões árticas, pode diminuir
essa perda de calor por até um sexto.

Sudorese e sua regulação pelo SNA


A estimulação dá área pré-óptica-hipotalâmica anterior do cérebro provoca sudorese tanto eletricamente como por excesso de
calor. Os impulsos neurais oriundos dessa área que causam sudorese são transmitidos por vias autônomas para a medula espinal e,
depois, pelo simpático para a pele em todas as partes do corpo.
As glândulas sudoríparas inervadas pelas fibras colinérgicas, também podem ser estimuladas em certo grau, pela epinefrina ou
pela norepinefrina que circulam no sangue. Esse mecanismo é importante durante o exercício, quando esses hormônios são secretados
pela medula adrenal e o corpo precisa perder quantidades excessivas do calor produzido pelos músculos em atividade.
Em baixos índices de sudorese constituintes como ureia, ácido lático e íons potássio, em geral, estão bastante concentrados.
Inversamente, quando as glândulas sudoríparas são intensamente estimuladas pelo sistema nervoso simpático, grande quantidade de
secreção precursora é formada e o ducto pode reabsorver somente pouco mais da metade do cloreto de sódio; as concentrações de sódio
e de íons cloreto então atingem (em pessoa não aclimatada) máximo de 50 a 60 mEq/L. Além disso, o suor flui pelos túbulos glandulares
tão rapidamente que pouca água é reabsorvida. Portanto, os outros constituintes dissolvidos no suor têm sua concentração
moderadamente elevada — a ureia, o ácido lático e o potássio.

Controle comportamental da temperatura corporal


Quando a temperatura corporal interna se eleva em excesso, sinais oriundos das
áreas de controle da temperatura no cérebro dão à pessoa sensação física de hiperaquecimento. Inversamente, sempre que o corpo se
esfria, sinais da pele e, provavelmente, também de receptores corporais profundos desencadeiam a sensação de desconforto pelo frio.
Portanto, a pessoa faz os ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como sair de ambiente quente ou o uso de roupas
bem isoladas em tempos frios.

Controle de temperatura e envelhecimento


Os pacientes idosos apresentam alterações no sistema de regulação da temperatura corporal responsáveis não só pela ausência
de febre, quando acometidos por doenças infecciosas, como também os predispõem a um maior risco de apresentar hipotermia ou
hipertermia em situações de frio ou calor extremos.
Quanto à febre, é importante lembrar que podem apresentar infecções sem resposta febril, sendo a ausência desta um sinal de
mau prognóstico. Podem apresentar, com mais frequência, confusão mental, delírios e alucinações quando têm elevação da temperatura.

• Hipotermia:
o Sensação de frio diminuída
o Capacidade de perceber as alterações da temperatura diminuída
o Resposta autonômica vasoconstritora ao frio anormal
o Resposta de calafrios diminuída
o Termogênese diminuída
• Hipertermia:
o Limiar central de temperatura elevado
o Sudorese diminuída ou ausente
o Capacidade de percepção do calor diminuída
o Resposta vasodilatadora ao calor diminuída
o Reserva cardiovascular diminuída.

PAPEL DO HIPOTÁLAMO NO CONTROLE DA TEMPERATURA CORPORAL


A temperatura do corpo é regulada quase inteiramente por mecanismos de feedback neurais e quase todos esses mecanismos
operam por meio de centros regulatórios da temperatura, localizados no hipotálamo. Para que esses mecanismos de feedback operem,
deve haver detectores de temperatura para determinar quando a temperatura do corpo está muito alta ou muito baixa.
A área hipotalâmica anterior pré-óptica contém grande número de neurônios sensíveis ao calor, bem como cerca de um terço
de neurônios sensíveis ao frio. Esses neurônios atuam como sensores de temperatura para o controle da temperatura corporal.
Os neurônios sensíveis ao calor aumentam sua atividade por duas e 10 vezes, em resposta a aumento de 10°C da temperatura
corporal. Os neurônios sensíveis ao frio, por sua vez, aumentam sua atividade quando a temperatura corporal cai.
Quando a área pré-óptica é aquecida, a pele de todo o corpo imediatamente produz sudorese profusa, enquanto os vasos
sanguíneos da pele de todo o corpo ficam muito dilatados. Essa resposta é uma reação imediata que causa perda de calor, ajudando a
temperatura corporal a retornar aos níveis normais. Além disso, qualquer excesso de produção de calor pelo corpo é inibido.

Detecção da temperatura por receptores na pele e nos tecidos corporais profundos


Apesar de os sinais gerados pelos receptores de temperatura do hipotálamo serem extremamente potentes no controle da
temperatura corporal, os receptores em outras partes do corpo desempenham papéis adicionais na regulação da temperatura.
A pele apresenta muito mais receptores para o frio do que para o calor — de fato, 10 vezes mais, em várias partes da pele.
Portanto, a detecção periférica da temperatura diz respeito principalmente à detecção de temperaturas mais frias, ao invés das
temperaturas quentes.
Quando a pele é resfriada em todo o corpo, efeitos reflexos imediatos são evocados e começam a aumentar a temperatura
corporal de várias formas:
 gerando forte estímulo para causar calafrios com aumento resultante da produção de calor corporal;
 pela inibição do processo da sudorese, se este estiver ocorrendo;
 promovendo a vasoconstrição da pele para diminuir a perda de calor corporal pela pele.
Os receptores corporais profundos são encontrados principalmente na medula espinal, nas vísceras abdominais e dentro ou ao
redor das grandes veias na região superior do abdome e do tórax. Esses receptores profundos atuam diferentemente dos receptores da
pele, pois eles são expostos à temperatura central do corpo. Detectam, em sua maior parte, o frio ao invés do calor. Assim, os receptores
da pele e os receptores profundos do corpo se destinem à prevenção da hipotermia.

Hipotálamo posterior integra os sinais sensoriais da temperatura central e periférica


Mesmo que muitos dos sinais sensoriais para a temperatura surjam nos receptores periféricos, esses sinais contribuem para o
controle da temperatura corporal, principalmente por meio do hipotálamo. A área do hipotálamo que eles estimulam está localizada
bilateralmente no hipotálamo posterior, aproximadamente no nível dos corpos mamilares. Os sinais sensoriais de temperatura da área
hipotalâmica anterior pré-óptica também são transmitidos para essa área no hipotálamo posterior. Aí, os sinais da área pré-óptica e os
sinais de outros locais do corpo são combinados e integrados para controlar as reações de produção e de conservação de calor do corpo.
Os estímulos que atingem os receptores periféricos são transmitidos ao hipotálamo posterior, no qual são integrados com os
sinais dos receptores pré-ópticos para calor, originando impulsos eferentes no sentido de produzir ou perder calor. Este centro de controle
de regulação da temperatura é o chamado termostato hipotalâmico. Quando a temperatura corporal atinge 37°C inicia-se a sudorese,
que a partir deste ponto aumenta rapidamente com um mínimo de elevação na temperatura corporal. A taxa de produção de calor é
reduzida a partir deste instante.
O aquecimento da área termostática pré-óptica aumenta a taxa de eliminação do calor corporal de dois modos: estimulando as
glândulas sudoríparas e causando vasodilatação dos vasos cutâneos.
Quando o corpo é resfriado abaixo de 37°C, são postos em ação mecanismos especiais para conservar o calor corporal. A
conservação do calor implica vasoconstrição na pele, a qual reduz a perda de calor por condução e convecção, e piloereção para reter o
calor entre os pelos e abolir a transpiração.

MECANISMOS EFETORES NEURONAIS QUE DIMINUEM OU AUMENTAM A TEMPERATURA CORPORAL


Quando os centros hipotalâmicos de temperatura detectam que a temperatura do organismo está muito alta ou muito baixa, eles
instituem os procedimentos apropriados para a diminuição ou para a elevação da temperatura.
Mecanismo de diminuição da temperatura quando o corpo está muito quente:
 vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos;
 sudorese;
 diminuição da produção de calor.
Quando o corpo está muito frio, o sistema de controle de temperatura institui procedimentos exatamente opostos. São eles:
 vasoconstrição da pele por todo o corpo;
 piloereção – folículos pilosos se contraem, retendo uma camada de ar isolante próximo à pele;
 aumento na termogênese – produção de calor pelo metabolismo, calafrios, excitação simpática da produção de calor e secreção
de tiroxina.
O ponto de ajuste da temperatura no hipotálamo, acima do qual a sudorese se inicia e abaixo do qual são desencadeados os
calafrios, é determinado principalmente pelo grau de atividade dos receptores de calor na área hipotalâmica anterior pré-óptica.
Entretanto, os sinais de temperatura das áreas periféricas do corpo, especialmente da pele e de certos tecidos corporais profundos
(medula espinal e vísceras abdominais), também contribuem de modo discreto para a regulação da temperatura corporal.

FEBRE
Febre significa temperatura corporal acima da faixa normal de variação, pode ser provocada por anormalidades no cérebro ou
por substâncias tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura. Algumas causas de febre: doenças bacterianas, vírus, tumores
cerebrais e condições ambientais.
A regulação da temperatura corporal requer um equilíbrio entre produção e perda de calor, cabendo ao hipotálamo regular o
nível em que a temperatura deve ser mantida. Na febre, este ponto está elevado. A produção de calor não é inibida, mas a dissipação
do calor está ampliada pelo fluxo sanguíneo aumentado através da pele e pela sudorese.
A febre não é apenas um sinal, constituindo, na verdade, parte de uma síndrome
(síndrome febril) na qual, além de elevação da temperatura, ocorrem vários outros sintomas e sinais, cujo aparecimento e intensidade
variam em relação direta com a magnitude da hipertermia, destacando-se astenia, inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia,
taquisfigmia, oligúria, dor no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões, principalmente
em recém-nascidos e crianças.

Reajuste do centro de regulação hipotalâmico da temperatura nas doenças febris – Efeito dos PIROGÊNIOS
Muitas proteínas, produtos da degradação das proteínas e algumas outras substâncias, especialmente toxinas de lipossacarídeos
oriundas das membranas celulares de bactérias, podem fazer com que o ponto de ajuste do termostato hipotalâmico se eleve. As
substâncias que causam esse efeito são chamadas pirogênios.
Os pirogênios liberados por bactérias tóxicas ou os
liberados por tecidos corporais em degeneração, causam febre
durante condições patológicas. Quando o ponto de ajuste do
centro de regulação hipotalâmico da temperatura se eleva acima
do normal, todos os mecanismos para a elevação da temperatura
corporal começam a atuar, incluindo a conservação de calor e o
aumento da produção de calor. Em algumas horas, após a
elevação do ponto de ajuste, a temperatura corporal se aproxima
desse nível.

Experimentos em animais demonstraram que alguns pirogênios, quando injetados no hipotálamo, podem atuar direta e
imediatamente sobre o centro de regulação da temperatura no hipotálamo e aumentar seu ponto de ajuste. Outros pirogênios atuam
indiretamente e podem necessitar de várias horas de latência antes de causar seus efeitos.
Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão nos tecidos ou no sangue, eles são fagocitados pelos
leucócitos do sangue, pelos macrófagos teciduais e pelos grandes linfócitos “killers” granulares. Todas essas células digerem os produtos
bacterianos e, em seguida, liberam citocinas, grupo diferenciado de moléculas peptídicas de sinalização, participantes das respostas
imunes e adaptativas. Uma das mais importantes dessas citocinas para causar febre é a interleucina 1 (IL-1), também chamada pirogênio
leucocitário ou pirogênio endógeno.
A IL-1 é liberada pelos macrófagos para os líquidos corporais e, ao chegar ao hipotálamo, quase imediatamente ativa os
processos produtores de febre aumentando, por vezes, a temperatura corporal, por valor significativo em apenas 8 a 10 minutos.
Vários experimentos sugeriram que a IL-1 inicialmente cause febre pela indução da formação de prostaglandinas,
principalmente a prostaglandina E2 ou substância similar, que atua no hipotálamo para desencadear a reação da febre. Quando a
formação de prostaglandinas é bloqueada por fármacos, a febre pode ser abortada ou diminuída. De fato, esta pode ser a explicação para
o mecanismo de atuação da aspirina na redução da febre, pois a aspirina impede a formação de prostaglandinas, a partir do ácido
araquidônico. Fármacos como a aspirina, que reduzem a febre, são chamados antipiréticos.

CARACTERISTICA DAS CONDIÇÕES FEBRIS


As febres altas acompanham de maior demanda metabólica e a elevação da atividade cardíaca, que podem complicar-se com
infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Da mesma forma a desidratação e os distúrbios hidroletroliticos, como acidose.

Calafrios
Quando o ponto de ajuste do centro de controle de temperatura no hipotálamo é subitamente alterado do nível normal para um
nível mais alto do que o normal (como resultado da destruição tecidual, substâncias pirogênicas ou desidratação), a temperatura corporal
geralmente leva várias horas para atingir o novo ponto de ajuste da temperatura.
A elevação súbita do ponto de ajuste da temperatura para o nível de 39,4°C. Como a temperatura do sangue agora é menor do
que o ponto de ajuste do controlador hipotalâmico da temperatura, ocorrem as respostas usuais que causam a elevação da temperatura.
Durante esse período, a pessoa experimenta calafrios e sente frio intenso, mesmo que sua temperatura já esteja acima do normal. Além
disso, a pele fica fria devido à vasoconstrição e a pessoa treme.
Os calafrios continuam até que a temperatura corporal chegue ao ponto de ajuste hipotalâmico de 39,4°C. A partir desse ponto,
a pessoa não apresenta mais calafrios e não sente frio ou calor. Enquanto o fator que causa elevação do ponto de ajuste do controlador
da temperatura hipotalâmico estiver presente, a temperatura do corpo é regulada quase da mesma forma, mas em nível de ponto de
ajuste mais alto.

Crise ou rubor
Se o fator que está causando a alta da temperatura for removido, o ponto de ajuste do controlador da temperatura hipotalâmico
será reduzido para valor mais baixo — talvez volte mesmo ao normal, como mostrado na Figura 74-11. Nesse caso, a temperatura do
corpo se mantém em 39,4°C, mas o hipotálamo tenta regular a temperatura para 37°C. Essa situação é análoga ao aquecimento excessivo
da área hipotalâmica anterior pré-óptica, que causa sudorese intensa e o desenvolvimento súbito de aquecimento da pele por causa da
vasodilatação generalizada.

Choque térmico
Quando a temperatura corporal se eleva além de temperatura crítica, na variação entre 40,5 e 42,2°C, a pessoa provavelmente
desenvolverá uma intermação. Os sintomas incluem desorientação, desconforto abdominal, algumas vezes acompanhado por vômitos,
às vezes, delírios, com eventual perda da consciência se a temperatura corporal não for rapidamente diminuída. Esses sintomas em geral
são exacerbados por grau de choque circulatório ou pela excessiva perda de líquidos e eletrólitos pelo suor.
Os achados patológicos em uma pessoa que morra por hiperpirexia são hemorragias locais e degeneração parenquimatosa das
células de todo o corpo, mas especialmente no cérebro. Após a destruição das células neuronais, elas não podem ser substituídas. Além
disso, as lesões no fígado, rins e outros órgãos, em geral, podem ser graves o suficiente para levar à falência de um ou mais desses
órgãos, eventualmente levando ao óbito, que algumas vezes pode ocorrer vários dias após a intermação.

Exposição do corpo ao frio extremo


Em geral, morre por parada cardíaca ou fibrilação cardíaca. Nesse momento, a temperatura interna do corpo cai para
aproximadamente 25°C. Se for aquecido rapidamente, pela aplicação de calor externo, a vida da pessoa pode ser salva.
Quando a temperatura corporal cai abaixo de 29,4°C (85°F), o hipotálamo perde sua capacidade de regular a temperatura; essa
capacidade fica seriamente deteriorada quando a temperatura cai abaixo de 34,4°C (94°F). Em parte, o motivo dessa diminuição da
regulação da temperatura se dá pela diminuição dos índices da produção química de calor em cada célula; para cada diminuição de
5,5°C na temperatura corporal a capacidade de produção de calor da célula cai por duas vezes. Além disso, o estado de sonolência
(seguido de coma) deprime a atividade dos mecanismos de controle de calor que ocorrem no sistema nervoso central, impedindo os
calafrios.

CARACTERISTICAS SEMIOLÓGICAS DA FEBRE


Início
Pode ser súbito ou gradual. No primeiro caso, percebe-se de um momento para outro a elevação da temperatura. Nesse caso, a
febre se acompanha quase sempre dos sinais e sintomas que compõem a síndrome febril. É frequente a sensação de calafrios nos
primeiros momentos da hipertermia.
A febre pode instalar-se de maneira gradual e o paciente nem perceber seu início. Em algumas ocasiões, predomina um ou
outro sintoma da síndrome febril, prevalecendo a cefaleia, a sudorese e a inapetência.

Intensidade
• Febre leve ou febrícula: até 37,5°C
• Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C
• Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C.

Duração
Procurado estabelecer um conceito de febre prolongada, mas não se chegou ainda a consenso quanto ao tempo mínimo de
duração para que se aplique esta designação; ela é usada quando a febre permanece por mais de 1 semana, tenha ou não caráter contínuo.
Esse conceito é prático e conveniente, pois é possível fazer-se uma lista relativamente curta das principais doenças que causam
febre prolongada, destacando-se: tuberculose, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas,
pielonefrite, brucelose e esquistossomose.

Modo de evolução
O registro da temperatura em uma tabela, dividida no mínimo em dias, subdivididos em 4 ou 6 horários, compõe o que se
chama gráfico ou quadro térmico, elemento indispensável para se estabelecer o tipo de evolução da febre. Unindo-se por uma linha os
valores de temperatura, fica inscrita a curva térmica do paciente.
O mais comum é a mensuração de temperatura pela manhã e à tarde. Classicamente descrevem-se os seguintes tipos evolutivos
de febre:
 Febre contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1 °C e sem grandes oscilações; por
exemplo, febre tifoide, endocardite infecciosa e pneumonia.
 Febre irregular ou séptica: registram-se picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia. Não há
qualquer caráter cíclico nestas variações. Mostram-se totalmente imprevisíveis e são bem evidenciadas quando se faz a tomada
da temperatura várias vezes ao dia; um exemplo típico é a septicemia. Aparece também nos abscessos pulmonares, no empiema
vesicular, na tuberculose e na fase inicial da malária.
 Febre remitente: há hipertermia diária, com variações de mais de 1 °C e sem períodos de apirexia. Ocorre na septicemia,
pneumonia, tuberculose.
 Febre intermitente: nesse tipo, a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal; isto é, registra-
se febre pela manhã, mas esta não aparece à tarde; ou então, em 1 dia ocorre febre, no outro, não. Por vezes, o período de
apirexia dura 2 dias. A primeira se denomina cotidiana, a segunda terçã e a última quartã. O exemplo mais comum é a malária.
Aparece também nas infecções urinárias, nos linfomas e nas septicemias.
 Febre recorrente ou ondulante: caracteriza-se por período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam
interrompidos por períodos de temperatura elevada. Durante a fase de febre não há grandes oscilações; por exemplo: brucelose,
doença de Hodgkin e outros linfomas.

Término
 Crise: quando a febre desaparece subitamente. Neste caso costumam ocorrer sudorese profusa e prostração. Exemplo típico é
o acesso malárico.
 Lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis
normais. Observado em inúmeras doenças, é mais bem reconhecido pela análise da curva térmica.

CONVULSÃO FEBRIL
A convulsão febril ou crise febril (CF) e o problema neurológico mais comum na infância e representa importante causa de
atendimento em pronto-socorro pediátrico. Sua incidência estimada e de 2 a 5% na população infantil.
A CF pode ser definida como uma crise associada à febre, sem evidências de infecção do SNC ou de outras doenças
neurológicas agudas, geralmente ocorrendo entre três meses e cinco anos de idade e ocorrendo nas primeiras 24 horas do processo febril.
A classificação das CFs diferencia duas formas: simples e complexa. A CF simples consiste de uma crise generalizada, com
duração de menos de 15 minutos, sem recorrência de novas crises nas primeiras 24 horas e ausência de sinais neurológicos focais pós-
ictais. A CF complexa caracteriza-se pela ocorrência de uma crise parcial e/ou com duração acima de 15 minutos e/ou que recorre nas
primeiras 24 horas, podendo ou não apresentar sinais focais pós-ictais.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que após uma primeira crise febril a punção lombar deve ser fortemente
considerada em lactentes com menos de 12 meses. Em crianças acima de 18 meses, deve ser indicada se estiver associada a sinais
meníngeos ou suspeita de infeção intracraniana.
O tratamento no momento da crise consiste na manutenção da permeabilidade das vias aéreas superiores, bem como no controle
da hipertermia e da crise convulsiva. Devido à benignidade dessa condição, a medida mais utilizada atualmente é a tranquilização dos
familiares, orientação sobre controle adequado da febre durante processos infecciosos e medidas a serem tomadas perante uma nova
crise.
FEBRE INDETERMINADA
Representa um problema clinico comum, chegando a constituir 8,4% das internações hospitalares num período de 2 anos em
um estudo.
Pode ser definida através da presença de temperatura
axilar maior que 37,8ºC pelo tempo mínimo de 3 semanas e
após uma semana de investigação hospitalar infrutífera. Essa
definição tende a eliminar doenças infecciosas autolimitadas,
os pacientes com hipertermia habitual e os casos em que a
propedêutica inicial identifica a causa da febre. Em resposta à
evolução do conhecimento e às pressões ambientais, os casos
de febre de origem indeterminada são atualmente classificados
em quatro síndromes: clássica, nosocomial, no neutropênico, e
no paciente infectado pelo vírus da imunodeficiência humana.
Para a maioria das causas de FOI existe tratamento
eficaz, é importante ressaltar que a maioria das causas se
identifica como doenças comuns com manifestações atípicas e
não doenças raras.

As causas e a frequência de FOI variam com o tempo, o local onde foi feito o estudo e os critérios conceituais utilizados. O
uso indiscriminado de antibióticos e anti-inflamatorios, erros ou má interpretação de exames laboratoriais e deficiências no sistema de
saúde tem se responsabilizado pelo aumento do numero de casos de FOI.
Tem-se observado que doenças infecciosas, neoplasias e colagenoses se responsabilizam por cerca de 40, 30 e 15%,
respectivamente das FOI.
A febre factícia é rara e ocorre mais frequentemente em profissionais da saúde ou seus familiares do sexo feminino. A indução
da febre representa manifestação de doença grave que exige tratamento psiquiátrico adequado. O paciente geralmente induz a febre por
manipulação do termômetro ou auto-inoculação de material contaminado.
A hipertermia habitual geralmente ocorre em mulheres jovens com reação psiconeurótica. Caracteriza-se por temperaturas
entre 37,2ºC e 37,8ºC no período da tarde, acompanhada de queixas vagas, e que desaparece junto com a remoção do problema
precipitante ou após administração de tranqüilizantes.

Caracteristicas clinicas
A abordagem do paciente com FOI baseia-se no conhecimento das doenças que podem porduzi-la em associação à nasologia
prevalente do ambiente de origem do paciente, conforme a epidemiologia.
O bom relacionamento do paciente e sua família com o medico é imprescindível, pois a febre prolongada na ausência de
tratamento produz grande ansiendade.
MECANISMO DE AÇÃO DE ANTITÉRMICOS
Os alvos e atuação dos AT são:
 Redução da produção e mediadores inflamatórios, como as citocinas ou aumento da produção local de moléculas anti-
inflamatórias.
 Redução na produção de prostaglandina E2 através da inibição da ciclooxigenase, evitando assim que ela atue no centro
termorregulador do hipotálamo, desencadeando as reações de produção de calor.
 Produção de antipiréticos naturais aumentada
 Redução da adesão de células produtoras de prostaglandinas no foco inflamatório.
A PGE2 é fundamental na produção da febre e é sintetizada a partir do ácido araquidônico, com a participação de duas
isoformas da enzima ciclooxigenase, a COX 1 e a COX2. A maioria dos AT age na síntese de prostaglaninas, inibindo a COX1 e 2
O paracetamol é um fraco inibidor da COX 1. A aspirina e outros AINES, além da diminuição da PGE2, diminuem a produção
de PE e das citocinas mediadoras da inflamação e aumentam a produção de antipiréticos naturais. A dipirona também diminui a PGE2.

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