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Aula 02

Criminologia e Legislação Específica p/ DEPEN (Agente Penitenciário Federal - Área 3)

Professor: Alexandre Herculano


Agente Penitenciário Federal cargo 9 (área 3) DEPEN
Parte Específica - Teoria e Exercícios
Prof. Alexandre Herculano Aula 02

Aula 02 - Lei nº 4.898, de 09 de dezembro 1965

(Abuso de autoridade) - parte II.

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 1

2. Lei nº 4.898, de 09 de dezembro 1965 (Abuso de 2

autoridade) - parte I.

3. Questões propostas 23

4. Questões comentadas 27

5. Gabarito 39

Olá, meus amigos!

Hoje vou abordar o seguinte tópico do edital: Lei nº 4.898, de 09

de dezembro 1965 (Abuso de autoridade).

Pessoal, conforme já disse, as aulas em vídeos estão sendo

gravadas e assim que terminarem as gravações serão postadas. Próximo

final de semana (8,9, e 10/05) estarei em Brasília fechando as gravações.

Assim, leiam as aulas em pdf e também leiam a "Lei Seca", que ajudará a

entender as aulas em pdf e vídeos. Nessas aulas, sobre as legislações,

vou deixar os links com as Leis atualizadas:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4898.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9455.htm

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-014/2013/lei/l12850.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9613compilado.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-014/2013/lei/l12846.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11671.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6877.htm

Lei nº 4.898, de 09 de dezembro 1965 (Abuso de

autoridade) - parte I.

Pessoal, é muito importante saber, para o melhor entendimento

dessa legislação, que, nos termos do art. 5º, § 1º, da CF, as normas

definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata,

independentemente da criação de ordenamento infraconstitucional.

Assim, vamos perceber que os crimes envolvidos na Lei são os direitos e

garantias individuais, os quais foram erigidos em cláusulas pétreas

(núcleo constitucional imodificável), uma vez que há uma limitação

material explícita ao poder constituinte derivado de reforma. Neste

sentido, o art. 60, § 4º, IV, é expresso, ao dispor que não será objeto de

deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e

garantias individuais. Assim, só podem ser ampliados; do contrário, serão

imodificáveis.

Nossa Constituição deu enorme relevância aos direitos e garantias

fundamentais, assegurando-os de maneira quase absoluta. No entanto,

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há situações em que o próprio constituinte autorizou exceção ao

Estado Democrático de Direito (estado de normalidade constitucional).

Fundamentalmente, podemos citar três situações:

• intervenção federal (art. 34);

• estado de defesa (art. 136);

• estado de sítio (art. 137).

O estado de defesa consiste em uma situação na qual se

organizam medidas destinadas a debelar ameaças à ordem pública ou à

paz social. Desse modo, quando há grande calamidade pública ou

situação que coloca em risco a estabilidade das instituições democráticas

num ponto restrito do território nacional, o Presidente da República

decreta o estado de defesa, estabelecendo restrições aos direitos

fundamentais de: reunião; sigilo de correspondência; sigilo de

comunicação telegráfica e telefônica (art. 136, § 1º, I). Depois de

decretado, será submetido à apreciação do Congresso Nacional. Isso

também ocorre no estado de sítio.

No tocante aos destinatários dos direitos e garantias fundamentais,

o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte interpretação para a redação

do caput do art. 5º: “o qualificativo residentes no País não é qualificativo

do substantivo estrangeiro e sim do sujeito composto brasileiros e

estrangeiros. Desse modo, significa que a Constituição Federal

assegura o exercício daqueles direitos, indistintamente, a

brasileiros e estrangeiros nos limites da nossa soberania”.

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O art. 5º destina-se principalmente às pessoas físicas, mas as

pessoas jurídicas também são beneficiárias de muitos dos direitos e

garantias ali elencados, tais como o princípio da isonomia, o princípio da

legalidade, o direito de resposta, o direito de propriedade, o sigilo de

correspondência, a garantia de proteção ao direito adquirido, ao ato

jurídico perfeito e à coisa julgada e o direito de impetrar mandado de

segurança.

Pessoal, isso tudo passa a ser importante para vocês verem que os

direitos e garantias constitucionais não são absolutos e sim relativos.

E, ao mencionar as violações descritas na Lei de Abuso de Autoridade, o

examinador pode colocar algumas dessas exceções e tentar confundir o

candidato, ok?

Seguindo, é importante, também, saber que o Abuso de

Autoridade é um crime que pode ser praticado por praticamente todos os

integrantes da Administração Pública, estando em um cargo de

autoridade ou não, desde que tenham poder funcional para determinar

alguma conduta. Assim, é um delito amplo, com grandes possibilidades

de punição aos autores das condutas típicas.

Apesar dessa amplitude, notamos que os abusos de autoridade

que ocorrem com mais frequência são os praticados pelas autoridades

policiais, principalmente os ligados à liberdade individual, como no caso

de buscas e apreensões, abordagens pessoais e operações policiais fora

dos parâmetros legais.

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O abuso será caracterizado quando a autoridade praticar, omitir

ou retardar ato, no exercício da função pública, para embaraçar ou

prejudicar os direitos fundamentais do cidadão garantidos na Constituição

Federal, como, por exemplo, a liberdade individual, a integridade física e

moral, a intimidade, a vida privada e a inviolabilidade do domicílio.

Meus caros, quando o abuso for cometido por agente de

autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser

cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer

funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo

de um a cinco anos.

Não abrange as pessoas que trabalha para a empresa prestadora

de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica

da Administração Pública.

A representação não constitui condição de procedibilidade

para a ação penal, que é pública incondicionada, não podendo ser obstada

pela ausência de representação. Esta tem natureza de notícia do fato

criminoso. A Lei 5.249/67 foi editada com o único objetivo de esclarecer

que os crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública

incondicionada.

O particular pode ser sujeito ativo do crime de abuso de

autoridade, desde pratique a conduta em concurso com a autoridade

pública, e saiba da condição do autor.

No caso flagrante impróprio, em que autor de crime é preso em

perseguição, haverá crime de abuso de autoridade na conduta dos

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policiais de ingressar dentro do domicílio do criminoso? Sim. No caso da

prisão em flagrante, leciona Guilherme de Souza Nucci, “deve o flagrante

ser próprio (art. 302, I e II, CPP), não nos parecendo correto ampliar a

possibilidade de invasão para as hipóteses de flagrante impróprio ou

presumido (art. 302, III – perseguido logo após; e IV – encontrado logo

depois, CPP).”

O descumprimento de prazo em favor de adolescente privado de

liberdade, cumprindo medida de interdição pelo cometimento de ato

infracional, em face do princípio da especialidade, não configura crime de

abuso de autoridade, mas sim crime do ECA, previsto no art. 235 da lei

n.º 8.069/90.

Outra coisa que vocês devem saber é que as sanções aplicadas

aos crimes de abuso de autoridade são determinadas em três esferas

diferentes e autônomas: a civil, a administrativa e a penal. Sendo

assim, fica claro que um indivíduo pode só sofrer uma sanção

administrativa e não sofrer uma penal ou mesmo ter aplicada apenas uma

penalização civil em determinado caso. Assim, são autônomas e

cumulativas.

Pessoal, muito cuidado com os procedimentos (ação e o processo

penal) descritos na legislação, pois, os crimes previstos na Lei de Abuso

de Autoridade seguiam o procedimento sumaríssimo previsto nos artigos

do diploma Legal (Lei de Abuso de Autoridade), entretanto, a partir da Lei

nº 9.099/95, com as modificações operadas pela Lei nº 11.313, de 28 de

junho de 2006, todos os crimes da Lei nº 4.898/65 passaram a sujeitar-

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se ao seu procedimento sumaríssimo, bem como aos demais institutos

previstos nesse diploma legal (Juizados Especiais Cíveis e Criminais),

conforme decisão do STJ!

Seguindo, e aprofundando mais na legislação, disse na aula

passada que o direito de representação e o processo de

responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades

que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela

própria Lei em questão. Logo, cabe destacar que os bens jurídicos

tutelados pela Lei são dois, o primeiro é o regular funcionamento da

Administração Pública, e o segundo são os direitos e as garantias

fundamentais previstos na CF/88, por isso fizemos aquele estudo no

início.

Quanto ao sujeito ativo é a autoridade pública, já o sujeito

passivo, o primeiro é o Estado, conhecido como o sujeito passivo mediato,

indireto ou permanente. O segundo é a vítima do abuso, conhecido como

sujeito passivo imediato, direto ou eventual.

O art. 2º disciplina o exercício do direito constitucional de

representação. Assim, qualquer pessoa que se sentir vítima de abuso de

poder poderá, direta, pessoalmente e sem a necessidade de advogado,

encaminhar sua delação à autoridade civil ou militar competente para a

apuração e a responsabilização do agente. De acordo com o mencionado

dispositivo legal, o direito de representação será exercido por meio de

petição:

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✓ dirigida à autoridade superior que tiver competência legal

para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a

respectiva sanção;

✓ dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência

para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.

Assim, a representação será feita em duas vias e conterá a

exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas

as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas,

no máximo de três, se as houver.

Além de regular o direito de representação, a Lei nº 4.898/65

define os crimes de abuso de autoridade e estabelece a forma de

apuração das responsabilidades administrativa, civil e penal, conforme

disse no início. A a finalidade da Lei nº 4.898/65 é prevenir os abusos

praticados pelas autoridades, no exercício de suas funções.

Os arts. 3º e 4º da Lei n. 4.898/65 preveem os chamados crimes

de abuso de autoridade. Em caso de conflito aparente de normas entre as

condutas do art. 3º e as do art. 4º, prevalecem estas últimas, em face

do princípio da especialidade. É que os tipos penais do art. 4º

descrevem de modo mais específico as figuras nele contidas, conforme

vou abordar mais adiante.

Dispõe o art. 3º da Lei: “Constitui abuso de autoridade

qualquer atentado”. A expressão é muito genérica, abrangendo

qualquer conduta que possa vir a atentar contra os bens jurídicos que vou

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elencar mais abaixo. Por essa razão, o art. 3º, segundo parte da doutrina,

é de duvidosa constitucionalidade, ofendendo o princípio da legalidade. De

acordo com esse princípio, não há crime sem descrição pormenorizada do

fato contida na lei, sendo a taxatividade uma decorrência lógica da

legalidade. Dessa forma, sem a definição dos elementos componentes da

conduta típica, não se concebe a existência de crime. A reserva legal

impõe que a descrição da conduta criminosa seja detalhada e específica,

não coadunando com tipos genéricos, demasiado abrangentes.

Entretanto, o examinador poderá exigir a literalidade da lei, assim, vamos

estudar os tipos.

Conforme já disse, os crimes de abuso de autoridade encontram-se

dispostos nos arts. 3° e 4° da lei nº 4.898/65. Esses crimes consumam-se

com o atentado aos direitos e às garantias fundamentais previstos no

art. 3º e por meio das ações ou omissões descritas pelo art. 4º,

bastando o perigo de dano. Agora, vou começar a citar os tipos do art.

3º e fazer alguns comentários pertinentes, vejamos:

Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

✓ à liberdade de locomoção (qualquer conduta realizada

por autoridade, no exercício de função pública, que

atente contra a liberdade do indivíduo de ir, vir e

permanecer, e não se enquadre nas hipóteses legais

autorizadoras da restrição, configura crime de abuso de

autoridade);

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✓ à inviolabilidade do domicílio (somente se pode

entrar na casa de outrem: com consentimento do

morador, à noite ou durante o dia; em caso de flagrante

delito, à noite ou durante o dia; para prestar socorro, à

noite ou durante o dia; em caso de desastre, à noite ou

durante o dia; mediante mandado, isto é, ordem escrita

do juiz competente, durante o dia);

✓ ao sigilo da correspondência (dispõe o art. 5º, XII, da

CF que “é inviolável o sigilo da correspondência e das

comunicações telegráficas, de dados e das comunicações

telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,

nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins

de investigação criminal ou instrução processual penal”.

Consagrou-se, então, o sigilo: das comunicações por

carta; das comunicações telegráficas; das comunicações

telefônicas);

✓ à liberdade de consciência e de crença (o art. 5º, VI,

da CF dispõe que “é inviolável a liberdade de consciência

e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos

cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção

aos locais de culto e às suas liturgias”. Essa liberdade,

contudo, não é ilimitada, podendo a autoridade impedir a

realização de cultos que atentem contra a moral ou

ponham em risco a ordem pública);

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✓ ao livre exercício do culto religioso;

✓ à liberdade de associação (associação é a reunião

estável e permanente de várias pessoas, para a

consecução de um fim determinado ou para o

desempenho de certa atividade. Reunião é o

agrupamento voluntário de pessoas, sem caráter de

permanência ou estabilidade, em determinado lugar, no

qual se discute um assunto qualquer e após o qual o

grupo se dissolve. A reunião é transitória. A associação,

permanente. A reunião pode ser impedida ou dissolvida

por qualquer autoridade no exercício de suas funções.

Para tanto, basta que seus fins sejam ilícitos ou que

esteja sendo realizada em local proibido ou sem prévia

permissão. A associação só pode ser dissolvida por

ordem judicial (CF, art. 5 º, XIX). A Constituição, em seu

art. 5º, XVI, assegura que “todos podem reunir-se

pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,

independentemente de autorização, desde que não

frustrem outra reunião anteriormente convocada para o

mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à

autoridade competente”. A autoridade pode, portanto,

proibir: reuniões com fins ilícitos; reuniões com fins

bélicos; reuniões de membros armados; reuniões

em locais proibidos; reuniões realizadas sem

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prévio aviso. Quanto às associações, “é plena a

liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de

caráter paramilitar” (CF, art. 5º, XVII). Estão proibidas:

as associações para fins ilícitos; as associações de

caráter paramilitar. Associação de caráter paramilitar é a

reunião estável e permanente, sob o mesmo ideal, de

membros uniformizados, submetidos a rígida disciplina

hierárquica, nos moldes militares, e que recebem

treinamento físico e psicológico para o combate,

aprendem a manusear armas e obedecem a um mesmo

símbolo ou bandeira. Cabe à autoridade impedir a

reunião dos associados sempre que a associação

for ilegal, encaminhando o fato ao conhecimento do

Ministério Público, para que seja promovida a sua

dissolução judicial, por meio de ação civil pública);

✓ aos direitos e garantias legais assegurados ao

exercício do voto (o parágrafo único do art. 1º da

CF/88 estabelece que todo o poder emana do povo, que

o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente, nos termos da Constituição Federal. O art.

14 do mesmo Diploma Constitucional, por sua vez,

explicita que no Brasil a soberania popular é exercida

pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com

valor igual para todos. O voto tem as seguintes

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características: é secreto, igual (mesmo peso político

para todos os eleitores), livre (voto em quem quiser e se

quiser, pois posso votar em branco ou anular o meu

voto), pessoal (não se admite voto por correspondência

ou por procuração) e direto (os eleitores escolhem por si,

sem intermediários, os governantes e representantes).);

✓ ao direito de reunião;

✓ à incolumidade física do indivíduo (esse crime

engloba toda ofensa praticada pela autoridade, desde

uma simples contravenção de vias de fato até o

homicídio. Estão abrangidas tanto a violência física

quanto a moral (hipnose, tortura psicológica etc.). Se

além do atentado resultarem lesões corporais ou a morte

do indivíduo, deve o agente responder por ambos os

crimes em concurso formal, somando-se as penas.

Não se há que falar em absorção das lesões ou do crime

contra a vida pelo abuso, uma vez que as

objetividades jurídicas são diversas. No abuso,

tutela-se não apenas o bem jurídico do cidadão ofendido,

mas também o interesse do Estado na correta prestação

do serviço público. Não se há que invocar, portanto, o

princípio da especialidade, pois as duas normas são

violadas (a do abuso e a da lesão). Além disso, o abuso

de autoridade é delito menos grave do que as lesões

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leves, graves e gravíssimas, o que tornaria inviável a

aplicação do princípio da consunção);

✓ aos direitos e garantias legais assegurados ao

exercício profissional (a CF/88 deixa claro no art. 5º,

XIII que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício

ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que

a lei estabelecer”. A Lei de Abuso de Autoridade, por sua

vez, considera crime qualquer atentado aos direitos

e garantias legais assegurados ao exercício

profissional. Para que se aperfeiçoe essa infração, há

necessidade de uma norma complementar enumerando

quais são os direitos e garantias para o exercício da

profissão, razão pela qual o presente tipo é uma norma

penal em branco. Para alguns doutrinadores, sem

enumeração legal de direitos, não há o que ser violado).

Segundo o entendimento majoritário, em caso de conflito

aparente de normas, os tipos definidos no art. 4º prevalecem sobre os

do art. 3º, pois são considerados mais específicos, assim, elenca o art. 4º

- constitui também abuso de autoridade:

✓ ordenar ou executar medida privativa da liberdade

individual, sem as formalidades legais ou com abuso

de poder (aqui, cabe destacar que os juízes criminais

poderão determinar as seguintes ordens de prisão: prisão

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preventiva; prisão em virtude de sentença condenatória

transitada em julgado; prisão temporária. Não é mais

possível a prisão ordenada por autoridade administrativa em

face do preceito constitucional contido no inciso LXI do art.

5º. Consiste na prisão decretada por autoridade

administrativa para compelir o devedor ao cumprimento de

uma obrigação. Essa modalidade de prisão foi abolida pela

nova ordem constitucional);

✓ submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a

vexame ou a constrangimento não autorizado em lei

(aqui a prisão é legal, mas o constrangimento é criminoso.

Mesmo o homem desfigurado pela prática do crime e

afastado do convívio com a sociedade pelo recolhimento ao

cárcere merece ter sua integridade física e sua dignidade

preservadas. A pena imposta limita-se à privação da

liberdade, não podendo ser acompanhada de outras medidas

aflitivas, nem de humilhações. O respeito à dignidade da

pessoa humana é princípio fundamental, pilar de

sustentação do Estado Democrático de Direito, e o

ordenamento brasileiro é bastante claro e enfático com

relação a isso: “ninguém será submetido a tortura nem a

tratamento desumano ou degradante” (CF, art. 5º, III). “É

assegurado aos presos o respeito à integridade física e

moral” (CF, art. 5º, XLIX). );

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✓ deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz

competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa

(o art. 5º, LXII, da Constituição determina que “a prisão de

qualquer pessoa e o local onde se encontre serão

comunicados imediatamente ao juiz competente e à família

do preso ou à pessoa por ele indicada”. O art. 306 CPP,

caput, por sua vez, dispõe que “a prisão de qualquer pessoa

e o local onde se encontre serão comunicados

imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à

família do preso ou à pessoa por ele indicada”. O § 1º

determina que, encerrada a formalização do auto, a

autoridade policial deverá, no prazo máximo de 24 horas,

remetê-lo à autoridade judiciária para as providências

previstas no art. 310 do CPP: relaxamento da prisão, se

ilegal; conversão do flagrante em prisão preventiva; ou

concessão de liberdade provisória com ou sem fiança.);

✓ deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou

detenção ilegal que lhe seja comunicada (essa

modalidade só pode ser praticada pela autoridade judiciária.

Trata-se, portanto, de crime próprio. Ao juiz, tão logo

receba a comunicação da prisão, caberá: se for ilegal,

determinar seu imediato relaxamento; se for legal,

convertê-la em prisão preventiva ou conceder medida

cautelar diversa prevista no art. 319 do CPP; ou se for legal

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e estiverem ausentes os pressupostos da preventiva,

conceder a liberdade provisória com ou sem fiança. No caso

de o juiz visitar estabelecimento carcerário e nele observar

alguma prisão ilegal, deverá determinar imediato

relaxamento, fazendo constar tudo na ata do livro de

visitas);

✓ levar à prisão e nela deter quem quer que se

proponha a prestar fiança, permitida em lei (o art. 5º,

LXVI, da Constituição dispõe que “ninguém será levado à

prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade

provisória, com ou sem fiança”. A liberdade provisória é um

instituto processual que garante ao acusado o direito de

aguardar em liberdade o transcorrer do processo até o

trânsito em julgado, vinculado ou não a certas obrigações,

podendo ser revogado a qualquer tempo, diante do

descumprimento das condições impostas. A liberdade

provisória pode ser com ou sem fiança. A fiança consiste na

prestação de uma caução de natureza real destinada a

garantir o cumprimento das obrigações processuais do réu

ou indiciado);

✓ cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial

carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra

despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em

lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor

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(não tem aplicabilidade, pois no sistema penitenciário

brasileiro não há previsão legal sobre a taxa ou

emolumento);

✓ recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial

recibo de importância recebida a título de carceragem,

custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa

(não tem aplicabilidade, pois no sistema penitenciário

brasileiro não há previsão legal sobre a taxa ou

emolumento);

✓ o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa

natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou

desvio de poder ou sem competência legal (a

Constituição Federal assegura o direito à honra e à

propriedade. Segundo a doutrina, a honra é o conjunto de

atributos de ordem moral que correspondem ao conceito

social a respeito de alguém (honra objetiva) e à própria

autoestima, isto é, o apreço que cada um tem de si mesmo

(honra subjetiva). Patrimônio é o complexo de bens móveis,

imóveis, valores e direitos que integram o acervo da pessoa

física ou jurídica. Dessa forma, a aplicação arbitrária de

multas, apreensão ilegal de motos, por exemplo, é

modalidade de realização da figura típica. É interessante

mencionar que a lei exige que o ato seja praticado com

abuso ou desvio de poder ou sem competência legal. O

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desvio de poder é uma espécie do gênero abuso de poder e,

segundo a doutrina: “verifica-se quando a autoridade,

embora atuando nos limites de sua competência, pratica o

ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei

ou exigidos pelo interesse público);

✓ prolongar a execução de prisão temporária, de pena

ou de medida de segurança, deixando de expedir em

tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem


c
de liberdade (esse tipo foi acrescentada pela Lei n. 7.960,

de 21 de dezembro de 1989, que tipificou a conduta

omissiva da autoridade judicial que deixa de expedir a

ordem, ou da autoridade administrativa que deixa de

cumpri-la, mantendo a pessoa presa além do prazo legal. O

crime é omissivo próprio e somente se aperfeiçoa se houver

dolo. A omissão por negligência é fato atípico. Convém notar

que responde por esse delito: aquele que está obrigado a

expedir em tempo oportuno a ordem de liberdade, e aquele

que deixa de cumprir imediatamente ordem de liberdade.

Pessoal, as sanções aplicadas aos crimes de abuso de autoridade

são determinadas em três esferas diferentes e autônomas, a civil, a

administrativa e a penal. Sendo assim, fica claro que um indivíduo

pode só sofrer uma sanção administrativa e não sofrer uma penal ou

mesmo ter aplicada apenas uma penalização civil em determinado caso.

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Por esta razão, desde já é importante deixar claro que não se

trata a Lei que dispõe sobre o Abuso de Autoridade de um diploma

exclusivamente penal, mas predominantemente. Assim, a sanção

administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso

cometido e consistirá em:

✓ advertência;

✓ repreensão;

✓ suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco


==c978a==

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a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e

vantagens;

✓ destituição de função;

✓ demissão;

✓ demissão, a bem do serviço público.

Como está escrito no § 2º "A sanção civil, caso não seja possível

fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de

quinhentos a dez mil cruzeiros."

É claro que cruzeiros não existe mais, mas não é por isso que não

haverá sanção civil, ok?

Já a sanção penal será aplicada de acordo com as regras do Código

Penal e consistirá em:

✓ multa de cem a cinco mil cruzeiros;

✓ detenção por dez dias a seis meses;

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✓ perda do cargo e a inabilitação para o exercício de

qualquer outra função pública por prazo até três

anos.

Meus caros, gravem bem esses itens, já que têm sido cobrados

nos concursos e as bancas gostam de misturar com as sanções

administrativas, e as penas previstas anteriormente poderão ser

aplicadas autônoma ou cumulativamente.

Conforme já mencionei, quando o abuso for cometido por agente


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de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser

cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer

funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de

um a cinco anos.

Recebida a representação, a autoridade competente irá baixar

portaria determinando a instauração de inquérito ou sindicância para

apurar o fato. Neste momento, será nomeada comissão que determinará

a citação do agente e aguardará a apresentação de defesa prévia.

O procedimento administrativo, por ser independente, não deverá

ser interrompido a fim de aguardar decisão judicial penal.

No caso do processo nesses crimes, temos que saber que recebida

a representação em que for solicitada a aplicação de sanção

administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a

instauração de inquérito para apurar o fato e o inquérito administrativo

obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou

federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.

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O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim

de aguardar a decisão da ação penal ou civil.

A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade

civil ou militar. Simultaneamente com a representação dirigida à

autoridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser

promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal

ou ambas, da autoridade culpada.

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Aqui finalizo os crimes de abuso de autoridade. Acredito que a

banca não cobrará nada diferente do que abordei em aula. Vamos, agora,

fazer algumas questões!

Grande abraço e bons estudos!

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Questões propostas

1) (CESPE - 2010 - Auditor do Estado - SECONT-ES) Quanto ao

crime de abuso de autoridade, ao atentado contra a incolumidade

física do indivíduo abrange qualquer forma de violência, incluindo

a moral (grave ameaça).

2) (CESPE - 2008 - Procurador - Pref. Natal) A lei nº 4.898/65

(abuso de autoridade) não traz a previsão de delito de atentado.

3) (CESPE - 2008 - Procurador - Pref. de Natal) A pena privativa

de liberdade para todos os delitos previstos na lei nº 4.898/65

(abuso de autoridade) varia de 10 dias a 6 meses, razão pela qual

é cabível a substituição por multa, uma vez que essa pena não

pode ultrapassar um ano.

4) (CESPE - 2008 Agente fiscal - Pref. Teresina-PI) O crime de

abuso de autoridade não pode ser praticado por fiscal de tributos,

uma vez que o conceito legal de autoridade inclui apenas os

membros da polícia militar e civil no regular exercício da função

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5) (CESPE - 2009 - Agente fiscal) Nos crimes de abuso de

autoridade, caso o órgão do MP não ofereça a denúncia no prazo

fixado, será admitida ação penal privada.

6) (CESPE - 2007 - Juiz – TJ-AC) Com relação ao crime de abuso

de autoridade, inexiste condição de procedibilidade para a

instauração da ação penal correspondente.

7) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, eventual falha na representação,

ou sua falta, não obsta a instauração da ação penal.

8) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, compete à justiça militar processar

e julgar crime de abuso de autoridade praticado por policial

militar em serviço.

9) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, a sanção penal por crime de abuso

de autoridade poderá consistir em perda de cargo e inabilitação

para o exercício de qualquer outra função pública, por prazo de

até 10 anos.

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10) (CESPE - 2004 - Analista Judiciário - TJ-DF) É indispensável à

configuração do crime de abuso de autoridade que o agente

exerça função pública remunerada e de caráter não transitório.

11) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Acerca dos crimes

de abuso de autoridade e de tortura, julgue os itens

subsequentes.

Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortura se, em

um mesmo contexto, mas com desígnios autônomos, dois agentes

torturam preso para que ele confesse a autoria de delito e, em

seguida, o exibem, sem autorização, para as redes de televisão

como suposto autor confesso do crime.

12) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Acerca dos crimes

de abuso de autoridade e de tortura, julgue os itens

subsequentes.

Pratica o crime de abuso de autoridade o agente que, mesmo não

tendo a intenção ou o ânimo específico de exorbitar do poder que

lhe for conferido legalmente, excede-se nas medidas para cumpri-

lo, com o objetivo de proteger o interesse público.

13) (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Criminal - Específicos) Acerca

do direito administrativo e do abuso de autoridade, julgue os itens

a seguir.

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Por depender da oitiva de testemunhas para a sua comprovação

material, o ato de submeter alguém sob sua guarda ou custódia a

vexame ou a constrangimento ilegal não pode ser enquadrado

como abuso de autoridade, sujeitando-se o autor apenas às

sanções civil e penal.

14) (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia - Específicos) Com

relação à legislação especial, julgue o item que se segue.

Os crimes de abuso de autoridade serão analisados perante o

Juizado Especial Criminal da circunscrição onde os delitos

ocorreram, salvo nos casos em que tiverem sido praticados por

policiais militares.

15) (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia - Específicos) Com

relação à legislação especial, julgue o item a seguir.

Em caso de atitude suspeita, deixa o policial civil de praticar o

crime de abuso de autoridade ao invadir domicílio na busca do

estado de flagrância de crime permanente.

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Questões comentadas

1) (CESPE - 2010 - Auditor do Estado - SECONT-ES) Quanto ao crime

de abuso de autoridade, o atentado contra a incolumidade física do

indivíduo abrange qualquer forma de violência, incluindo a moral (grave

ameaça).

Comentários:

Aqui nos temos uma "jurisprudência do CESPE", o qual

entende que atentar contra a incolumidade física abrange qualquer tipo

de violência (agredir alguém com instrumento contundente ou fazer a

vítima ingerir substância entorpecente), desde que física. Todavia, é um

tema controvertido na doutrina.

Gabarito: E.

2) (CESPE - 2008 - Procurador - Pref. Natal) A lei nº 4.898/65

(abuso de autoridade) não traz a previsão de delito de atentado.

Comentários:

Bem tranquila! Vejamos o crimes do Art. 3:

"Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

a) à liberdade de locomoção;

b) à inviolabilidade do domicílio;

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c) ao sigilo da correspondência;

d) à liberdade de consciência e de crença;

e) ao livre exercício do culto religioso;

f) à liberdade de associação;

g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do

voto;

h) ao direito de reunião;

i) à incolumidade física do indivíduo;

j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício

profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)"

Gabarito: E.

3) (CESPE - 2008 - Procurador - Pref. de Natal) A pena privativa de

liberdade para todos os delitos previstos na lei nº 4.898/65 (abuso de

autoridade) varia de 10 dias a 6 meses, razão pela qual é cabível a

substituição por multa, uma vez que essa pena não pode ultrapassar um

ano.

Comentários:

Conforme o Código Penal, a pena privativa de liberdade, com

a duração não superior a seis meses, é substituível, em tese, tanto pela

aplicação de multa, como pela restrição de direitos. Sendo que, não é

cabível a citada substituição quando há, em lei especial, cominação

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cumulativa de pena privativa de liberdade e pena pecuniária (STJ, Súmula

171).

Gabarito: E.

4) (CESPE - 2008 Agente fiscal - Pref. Teresina-PI) O crime de

abuso de autoridade não pode ser praticado por fiscal de tributos, uma

vez que o conceito legal de autoridade inclui apenas os membros da

polícia militar e civil no regular exercício da função

Comentários:

O fiscal de tributos poderá incidir no crime de abuso de

autoridade. O conceito de autoridade não abrange apenas policiais no

exercício da função, mas todos os que exercem cargo, emprego ou função

pública, de natureza civil ou militar, mesmo que transitoriamente e sem

remuneração

Gabarito: E.

5) (CESPE - 2009 - Agente fiscal) Nos crimes de abuso de autoridade,

caso o órgão do MP não ofereça a denúncia no prazo fixado, será admitida

ação penal privada.

Comentários:

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Isso mesmo, o art. 16, da lei nº 4.898/65, consagra a ação

penal privada subsidiária da pública ao determinar que se o órgão do

Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei, será

admitida ação privada. Ressalta, ainda, que o órgão do Ministério Público

poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia

substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos

e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação

como parte principal.

Gabarito: C.

6) (CESPE - 2007 - Juiz – TJ-AC) Com relação ao crime de abuso de

autoridade, inexiste condição de procedibilidade para a instauração da

ação penal correspondente.

Comentários:

Sendo crime de ação penal pública incondicionada,

inexiste condição de procedibilidade para a instauração da ação penal

A Lei nº 4.898/65 regula o direito de representação e o

processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, contra as

autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos.

"Art. 1 O direito de representação e o processo de

responsabilidade administrativa civil e penal, contra as

autoridades que, no exercício de suas funções, come terem

abusos, são regulados pela presente Lei.

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Art. 2 O direito de representação será exercido por

meio de petição:

a) dirigida à autoridade superior que tiver

competência legal para aplicar, à autoridade, civil ou militar

culpada, a respectiva sanção;

b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver

competência para iniciar processo-crime contra a autoridade

culpada.

Parágrafo único. A representação será feita em duas

vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de

autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação

do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as

houver."

A falta de representação do ofendido, inscrita na dicção do art.

1º. da Lei 4898/65, entretanto, não tem natureza de condição de

procedibilidade, posto que, não impede o Ministério Publico, de promover

a ação penal pública. Nesse sentido, esclarecedor o posicionamento

jurisprudencial.

Gabarito: C.

7) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, eventual falha na representação, ou sua

falta, não obsta a instauração da ação penal.

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Comentários:

Segundo pacífico entendimento jurisprudencial, a falha na

representação, ou mesmo sua falta, não é suficiente para obstar a ação

penal.

Gabarito: C.

8) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, compete à justiça militar processar e julgar

crime de abuso de autoridade praticado por policial militar em serviço.

Comentários:

A questão vai de encontro com a súmula 172, do STJ:

"Compete à Justiça comum processar e julgar militar por

crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em

serviço."

Gabarito: E.

9) (CESPE - Juiz do trabalho - TRT 5ª Região) No que se refere ao

crime de abuso de autoridade, a sanção penal por crime de abuso de

autoridade poderá consistir em perda de cargo e inabilitação para o

exercício de qualquer outra função pública, por prazo de até 10 anos.

Comentários:

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A lei em seu art. 3º, menciona que dentre as diversas sanções

previstas, caberá a perda do cargo e a inabilitação para o exercício de

qualquer outra função pública pelo prazo de até três anos.

Gabarito: E.

10) (CESPE - 2004 - Analista Judiciário - TJ-DF) É indispensável à

configuração do crime de abuso de autoridade que o agente exerça

função pública remunerada e de caráter não transitório.

Comentários:

Considera-se autoridade quem exerce cargo, emprego ou função

pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e

sem remuneração

Gabarito: E.

11) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Acerca dos crimes

de abuso de autoridade e de tortura, julgue os itens

subsequentes.

Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortura se, em um

mesmo contexto, mas com desígnios autônomos, dois agentes torturam

preso para que ele confesse a autoria de delito e, em seguida, o exibem,

sem autorização, para as redes de televisão como suposto autor confesso

do crime.

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Comentários:

Quanto ao crime de tortura, prevalece na doutrina que o abuso

de autoridade fica sempre absorvido pela tortura. Entretanto, não é esse

o entendimento do STJ que reconhece a possibilidade de concurso entre

abuso de autoridade e tortura. De acordo com alguns doutrinadores, em

alguns casos, o abuso de autoridade é meio de execução da tortura, e

nesse caso, não há dúvida que haverá absorção. Exemplo: Torturar preso

para obter confissão o abuso fica absorvido pela tortura. O mais

importante é vocês saberem que a banca considerou correto!

Gabarito: C.

12) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Acerca dos crimes

de abuso de autoridade e de tortura, julgue os itens

subsequentes.

Pratica o crime de abuso de autoridade o agente que, mesmo não tendo a

intenção ou o ânimo específico de exorbitar do poder que lhe for conferido

legalmente, excede-se nas medidas para cumpri-lo, com o objetivo de

proteger o interesse público.

Comentários:

Como já falei, o crime só é punido na forma dolosa! Não existe

abuso de autoridade culposo. O dolo tem que abranger também a

consciência por parte de quem está cometendo o abuso. Portanto, além

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do dolo é exigida a finalidade específica de abusar, de agir com

arbitrariedade. Desse modo, se a autoridade, na justa intenção de

cumprir seu dever e proteger o interesse público acaba cometendo algum

excesso, o ato é ilegal, mas não há crime de abuso de autoridade

Gabarito: E.

13) (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Criminal - Específicos) Acerca

do direito administrativo e do abuso de autoridade, julgue os itens

a seguir.

Por depender da oitiva de testemunhas para a sua comprovação material,

o ato de submeter alguém sob sua guarda ou custódia a vexame ou a

constrangimento ilegal não pode ser enquadrado como abuso de

autoridade, sujeitando-se o autor apenas às sanções civil e penal.

Comentários:

Como vimos constitui crime de abuso de autoridade:

✓ ordenar ou executar medida privativa da liberdade

individual, sem as formalidades legais ou com abuso de

poder;

✓ submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a

constrangimento não autorizado em lei;

✓ deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a

prisão ou detenção de qualquer pessoa;

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✓ deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou

detenção ilegal que lhe seja comunicada;

✓ levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a

prestar fiança, permitida em lei;

✓ cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial

carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra

despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer

quanto à espécie quer quanto ao seu valor;

✓ recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo

de importância recebida a título de carceragem, custas,

emolumentos ou de qualquer outra despesa;

✓ o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou

jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou

sem competência legal;

✓ prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de

medida de segurança, deixando de expedir em tempo

oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.

Gabarito: E.

14) (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia - Específicos) Com

relação à legislação especial, julgue o item que se segue.

Os crimes de abuso de autoridade serão analisados perante o Juizado

Especial Criminal da circunscrição onde os delitos ocorreram, salvo nos

casos em que tiverem sido praticados por policiais militares.

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Comentários:

Realmente, todos os crimes da Lei nº 4.898/65 passaram a

sujeitar-se ao seu procedimento sumaríssimo , bem como aos demais

institutos previstos nesse diploma legal, conforme decisão do STJ,

entretanto, não há essa ressalva para os militares, estes serão julgados

na justiça comum!

Gabarito: E.

15) (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia - Específicos) Com

relação à legislação especial, julgue o item a seguir.

Em caso de atitude suspeita, deixa o policial civil de praticar o crime de

abuso de autoridade ao invadir domicílio na busca do estado de flagrância

de crime permanente.

Comentários:

Questão mal formulada! A banca não considerou em caso de

suspeita e sim de certeza. Como já tinha falado, no caso flagrante

impróprio, em que autor de crime é preso em perseguição, haverá crime

de abuso de autoridade na conduta dos policiais de ingressar dentro do

domicílio do criminoso? Sim. No caso da prisão em flagrante, leciona

Guilherme de Souza Nucci, “deve o flagrante ser próprio (art. 302, I e II,

CPP), não nos parecendo correto ampliar a possibilidade de invasão para

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as hipóteses de flagrante impróprio ou presumido (art. 302, III –

perseguido logo após; e IV – encontrado logo depois, CPP).

Gabarito: E.

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Gabarito

1-E 2-E 3-E 4-E 5-C

6-C 7-C 8-E 9-E 10-E

11-C 12-E 13-E 14-E 15-E

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