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INTERVENÇÃO POLICIAL,
USO DE FORÇA E VERBALIZAÇÃO
Missão
Visão
Valores
1
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA – Caderno Doutrinário 1
INTERVENÇÃO POLICIAL,
USO DE FORÇA E VERBALIZAÇÃO
Belo Horizonte
2
2010
3
Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
CDU 363.22
CDD 355.014
ADMINISTRAÇÃO:
Centro de Pesquisa e Pós Graduação
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Belo Horizonte – MG
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4
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................................8
2 PREPARO MENTAL .......................................................................................................... 12
2.1 Estados de prontidão ............................................................................................................ 13
2.1.1 Classificação dos estados de prontidão ............................................................................. 13
2.2. Estados de prontidão e a atuação policial ........................................................................... 16
3. AVALIAÇÃO DE RISCOS ................................................................................................... 20
3.1 Metodologia de avaliação de riscos ...................................................................................... 20
3.2 Aplicação ............................................................................................................................... 23
4 PENSAMENTO TÁTICO..................................................................................................... 25
4.1 Quarteto do pensamento tático ........................................................................................... 25
4.1.1 Leitura do ambiente ........................................................................................................... 29
4.1.2. Alinhamento do estado de prontidão ............................................................................... 30
4.2 Processo mental da agressão ................................................................................................ 32
5 INTERVENÇÃO POLICIAL .................................................................................................. 37
5.1 Níveis de intervenção ............................................................................................................ 37
5.2 Etapas da intervenção ........................................................................................................... 39
5.3 Abordagem policial ............................................................................................................... 40
5.3.1 Fundamentos da abordagem policial a pessoa em atitude suspeita ................................. 41
6 USO DE FORÇA ................................................................................................................ 45
6.1. Princípios do uso de força .................................................................................................... 47
6.1.1 Níveis de resistência da pessoa abordada ......................................................................... 53
6.1.2 Uso diferenciado de força .................................................................................................. 54
6.1.3 Modelo do Uso de Força .................................................................................................... 58
6.1.4 Responsabilidade pelo Uso de Força ................................................................................. 60
6.2 Uso da Arma de Fogo ............................................................................................................ 61
6.2.1 Regras gerais de controle ................................................................................................... 61
6.2.2 Normas de segurança......................................................................................................... 62
6.2.3 Usar ou Empregar Arma de Fogo ....................................................................................... 63
6.2.4 Atirar ou Disparar Arma de Fogo ....................................................................................... 65
6.2.5 Objetivo do Disparo ........................................................................................................... 66
6.2.6 Procedimentos para o disparo da arma de fogo. ............................................................... 69
5
6.2.7 Circunstâncias especiais para disparo de arma de fogo .................................................... 71
6.2.8 Procedimentos após o disparo de arma de fogo ............................................................... 76
6.3.Relatórios sobre o uso de força e arma de fogo ................................................................... 77
6.3.1 Confeccionados pelo policial .............................................................................................. 77
6.3.2 Roteiro de apuração referente ao uso de força e arma de fogo ....................................... 79
7. VERBALIZAÇÃO POLICIAL................................................................................................ 84
7.1 Comunicação na abordagem policial .................................................................................... 86
7.2 Verbalização do policial face ao comportamento do abordado ........................................... 92
7.2.1 Abordado cooperativo ....................................................................................................... 92
7.2.2 Abordado Resistente Passivo ............................................................................................. 94
7.2.3 Abordado Resistente Ativo ................................................................................................ 97
7.2.4 Verbalização no caso de prisão. ......................................................................................... 98
7.3 Considerações Finais ............................................................................................................. 99
GLOSSÁRIO...................................................................................................................... 100
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 105
6
APRESENTAÇÃO
7
1 APRESENTAÇÃO
8
A seção 2 trata do preparo mental e dos estados de prontidão,
ressaltando a importância do policial ensaiar possibilidades para antecipar
respostas e observar sua capacidade de reação para as diferentes situações
do cotidiano operacional.
A seção 3 traz a metodologia para proceder à avaliação de riscos,
ferramenta necessária para diagnosticar as diversas situações de ameaça e as
condições de segurança para uma intervenção.
O pensamento tático é outro recurso importante para o diagnóstico de
cada ocorrência, fornece elementos para analisar e controlar diferentes áreas
do “teatro de operações” e buscar interferir no processo mental do agressor,
subsidiando o planejamento da intervenção. Será desenvolvido na seção 4, em
complemento à seção anterior.
A seção 5 aborda o tema intervenção policial, suas etapas e
classificação em três níveis diferentes, em função dos objetivos e riscos
avaliados. A abordagem policial, como exteriorização da intervenção, também
é tratada nessa seção, contudo, de forma introdutória, pois será retomada mais
detalhadamente nos outros “Cadernos Doutrinários” devido a sua importância
na atividade policial.
A seção 6 dispõe sobre o uso de força, seus diferentes níveis, além de
trazer considerações e orientações sobre o uso de arma de fogo e de força
potencialmente letal, consistindo num referencial para que o policial tenha
segurança em utilizá-la, desde que em conformidade com os princípios éticos e
legais que regem seu emprego. É importante acrescentar que a elaboração da
seção 6 contou com a colaboração destacada de instrutores formados no
âmbito do projeto de integração das Normas de Direitos Humanos à prática
policial, promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Finalizando, a verbalização policial é tema da seção 7, destacando a
importância dos elementos verbais e não verbais do processo de comunicação
como instrumento facilitador em qualquer intervenção, aplicável em todos os
níveis de uso de força pela polícia.
Este conjunto de “Cadernos Doutrinários” operacionais denomina-se
Prática Policial Básica e será composto pelos seguintes documentos:
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Caderno Doutrinário 1 – Intervenção Policial, Uso de Força e Verbalização
Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento a
Vítimas
Caderno Doutrinário 3 – Blitz Policial
Caderno Doutrinário 4 – Abordagem a Veículos
Caderno Doutrinário 5 – Cerco e Bloqueio
Caderno Doutrinário 6 – Condução de Presos e Escoltas
Caderno Doutrinário 7 – Abordagem a Edificações
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SEÇÃO 2
PREPARO MENTAL
11
2 PREPARO MENTAL
12
Por isso, o treinamento policial deve ser contínuo e valorizar o preparo
mental tanto quanto o preparo físico.
13
O policial encontra-se despreparado para um eventual
confronto e, caso uma intervenção seja necessária, aumentará
consideravelmente os riscos e comprometerá a segurança individual e
a de sua guarnição.
Exemplo: o policial de folga almoçando com sua família pode
se encontrar no estado relaxado. Por outro lado, num patrulhamento,
escutando música com fone de ouvido, colocará a sua segurança e a
de seu grupo em risco, caso tenha que dar cobertura a outra guarnição
atuando em ocorrência próxima ao local onde se encontram.
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c) Estado de alerta (laranja)
Neste estado de prontidão, o policial detecta um problema e
está ciente de que um confronto é provável. Embora ainda não haja
necessidade imediata de reação, o policial se mantém vigilante,
identifica se há alguém que possa representar uma ameaça que exija
uso de força e calcula o nível de resposta adequado (ver Uso de força
– Seção 6).
Manter-se no estado de alerta (laranja) diminui os riscos do
policial ser surpreendido, propiciando a adoção de ações de resposta
conforme a situação exigir. Deve-se avaliar se é necessário pedir apoio
de outros policiais e identificar prováveis abrigos (proteções) que
possam ser utilizados.
Exemplo: o policial acionado pelo rádio (CICOP) para atender a
uma ocorrência de uma briga entre vizinhos devido a perturbação do
sossego (barulho de música e conversa alta), em um local considerado
zona quente de criminalidade.
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e) Estado de pânico (preto)
Quando o policial se depara com uma ameaça para a qual não
está preparado ou quando se mantém num estado de tensão por um
período de tempo muito prolongado, seu organismo entra num
processo de sobrecarga física e emocional.
Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação,
comprometendo sua capacidade de reagir adequadamente à ameaça
enfrentada. Isso caracteriza o estado de pânico (preto).
O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma
reação desproporcional, portanto ineficaz. É chamado assim porque a
mente entra em uma espécie de “apagão”, o que impossibilita ao
policial dar respostas apropriadas ao nível da ameaça sofrida.
Durante o estado de pânico (preto) poderá ocorrer o retorno
parcial e momentâneo ao estado de alarme (vermelho), o que até
poderá propiciar alguma capacidade de reação. Contudo, é importante
interpretar essas oscilações dos estímulos fisiológicos (percepção,
atenção ou pensamento) como um grave sinal de perigo e
esgotamento mental, e não como indicativos de que o policial suporta
bem o estresse oferecido pela situação.
Exemplo: o policial poderá abandonar um abrigo e atracar-se
fisicamente com um agressor, utilizar a arma de fogo sem controle,
atirando de maneira instintiva e descontrolada, ou até mesmo, entrar
em uma situação de letargia física ou paralisia momentânea, deixando
de acompanhar sua guarnição quando em deslocamento no local da
ocorrência.
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atividades culturais, e até mesmo, o contato com profissionais da área da
psicologia1.
Caso não haja preocupação com estas medidas, o policial estará mais
propenso a desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de
irritabilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre
os efeitos deste quadro, o policial poderá responder de forma impulsiva quando
se deparar com situações de ameaça e perigo, ou ainda, com reações
exageradas mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e complexidade
(nível de força incompatível com a análise de risco e reação do abordado).
Tudo isso pode favorecer o surgimento de estados de pânico (preto) durante
o serviço operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado
(branco) e de atenção (amarelo) são, portanto, estratégias que contribuem
tanto para a prevenção da saúde mental do profissional de segurança pública
quanto para evitar a banalização de atos de violência nas intervenções
policiais.
Assim, o estado de prontidão do policial é considerado tão
fundamental quanto os equipamentos e armamentos colocados à disposição do
serviço ou patrulhamento, pois, juntamente com o domínio técnico e o
condicionamento físico, é ele que determinará sua condição de resposta à
situação apresentada.
Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial terá
para:
detectar sinais de riscos e ameaças;
colocar-se no estado de prontidão apropriado a cada situação;
ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de
prontidão de acordo com a evolução da intervenção.
1
Interpretação institucional da PMMG do princípio 21 dos Princípios Básicos sobre a Utilização
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(PBUFAF) e em conformidade com o Memorando 10.162/ 98 – EMPM/ PMMG que recomenda
o encaminhamento de policial militar envolvido em ocorrências com mortos e feridos ao
psicólogo.
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SEÇÃO 3
AVALIAÇÃO
DE RISCO
19
3. AVALIAÇÃO DE RISCOS
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser
considerado pelo policial. O risco é a probabilidade de concretização de uma
ameaça contra pessoa e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá
que ele mantenha-se no estado de prontidão compatível com a gravidade dos
riscos que identificar. Uma ponderação prévia irá orientar o policial sobre a
necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor
maneira para fazê-lo.
Toda ação policial deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano
e de todos os aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada
de decisão em uma intervenção, formando um componente importante do
pensamento tático (Ver Pensamento Tático - Seção 4).
O policial deverá ter em mente que, em qualquer processo de tomada
de decisão em ambiente operacional, a polícia tem o dever funcional de servir e
proteger a sociedade, preservar a ordem pública e incolumidade das pessoas e
do patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos 2.
2
Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira e Identidade Organizacional da
PMMG.
3
Os direitos e garantias são os previstos na legislação internacional e na Constituição Federal
de 1988.
20
b) Etapa 2 - Avaliação das ameaças: consiste em avaliar as
características dos fatores que ameaçam direitos e garantias, identificar
pontos de foco e pontos quentes (Ver Pensamento Tático – Seção
4) e selecionar o nível de força adequado para controlá-los (Ver Uso de
Força – Seção 6). Para tanto, o policial deve:
obter informações sobre o agressor em potencial e dos
envolvidos (idade, sexo, compleição física, estado emocional e
psicológico, motivação para o ato, armas empregadas,
trajetória criminal, registro anterior de agressão ou ação contra
policiais, entre outros).
Estar atento às condições do ambiente e a geografia
urbana que podem interferir diretamente na intervenção
policial, à presença de árvores, postes, caçambas, pontos de
ônibus em alvenaria, hidrantes, rochas (podem servir como
abrigos), à concentração de residências, presença de becos e
vielas, às características do terreno (curvas e colinas,
descampados e grandes retas) e ao fluxo de pessoas.
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Risco Nível II: caracterizado pela real possibilidade
de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança.
São situações nas quais o risco é conhecido, mas que a
intervenção policial ainda é de caráter preventivo. O
estado de prontidão coerente com o risco de nível II é
o estado de alerta (laranja).
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nível de força adequado para controlar a ameaça, seja por meio da
verbalização, força física ou mesmo a força potencialmente letal, conforme as
circunstâncias assim exigirem4. (ver Uso de força – Seção 6)
3.2 Aplicação
A avaliação e classificação de risco possibilitam o uso de técnicas e
táticas adequadas às diversas formas de intervenção policial (ver Intervenção
policial – Seção 5).
Para cada nível de risco determinado, haverá uma conduta
operacional estabelecida como referência para a ação policial, cabendo-lhe
selecionar os procedimentos mais adequados a cada situação.
Cada atuação da polícia é cercada de particularidades. Não existem
ocorrências iguais, contudo é possível desenhar um conjunto de “situações
básicas” que podem servir de modelos aplicáveis ao treinamento.
A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e
classificação de riscos em uma intervenção policial viabiliza a seleção e a
aplicação de procedimentos adequados à solução de problemas, como será
visto na seção seguinte.
4
Interpretação institucional da PMMG do princípio 4 dos Princípios Básicos sobre a Utilização
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(PBUFAF) e em conformidade com o artigo 3º do Código de Conduta para os Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei (CCEAL).
23
SEÇÃO 4
PENSAMENTO
TÁTICO
24
4 PENSAMENTO TÁTICO
25
Figura 1 – Quarteto do pensamento tático
a) Área de segurança.
É a área na qual as forças policiais têm o domínio da situação, não
havendo, presumidamente, riscos à integridade física e a segurança dos
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envolvidos. É o espaço onde o policial deve primeiramente se colocar durante a
intervenção, evitando se expor a perigos desnecessários.
Em operações de grande porte, esta área é utilizada para
estacionamento de veículos, instalação de posto de comando, trânsito de civis
em serviço e de pessoas responsáveis para transmitir as informações para a
mídia e o público em geral.
Exemplo: Arredores de uma residência, onde no seu interior se
encontra o suspeito da prática de um delito.
b) Área de risco
Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro de operações”, onde
podem existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo à
integridade física e a segurança dos envolvidos. É a área na qual o policial não
detém o domínio da situação, por ainda não ter realizado buscas, sendo
portando, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e por isto requer que os
riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados. (Ver Avaliação de Riscos –
Seção 3)
Exemplo: A residência onde se encontram suspeitos da prática de um
delito.
.
c) Ponto de foco
Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem
monitoramento específico e demandam imediata atenção do policial, uma vez
que deles podem surgir ameaças que representem risco a segurança dos
envolvidos. Portas, janelas, escadas, corredores, veículos, obstáculos físicos,
escavações, uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de atuação que
27
possa oferecer ameaça, mesmo que não imediatamente visível ou conhecida
podem ser considerados como pontos de foco.
Seguindo o exemplo do item “b) Área de Risco”, os pontos de focos
poderão ser as janelas da residência onde se encontram suspeitos da prática
de um delito.
d) Ponto quente
Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um
maior potencial de se tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem
ser cautelosamente monitorados para garantir a segurança de todos os
envolvidos. O policial direcionará sua atenção, energia e habilidade para essas
fontes a fim de responder adequadamente, considerando os princípios e regras
para o uso de força (Ver Uso de Força – Seção 6)
Seguindo o exemplo do item “c) Ponto de Foco”, o ponto quente será o
suspeito da prática de um delito, que está posicionado numa das janelas da
residência.
É necessário compreender que a definição do que será ponto de foco
e ponto quente ocorre de maneira continua e dinâmica, decorrente da
avaliação de riscos. Isto permite ao policial reclassificá-los na medida em que
os locais de onde podem partir as ameaças vão sendo identificados e/ou
controlados, mais especificamente.
No exemplo anterior, no primeiro momento, o suspeito na janela foi
definido como um ponto quente. Contudo, quando o policial identifica que ele
está com uma arma de fogo, a partir de então, o abordado será considerado
como um ponto de foco e suas mãos passam a ser o ponto quente.
Outro exemplo: um veículo suspeito será considerado ponto de foco e
um indivíduo que está em seu interior o ponto quente. Este mesmo indivíduo
poderá tornar-se o ponto de foco e suas mãos serão definidas com o ponto
quente. Igual atenção deverá ser dada às janelas, portas e porta-malas, pois
são locais prováveis para o surgimento de ameaças (pontos quentes).
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4.1.1 Leitura do ambiente
Existem três questões chave para uma correta leitura do ambiente, que
levam à identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:
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LEMBRE-SE: Ao se colocar num estado de prontidão
adequado, passando do estado de atenção (amarelo)
para o estado de alerta (laranja) ou estado de alarme
(vermelho), quando necessário, o policial estará melhor
preparado para identificar os pontos de foco e seus
pontos quentes.
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O objetivo do policial em uma ocorrência é, de modo geral, impedir o
agravamento de qualquer situação e solucionar os problemas. Quando o
policial não se expõe a perigos desnecessários e trabalha sem invadir a área
de risco, identificando e controlando os pontos de foco, ele possui mais
chances de evitar confronto direto e terá mais tempo e segurança para decidir
quando e como agir.
Em situações em que há mais de um policial, é possível dividir os
pontos de foco de uma área de risco. O número de policiais empregados em
uma intervenção deve ser, sempre que possível, capaz de proporcionar o
controle de todos os pontos de foco e seus pontos quentes.
Algumas vezes, policiais se concentram em um mesmo ponto de foco
deixando outros sem controle. Todos os pontos de foco devem estar sob
vigilância e para isso deverá ocorrer uma ação coordenada por parte dos
policiais. Jamais um ponto de foco pode ser desconsiderado.
O policial que verbaliza manterá contato visual com o abordado,
sempre olhando para ele. Isto interferirá no processo mental do agressor,
reduzindo sua capacidade de reação.
Se uma ameaça real surge de um ponto de foco, a habilidade e o
preparo mental para entender e controlar os seus pontos quentes serão os
suportes para a resposta correta do policial. Neste sentido, duas considerações
são importantes:
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Não confundir atenção concentrada com “visão em túnel”:
Em uma situação de risco iminente, o policial deve concentrar
toda a sua força e energia para controlar a ameaça o mais
rápido possível. Por outro lado, a “visão em túnel” ocorre
quando o policial fixa seu olhar e sua atenção em apenas um
ponto, perdendo a capacidade de percepção do que se
encontra a sua volta. Como consequência poderá eleger um
objetivo incorreto ou um conjunto de ações inadequadas para
atingi-lo.
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b) Surpresa: evitar que o agressor possa antecipar suas ações.
Surpresa, por definição, anda lado a lado com a ocultação. É, em
outras palavras, agir sem ser percebido diminuindo as possibilidades
de ser agredido. Se o policial pode ocultar-se ou mover-se de modo
imperceptível, diminuirá a possibilidade de ser identificado e sofre a
ação decorrente de um plano de ataque.
34
Em resumo, o policial deve procurar aumentar o tempo de decisão do
agressor, enquanto simplifica e encurta o seu próprio processo mental.
Entender este processo ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecendo
perímetros de segurança e determinando corretamente as prioridades segundo
os respectivos pontos de foco que se apresentarem.
35
SEÇÃO 5
INTERVENÇÃO
POLICIAL
36
5 INTERVENÇÃO POLICIAL
.
Entende-se por intervenção policial, a ação ou operação que
empregam técnicas e táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo
como objetivo prioritário a promoção e a defesa dos direitos fundamentais da
pessoa. Toda intervenção policial deve ser transformadora da realidade,
objetivando em última análise, prevenção e resolução de conflitos.
Uma intervenção da polícia pode ter como objetivo o esclarecimento de
dúvidas ou fornecimento de informações junto a um transeunte; a realização de
uma busca pessoal, em um veículo ou em uma edificação; uma ação de auxílio
a uma pessoa acidentada ou perdida; o cumprimento de mandado de prisão;
imobilização, algemação e condução de pessoas; disparar arma de fogo de
acordo com os princípios do uso de força e outras formas de contato do policial
com a sociedade.
Ao iniciar uma intervenção, o policial deve observar os aspectos éticos,
normativos e técnicos que regulam e orientam a sua execução. O
conhecimento do conjunto normativo, somado ao treinamento diuturno
garantirão o sucesso destas ações.
38
5.2 Etapas da intervenção
Uma intervenção policial deve ser dividida em etapas para garantir o
seu sucesso:
39
d) Etapa 4 - Avaliação: as condutas individuais e do grupo, os
resultados alcançados e as falhas notadas em cada intervenção devem
ser, posteriormente, discutidas e analisadas e possíveis correções
devem ser apresentadas visando aperfeiçoar as competências
profissionais.
41
c) Rapidez: é a velocidade com que a ação policial é processada, o
que contribui substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não se
pode confundir rapidez com afobamento ou falta de planejamento. Em
uma abordagem que resulta em busca pessoal, o policial deve usar
todo o tempo necessário para uma verificação exaustiva por objetos
ilícitos ou indícios de crime.
42
Figura 2 – Etapas da intervenção policial
43
SEÇÃO 6
USO DE FORÇA
44
6 USO DE FORÇA
5
Interpretação institucional da PMMG do princípio 1 dos Princípios Básicos sobre a Utilização
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(PBUFAF).
45
de terceiros e à estabilidade da sociedade como um todo (uma violência contra
o policial é um atentado contra a própria sociedade).6
A força implementada por um policial é um ato discricionário, legal,
legítimo e profissional. Pode e deve ser usada no cotidiano operacional, sem
receio das consequências advindas de seu emprego, desde que o policial
cumpra com os princípios éticos e legais que regem sua profissão.
Deve ficar claro para o policial que o uso de força não se confunde
com violência, haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima
e não profissional. O uso excessivo de força configura ato de violência e abuso
de poder.
O Policial poderá usar a força no exercício das suas atividades, não
sendo necessário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se
desnecessariamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego
eficiente requer uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias
presentes de forma que a intervenção policial resulte num menor dano
possível. Para tanto, é essencial que ele se aperfeiçoe constantemente em
procedimentos para a solução pacífica de conflitos, estudos relacionados ao
comportamento humano, conhecimento de técnicas de persuasão, negociação
e mediação, dentre outros que contribuam para a sua profissionalização nesse
tema7.
Artigo 1º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o dever
que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos
ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer.
6
Texto adaptado do Preâmbulo dos PBUFAF.
7
Interpretação institucional da PMMG do princípio 20 dos PBUFAF e conforme artigo 3º. do
Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (CCEAL).
46
Artigo 2º No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem
respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos humanos de todas as
pessoas.
Artigo 5º Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar
qualquer ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante,
nem nenhum destes funcionários pode invocar ordens superiores ou circunstâncias
excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça de guerra, ameaça à segurança
nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, como justificativa
para torturas ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 7º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer quaisquer
atos de corrupção. Também devem opor-se vigorosamente e combater todos estes atos.
Artigo 8º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e este
Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se com rigor a
quaisquer violações da lei e deste Código.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que
houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus
superiores e, se necessário, a outras autoridades competentes ou órgãos com poderes de
revisão e reparação.
a) Legalidade
Constitui na utilização de força para a consecução de um objetivo legal e
nos estritos limites do ordenamento jurídico.
Este princípio deve ser compreendido sob os aspectos do:
8
Interpretação institucional da PMMG do princípio 8 dos PBUFAF e em conformidade com o
artigo 5º do CCEAL.
9
Interpretação institucional da PMMG do princípio 5 dos PBUFAF.
48
PROCESSO: considera que os meios e métodos utilizados
pelo policial devem ser legais, ou seja, em conformidade com
as normas nacionais (leis, regulamentos, diretrizes, entre
outros) e internacionais (acordos, tratados, convenções, pactos
entre outros)10.
Exemplo: O policial não cumpre o princípio da
legalidade se, durante o seu serviço, usar arma e munições
não autorizadas pela Instituição, tais como armas sem registro,
com numeração raspada, calibre proibido, munições
particulares, dentre outras.
b) Necessidade
O uso de força num nível mais elevado é considerado necessário
quando, após tentar outros níveis menos contundentes (negociação,
persuasão, entre outros) para solucionar o problema, torna-se o último recurso
a ser utilizado pelo policial11.
Um determinado nível de força só pode ser empregado quando outros
níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos
legais pretendidos.
Exemplo: o policial pode utilizar a força potencialmente letal (disparo
de arma de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se
encontra em perigo iminente de morte, provocado por um infrator, sempre que
outros meios não tenham sido suficientes para impedir a agressão.
c) Proporcionalidade
O nível de força utilizado pelo policial deve ser compatível, ao mesmo
tempo, com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com
o objetivo legal pretendido.
10
Conforme artigo 1º do CCEAL.
11
Interpretação institucional da PMMG do princípio 4 dos PBUFAF.
49
GRAVIDADE DA AMEAÇA: para ser avaliada, deverão ser
considerados, entre outros aspectos, a intensidade, a
periculosidade e a forma de proceder do agressor, a hostilidade
do ambiente (histórico e fatores que indiquem violência do local
de atuação) e os meios disponíveis ao policial (habilidade
técnica e equipamentos). De acordo com a evolução da
ameaça (aumento ou redução) o policial readequará o nível de
força a ser utilizado, tornando-o proporcional às ações do
infrator, o que confere uma característica dinâmica a este
princípio.
Exemplo: não é considerada proporcional a ação
policial, com o uso de força potencialmente letal (disparando
sua arma de fogo) contra um cidadão que resiste
passivamente, com gestos e questionamentos, a uma ordem
de colocar as mãos sobre a cabeça, durante a busca pessoal.
Neste caso, a verbalização e/ou controle de contato
corresponderão ao nível de força indicada (proporcional).
d) Moderação
O emprego de força pelos policiais deverá ser dosado, visando reduzir
possíveis efeitos negativos decorrentes do seu uso ou até evitar que se
produzam.
50
O nível de força utilizado pelo policial na intervenção deverá ter a
intensidade e a duração suficientes para conter a agressão. Este princípio visa
evitar o excesso no uso de força.
Considera-se imoderada a ação do policial que, após cessada ou
reduzida a agressão, continua empregando o mesmo nível de força.
Exemplo 1: O policial que continua disparando, mesmo quando o
agressor que atirou contra ele já estiver caído ao solo, sem qualquer outro tipo
de reação.
Exemplo 2: O policial que, após quebrar a resistência física do infrator,
utilizando o bastão, gás /agente químico ou mesmo técnicas de imobilização,
persistir fazendo o uso desses meios12.
e) Conveniência
O princípio da conveniência diz respeito à oportunidade e à aceitação de
uma ação policial em um determinado contexto, ainda que estejam presentes
os demais princípios.
As consequências do uso de força deverão ser avaliadas de maneira
dinâmica, pois se estas forem consideradas mais graves do que a ameaça
sofrida pelas pessoas, será recomendável ao policial rever o nível de força
utilizado. É adequado reavaliar os procedimentos táticos empregados, inclusive
considerar a possibilidade de abster-se do uso de força.
A força não deverá ser empregada quando houver possibilidade de
ocasionar danos de maior relevância em relação aos objetivos legais
pretendidos.
Exemplo: Não é adequado ao policial repelir os disparos de um agressor
em uma área com grande movimentação de público devido à possibilidade de
se vitimar outras pessoas, mesmo que estejam sendo observados os princípios
da legalidade, necessidade e proporcionalidade naquela ação.
12
Interpretação institucional da PMMG do princípio 5 “a” dos PBUFAF.
51
Atenção: O Policial deverá considerar que, quando
as consequências negativas do uso de força forem
superiores ao objetivo legal pretendido e à gravidade
da ameaça ou agressão sofrida, é recomendado que
não prossiga com o uso de força.
a) Cooperativo
A pessoa abordada acata todas as determinações do policial durante
a intervenção, sem apresentar resistência (Classificação de Risco
nível I).
Exemplo: o motorista que apresenta, prontamente, toda a
documentação solicitada e atende as orientações do policial durante
operação do tipo blitz.
b) Resistência Passiva
A pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do
policial, ou o abordado opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de
impedir a ação legal. Contudo, não agride o policial nem lhe direciona
ameaças (Classificação de Risco nível II).
Exemplo 1: O abordado reage de maneira espalhafatosa, acalorada,
falando alto, procurando chamar a atenção e conseguir a simpatia
dos transeuntes, colocando-os contra a atuação da polícia,
assumindo assim, a posição de vítima da intervenção policial.
Exemplo 2: A pessoa, durante uma abordagem, corre na tentativa de
empreender fuga para frustrar a ação de busca pessoal.
c) Resistência ativa
53
Apresenta-se nas seguintes modalidades (Classificação de Risco
nível III):
13
Interpretação institucional da PMMG do princípio 2 dos PBUFAF.
54
que contrariam os princípios do uso de força. Exemplo: o policial que não
equipou-se com bastão Tonfa, em que pese estar disponível, e usa a arma de
fogo para dar coronhadas.
Entende-se por uso diferenciado de força, o resultado escalonado das
possibilidades da ação policial, diante de uma potencial ameaça a ser
controlada. Essas variações de níveis podem ser entendidas desde a simples
presença e postura correta do policial militar (devidamente fardado, armado e
equipado) em uma intervenção, bem como o emprego de recurso de menor
potencial ofensivo e, em casos extremos, o disparo de armas de fogo.
O emprego de todos os níveis de força nem sempre será necessário em
uma intervenção. Na maioria das vezes, bastará uma verbalização adequada
para que o policial controle a situação. Por outro lado, haverá situações em que
devido à gravidade da ameaça, o uso de força potencialmente letal (disparo
de arma de fogo) deverá ser imediato. É fundamental que o policial mantenha-
se atento quanto às mudanças dos níveis de resistência do abordado para que
selecione corretamente o nível de força a ser empregado.
A decisão entre as alternativas de força se baseará na avaliação de
riscos e, como já visto, é importante considerar a relevância da formação e do
treinamento cada policial. Assim, ele observará a seguinte classificação dos
níveis para o uso diferenciado de força:
a) Nível primário
Presença policial:
É a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo
policial corretamente uniformizado, armado, equipado, em
postura e atitude diligente, geralmente inibe o cometimento de
infração ou delito naquele local.
Verbalização:
55
É o uso da comunicação oral (falas e comandos) com a
entonação apropriada e emprego de termos adequados que
sejam facilmente compreendidos pelo abordado.
As variações das posturas e no tom de voz do policial
dependem da atitude da pessoa abordada. Em situações de
risco é necessário o emprego de frases curtas e firmes. A
verbalização deve ser empregada em todos os demais níveis
de uso de força. O treinamento continuado e as experiências
vivenciadas proporcionam melhoria na habilidade de
verbalização.
Controles de contato:
Trata-se do emprego de técnicas de defesa pessoal,
aplicadas no abordado resistente passivo (não agride o
policial) para fazer com ele obedeça à ordem dada. Técnicas
de mãos livres poderão ser utilizadas. (Ver Posturas Táticas –
Caderno Doutrinário 2)
Controle físico:
É o emprego das técnicas de defesa pessoal policial,
com um maior potencial de submissão para fazer com que o
abordado resistente ativo (agressivo) seja controlado, sem o
emprego de instrumentos. Visa sua imobilização e condução,
evitando, sempre que possível, que resulte lesões do uso de
força.
56
(agressivo). Visa sua imobilização e condução, evitando,
sempre que possível, que resulte lesões do uso de força. Neste
nível, o policial recorrerá aos instrumentos disponíveis, tais
como: bastão tonfa, gás/agentes químicos, algemas,
elastômeros (munições de impacto controlado), “stingers”
(armas de impulso elétrico), entre outros, com o fim de anular
ou controlar o nível de resistência.
14
Interpretação institucional da PMMG do princípio 10 dos PBUFAF.
58
Figura 3 – Modelo de uso de força.
59
O uso de força depende da compreensão das relações de causa e efeito
entre as atitudes do abordado e as respostas do policial. Isto possibilitará uma
avaliação prática e tomada de decisão sobre o nível mais adequado de força.
Mentalmente, o policial percorre toda a escala de força em um tempo
curto e escolhe a resposta mais adequada ao tipo de ameaça que enfrenta
(observar os princípios do uso de força). Se ao escolher uma das alternativas
contidas em um determinado degrau do modelo do uso de força e esta vier a
falhar ou as circunstâncias mudarem, ele poderá aumentar ou diminuir o grau
de submissão do agressor, elevando ou reduzindo o nível de força empregado.
Esta dinâmica entre os níveis do uso de força deve ser realizada de um
modo consciente, ética e profissional, nunca prevalecendo sentimentos como a
raiva, preconceito ou retaliação. A avaliação dessas variáveis propiciará ao
policial o equilíbrio de suas ações.
15
Interpretação institucional da PMMG dos artigos 3º e 8º. do CCEAL.
16
Interpretação institucional da PMMG do princípio 26 dos PBUFAF.
60
para usar de força ou armas de fogo, foi manifestamente ilegal e que
estes policiais tenham tido oportunidade razoável de se recusarem a
cumpri-la. Em qualquer caso, a responsabilidade caberá também aos
superiores que tenham dado ordens ilegais17.
17
Interpretação institucional da PMMG do princípio 26 dos PBUFAF.
18
Interpretação institucional da PMMG do princípio 24 dos PBUFAF.
19
Interpretação institucional da PMMG dos artigos 3º e 8º. do CCEAL.
20
Interpretação institucional da PMMG do princípio 11 “b” dos PBUFAF.
61
com este fim (diminuição do cano da arma, corte nas pontas dos projéteis,
alteração na carga das munições, entre outras)21.
Os policiais devem obedecer rigorosamente às normas da PMMG sobre
controle, armazenamento e distribuição de material bélico. Cada policial é
responsável pela guarda, destino e utilização da arma e munição recebidas22.
(Ver Manual de Administração do Armamento e Munição da PMMG)
21
Interpretação institucional da PMMG do princípio 11 “b” dos PBUFAF.
22
Interpretação institucional da PMMG do princípio 11 “d” dos PBUFAF.
23
Diretrizes de Educação de Policia Militar
62
ao receber uma arma de fogo, tenha como rotina verificar se
ela está ou não carregada e em perfeitas condições de
funcionamento;
direcione o cano da arma de fogo para a “caixa de areia”, ou
outra direção segura, durante o manejo;
mantenha a arma de fogo apontada em direção segura, com
o dedo fora do gatilho, até que esteja em condições de disparo;
no interior de viaturas, durante o patrulhamento ordinário, é
recomendado manter a arma no coldre, evitando-se conduzi-la
no colo ou sobre o banco da viatura.
as armas de fogo devem ser guardadas descarregadas e em
locais seguros, não sendo permitido o acesso de pessoas sem
autorização.
63
O policial no seu cotidiano operacional poderá empregar a sua arma
com o objetivo de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e
do patrimônio24, no exercício pleno do seu poder de polícia.
24
Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira.
64
c) Posição 3 - arma em guarda alta: com a arma, já empunhada, fora
do coldre, posicionada na altura do peito, com o cano dirigido para
baixo, numa angulação de aproximadamente 45º, pronto para apontá-la
para o alvo.
25
Interpretação institucional da PMMG do princípio 9 dos PBUFAF.
65
O disparo da arma por policiais contra uma pessoa constitui a expressão
máxima de uso de força devido ao efeito potencialmente letal que
representa, devendo ser considerada uma medida extrema.
26
Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira e Identidade Organizacional da PMMG.
66
c) variáveis não controladas pelo policial: compleição física, estado
emocional e resistência orgânica da pessoa atingida.
Nos casos em que o policial dispara sua arma de fogo contra uma
pessoa é importante considerar as diversas circunstâncias que poderão
interferir na precisão do tiro, conforme descrição anterior contida no item
“variáveis parcialmente controladas pelo policial”. Tomando-se em conta estas
variáveis e para assegurar que este disparo seja efetivo (atinja seu objetivo de
interromper imediatamente o ataque), o policial apontará sua arma para a parte
central do corpo (região torácica) do agressor.
Sempre que as circunstâncias permitirem e desde que não ponha em
risco a segurança de terceiros ou a dele próprio, o policial poderá disparar em
67
outras áreas do corpo (principalmente pernas), com a finalidade de reduzir ao
mínimo os ferimentos (ainda assim, permanece o risco de provocar graves
lesões ou morte). Esse procedimento de disparar em outras áreas do corpo
dependerá da habilidade do atirador, do tempo disponível para o disparo e
sofrerá influência direta da proximidade do alvo (curtíssima distância). A
capacitação para realizar esses disparos com efetividade deverá fazer parte do
Treinamento com Armas de Fogo – TCAF aplicado aos policiais que já
superaram o nível básico de treinamento.
O policial não deve atirar quando as consequências decorrentes do
disparo sua arma de fogo forem mais graves do que as ameaças sofridas pelas
pessoas que estão sendo defendidas (objetivo legal pretendido). Os
agressores, ao contrário dos policiais, quando disparam suas armas de fogo,
não levam em consideração o número de pessoas que podem resultar feridas,
nem se dão conta de alguma limitação técnica (“balas perdidas”). Eles,
inclusive, se aproveitam do fato da polícia ter que prestar atendimento às
pessoas atingidas, para facilitar a sua fuga.
Seguir normas e regras do ordenamento jurídico e preceitos da ética
profissional policial, além da obrigação de proteger à integridade física das
pessoas, são diferenças marcantes entre as conseqüências de um disparo de
arma efetuado por um policial e as conseqüências dos disparos desferidos por
um agressor. A prioridade da atuação do policial é a preservação de vidas,
razão pela qual deverá envidar todos os esforços para assegurá-las.
Os policiais devem dominar as normas de segurança, os fundamentos
de tiro e os aspectos éticos e legais para que possam utilizar adequadamente o
armamento, com segurança e precisão. Para tanto, deverão treinar
regularmente as técnicas que melhorem o manejo das diversas armas de fogo
disponíveis para o serviço operacional.
Durante a capacitação com armas de fogo os policiais
deverão ser treinados a verbalizar antes de efetuar os
disparos nos alvos27.
27
Interpretação institucional da PMMG do princípio 10 dos PBUFAF.
68
6.2.6 Procedimentos para o disparo da arma de fogo.
28
Interpretação institucional da PMMG do princípio 10 dos PBUFAF.
29
Interpretação institucional da PMMG dos princípios 10 e 11 “e” PBUFAF.
69
ocorrerá quando os outros meios se mostrem ineficazes e não
garantirem, de nenhuma maneira, que a vida em risco possa ser
preservada30.
30
Interpretação institucional da PMMG do princípio 9 dos PBUFAF.
31
Interpretação institucional da PMMG do princípio 5 “d” dos PBUFAF.
70
Eventos de Defesa Social (REDS) ou Boletim de Ocorrência (BO) e o
respectivo Auto de Resistência (AR), detalhando todos os motivos de
sua intervenção e suas consequências, assim como as medidas
decorrentes adotadas. (Ver roteiro de relatório a ser confeccionado pelo
policial no item 6.3.1 b)
32
Interpretação institucional da PMMG do princípio 14 dos PBUFAF.
71
outros meios menos lesivos se mostrem ineficazes e seja estritamente
necessário o disparo, nos casos de legítima defesa própria ou de
outrem, quando o indivíduo durante a fuga provocar ameaça iminente
de morte ou ferimento grave33.
33
Interpretação institucional da PMMG do princípio 16 dos PBUFAF.
72
que os disparos efetuados com este tipo de munição têm
pouca precisão;
que devem ser evitados os disparos diretos contra as partes
mais sensíveis do corpo, principalmente locais de risco de
lesões graves: cabeça, olhos, ouvidos, entre outros. Os
disparos devem ser dirigidos para a região dos membros
inferiores;
que não se deve concentrar os impactos somente em uma
pessoa ou em uma determinada área do corpo;
mesmo quando utilizado dentro das regras citadas, o risco
de um possível efeito letal ou de graves lesões continua
existindo, mas em um nível bastante inferior quando
comparado ao uso de munições convencionais para arma de
fogo;
os disparos devem ser seletivos e realizados
especificamente contra pessoas que estejam causando as
ameaças.
73
acidentes intencionais provocados pelo veículo em fuga (o motorista
utiliza o veículo como “arma”). Estes disparos representam a única
opção do policial para detê-lo. Nestas situações, ele deve considerar as
possíveis consequências (riscos) de disparar e sua responsabilidade na
proteção da vida de outras pessoas, para isto observará:
estes disparos têm pouca eficácia para fazer parar um
veículo e os projéteis podem ricochetear (no motor ou pneus)
ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não atingi-lo,
convertendo-se em “balas perdidas”;
se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que
ele perca o controle do veículo e cause acidentes graves;
estes disparos têm pouca precisão, a pontaria fica
prejudicada pelo movimento do veículo e o balanço provocado
por ele, inclusive quando efetuados por atiradores experientes;
existe a possibilidade de que vítimas (reféns) estejam no
interior do veículo perseguido, inclusive dentro do porta-malas;
os disparos efetuados pelos policiais podem provocar um
revide por parte dos abordados, incrementando ainda mais o
risco para outras pessoas, principalmente em áreas urbanas
(balas perdidas). O mais recomendável é distanciar-se do
veículo em fuga e, sem perdê-lo de vista, adotar medidas
operacionais para efetuar o cerco e bloqueio. Recomenda-se,
ainda, solicitar reforço policial para que a intervenção possa ser
realizada com mais segurança.
74
f) Disparos de advertência: a regra é não disparar a arma de fogo com
esta finalidade. Quando o policial atira com sua arma não o faz para
advertir ou assustar, o faz para interromper, de imediato, uma agressão
contra a sua vida ou de terceiros. Considerando as possíveis
consequências deste tipo de ação, os policiais não devem atirar para
fazer valer suas advertências:
nos disparos feitos para cima, o projétil retorna ao solo com
força suficiente para provocar lesões ou morte. Nos disparos
feitos contra o solo ou paredes, ele pode ricochetear e também
provocar lesões ou morte;
estes disparos podem fazer com que outros policiais que
estejam atuando nas proximidades pensem, de maneira
equivocada, que estão sendo alvos de tiros de agressores,
provocando neles uma reação indevida;
os disparos efetuados pelos policiais podem provocar um
revide por parte dos agressores, incrementando ainda mais o
risco contra outras pessoas.
34
Interpretação institucional da PMMG do princípio 4 dos PBUFAF.
75
tratamentos cruéis cometidos contra animais poderão constituir
em crime previsto na legislação brasileira. Sobre isso existem
dispositivos legais35 que estabelecem a proteção deles.
Caberá, portanto, ao policial, antes de disparar, avaliar os
possíveis resultados desta ação, seus reflexos na segurança
do público em geral e os prejuízos ou danos materiais ao
proprietário do animal.
35
Constituição Federal art. 225, § 1º, inciso VII; Lei nº 9.605/98 que trata dos crimes
ambientais, em especial o que dispõe o seu art. 32, caput; Decreto Federal nº 24.645/34;
Contravenção penal (art. 64 da LCP).
76
determinar uma imediata investigação dos fatos e
circunstâncias, por meio de um encarregado para proceder a
apuração, preferencialmente que não seja membro da equipe
envolvida no disparo da arma (seguir roteiro previsto no item
6.3.2 b);
promover a assistência médica e psicológica em atenção às
possíveis sequelas que os policias possam sofrer em
consequência da intervenção e superem possíveis efeitos
traumáticos decorrentes do fato vivenciado no incidente;
designar um policial para contatar com a família de pessoas
atingidas, inclusive com a dos policiais, se for o caso.
Preferencialmente, tal atribuição dever recair em pessoa que
não seja membro da equipe envolvida no incidente;
atenuar a tensão da comunidade onde se deu o fato
mantendo contato permanente e esclarecedor com familiares
das pessoas envolvidas e com a mídia local;
providenciar relatório logístico específico para descarga de
munições (Ver Manual de Administração de Armamento e
Munições da PMMG).
36
Interpretação institucional da PMMG do princípio 11 “f” dos PBUFAF.
78
quem era a pessoa protegida pelos disparos realizados pelo
policial;
a quantidade de pessoas feridas, mortas e danos materiais,
em decorrência dos disparos;
as ações adotadas para o imediato socorro e assistência
médica às pessoas atingidas;
as ações realizadas para comunicar o fato ocorrido
oportunamente às famílias das pessoas atingidas (policias e
agressores).
79
religião, antecedente criminal e condição social do agressor ou
outros relacionados às minorias?
80
As famílias das pessoas atingidas foram cientificadas do
resultado da intervenção policial?
81
Os policiais advertiram o agressor quanto ao uso de força
potencialmente letal, antes de efetuar o disparo? Caso
negativo, porque não fizeram?
37
MANUAL DE PROCESSOS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS-DISCIPLINARES
DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: Art. 101 - Entende-se por ação policial legítima a
intervenção (resposta) ou desempenho do servidor da PMMG, isolada ou em conjunto, em
ocorrência policial militar, quer por determinação, solicitação ou iniciativa própria, desde que
tal atuação se faça comprovadamente necessária e se paute nos estritos parâmetros
autorizados pela lei.
82
SEÇÃO 7
VERBALIZAÇÃO
POLICIAL
83
7. VERBALIZAÇÃO POLICIAL
84
Uma das formas da comunicação é a verbalização. Verbalizar38
significa expressar ou exprimir algo na forma de palavras. Na técnica policial, o
conceito de verbalização diz respeito ao uso da fala e de comandos verbais
que, apesar de constituírem um dos níveis de uso de força, conforme seção 6,
estarão presentes em todo tipo de intervenção policial.
38
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
85
Os elementos verbais estão ligados aos conteúdos falados, envolvem
escolha das palavras que vão compor a mensagem. Os não verbais dizem
respeito à voz, gestos e posturas.
DE VISITA DO POLICIAL.
86
Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o
alcance dos objetivos institucionais e, consequentemente, para boa imagem e
legitimidade de suas intervenções. Dentre elas, policial deve ser:
87
Desta forma, a entonação da voz do policial poderá se tornar mais
enérgica e o volume mais alto, demonstrando a seriedade da situação e
impondo a autoridade, caso o abordado demonstre resistência ao acatamento
das ordens.
Cabe ao policial fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso da
voz a cada situação, lembrando que o volume muito baixo inviabiliza a
comunicação por dificultar o entendimento, e o volume muito alto, quando
desnecessário, pode se tornar agressivo, incômodo e deseducado. Devem ser
levadas em consideração as possíveis interferências sonoras (ruídos)
presentes em um determinado ambiente.
Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de
uma pessoa), a dicção (pronúncia correta dos sons das palavras) e a
velocidade que se fala são determinantes para a qualidade da comunicação
estabelecida. Nos treinamentos, o policial deve buscar o timbre em que sua voz
fique mais clara, pronunciar as palavras com calma e correção e em velocidade
que possibilite ao interlocutor compreender exatamente o que está sendo dito.
A fala confusa ou vagarosa causa a impressão de indecisão ou desânimo, gera
descrédito e insegurança. Em contrapartida, falar muito rápido denota
ansiedade, dúvida e desatenção.
O silêncio também pode transmitir mensagens não verbais. O policial,
ao se comunicar, deve utilizar de pausas em suas falas, verificando o nível de
cooperação do abordado, proporcionando tempo para que este entenda e
cumpra o que lhe foi determinado. Pausas eficazes na interlocução e um
processo de perguntas e respostas logicamente ordenadas podem ser
determinantes para o sucesso da verbalização.
O diálogo deve ter uma sequência lógica. A fala do policial deve ser
concisa, expressa por meio de comandos simples, de fácil compreensão e
execução, e repetidos se necessário reforçá-los, conforme o quadro que segue.
88
Quadro 1 – Elementos da comunicação em relação à postura do policial
Expressão Verbal
Expressão Facial
Expressão Corporal
89
Força - Seção 6). Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua
cooperação.
Assim sendo, o policial deverá estabelecer o contato inicial com o
abordado a uma distância segura (Ver Caderno Doutrinário 2) para criar um
vínculo verbal e de confiança, explicando o que será realizado, antes de se
aproximar. Exemplo: “Fique parado! Vamos realizar uma busca pessoal. Você
me entendeu?”.
O policial precisa preocupar-se com a autoridade que representa, dar
à sua fala um conteúdo imperativo, proporcional ao nível de cooperação do
abordado, e primar pelo bom tratamento dispensado às pessoas. O policial
modificará e adequará os elementos da comunicação (volume, timbre,
entonação e postura) de acordo com a necessidade, caso o abordado
demonstre algum tipo de resistência.
É importante ressaltar que os elementos não verbais utilizados na
comunicação durante a abordagem influenciam na percepção que policial e
abordado constroem um do outro. Por isso, os policiais devem estar atentos
aos efeitos que suas mensagens não verbais provocam e, ao mesmo tempo,
observar e retirar conclusões dos elementos emitidos pelo abordado.
A comunicação bem trabalhada pode evitar o emprego de níveis de
força superiores, facilitando o desenrolar das intervenções policiais. O policial
passa a ter controle maior da situação, minimizando, em grande parte dos
casos, a possibilidade de uma reação indesejada. O modo de agir, de se postar
e falar com o abordado interfere diretamente na sua reação, auxilia no nível de
cooperação e acatamento das ordens. Dessa forma, a postura do policial militar
durante a abordagem pode evitar manifestações de descontentamento que
exijam a adoção de medidas coercitivas pela polícia, como os controles de
contatos e controles físicos, técnicas de menor potencial ofensivo e, como
medida extrema, o uso da arma de fogo.
90
A verbalização pode e deve ser empregada em conjunto
com todos os outros níveis do uso de força. Deve estar
presente durante toda intervenção policial. (Ver Uso de
força, seção. 6)
91
idéia de que foi “escolhido” por ter sido considerado suspeito. Nesses termos,
é razoável que o abordado, nas diversas intervenções, tente argumentar ou
questionar a forma ou a legalidade da ação policial, não cumprindo de imediato
as recomendações, alegando não admitir ser tratado como “infrator”. É
importante diferenciar esta compreensível sensação de incômodo vivenciada
pelo abordado, de outra conduta mais séria que configure os crimes de
resistência, desobediência e/ou desacato.
Desta forma, o policial deve iniciar a comunicação sabendo que
elementos de empatia, na maioria das vezes, estarão ausentes. Por isso, deve
aumentar sua preocupação com os aspectos não verbais, de forma a garantir
que suas mensagens sejam claras e precisamente transmitidas.
Para evitar percepções equivocadas por parte do abordado e prejuízo
na comunicação, o policial deve treinar constantemente, de preferência diante
de um espelho, analisando a sua imagem, considerando todos os elementos
verbais e não verbais enquanto pratica os comandos típicos de uma
abordagem policial.
92
(utilize o complemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS
GERAIS, caso esteja em operação próxima à divisa/
fronteira do Estado).
93
reduzir sua capacidade de reação. (Ver Processo mental da agressão - Seção
4).
Terminada a abordagem, explique ao cidadão sobre a importância da
pesquisa pós atendimento.
95
ou
- Isto é uma advertência de uso de força!
96
- A polícia está dando uma ordem legal a este
cidadão. Ele se recusa a colaborar / foi advertido de
que será usado força contra ele / foi alertado de que
poderá ser preso por desobediência.
39
Conforme artigo 4º. do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei (CCEAL).
97
agressão, o policial, reagirá com controle de contato e reforçará o volume de
voz emitindo ordens diretas, devendo advertir o abordado, de que tal
procedimento implica em crime (desacato ou resistência).
40
Interpretação institucional da PMMG do princípio 20 dos Princípios Básicos sobre a Utilização
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(PBUFAF).
99
GLOSSÁRIO
100
Conveniência: o uso de força deve considerar a oportunidade e a aceitação de uma ação
policial em um determinado contexto, evitando ocasionar danos de maior relevância do que os
objetivos legais pretendidos.
Deslocamento tático – movimentação do policial em determinado espaço/local (“teatro de
operações”) seguindo padrões de segurança, específico.
Dever policial – servir e proteger a sociedade, preservar a ordem pública e incolumidade das
pessoas e do patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos
Disciplina tática – comportamento policial ordenado e executado com base em procedimentos
específicos, devidamente orientados pela doutrina institucional.
Encarregado da aplicação da lei – é o agente público, civil ou militar, integrante das
instituições policiais, nacionais ou internacionais, com poderes especiais de captura, detenção,
uso de força e investigação criminal, para servir a sociedade e protegê-la contra atos ilegais.
Equipamentos de menor potencial ofensivo - compreende todos os artefatos, excluindo as
armas e munições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de minimizar ferimentos e
número de mortes.
Equipamentos de proteção - todo dispositivo ou produto, de uso individual ou coletivo,
destinado a redução de riscos a segurança ou integridade física dos policiais.
Estado de alarme (vermelho) – estado de prontidão em que o policial está sob risco real e
uma resposta é necessária, focalizando a ameaça e mantendo a atenção concentrada no
problema.
Estado de alerta (laranja) – estado de prontidão em que o policial detecta um problema e está
ciente de que um confronto é provável e, embora ainda não haja uma necessidade imediata de
reação, mantém-se vigilante, identifica se há alguém que possa representar uma ameaça que
exija uso de força e calcula o nível de resposta adequado.
Estado de atenção (amarelo) – estado de prontidão em que o policial está atento, precavido,
mas não tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos
lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação multidirecional e
atenção difusa.
Estado de pânico (preto) – estado de prontidão em que o policial não está preparado para
reagir a uma situação de perigo, caracterizado por um descontrole que produz paralisia ou uma
reação desproporcional.
Estado de prontidão – conjunto de alterações fisiológicas (batimento cardíaco, ritmo
respiratório, dentre outros) e das funções mentais (concentração, atenção, pensamento,
percepção, emotividade) que influenciam na capacidade de reagir às situações de perigo.
Estado relaxado (branco) – estado de “não-prontidão”, caracterizado pela distração do policial
em relação ao que está acontecendo ao seu redor, pelo pensamento disperso e relaxamento.
Força – ato discricionário, legal, legítimo e profissional, pelo qual a polícia controla uma
situação que ameaça a ordem pública, a dignidade, a integridade ou a vida das pessoas,
observados os princípios legais.
Força potencialmente letal - consiste no disparo de armas de fogo, outros meios, ou
procedimentos, por parte de policiais, contra um agressor, em situações que envolva risco
iminente de morte ou lesões graves, com o objetivo fazer cessar a agressão.
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Gestão de riscos – processo utilizado para identificar, analisar e eliminar ou mitigar, a um
nível aceitável, os perigos e os conseguintes riscos, decorrentes das ameaças e a viabilidade
de uma intervenção.
Infrator – pessoa que infringe a lei; viola as regras; não obedece a norma ou ordem legal.
Instrumentos de menor potencial ofensivo - conjunto de armas, munições e equipamentos
que possibilitam preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas envolvidas.
Intervenção policial – ação ética e legal realizada por profissionais capacitados para
empregar técnicas e táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo
prioritário a promoção e a defesa dos direitos fundamentais da pessoa.
Intervenção policial nível 1 - intervenções características de situações de assistência e
orientação.
Intervenção policial nível 2 – intervenções características de situações que haja a
necessidade de verificação preventiva.
Intervenção policial nível 3 – intervenções características de situações de fundada suspeita
ou certeza de cometimento de delito, demandando ações repressivas.
Legalidade: utilização de força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites
da lei.
Moderação: o emprego da força pelos policiais deverá ser dosado, visando não produzir, ou
reduzir, os efeitos negativos decorrentes do seu uso, devendo ter intensidade e duração
suficientes para conter a agressão.
Modus operandi – modo de ação geralmente associado a conduta de infratores.
Munições de menor potencial ofensivo - são as projetadas e empregadas especificamente,
para conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, minimizando ferimentos e
número de mortes.
Necessidade: Determinado nível de força só pode ser empregado quando níveis de menor
intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Nível de força - representa uma intensidade de força que possibilita ao policial agir com menor
ou maior controle sobre o abordado.
Ocorrência policial militar - é todo fato que exige intervenção policial militar, por intermédio
de ações ou operações.
Operação policial militar - é a conjugação de ações, executada por fração de tropa
constituída, que exige planejamento específico. Pode ter caráter estratégico, tático ou
operacional, combinadas com outras forças policiais ou militares, para o cumprimento de
missões específicas com a participação eventual de outros órgãos de apoio da Corporação e
de órgãos integrantes do sistema de Defesa Social. Exige alto grau de coordenação e controle.
Pensamento tático – é o processo de análise do cenário da intervenção policial (leitura do
ambiente), consistindo em mapear as diferentes áreas do “teatro de operações” em função dos
riscos avaliados, identificar perímetros de segurança para atuação, priorizar pontos que exijam
maior atenção e tentar interferir no processo mental do agressor.
Perigo - situação em que a existência ou integridade de uma pessoa ou de uma coisa está
ameaçada
Pessoa detida – é aquela pessoa privada de sua liberdade, no aguardo de julgamento.
102
Pessoa presa – pessoa privada de sua liberdade, como resultado da condenação pelo
cometimento de delito.
Poder de polícia – é a capacidade legítima que o agente da administração pública,
devidamente constituída, tem para limitar direitos individuais em prol da coletividade.
Ponto de foco – é a localização exata dentro da área de risco de onde podem surgir ameaças.
Ponto quente – é uma ameaça clara e presente que deve ser imediatamente controlada pelo
policial para garantir a segurança a todos os envolvidos.
Preparo mental – é o processo de pré-visualizar e ensaiar mentalmente os prováveis
problemas a serem encontrados em cada tipo de intervenção policial e as possibilidades de
respostas.
Presença policial – apresentação ostensiva da força policial.
Processo mental da agressão – etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o
policial (identificar, decidir e agir).
Proporcionalidade: o nível da força utilizado deve sempre ser compatível com a gravidade da
ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente da lei.
Rapidez – fundamento da abordagem que se caracteriza pela velocidade com que a ação
policial é processada, garantindo a “surpresa” por parte do abordado, diminuindo-lhe suas
possibilidades de reação.
Resistência ativa sem agressão física – resistência por parte do abordado que reage
fisicamente com o objetivo de impedir a ação legal, contudo, não agride e nem direciona
ameaças ao policial.
Resistência ativa com agressão não letal – resistência por parte do abordado agredindo os
policiais ou pessoas envolvidas na intervenção, contudo, tais agressões, aparentemente, não
representam risco de morte.
Resistência ativa com agressão letal – resistência por parte do abordado que utiliza de
agressão que põe em perigo de morte o policial ou pessoas envolvidas na intervenção.
Resistência passiva – resistência por parte do abordado em que ele apenas retarda a
intervenção, não acata, de imediato, as determinações do policial, entretanto não reage e nem
o agride fisicamente.
Ricochetear – desvio da trajetória do projétil, após chocar-se contra determinadas superfícies.
Risco – é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e bens; é incerto,
mas previsível.
Risco nível I – reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança.
Risco nível II – real possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança.
Risco nível III – concretização do dano ou decorrente do grau de extensão da ameaça.
Segurança – fundamento da abordagem que se caracteriza por um conjunto de medidas
adotadas pelo policial para controlar, reduzir ou, se possível, eliminar os riscos da intervenção.
Surpresa – fundamento da abordagem que se caracteriza pela ação do policial não prevista
pelo abordado, surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de reação
Suspeito – aquele que se apresenta duvidoso quanto ao seu modo ou maneira de agir,
inspirando no policial certa desconfiança ou opinião desfavorável.
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Tática policial - arte de aplicar com eficácia os recursos técnicos de que se dispõe ou de
explorar as condições favoráveis, visando ao alcance de determinados objetivos.
Técnica policial - conjunto dos métodos e processos relativos à execução da atividade policial.
Técnicas de menor potencial ofensivo - é o conjunto de procedimentos utilizados pelos
policiais em intervenções que demandam o uso de força, de modo a preservar vidas e
minimizar danos a integridade das pessoas envolvidas.
Unidade de comando - fundamento da abordagem que se caracteriza pela coordenação
centralizada da intervenção policial que garante o melhor planejamento, fiscalização e controle
Uso diferenciado de força – processo dinâmico e escalonado das possibilidades do emprego
de força, podendo aumentar ou diminuir, diante de uma potencial ameaça a ser controlada e de
acordo com as circunstâncias em que se dão a intervenção policial.
Varredura – verificação policial em um determinado espaço físico.
Verbalização policial – é o uso da comunicação oral com entonação apropriada e o emprego
de termos adequados, que sejam facilmente compreendidos.
Violência Policial – ação arbitrária, ilegal, ilegítima, amadora ou que utiliza excessivamente a
força
Visão em túnel – é a convergência da visão do policial para um determinado ponto,
proporcionando a sua vulnerabilidade quanto a outros ambientes.
Vítimas – pessoas que, individual ou coletivamente, sofreram danos, inclusive sofrimento
físico, mental ou emocional, perdas econômicas ou violações substanciais de seus direitos
fundamentais, mediante atos ou omissões que constituem transgressão das leis criminais e das
que proíbem o abuso criminoso de poder.
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1980.
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