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As relações entre indivíduo e sociedade

(TOMAZI, 2013: p. 27-30)


Positivismo
Concepção positivista:
– Positivismo como concepção teórico-método-
lógica proposta pelo filósofo Auguste Comte
(1798-1857), marcada por:
• imposição de estudo dos fenômenos naturais
e humanos de modo positivo: real em opo-
sição ao quimérico; certo em oposição ao
incerto; preciso em oposição ao impreciso;
• orientação pela lei dos três estados de
evolução do espírito humano:
1- estado fetichista ou teológico: explicação
de fenômenos naturais e humanos a partir
de fatores sobrenaturais (ação dos
deuses);
2- estado metafísico ou filosófico: explicação
de fenômenos naturais e humanos a partir
de noções abstratas;
3- estado positivo ou científico: explicação
de fenômenos naturais e humanos a partir
de dados empíricos, por meio da
observação e do raciocínio, visando à
formulação de leis universais;
• classificação gradual das ciências – das
mais simples e distantes do ser humano
às mais complexas e próximas dele:
Matemática, Astronomia, Física, Química,
Fisiologia (Biologia), Sociologia.
Émile Durkheim, as instituições e o indivíduo
Concepção funcionalista:
– Funcionalismo como concepção teórico-metodo-
lógica proposta pelo sociólogo Émile Durkheim
(1858-1917), baseada na concepção da sociedade
como um grande organismo, formado por institui-
ções que atuariam como órgãos do corpo para os
seres vivos
– Conceito de Sociologia de Durkheim:
→ “ciência da gênese e do funcionamento das
instituições sociais*” (TOMAZI, 2013, p. 29):
família, escola, sistema judiciário, Estado,
religião, mídia.
*instituições: “todas as crenças e todos os modos de conduta instituídos
pela coletividade” (DURKHEIM [1895/1901], 2007, p. XXX)
– Objeto de estudo da Sociologia de Durkheim:
• fatos sociais:
“toda maneira de fazer, fixada ou não, sus-
cetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior [...] que é geral na extensão
de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo,
possui uma existência própria, independen-
te de suas manifestações individuais”
(DURKHEIM [1895/1901], 2007, p. 13)
– Características dos fatos sociais:
•coercitividade: imposição de normas sociais
aos indivíduos;
•exterioridade: existência externa (anterior e
posterior) aos indivíduos;
•generalidade: capacidade de atingir todos os
indivíduos de cada sociedade.
“Um fato social se reconhece pelo poder de coerção
externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os
indivíduos; e a presença desse poder se reconhece,
por sua vez, seja pela existência de alguma sanção
determinada, seja pela resistência que o fato opõe a
toda tentativa individual de fazer-lhe violência.
Contudo, pode-se defini-la também pela difusão
que apresenta no interior do grupo, contanto que,
conforme as observações precedentes, tenha-se o
cuidado de acrescentar como segunda e essencial
característica que ele existe independentemente
das formas individuais que assume ao difundir-se.”
(DURKHEIM [1895/1901], 2007, p. 10)
“Um fato social se reconhece pelo poder de coerção
externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os
indivíduos; e a presença desse poder se reconhece,
por sua vez, seja pela existência de alguma sanção
determinada, seja pela resistência que o fato opõe a
toda tentativa individual de fazer-lhe violência.
Contudo, pode-se defini-la também pela difusão
que apresenta no interior do grupo [generalidade],
contanto que, conforme as observações
precedentes, tenha-se o cuidado de acrescentar
como segunda e essencial característica que ele
existe independentemente das formas individuais
que assume ao difundir-se [exterioridade].”
(DURKHEIM [1895/1901], 2007, p. 10)
“Condicionado e controlado pelas instituições,
cada membro de uma sociedade
deve saber como agir
para não desestabilizar a vida comunitária
[cumprindo sua função institucional];
sabe também que,
se não agir da forma estabelecida,
será repreendido ou punido,
dependendo da falta cometida.”
(TOMAZI, 2013, p. 29)
– Alguns conceitos da sociologia durkheimiana
(funcionalista):
• Socialização: fato social amplo, disseminador
de normas e valores sociais, que asseguram a
coesão da sociedade ao longo do tempo;
• Consciência coletiva: consciência comum a
todo um grupo, representativa da sociedade
e não dos indivíduos, que vive em cada um
deles e assegura a continuidade da coletivi-
dade, por meio da solidificação das institui-
ções sociais.
Consciência coletiva:
“Sistema ideias, sentimentos e hábitos
que se exprimem em nós [...]
o grupo ou os grupos diferentes
de que fazemos parte;
tais são crenças religiosas,
crenças e práticas morais,
tradições nacionais ou profissionais,
opiniões coletivas de toda espécie.
Seu conjunto forma o ser social.”
(DURKHEIM apud QUINTANEIRO, 2009, p. 28)
“conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à
média dos membros de uma mesma sociedade [que]
forma um sistema determinado
que tem vida própria”
e produz “um mundo de sentimentos,
de ideias, de imagens”
[as representações coletivas*]
(DURKHEIM apud QUINTANEIRO, 1995, p. 28)
*representação: conteúdo de um ato do pensamento;
representações coletivas: “como a sociedade vê a si
mesma e ao mundo que a rodeia” (DURKHEIM apud
QUINTANEIRO, 1995, p. 28).
•Anomia: “ausência ou insuficiência de nor-
matização das relações sociais ou (...) falta de
instituições que regulamentem essas rela-
ções” (TOMAZI, 2013, p. 30)
“Durkheim enfatiza a necessidade da coesão
e da integração da sociedade para se manter.
Para ele, o conflito existe
basicamente pela anomia,
isto é, pela ausência ou insuficiência da
normatização das relações sociais,
ou por falta de instituições que regulamentem
essas relações”
(TOMAZI, 2013, p. 30)
Referências bibliográficas:
DURKHEIM, Emile. As regras do método
sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2007.
QUINTANEIRO, Tânia. Émile Durkheim. In:
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de
Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um
toque de clássicos. Belo Horizonte: UFMG, 1995.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino
médio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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