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Apostila de Lógica PDF
Apostila de Lógica PDF
LÓGICA
(APOSTILA DE AULA)
RECIFE
2015
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SUMÁRIO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA LÓGICA
terrestre).
1.2 Filosofia
O termo FILOSOFIA é atribuído pela tradição a Pitágoras, que tendo sido
convidado pelo rei da Sicília para ser seu assessor por ser um sábio, ele teria dito
modestamente que era apenas um amigo/amante (filos) da sabedoria (sofia). Na
língua portuguesa o termo tem pelo menos três significados bastante distintos: o
primeiro, ligado à idéia de pensar com profundidade; o segundo, entendido como
resultado do primeiro: uma maneira de interpretar a realidade; e o terceiro, ligado
à idéia da ciência que estuda esse pensar e essa realidade.
Um dos conceitos de filosofia (nesse último sentido) mais aceitos e conci-
sos estabelece que “Filosofia é a ciência de todas as coisas por suas causas su-
premas, adquirida à luz da razão” (Tomás de Aquino).
Isso implica que o seu objeto de estudo são todas as coisas reais e possí-
veis. Mais especificamente, os problemas que têm sido considerados mais impor-
tantes têm sido Deus, o universo, o homem e a ciência. Deus é estudado pela
teodicéia ou teologia racional; o universo, pela ontologia e a cosmologia; o ho-
mem, mediante a antropologia filosófica, a psicologia filosófica, a ética, a gnoseo-
logia, a lógica, a política e a estética; e a ciência, pela epistemologia.
Existem várias divisões da Filosofia. Uma das mais uteis é a que as classi-
fica segundo o grau de abstração:
1o. grau: política, ética, estética;
2o. grau: antropologia, lógica, epistemologia e psicologia;
3o. grau: gnoseologia, teodicéia e ontologia.
Sempre houve preconceitos contra a Filosofia. Parece que fazer as pesso-
as pensarem incomoda. Alguns exemplos podem ser citados à guisa de ilustra-
ção: na Antiguidade: Sócrates, Confúcio, Jesus, os profetas; na Idade Média: a
Igreja; nos últimos séculos, os regimes totalitários, inclusive no Brasil. Outro pre-
conceito muito generalizado é o de a Filosofia não tem utilidade por ser abstrata.
Há na nossa sociedade um culto ao imediatismo prático.
A explicação filosófica da realidade apareceu para fazer face á explicação
que dominava no mundo, que era a mítica. Mito é a explicação imaginosa e fanta-
siosa da realidade. Filosofia é a explicação racional da realidade. O mito foi a pri-
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2 INTRODUÇÃO À LÓGICA
2.2 Importância
É importante estudar Lógica porque o bom-senso é sempre necessário,
mas nem sempre suficiente. Se se pode observar espontaneamente as regras de
um pensamento correto, temos ainda mais probabilidade de o fazer quando essas
regras são conhecidas e familiares. Além disso, não se trata unicamente de co-
nhecer a verdade: é necessário afastar as dificuldades e refutar os erros. A lógica
é um instrumento poderoso para deixar o espírito mais penetrante e para ajudá-lo
a justificar as suas operações recorrendo aos princípios que fundam a sua legiti-
midade.
2.3 Divisão
A Lógica pode ser dividida em duas partes: a formal e a material. A lógica
formal é a parte que estabelece a forma correta das operações intelectuais, que
assegura o acordo do pensamento consigo mesmo. Chama-se formal porque a-
presenta o processo, a forma das operações do espírito.
A Lógica Material é a parte que determina as leis particulares e as regras
especiais que decorrem da natureza dos objetos a conhecer. Está ligada ao estu-
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do das condições de certeza e também dos sofismas (ou falácias) pelo quais o
falso se apresenta sob as aparências do verdadeiro.
3 LÓGICA FORMAL
3.1 Idéia
A idéia é a forma intelectual que exprime o objeto do conhecimento. Em
outras palavras, é a representação intelectual de um ser ou de uma coisa.
A compreensão de uma idéia é o conjunto de elementos que a constituem
e a caracterizam. Ex.: a compreensão da idéia de homem implica os elementos
seguintes: ser, vivente, sensível, racional, etc.
A extensão da idéia é o conjunto de elementos aos quais a idéia convém.
Quanto à extensão, a idéia pode ser: singular, quando se aplica a somente um
ser; universal, quando se aplica à totalidade dos seres em questão; particular,
quando não se aplica nem a um só, nem a todos. Exemplo: Paulo é uma idéia
singular; humanidade é uma idéia universal; alguns homens, uma idéia particular.
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Uma idéia é expressa por um termo. Um termo pode ser unívoco, equívoco
ou análogo. É unívoco, quando tem somente um significado; é equívoco, quando
é atribuído a várias seres com significação diferente (por exemplo; manga); é
análogo, quando aplicado a dois ou mais seres que têm uma identidade de rela-
ção (exemplo, corpo são, alimento são).
3.2 Juízo
O juízo é a operação pela qual a inteligência relaciona duas idéias. Contém
três elementos: o sujeito, o predicado e a relação. O sujeito é a idéia sobre a qual
se afirma ou se nega alguma coisa; o predicado é a idéia que se afirma ou se ne-
ga do sujeito; a relação é o liame que une ou separa o sujeito do atributo. Um juí-
zo é expresso verbalmente por uma proposição.
A matéria do juízo é constituída pelo sujeito e pelo predicado. A sua forma
é a relação afirmativa ou negativa entre o sujeito e o predicado.
Quanto à matéria, o juízo pode ser analítico ou sintético. É analítico, quan-
do o predicado já está incluído na essência do sujeito. Por exemplo: O homem é
um animal racional. É sintético, quando o predicado não está incluído na essên-
cia do sujeito, como no exemplo: Maria é alta.
Quanto à quantidade, um juízo pode ser universal ou particular. É univer-
sal, quando o sujeito é tomado em toda a sua extensão. Por exemplo: O homem é
mortal. É particular, quando o sujeito é tomado em somente parte da sua exten-
são, como no exemplo: Alguns alunos usam óculos.
Examinado sob o aspecto da qualidade, o juízo pode ser afirmativo ou ne-
gativo.
Combinando os aspectos quantidade e qualidade, podem-se formar qua-
tro tipos de juízos: universal afirmativo, universal negativo, particular afirmativo e
particular negativo.
3.3 Raciocínio
O raciocínio é a operação pela qual a mente relaciona dois ou mais juízos
para estabelecer a verdade. A matéria do raciocínio é constituída pelas idéias e
juízos, e a sua forma pela disposição dessas idéias e juízos.
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Regra 4: Quando duas proposições são subcontrárias, se uma for falsa a outra é
necessariamente verdadeira.
Regra 5: Quando duas proposições são subcontrárias, se uma for verdadeira, não
se pode concluir sobre a verdade ou falsidade da outra (porque ambas pode ser
simultaneamente verdadeiras).
Regra 3: De uma proposição universal negativa pode-se deduzir uma outra pro-
posição universal negativa.
Exemplo: Nenhum homem é imortal / Nenhum imortal é homem,
Regra 4: De uma proposição particular negativa nada se pode concluir por con-
versão.
Exemplo: Alguns homens não são sábios / ...?
3.4.3 Silogismo
.
3.5 Indução
Numerosos argumentos não desejam demonstrar a verdade das suas con-
clusões como decorrentes, necessariamente, de suas respectivas premissas, limi-
tando-se a estabelecê-las como prováveis, ou provavelmente verdadeiras. Argu-
mentos desse tipo recebem o nome de indutivos e são fundamentalmente diferen-
tes dos dedutivos.
O mais freqüentemente usado dos raciocínios indutivos é a Analogia, ou
Inferência analógica. O outro é a Inferência empírica, também chamado sim-
plesmente de Indução, o fundamento do método científico empírico (stricto sensu)
3.6.1 Tipos
Além do seu uso freqüente em argumentos, as analogias são, amiúde, u-
sadas com propósitos não argumentativos. Os escritores têm-na usado, desde
tempos remotos, para fins de descrição vívida. O uso literário da analogia, medi-
ante a metáfora, tem-se constituído numa grande ajuda para o escritor que se
esforça por criar um quadro realista no espírito do leitor. Também se usa a analo-
gia com fins de explicação, quando se procura tornar inteligível algo que é pouco
conhecido, comparando-o com alguma outra coisa que se supõe ser mais familiar
e com a qual apresenta semelhanças.
--------------------------------------------------------------
Caso Circunstâncias antecedentes Fenômeno
--------------------------------------------------------------
1 A B C E F s
2 A B E F s
3 A C D F s
4 B C D E F s
5 A C E F s
6 B E F s
---------------------------------------------------------------
Esquematicamente:
------------------------------------------------------------
Caso Circunstâncias antecedentes Fenômeno
------------------------------------------------------------
1 A B C E F s
n A B C E - -
------------------------------------------------------------
Podemos inferir que a circunstância F pode ter causado o fenômeno s.
Ou:
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--------------------------------------------------------------------------
A B a b A B ab A C a c
A C ac B b C c
--------------------------------------------------------------------------
Portanto, A é a causa, ou uma parte indispensável da
causa de a.
Esquematicamente:
---------------------------------------------
A B C a b c
B é a causa conhecida de b.
C é a causa conhecida de c.
---------------------------------------------
Portanto, A é a causa de a.
causa ou um efeito desse fenômeno, ou está com ele relacionado, mediante al-
gum fato de causalidade.
Esquematização [em que (+) indica maior grau, e (-) indica menor grau]:
------------------------------------
A B C a b c
A+ B C a+ b c
A- B C a- b c
------------------------------------
Portanto, A e a estão causalmente ligados,
diretamente.
------------------------------------
A B C a b c
A+ B C a - b c
A- B C a+ b c
------------------------------------
Portanto, A e a estão causalmente ligados,
Inversamente.
4 LÓGICA MATERIAL
4.1 Introdução
Exemplo 2:
O meu emprego é a minha vida
Se perder meu emprego, eu morro. (uso de metáfora)
Exemplo 3:
Quatro e dois são seis.
Logo, quatro são seis e dois são seis. (uso de omissão de informação)
Exemplo 2:
Tal juiz é venal.
Esse outro também o é.
Logo todos os juízes são venais. (indução ilegítima)
Exemplo 3:
Todos os rios desembocam no mar. (premisa falsa)
O Madeira é um rio.
Logo, ele desemboca no mar.
Exemplo 4:
Os etíopes são negros.
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Para refutar os diversos sofismas de palavras não existe outro meio senão
o de criticar implacavelmente a linguagem, a fim de determinar exatamente o
sentido das palavras que se empregam.
Para refutar os sofismas de idéias é preciso examiná-los do duplo ponto de
vista da matéria e da forma. Se uma premissa for falsa, negá-la. Se for ambígua,
precisar os seus diferentes sentidos. Se o raciocínio pecar pela forma (for ilegíti-
mo), a conseqüência deve ser negada.
Esses sofismas provêm não da própria expressão, mas da idéia que é ex-
pressa. Muitos sofismas decorrem do fato de algumas premissas serem irrelevan-
tes para a aceitação da conclusão, mas são usadas com a função psicológica de
convencer, mobilizando emoções como medo, entusiasmo, hostilidade ou reve-
rência.
1) O argumento de autoridade é um recurso desviante em que é usado o prestí-
gio da autoridade para outro setor que não é da sua competência. Isto é muito
comum na propaganda, quando artistas famosos “vendem” desde sabonetes até
idéias. Até apóiam candidatos em eleições.
2) O argumento contra o homem ocorre quando consideramos errada uma con-
clusão porque parte de alguém que é por nós, ou pela sociedade, depreciado. Por
exemplo, desmerecer o valor musical de Wagner a partir de sua adesão aos mo-
vimentos anti-semitas.
3) O sofisma de acidente considera como essencial algo que não passa de um
acidente como, por exemplo, concluir que a medicina é inútil por causa do erro de
um médico.
4) O sofisma de ignorância da questão consiste em se afastar da questão em
tela, desviando a discussão. Um advogado habilidoso que não tem como negar o
crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, trabalhador, etc. um vereador que é
acusado de ter gasto sem autroização da câmara, põe em relevo a importância e
a relevância dos gastos. O deputado que defende o governo acusado de corrup-
ção em comissão de inquérito não se detém em avaliar os fatos devidamente
comprovados, mas discute questões formais do relatório da comissão ou enfatiza
umpretenso revanchismo dos deputados oposicionistas.
5) o sosfisma da petição de princípio, ou círculo vicioso, que consiste em supor
já conhecido o que é exatamente o objeto da questão. Exemplo: “Por que o ópio
faz dormir? Porque tem uma virtude dormitiva” ou “Tal ação é condenável porque
é injusta; e é injunsta porque é condenável”. Um exemplo em que a petição de
princípio é menos clara: “Permitir a todos os homens uma liberdade ilimitada de
expressão deve ser sempre, de u modo geral, vantajoso para o Estado; porque é
altamente propício aos interesses da comunidade que cada indivíduo desfrute de
liberdade, perfeitamente ilimitada, para expressar os seus sentimentos” (COPI,
apud ARANHA; MARTINS, 2003, p.106).
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ALVIM, Décio Ferraz. Lógica. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1989. 93p.
COPI, Irving. Introdução à Lógica. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978. 488p.
NIELSEN NETO, Rodrigues. Filosofia Básica. 4 ed. São Paulo: Atual Editora,
1986. 311 p.