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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE


FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO - FCAP

LÓGICA
(APOSTILA DE AULA)

LUIZ MÁRCIO ASSUNÇÃO

RECIFE
2015
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SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA LÓGICA ........................................................... 3


1.1 O conhecimento humano ......................................................................... 3
1.2 Filosofia ...................................................................................................... 4
2. INTRODUÇÃO À LOGICA ............................................................................ 5
2.1 Conceito e objeto ...................................................................................... 5
2.2 Importância ................................................................................................ 5
2.3 Divisão ........................................................................................................ 5
2.4 As primeira verdades ................................................................................ 6
2.5 Conceitos fundamentais usados na lógica ........................................... 6
3 LÓGICA FORMAL ..........................................................................................7
3.1 Idéia ............................................................................................................ 7
3.2 Juízo ........................................................................................................... 8
3.3 Raciocínio .................................................................................................. 8
3.4 Regras de Dedução ................................................................................... 9
3.4.1 Dedução por oposição ..............................................................................9
3.4.2 Dedução por conversão ......................................................................... 10
2.4.3 Silogismo .................................................................................................11
3.5 Indução .................................................................................................... 14
3.6 Analogia ................................................................................................... 14
3.6.1 Tipos ...................................................................................................... 14
3.6.2 Estrutura ou padrão ............................................................................... 15
3.6.3 Avaliação dos argumentos analógicos .................................................. 15
3.6.4 A relevância das analogias .................................................................... 15
3.7 Inferência Empírica ................................................................................. 16
4 LÓGICA MATERIAL .................................................................................... 20
4.1 Introdução ................................................................................................ 20
4.2 Tipos de Sofismas ou falácias ................................................................21
4.2.1 Sofismas de palavras ............................................................................. 21
4.2.2 Sofisma de idéias ................................................................................... 22
BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................ 24
BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA ........................................................................ 24
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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA LÓGICA

1.1 O conhecimento humano

O conhecimento é o ato do pensamento relacionar-se como mundo exterior


para captar-lhe as características. No conhecimento reflexivo o pensamento pode
até relacionar-se consigo mesmo, ocasião em que o analisa como sendo um
elemento do mundo exterior.
O conhecimento principia pelo ato de a mente sair de si mesma, mediante os
sentidos do corpo ao qual está vinculada, colher elementos informativos dos
objetos do mundo exterior, trazê-los até si e formar uma idéia desses objetos. A
partir de então, novos conhecimentos serão gerados pela volta ao mundo exterior
ou pela combinação das idéias que já estão formadas na mente.
Da explicação (descrição fenomenológica) acima, surgem problemas:
a) a fidedignidade dos sentidos;
b) a possibilidade da mente captar, de fato, as características da realidade ob-
jetiva;
c) a interpretação que a mente faz dos elementos informativos colhidos pelos
sentidos;
d) o controle da interação entre as idéias, que ocorre na mente.
O conhecimento humano, apesar de se mostrar muito variado, pode ser classi-
ficado em três níveis:
a. Empírico: conhecimento que é obtido imediatamente por um ou mais dos
sentidos;
b. Senso comum: generalizações que são feitas a partir do conhecimento
empírico, sem preocupação com comprovação metodológica;
c. Científico (lato sensu) generalizações feitas com base no conhecimento
empírico e no senso comum, com comprovação metodológica; pode ser de
três tipos:
científico (stricto sensu), quando a comprovação metodológica busca
legitimidade na observação empírica;
filosófico, quando a comprovação metodológica busca legitimidade na
razão;
revelado (ou teológico) quando a comprovação metodológica busca
legitimidade na revelação (informação de fonte exterior á humanidade
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terrestre).

1.2 Filosofia
O termo FILOSOFIA é atribuído pela tradição a Pitágoras, que tendo sido
convidado pelo rei da Sicília para ser seu assessor por ser um sábio, ele teria dito
modestamente que era apenas um amigo/amante (filos) da sabedoria (sofia). Na
língua portuguesa o termo tem pelo menos três significados bastante distintos: o
primeiro, ligado à idéia de pensar com profundidade; o segundo, entendido como
resultado do primeiro: uma maneira de interpretar a realidade; e o terceiro, ligado
à idéia da ciência que estuda esse pensar e essa realidade.
Um dos conceitos de filosofia (nesse último sentido) mais aceitos e conci-
sos estabelece que “Filosofia é a ciência de todas as coisas por suas causas su-
premas, adquirida à luz da razão” (Tomás de Aquino).
Isso implica que o seu objeto de estudo são todas as coisas reais e possí-
veis. Mais especificamente, os problemas que têm sido considerados mais impor-
tantes têm sido Deus, o universo, o homem e a ciência. Deus é estudado pela
teodicéia ou teologia racional; o universo, pela ontologia e a cosmologia; o ho-
mem, mediante a antropologia filosófica, a psicologia filosófica, a ética, a gnoseo-
logia, a lógica, a política e a estética; e a ciência, pela epistemologia.
Existem várias divisões da Filosofia. Uma das mais uteis é a que as classi-
fica segundo o grau de abstração:
1o. grau: política, ética, estética;
2o. grau: antropologia, lógica, epistemologia e psicologia;
3o. grau: gnoseologia, teodicéia e ontologia.
Sempre houve preconceitos contra a Filosofia. Parece que fazer as pesso-
as pensarem incomoda. Alguns exemplos podem ser citados à guisa de ilustra-
ção: na Antiguidade: Sócrates, Confúcio, Jesus, os profetas; na Idade Média: a
Igreja; nos últimos séculos, os regimes totalitários, inclusive no Brasil. Outro pre-
conceito muito generalizado é o de a Filosofia não tem utilidade por ser abstrata.
Há na nossa sociedade um culto ao imediatismo prático.
A explicação filosófica da realidade apareceu para fazer face á explicação
que dominava no mundo, que era a mítica. Mito é a explicação imaginosa e fanta-
siosa da realidade. Filosofia é a explicação racional da realidade. O mito foi a pri-
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meira tentativa de explicação da realidade. Já foi em parte suplantado pela filoso-


fia, mas persiste ainda hoje, principalmente para defender interesses particulares.

2 INTRODUÇÃO À LÓGICA

2.1 Conceito e objeto

“Lógica é a ciência da leis ideais do pensamento, e a arte de aplicá-las cor-


retamente à procura e à demonstração da verdade” (JOLIVET, 1972, p. 27).

É uma ciência - isto é, um sistema de conhecimentos certos, fundados em


princípios universais; das leis ideais do pensamento - a Lógica pertence, por
isso, à filosofia normativa porque não tem por fim definir o que é, mas o que deve
ser, a saber, as condições não de existência, mas de legitimidade do pensamento;
e a arte de aplicá-las corretamente - a Lógica é também uma arte, isto é, um
método que permite fazer bem uma obra segundo certas regras; à procura e à
demonstração da verdade - Esta é a finalidade da Lógica.
O seu objeto é o estudo das regras que o pensamento (nossas operações
intelectuais) deve seguir para chegar à verdade.

2.2 Importância
É importante estudar Lógica porque o bom-senso é sempre necessário,
mas nem sempre suficiente. Se se pode observar espontaneamente as regras de
um pensamento correto, temos ainda mais probabilidade de o fazer quando essas
regras são conhecidas e familiares. Além disso, não se trata unicamente de co-
nhecer a verdade: é necessário afastar as dificuldades e refutar os erros. A lógica
é um instrumento poderoso para deixar o espírito mais penetrante e para ajudá-lo
a justificar as suas operações recorrendo aos princípios que fundam a sua legiti-
midade.

2.3 Divisão
A Lógica pode ser dividida em duas partes: a formal e a material. A lógica
formal é a parte que estabelece a forma correta das operações intelectuais, que
assegura o acordo do pensamento consigo mesmo. Chama-se formal porque a-
presenta o processo, a forma das operações do espírito.
A Lógica Material é a parte que determina as leis particulares e as regras
especiais que decorrem da natureza dos objetos a conhecer. Está ligada ao estu-
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do das condições de certeza e também dos sofismas (ou falácias) pelo quais o
falso se apresenta sob as aparências do verdadeiro.

2.4 As primeiras verdades


Toda a construção da Lógica se assenta nas chamadas primeiras verda-
des. Segundo Aristóteles (apud BASTOS e KELLER, 1991, p.6) essas primeiras
verdades são “elementos verdadeiros e primeiros que tiram a sua credibilidade,
não de outros elementos, mas de si mesmos”. São chamados de princípios.
Na ordem lógica estão os:
1) de Identidade: “O que é, é; toda causa é idêntica a si mesma”;
2) da Não-contradição: “Uma coisa não pode não pode ser e ser não ser,
ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto”;
3) do Terceiro equivalente: “Duas coisas idênticas a uma terceira são idên-
ticas entre si”;
4) da Capacidade: “Tudo o que contém uma coisa, contém também o seu
conteúdo”.
Na ordem metafísica, os :
1) da Razão suficiente: “Tudo tem a sua razão de ser”;
2) da Causalidade: “Tudo o que começa a existir tem a sua causa”;
3) da Substância: “O que é permanente existe em si e por si”;
4) da Causa primeira: “Toda causa segunda supõe uma causa primeira”;
5) da Finalidade: “Tudo é conduzido para um fim”
6) do Menor esforço: “Há uma natural tendência para o que é mais simples”.

2.5 Conceito fundamentais utilizados na Lógica


Há dois conceitos que são de fundamental importância no desenvolvimento
da Lógica. São os conceitos de Definição e de Divisão.
A definição é a determinação do sentido de uma palavra ou da natureza de
uma coisa. Ou ainda, é o conjunto de termos que determina e exprime a compre-
ensão de uma idéia. Pode-se dizer também que é o conjunto de termos que põe
limite à compreensão de uma idéia. Ela chama-se de nominal quando explica o
sentido de uma palavra ou termo. A definição é real quando explica a natureza de
uma coisa em si mesma. Uma definição real deve conter o gênero próximo e a
diferença específica. O gênero próximo é o elemento comum a outros seres se-
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melhantes. Exemplo: na definição de homem “O homem é um animal racional”,


animal é o gênero próximo, que é um elemento comum a outros seres além do
homem; a diferença específica e o elemento especificador, que estabelece o que
é próprio do homem e o diferencia dos outros animais, racional. Uma definição
correta deve ter três qualidades: a) recíproca, isto é, a definição e o definido deve
poder converter-se um no outro. Exemplo: O homem é um animal racional <=> o
animal racional é um homem; b) clara, isso significa que a definição não deve
conter termos ambíguos, imprecisos ou impróprios; breve, ou seja, a definição
deve ser o mais curta possível (princípio do menor esforço).
Uma divisão é a decomposição de um todo em partes, em seus elementos
componentes. Esse todo por ser lógico ou real. A divisão deve ter quatro qualida-
des essenciais: a) completa – enumerar todos os elementos de que o todo se
compõe; b) irredutível – não enumerar mais do que os elementos verdadeiramen-
te distintos entre si, de maneira que nenhum elemento esteja compreendido em
outro; c) fundada no mesmo princípio ou critério – o que faz com que os elemen-
tos sejam, de fato, opostos um ao outro; d) ordenada – ir progressivamente do
mais geral para o menos geral.

3 LÓGICA FORMAL

A Lógica Formal começa com os estudo das operações da inteligência, que


são a idéia, o juízo e o raciocínio.

3.1 Idéia
A idéia é a forma intelectual que exprime o objeto do conhecimento. Em
outras palavras, é a representação intelectual de um ser ou de uma coisa.
A compreensão de uma idéia é o conjunto de elementos que a constituem
e a caracterizam. Ex.: a compreensão da idéia de homem implica os elementos
seguintes: ser, vivente, sensível, racional, etc.
A extensão da idéia é o conjunto de elementos aos quais a idéia convém.
Quanto à extensão, a idéia pode ser: singular, quando se aplica a somente um
ser; universal, quando se aplica à totalidade dos seres em questão; particular,
quando não se aplica nem a um só, nem a todos. Exemplo: Paulo é uma idéia
singular; humanidade é uma idéia universal; alguns homens, uma idéia particular.
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Uma idéia é expressa por um termo. Um termo pode ser unívoco, equívoco
ou análogo. É unívoco, quando tem somente um significado; é equívoco, quando
é atribuído a várias seres com significação diferente (por exemplo; manga); é
análogo, quando aplicado a dois ou mais seres que têm uma identidade de rela-
ção (exemplo, corpo são, alimento são).

3.2 Juízo
O juízo é a operação pela qual a inteligência relaciona duas idéias. Contém
três elementos: o sujeito, o predicado e a relação. O sujeito é a idéia sobre a qual
se afirma ou se nega alguma coisa; o predicado é a idéia que se afirma ou se ne-
ga do sujeito; a relação é o liame que une ou separa o sujeito do atributo. Um juí-
zo é expresso verbalmente por uma proposição.
A matéria do juízo é constituída pelo sujeito e pelo predicado. A sua forma
é a relação afirmativa ou negativa entre o sujeito e o predicado.
Quanto à matéria, o juízo pode ser analítico ou sintético. É analítico, quan-
do o predicado já está incluído na essência do sujeito. Por exemplo: O homem é
um animal racional. É sintético, quando o predicado não está incluído na essên-
cia do sujeito, como no exemplo: Maria é alta.
Quanto à quantidade, um juízo pode ser universal ou particular. É univer-
sal, quando o sujeito é tomado em toda a sua extensão. Por exemplo: O homem é
mortal. É particular, quando o sujeito é tomado em somente parte da sua exten-
são, como no exemplo: Alguns alunos usam óculos.
Examinado sob o aspecto da qualidade, o juízo pode ser afirmativo ou ne-
gativo.
Combinando os aspectos quantidade e qualidade, podem-se formar qua-
tro tipos de juízos: universal afirmativo, universal negativo, particular afirmativo e
particular negativo.

3.3 Raciocínio
O raciocínio é a operação pela qual a mente relaciona dois ou mais juízos
para estabelecer a verdade. A matéria do raciocínio é constituída pelas idéias e
juízos, e a sua forma pela disposição dessas idéias e juízos.
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O raciocínio pode ser indutivo ou dedutivo. O primeiro é aquele que de juí-


zos particulares se conclui por uma verdade universal. O segundo é aquele que
partindo de um juízo universal chega a uma verdade particular.
A dedução é imediata quando a conclusão é deduzida de uma só proposi-
ção (juízo) e pode operar-se por oposição ou por conversão. Ela é mediata quan-
do relaciona duas proposições (juízos) para chegar a uma conclusão. A dedução
mediata é chamada de silogismo.
A indução se dá mediante o seguinte processo: observação, experimenta-
ção, classificação, analogia e hipótese.

3.4 Regras de Dedução

3.4.1 Dedução por Oposição


Os quatro tipos de proposições podem gerar quatro espécies de oposição.
Tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, elas podem diferir na quantidade
(extensão do sujeito) e/ou na qualidade (afirmação ou negação):

a) Oposição máxima ou contraditória – dá-se quando duas proposições, tendo


o mesmo sujeito e o mesmo predicado, diferem, ao mesmo tempo, pela quantida-
de e pela qualidade.
Ex.: Todo homem é estudioso / Algum homem não é estudioso.
Regra 1: Quando duas proposições são contraditórias, se uma for falsa, a outra
será necessariamente verdadeira; e vice-versa.

b) Oposição média ou contrária – dá-se quando duas proposições universais,


tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, somente diferem pela qualidade.
Ex.: Todo homem é bom / Todo homem não é bom.
Regra 2: Quando duas proposições são contrárias, se uma for verdadeira, a outra
será necessariamente falsa (porque ambas não podem ser verdadeiras).
Regra 3: Quando duas proposiçoes são contrárias, se uma for falsa, não se pode
concluir pela verdade ou falsidade da outra (porque deixando um meio termo pos-
sível, ambas pode ser falsas).

c) Oposição mínima ou subcontrária – dá-se quando duas proposições particu-


lares, tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, somente diferem pela quali-
dade.
Ex.: Algum homem é bom / Algum homem não é bom.
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Regra 4: Quando duas proposições são subcontrárias, se uma for falsa a outra é
necessariamente verdadeira.
Regra 5: Quando duas proposições são subcontrárias, se uma for verdadeira, não
se pode concluir sobre a verdade ou falsidade da outra (porque ambas pode ser
simultaneamente verdadeiras).

d) Oposição subalterna – dá-se quando duas proposições, tendo o mesmo sujei-


to e o mesmo predicado, somente diferem pela quantidade (uma é universal e a
outra e particular).
Ex.: Todo homem é bom / Algum homem é bom. UA / PA
ou
Nenhum homem é bom / Algum homem não é bom. UN / PN
Regra 6: Quando duas proposições são subalternas, se a universal for verdadeira,
a particular também será verdadeira.
Regra 7: Quando duas proposições são subalternas, se a universal for falsa, nada
se pode concluir sobre a verdade ou falsidade da particular.
Regra 8: Quando duas proposições são subalternas, se a particular for verdadeira,
nada se pode concluir sobre a verdade ou falsidade da universal.
Regra 9: Quando duas proposições são subalternas, se a particular for falsa, a
universal será também falsa.

3.4.2 Dedução por Conversão


A dedução por conversão consiste em transpor os termos de uma proposi-
ção, sem alterar a sua qualidade. É o processo lógico que conclui uma proposição
nova a partir de uma outra existente, da mesma qualidade, mediante a transposi-
ção dos termos.
Exemplo: Algum homem é sábio / Algum sábio é homem

Regra 1: De uma proposição universal afirmativa pode-se deduzir uma proposição


particular afirmativa.
Exemplo: Todo homem é mortal / Algum mortal é homem.
Regra 2: De uma proposição particular afirmativa pode-se deduzir uma outra pro-
posição particular afimativa.
Exemplo: Alguns homens são sábios / Alguns sábios são homens.
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Regra 3: De uma proposição universal negativa pode-se deduzir uma outra pro-
posição universal negativa.
Exemplo: Nenhum homem é imortal / Nenhum imortal é homem,
Regra 4: De uma proposição particular negativa nada se pode concluir por con-
versão.
Exemplo: Alguns homens não são sábios / ...?
3.4.3 Silogismo

O Silogismo é um raciocínio pelo qual, de um antecedente que une dois


termos a um terceiro, tira-se um conseqüente que une esses dois termos entre si.

Exemplo: Todo homem é mortal mortal <-> homem


Sócrates é homem Sócrates <-> homem
Logo, Sócrates é mortal Sócrates <-> mortal
Todo silogismo regular se compõe de três proposições, nas quais três ter-
mos são comparados dois a dois.

Um termo se chama maior (porque tem maior extensão); outro se chama


menor (porque tem extensão menor); o terceiro se chama de médio (porque é o
intermediário entre os outros dois, ou porque é a ele que os outros dois são rela-
cionados). No exemplo acima, mortal é o termo maior; Sócrates, é o menor; e
homem, é o termo médio.

As duas primeiras proposições são chamadas de premissas ou anteceden-


te. A que contém o termo maior é chamada de premissa maior; a que contém o
termo menor, é a premissa menor. A última, é a conclusão.

O silogismo se baseia nos princípios do Terceiro Equivalente (compreen-


são) e da Capacidade (extensão) e tem 5 regras: uma relacionada aos termos e
quatro que têm a ver com as premissas:

Regra 1: O silogismo não deve conter senão três termos.


Na prática, foge-se a esta regra quando:
a) se atribui ao termo médio duas extensões;
Exemplo: O cão ladra
Ora, o cão é uma constelação
Logo, uma constelação ladra.
b) o termo médio é tomado duas vezes particularmente;
Exemplo: Alguns homens são santos
Ora, os criminosos são homens
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Logo, os criminosos são santos


c) se atribui ao termo maior ou ao menor uma extensão maior na conclusão do
nas premissas.
Exemplo: Os etíopes são negros
Ora, todo etíope é homem
Logo, todo homem é negro.

Regra 2: De duas premissas afirmativas não se pode concluir negativamente.


Exemplo: A virtude é amável.
A prudência é uma virtude,
Logo, a prudência não é . . . (?)

Regra 3: De duas premissas negativas nada se pode concluir.


Exemplo: O homem não é um puro espírito
Ora, um puro espírito não é imortal
Logo, . . . (?)

Regra 4: Se uma das premissas for negativa a conclusão será negativa.


Exemplo: Todo círculo é redondo
Um triângulo não é um círculo
Um triângulo não é redondo

Regra 5: De duas premissas particulares nada se pode concluir.


Exemplo: Algum soldado é corajoso
Alcebíades é um soldado
Logo, Alcebíades é . . . (?)

As premissas, às vezes não aparecem na ordem (Maior – menor). Isso, no


entanto, não invalida o silogismo.
Exemplo: Este livro é um livro de Filosofia (menor)
Todo livro de Filosofia é instrutivo (Maior)
Logo, este livro é instrutivo.
Outras vezes, uma das premissas, a Maior ou a menor, é omitida (suben-
tendida), sem prejuízo para a validade do silogismo, que neste caso, tem o nome
de Entimema.
Exemplos: Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Está subentendida a Maior: Todo homem é mortal
Todo corpo é material
Logo, a alma não é um corpo.
Está subentendida a menor: Ora, a alma não é material,
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O silogismo pode se apresentar sob outras formas além da que temos a-


presentado (o categórico). Ele pode aparecer também sob a forma disjuntiva,
conjuntiva e condicional. Contudo, qualquer dessas formas pode sempre ser
convertida num silogismo categórico.
O silogismo disjuntivo é aquele em que a MAIOR é uma proposição disjun-
tiva. Exemplo:
Ou Pedro é estudioso, ou é preguiçoso.
Ora, Pedro é estudioso.
Logo, Pedro não é preguiçoso.

O silogismo conjuntivo é aquele em que a MAIOR é uma proposição con-


juntiva. Exemplo:
Uma pessoa não assovia e chupa cana ao mesmo tempo.
Ora, o cortador de cana assovia.
Logo, o cortador de cana não chupa cana.

O silogismo condicional é aquele em que a MAIOR é uma proposição con-


dicional. Exemplo:
Se o aluno estudar, será bem sucedido no teste.
Ora, o aluno estuda,
Logo, será bem sucedido no teste

Para analisar essas formas de silogismo é preciso convertê-los primeiro em


um silogismo categórico. No caso do condicional, há tambem regras próprias.
As regras que regem o silogismo condicional são:
Regra 1: Admitir a condição, é admitir o condicionado.
Exemplo: Se Pedro estuda, ele existe.
Ora, Pedro estuda,
Logo, Pedro existe.

Regra 2: Negar a condição não é negar o condicionado.


Exemplo: Se Pedro estuda, ele existe.
Ora, Pedro não estuda.
Logo, Pedro não existe.

Regra 3: Admitir o condicionado não é admitir a condição.


Exemplo: Se Pedro estuda, ele existe.
Ora, Pedro existe.
Logo, Pedro estuda.

Regra 4: Negar o condicionado é negar a condição.


Exemplo: Se Pedro estuda, ele existe.
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Ora, Pedro não existe.


Logo, Pedro não estuda.

O Sorites é um silogismo que consiste em uma série de proposições en-


cadeadas, de maneira que o predicado da primeira é o sujeito da segunda, o pre-
dicado da segunda o sujeito da terceira, até a última proposição. Nesta última,
são reunidos o sujeiro da primeira proposição e o predicado da última. Exemplo:
Natália é uma criança obediente
Uma criança obediente é amada por todos.
Quem é amado por todos é feliz.
Logo, Natália é feliz

O Dilema é também um silogismo composto de várias proposições. É uma


argumentação que força o adversário a uma alternativa em que cada parte con-
duz à mesma conclusão. Exemplo:
Ou tu estavas em teu posto, ou tu não estavas.
Se tu estavas, faltaste ao teu dever.
Se tu não estavas, fugiste covardemente.
Em ambos os casos mereces ser punido

.
3.5 Indução
Numerosos argumentos não desejam demonstrar a verdade das suas con-
clusões como decorrentes, necessariamente, de suas respectivas premissas, limi-
tando-se a estabelecê-las como prováveis, ou provavelmente verdadeiras. Argu-
mentos desse tipo recebem o nome de indutivos e são fundamentalmente diferen-
tes dos dedutivos.
O mais freqüentemente usado dos raciocínios indutivos é a Analogia, ou
Inferência analógica. O outro é a Inferência empírica, também chamado sim-
plesmente de Indução, o fundamento do método científico empírico (stricto sensu)

3.6 Analogia ( ou A Inferência analógica) [COPI, 1978, cap. 11 e ARANHA;


MARTINS, 2003, p. 104 e 105]
Apesar de pouco convincentes logicamente elas constituem a maioria das
nossas inferências cotidianas. A partir de experiências passadas, procuramos dis-
cernir o que nos reservará o futuro. Exemplo: Se um novo livro de um determina-
do autor atrai a minha atenção, deduzo que terei o mesmo prazer em lê-lo, como
li outros do mesmo autor, e tive o mesmo prazer.
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Os argumentos analógicos não podem ser classificados como válidos ou


inválidos. Tudo o que se pretende deles é que tenham alguma probabilidade.

3.6.1 Tipos
Além do seu uso freqüente em argumentos, as analogias são, amiúde, u-
sadas com propósitos não argumentativos. Os escritores têm-na usado, desde
tempos remotos, para fins de descrição vívida. O uso literário da analogia, medi-
ante a metáfora, tem-se constituído numa grande ajuda para o escritor que se
esforça por criar um quadro realista no espírito do leitor. Também se usa a analo-
gia com fins de explicação, quando se procura tornar inteligível algo que é pouco
conhecido, comparando-o com alguma outra coisa que se supõe ser mais familiar
e com a qual apresenta semelhanças.

3.6.2 Estrutura ou padrão


Os argumentos analógicos apresentam a mesma estrutura ou padrão geral.
Toda inferência analógica parte da semelhança de duas ou mais coisas em um ou
mais aspectos para concluir a semelhança dessas coisas em algum outro aspecto.
Suponhamos que A, B C e D têm as propriedades (ou aspectos) p, q e r. Um ar-
gumento analógico funcionará da seguinte forma:
A, B, C e D têm todos as propriedade p, e q.
A, B e C têm todos a propriedade r.
Portanto, D tem também a propriedade r.

3.6.3 Avaliação dos argumentos analógicos


Embora nenhum argumento por analogia seja válido, no sentido de que sua
conclusão seja deduzida necesariamente das suas premissas, alguns se mostram
mais convincentes que outros. Alguns critérios têm sido usados para avaliá-los
com base na maior ou menor probabilidade com que suas conclusões são estabe-
lecidas.
1) o número de entidades entre os quais se afirmam as analogias;
2) a quantidade de aspectos na qual se diz que as entidades em questão são
análogas;
3) a força da conclusão com relação às suas premissas;
4) o número de desanalogias, ou pontos de diferença entre os exemplos mencio-
nados nas premissas e o caso ao qual se refere a conclusão;
5) o grau de dessemelhança entre os exemplos mencionados nas premissas;
16

6) a relevância da analogias para a conclusão.

3.6.4 A relevância das analogias


Num argumento por analogia, as analogias relevantes são aquelas que se
referem a propriedades ou circunstâncias relacionadas causalmente. Os argu-
mentos analógicos são altamente prováveis, quando vão da causa ao efeito ou do
efeito à causa. São até prováveis quando a propriedade da premissa não é causa
nem o efeito da propriedade da conclusão, desde que ambas sejam efeitos da
mesma causa. Assim, da presença de alguns sintomas de uma determinada co-
ença, um médico pode predizer outros sintomas – não porque um sintoma seja a
causa do outro, mas porque são todos, de modo geral, causados por uma única
infecção.
Portanto, o conhecimento das conexões causais é muito importante. Ele é
a preocupação central da inferência empírica.

3.7 Inferência empírica (ou indução)


Basicamente a indução é o raciocínio mediante o qual o espírito, de dados
singulares suficientes, infere uma verdade universal. Exemplo:
O ferro, o cobre e o zinco conduzem eletricidade.
Ora, o ferro, o cobre e o zinco são metais.
Logo, todos os metais conduzem eletricidade.

Os processos do raciocínio indutivo constituem o fundamento não só da re-


levância das analogias, como também do método das ciências experimentais ou
empíricas.
O princípio que rege a indução é: O que é verdadeiro, ou falso, de muitos
indivíduos suficientemente enumerados de uma espécie dada, ou de muitas par-
tes suficientemente enumeradas de um todo dado, é verdadeiro, ou falso, desta
espécie e deste todo.
As críticas á indução por simples enumeração levaram filósofos, como
Francis Bacon (1561-1626) a recomendar outros tipos de procedimento indutivo.
A melhor formulação desses outros procedimentos de inferência indutiva parece
ter sido dada por John Stuart Mill (1806-1873), tanto que passou a ser conhecida
como Métodos de Mill.

OS MÉTODOS DE MILL [COPI, 1978, cap. 12]


17

a) O método da concordância: Se dois ou mais casos do fenômeno que se in-


vestiga têm somente uma circunstância em comum, a circunstância em que todos
os casos concordam é a causa do fenômeno dado. Ou seja, sempre que encon-
tramos uma única circunstância comum a todos os casos de um determinado fe-
nômeno, acreditamos ter descoberto a sua causa.

No esquema abaixo, a circunstância F pode ter sido a causa do fenômeno.

--------------------------------------------------------------
Caso Circunstâncias antecedentes Fenômeno
--------------------------------------------------------------
1 A B C E F s
2 A B E F s
3 A C D F s
4 B C D E F s
5 A C E F s
6 B E F s
---------------------------------------------------------------

Ou, de forma mais resumida:


Nas circunstâncias A B C D ocorrem os fenômenos a b c d.
Nas circunstâncias A E F G ocorrem os fenômenos a e f g .
---------------------------------------------------------------------------------
Portanto, A é a causa (ou o efeito) de a.

b) O método de diferença: Se um caso em que o fenômeno que se investiga o-


corre, e em um caso em que ele não ocorre têm todas as circunstâncias em co-
mum, esceto uma, aquela ocorre apenas no primeiro caso; a circunstância única
em que os dois casos diferem é a causa, ou uma parte indispensável da causa,
do fenômeno.

Esquematicamente:
------------------------------------------------------------
Caso Circunstâncias antecedentes Fenômeno
------------------------------------------------------------
1 A B C E F s
n A B C E - -
------------------------------------------------------------
Podemos inferir que a circunstância F pode ter causado o fenômeno s.
Ou:
--------------------------------------------------------------------
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A B C D ocorrem conjuntamente com a b c d;


B C D ocorrem conjuntamente com b c d;
-------------------------------------------------------------------
Portanto, A é a causa, ou o efeito, ou uma parte indispensável
Da causa de a.

c) O método Conjunto de Concordância e de Diferença. Este método pode ser


explicado como sendo o uso, na mesma investigação, do Método da Concordân-
cia e o da Diferença. Como cada método, usado separadamente, confere alguma
probabilidade à conclusão, seu uso conjunto, confere uma probabilidade ainda
maior à conclusão.

Seu padrão é o seguinte:


-------------------------------------------------------------------
A B C  a b c A B C  a b c
A D E  a d e B C  b c
-------------------------------------------------------------------
Portanto, A é o efeito, ou a causa, ou uma parte in-
pensável de a.

Outro padrão, proposto por Zeeman:

--------------------------------------------------------------------------
A B  a b A B  ab A C  a c
A C  ac B  b C  c
--------------------------------------------------------------------------
Portanto, A é a causa, ou uma parte indispensável da
causa de a.

d) O Método de Resíduos: Suprimindo-se de um fenômeno a parte da qual se


sabe, por prévias induções, que é o efeito de certas circunstâncias antecedentes,
o resíduo do fenômeno será o efeito das circunstâncias antecedentes restantes.

Esquematicamente:
---------------------------------------------
A B C  a b c
B é a causa conhecida de b.
C é a causa conhecida de c.
---------------------------------------------
Portanto, A é a causa de a.

e) O Método da Variação Concomitante: Um fenômeno que varia de uma certa


maneira, sempre que outro fenômeno varia de uma determinada maneira, é uma
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causa ou um efeito desse fenômeno, ou está com ele relacionado, mediante al-
gum fato de causalidade.

Esquematização [em que (+) indica maior grau, e (-) indica menor grau]:
------------------------------------
A B C  a b c
A+ B C  a+ b c
A- B C  a- b c
------------------------------------
Portanto, A e a estão causalmente ligados,
diretamente.

------------------------------------
A B C  a b c
A+ B C  a - b c
A- B C  a+ b c
------------------------------------
Portanto, A e a estão causalmente ligados,
Inversamente.

Os métodos de Mill patenteiam-se como instrumentos para testar hipóteses.


Os seus enunciados descrevem o método da experiência controlada, que é uma
arma indispensável no arsenal da ciência moderna.
20

4 LÓGICA MATERIAL

4.1 Introdução

A lógica material estuda a verdade de um raciocínio com base na verdade


do conteúdo das suas premissas.
Um raciocínio errado que se apresenta com aparências de verdadeiro se
chama sofisma ou falácia. Se o sofisma é cometido de boa-fé e sem intenção de
enganar, costuma-se chamar de paralogismo.
O erro de um raciocínio pode ter duas espécies de causas: ou bem o erro
provém da linguagem, ou bem provém das idéias de que se compõe.
Os sofismas verbais decorrem do uso de termos ambíguos, de termos me-
tafóricos ou da omissão de informações.
Exemplo 1:
O cão ladra.
Ora, o cão é uma constelação.
Logo, uma constelação ladra. (uso de termo ambíguo)

Exemplo 2:
O meu emprego é a minha vida
Se perder meu emprego, eu morro. (uso de metáfora)

Exemplo 3:
Quatro e dois são seis.
Logo, quatro são seis e dois são seis. (uso de omissão de informação)

Os sofismas de idéias provêm da falsidade da(s) premissa(s) ou da ilegiti-


midade da dedução ou da indução.
Exemplo 1:
A lua é um planeta como a terra. (premissa falsa)
A terra é habitada.
Logo, a lua também o é.

Exemplo 2:
Tal juiz é venal.
Esse outro também o é.
Logo todos os juízes são venais. (indução ilegítima)

Exemplo 3:
Todos os rios desembocam no mar. (premisa falsa)
O Madeira é um rio.
Logo, ele desemboca no mar.

Exemplo 4:
Os etíopes são negros.
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Ora, todo etíope é homem.


Logo, todo homem é negro. (dedução ilegítima)

Para refutar os diversos sofismas de palavras não existe outro meio senão
o de criticar implacavelmente a linguagem, a fim de determinar exatamente o
sentido das palavras que se empregam.
Para refutar os sofismas de idéias é preciso examiná-los do duplo ponto de
vista da matéria e da forma. Se uma premissa for falsa, negá-la. Se for ambígua,
precisar os seus diferentes sentidos. Se o raciocínio pecar pela forma (for ilegíti-
mo), a conseqüência deve ser negada.

4.2 Tipos de Sofismas ou falácias


Sofismas são raciocínios incorretos que se apresentam com aparências de
verdade. Quando o sofisma é cometido de boa-fé, sem intenção de enganar cos-
tuma receber o nome paralogismo.
O erro pode ter duas espécies de causas: ou provém da linguagem ou das
idéias de que se compõe o raciocínio. Dessa forma, podemos ter dois tipos de
sofismas: de palavras e de idéias.

4.2.1 Sofismas de palavras


Decorrem da identidade aparente de certas palavras.
1) O equívoco, que consiste em tomar, no raciocínio, uma mesma palavra em vá
rios sentidos diferentes.
Ex.: O cão ladra.
Ora o cão é uma constelação.
Logo, uma constelação ladra.
2) A confusão do sentido dividido, quando se toma separadamente o que na
realidade é uma unidade.
Ex.: Esta despesa não me arruinará
Nem esta segunda, nem esta terceira.
Lo go todas estas despesas não me arruinarão.
3) A Metáfora, que consiste em tomar a figura pela realidade. Por exemplo:
O meu emprego é a minha vida
Se perder meu emprego, eu morro.

4.2.2 Sofismas de idéias


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Esses sofismas provêm não da própria expressão, mas da idéia que é ex-
pressa. Muitos sofismas decorrem do fato de algumas premissas serem irrelevan-
tes para a aceitação da conclusão, mas são usadas com a função psicológica de
convencer, mobilizando emoções como medo, entusiasmo, hostilidade ou reve-
rência.
1) O argumento de autoridade é um recurso desviante em que é usado o prestí-
gio da autoridade para outro setor que não é da sua competência. Isto é muito
comum na propaganda, quando artistas famosos “vendem” desde sabonetes até
idéias. Até apóiam candidatos em eleições.
2) O argumento contra o homem ocorre quando consideramos errada uma con-
clusão porque parte de alguém que é por nós, ou pela sociedade, depreciado. Por
exemplo, desmerecer o valor musical de Wagner a partir de sua adesão aos mo-
vimentos anti-semitas.
3) O sofisma de acidente considera como essencial algo que não passa de um
acidente como, por exemplo, concluir que a medicina é inútil por causa do erro de
um médico.
4) O sofisma de ignorância da questão consiste em se afastar da questão em
tela, desviando a discussão. Um advogado habilidoso que não tem como negar o
crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, trabalhador, etc. um vereador que é
acusado de ter gasto sem autroização da câmara, põe em relevo a importância e
a relevância dos gastos. O deputado que defende o governo acusado de corrup-
ção em comissão de inquérito não se detém em avaliar os fatos devidamente
comprovados, mas discute questões formais do relatório da comissão ou enfatiza
umpretenso revanchismo dos deputados oposicionistas.
5) o sosfisma da petição de princípio, ou círculo vicioso, que consiste em supor
já conhecido o que é exatamente o objeto da questão. Exemplo: “Por que o ópio
faz dormir? Porque tem uma virtude dormitiva” ou “Tal ação é condenável porque
é injusta; e é injunsta porque é condenável”. Um exemplo em que a petição de
princípio é menos clara: “Permitir a todos os homens uma liberdade ilimitada de
expressão deve ser sempre, de u modo geral, vantajoso para o Estado; porque é
altamente propício aos interesses da comunidade que cada indivíduo desfrute de
liberdade, perfeitamente ilimitada, para expressar os seus sentimentos” (COPI,
apud ARANHA; MARTINS, 2003, p.106).
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ALVES, Alaor Caffé. Pensamento Formal e Argumentação. São Paulo: Quartier


Latin, 2002.

ALVIM, Décio Ferraz. Lógica. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1989. 93p.

AYER, Alfred. As Questões Centrais da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar Edito-


res, 1995. 280 p.

BASTOS, Cleverson L.; KELLER, Vicente. Aprendendo Lógica. 2 ed. Petrópolis,


Ed. Vozes, 1993. 143p.

COPI, Irving. Introdução à Lógica. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978. 488p.

FERREIRA, Augusto Brule Gomes. Pequena História do Conhecimento. Recife:


Ed. Universitária, 1999. 237p.

HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. São Paulo: Ed. Martins Fontes,


2002. 177p.

MARITAIN, Jacques. Elementos de Filosofia II: a ordem dos conceitos, lógica


menor. Rio de Janeiro: Agir, 1980. 318p.

MORTARI, César A. Introdução à Lógica. São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.


392p.

NIELSEN NETO, Rodrigues. Filosofia Básica. 4 ed. São Paulo: Atual Editora,
1986. 311 p.

OSHO. Intuição: o saber além da Lógica. São Paulo: Cultrix, 2003.

PIAGET, Jean; INHELDER, Barbel. Da lógica da criança à lógica do adoles-


cente. São Paulo: Thompson Learning, 1976. 259p.

SOARES, Edvaldo. Fundamentos de Lógica. São Paulo: Atlas, 2003. 187p.

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