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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ- CAMPUS DE CAMPO MOURÃO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANA CÉLIA GONÇALVES


CARLOS HENRIQUE CANEZIN

ASPECTOS ÉTICOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E


PROFISSIONAL DO CONTADOR: ESTUDO COM CONTADORES
RECÉM-FORMADOS

CAMPO MOURÃO
2013
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ- CAMPUS DE CAMPO MOURÃO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANA CÉLIA GONÇALVES


CARLOS HENRIQUE CANEZIN

ASPECTOS ÉTICOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E


PROFISSIONAL DO CONTADOR: ESTUDO COM CONTADORES
RECÉM-FORMADOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Ciências
Contábeis do Campus de Campo
Mourão da UNESPAR –
Universidade Estadual do Paraná,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Ciências
Contábeis.

Orientador: Mario de Lima


Co-Orientador: Marcelo Marchine

CAMPO MOURÃO
2013
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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos dado forças e graças ao longo dessa
nossa caminhada, e graças a Ele estamos concluindo mais uma etapa em nossos caminhos.
Aos nossos pais pelo apoio, amor, carinho, dedicação e pelos ensinamentos que nos
deram ao longo de nossas vidas, e que sempre nos incentivaram a batalhar pelos nossos
sonhos.
Agradecemos aos nossos amigos, Ivete, Adriano, Suely, e, que sempre nos
incentivaram e apoiaram nessa árdua caminhada.
Agradecemos também, ao nosso Orientador Mario de Lima e ao nosso Co-Orientador
Marcelo Marchine Ferreira que nos apoiaram muito nesse caminho e que sem o conhecimento
deles não teríamos chegado até aqui.
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ASPECTOS ETICOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DO


CONTADOR: ESTUDO COM CONTADORES RECÉM-FORMADOS

RESUMO: Tendo em vista que o profissional contábil se depara constantemente com


situações que envolvem o caráter ético, o problema de pesquisa buscou responder quais as
referências ético-profissionais se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de
contadores recém-formados, tendo como objetivo geral analisar quais são as referências ético-
profissionais que se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de contadores
recém-formados. Os objetivos específicos visaram avaliar como a formação moral de cada
indivíduo, dentre outros aspectos, influenciam na formação profissional dos contadores
recém-formados, bem como identificar o perfil socioeconômico e profissional desses
profissionais e o grau de conhecimento ético dos mesmos, buscamos ainda identificar as
principais situações ético-profissionais vivenciadas pelos contadores. A presente pesquisa é
qualificada como quantitativa, pois buscou levantar através de questionários os dados
necessários para o desenvolvimento da mesma, os resultados serão apresentados mediante
uma análise rigorosa dos dados obtidos nos questionários, expondo os resultados através de
planilhas eletrônicas.
PALAVRAS-CHAVE: Ética profissional. Formação profissional. Ciências Contábeis.

ABSTRACT: Given that the professional accounting constantly faced with situations involving
ethical , the research problem which sought to answer the ethical and professional references were
present in academic and professional accountants graduates , aimed at analyzing which are the ethical
and professional references that were present in academic and professional accountants graduates .
The specific objectives aimed at assessing how the moral education of the individual, among other
things , influence the training of newly qualified accountants as well as to identify the socioeconomic
and professional these professionals and the degree of ethical knowledge thereof, yet we seek to
identify the main ethical and professional situations experienced by accountants . This research is
quantitative as qualified as through questionnaires sought to raise the necessary data for the
development of the same , the results will be presented by a rigorous analysis of the data obtained
from the questionnaires , exposing the results through spreadsheets .
KEYWORDS: Professional ethics. Vocational training. Accounting.
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1 INTRODUÇÃO

Em um regime socioeconômico capitalista, o qual tem como uma de suas principais


características a busca pelo lucro e acumulação de capital, exige que a atuação profissional
seja pautada em valores e princípios adequados, garantindo a credibilidade da profissão.
Com o contabilista não é diferente, pois em sua rotina profissional constantemente lida
com informações importantes para tomada de decisão, o que demanda deste profissional a
utilização de valores éticos.
O presente trabalho teve por objetivo buscar responder o seguinte problema de
pesquisa: Quais as referências ético-profissionais se fizeram presentes na formação acadêmica
e profissional de contadores recém-formados? Teve como objetivo específico analisar quais
são as referências ético-profissionais que se fizeram presentes na formação acadêmica e
profissional de contadores recém-formados, bem como analisar como o ambiente externo,
financeiro e do mercado profissional, influenciam na formação acadêmica e profissional dos
Bacharéis em Ciências Contábeis, foi identificado o perfil socioeconômico profissional de
contadores recém-formados no período de 2011 e 2012, onde se avaliou o grau de
conhecimento ético dos profissionais recém-formados e Identificando as situações ético-
profissionais vivenciadas pelos recém-formados e a maneira com que lidaram com elas.
Nesse contexto é que se insere a presente pesquisa, a qual tratará dos aspectos éticos
na formação acadêmica e profissional do contador especificamente com relação àqueles
recém-formados.
Tendo em vista que o contabilista em sua rotina de trabalho se depara com questões
capazes de colocar à prova seus valores éticos, o problema de pesquisa busca verificar quais
as referências ético profissionais se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional
de contadores recém-formados.
A análise de tal problemática foi o objetivo geral do presente, sendo que os objetivos
específicos visam avaliar como a formação moral de cada indivíduo, dentre outros aspectos,
influenciam na formação profissional dos contadores recém-formados, bem como identificar o
perfil socioeconômico e profissional desses profissionais no período de 2011 a 2012 e o grau
de conhecimento ético dos mesmos. Buscou ainda identificar as principais situações em ético-
profissionais vivenciadas.
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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 Ética e Moral

Apresentar os conceitos de “ética” e “moral” não é uma tarefa simples, tanto é assim
que, não há um consenso entre os autores sobre a conceituação desses dois estatutos. Tal
desacordo é inteiramente justificável, pois há uma ligação muito grande entre o que seja um
comportamento ético e o que seja um comportamento moral e, muitas vezes, sendo difícil de
diferenciá-las.
A palavra Moral vem do latim “mores”, podendo ser definida também como um
conjunto de regras e costumes que regulam o comportamento do homem em sociedade, regras
estas que são adquiridas pelo cotidiano e com a educação recebida, variando de cultura para
cultura. A moral sempre existiu, já que o homem sempre possuiu a capacidade de distinguir o
certo do moralmente errado, mais foi com Aristóteles que surgiu os primeiros conceitos e
estudos sobre moral. Segundo Aristóteles:

[...] a moral é uma arte, e como toda arte deve preencher certos requisitos. A
primeira é determinar que a moral trate das ações humanas. A segunda é que
ela trate de determinadas ações voluntárias, mais especificamente as que
partem da escolha (ARISTÓTELES, 2009, p. 25).

Nesse sentido Pereira menciona que:

Moral é tudo aquilo (ato, comportamento, fato, acontecimento) que realiza o


homem, que o enraíza em si mesmo e, por ele e para ele, ganha sentido
humano. Na rabeira desta definição a recíproca também é verdadeira: Imoral
é tudo aquilo que desenraiza o homem. Vale dizer, tudo aquilo que o
desenraiza, o desencrava de si mesmo, no marco de sua liberdade
responsável (PEREIRA, 1998, p. 11).

Por sua vez, o termo Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, podendo
ser definida como um conjunto de normas que direcionam o individuo para o que é essencial
na relação entre o ser humano e a sociedade, resumidamente, é a forma que o individuo deve
se comportar em sociedade. Assim, pode-se dizer que a ética seria o estudo cientifico da
moral.
Valls ,1994, ao falar de Ética, diz que:

Tradicionalmente ela é entendida como um estudo ou uma reflexão,


científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou
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sobre as ações humanas. Mas também chamamos a ética de própria vida,


quando conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode ser o
estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo
de comportamento (VALLS, 1994, p. 7).

O termo ético assume significados diferentes de acordo com o contexto em que está
inserido e de acordo com os indivíduos envolvidos. De forma simplificada, ética pode ser
tratada como o ramo da filosofia que estuda os códigos e valores morais aos quais os
indivíduos de determinadas sociedades estão inseridos.
Diante de tais afirmações, pode-se dizer que a Ética é totalmente teórica e científica,
enquanto a moral é a parte pratica do comportamento humano, uma completando a outra.

2.2 Ética Profissional

Lisboa (1997, p. 58), afirma que a ética profissional, compreende o estudo dos
conceitos básicos do direito e do dever.
Sendo assim, a ética profissional, é a ação que procura evitar que os atos particulares
de cada profissional afete o ganho ou o sucesso coletivo de organizações, além de cultivar
virtudes profissionais como o sigilo, a lealdade, imparcialidade e a responsabilidade.
Segundo Handel (2000, p. 67), a ética profissional é baseada em:

a) responsabilidade – responder a seus deveres com respeito a si mesmo e aos


outros, no uso da liberdade;
b) igualdade – considerar que as pessoas são iguais em direito e dignidade;
c) verdade – agir de acordo com a natureza daquilo que se conhece sem deturpar
pela mentira, injúria, calúnia, hipocrisia;
d) justiça – considerando-se direito e deveres;
e) solidariedade – obedecendo ao princípio da interdependência entre os
membros de um grupo, realizando intercambio de compreensão e apoio.

Para Arruda (2003, p. 114) a ética profissional não é apenas uma questão de
conveniência, é uma qualidade indispensável para a sobrevivência da sociedade. A falta dos
valores éticos é o pior dos males que podem afligir a sociedade ou organização, reduzindo a
confiança e a credibilidade, tornando insustentável o convívio social e profissional.
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2.3 Conceito e objetivo do Código de Ética Profissional

O Código de Ética Profissional pode ser definido como o conjunto de informações que
distinguem a conduta das pessoas dentro de um grupo social. Dentre essas informações,
podemos destacar os deveres legais normativos e positivos e as regras de boa conduta na
abordagem com as pessoas.

Para Lisboa (1997, p. 58):

Um código de Ética pode ser entendido como uma relação das práticas de
comportamento que se espera sejam observadas no exercício da
profissão. As normas do código de ética visam o bem estar da sociedade,
de forma assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e
fora da instituição.

Já para Sá (2001, p. 134) “um conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas
ideais éticas, sendo uma aplicação da ciência que se consubstancia em uma peça magna, como
se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais”.
Assim, pode-se dizer que o código de ética profissional é um instrumento regulador com
princípios e praticas de comportamento, permitidas e proibidas no exercício da profissão
(LISBOA, 1997, p. 62), com a finalidade de construir ideais éticos de comportamento de um
indivíduo perante seu grupo ou classe social. O Código de Ética Profissional tem por
finalidade a redução de práticas antiéticas dentro de empresas, a formação da consciência
profissional sobre os padrões moral e profissional, indicando princípios e regras éticas que
surgem na prática da profissão, e, incentivar a pratica da decência e o sentido de justiça dos
membros de grupos organizados, tentando mostrar as contribuições que tais práticas podem
trazer pra a sociedade.
Referente ao assunto Sá (2001, p. 134) afirma que:

Os benefícios que os profissionais propiciam, cumprindo as


responsabilidades de seus trabalhos, passam a dar-lhes notoriedade,
ampliando o grau de satisfação em relação a eles e quase criando uma
obrigação de retribuição moral por parte dos beneficiários. Esta a razão
pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com
relativa facilidade.

Desta forma, o Código de Ética Profissional tenta eliminar, de forma abrangente, os


conflitos de uma categoria profissional. Entretanto, nenhum código consegue abranger todos
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os conflitos que aparecem no exercício de determinada profissão, por isso, ele deve ser
complementado com opiniões dos órgãos competentes que regem as profissões.

2.4 Ética e contabilidade

A contabilidade é uma das ciências mais antigas da humanidade, tendo o relato da sua
existência desde os primórdios da civilização. Segundo Lopes de Sá (2001, p. 130) “há provas
de exercício profissional da contabilidade na civilização sumério-babilônica, há mais de 6.000
anos. Os registros contábeis datam de mais de 20.000 anos, encontrados no Paleolítico
Superior”.
A contabilidade vem se destacando devido a sua importância dentro das organizações
na conservação de seus patrimônios e pela capacidade de desenvolver demonstrações
contábeis claras e objetivas que auxiliam as tomadas de decisões. (SÁ, 2001, p. 131).
A ética tem sido uma das grandes responsáveis por essa crescente valorização da
contabilidade no mercado atual, pois, o profissional contábil vem construindo essa
valorização por meio de suas atitudes éticas e valores. Nesse sentido, Fortes (2009, p. 78)
menciona que:

A profissão contábil é uma das mais expressivas dentre as profissões


legalmente regulamentadas no Brasil, especialmente por ser uma das
mais numerosas. Além do Conselho Federal de Contabilidade sediado em
Brasília, em todos os Estados da federação e no Distrito Federal existe
um Conselho Regional de Contabilidade, além de outras entidades
contábeis, tais como sindicatos e outras associações de contabilistas.
Sendo uma profissão extremamente atuante e presente em todos os
segmentos da economia, passando pelas empresas privadas, públicas e
demais entidades, é natural que haja disputa entre os profissionais,
notadamente junto às entidades contábeis.
Sendo assim, a contabilidade, deve ser exercida com clareza, objetividade e
imparcialidade, trazendo ainda mais confiança para a sociedade em geral.

2.5 Ética e o profissional contábil

O contador, assim como em outras profissões, enfrenta diariamente situações que


ponham a prova seus valores morais. Muitas vezes, necessitando de muita paciência e
persistência para não vir a cometer erros que possa denegrir a sua imagem profissional.
Segundo Handel (1994, p. 20):
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Não é possível nem permissível a um profissional ter todos os


conhecimentos técnicos para exercer com maestria a profissão contábil,
se este mesmo profissional não desenvolver suas atividades baseado,
num comportamento ético em relação aos demais colegas e a terceiros
interessados.

Não e uma tarefa fácil para o contador ser um profissional eticamente correto nos dias
de hoje. Um dos fatores que contribui para isso é a relação direta entre o profissional e os seus
clientes, pois muitas vezes os contadores são pressionados por estes para adequação de
resultados que os valorizem, sendo que tal atitude está em desacordo com os princípios éticos
contábeis. A profissão contábil tem um papel de grande importância para a sociedade, tendo
em vista que ela passou a ser uma das mais requeridas, pois todas as empresas e instituições
necessitam dos seus serviços. Desse modo o contador passa a ser chamado constantemente
para opinar sobre decisões importantes que trazem grandes mudanças no patrimônio das
entidades.
Franco (1991, p. 273) menciona que:

Uma das marcas distintivas da profissão contábil é a sua responsabilidade


para com o público. É salutar lembrar que os contadores são mais
notados por serem honestos do que por serem confiáveis. Como
contadores, precisamos reconhecer que nosso comportamento ético é
envolvido não apenas pelo que vemos como ético, mas pelo que é visto
por terceiros que nos observam.

A profissão, assim considerada como a prática habitual de um trabalho, “oferece uma


relação entre a necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica
par ao sucesso de todas as partes envolvidas” (SÁ, 2001, p. 137).
Nesse sentido, Lopes de Sá (2001, p. 138) menciona que:

Um empresário que precisa estar informado e orientado sobre seus


negócios, em face do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um
profissional especializado em contabilidade. Em reciprocidade, o
diplomado em contabilidade necessita do trabalho e da oportunidade que
o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações diretas entre quem
presta o serviço e o que deste se beneficia.

Deste modo, sendo a contabilidade uma ciência social, que tem fundamental
importância para subsidiar a tomada de decisão, é necessário que tanto os gestores quanto os
contadores tenham em mente que a utilização da informação contábil deve ser realizada de
modo correto, sempre com base em documentos comprobatórios, sendo reprovável qualquer
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espécie de fraude voltada à satisfação dos interesses do empresário, sob pena de corromper a
honra da classe contábil.

Conforme Sá, (2001, p. 130):

A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas


células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações
baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o
cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada
de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica
da vida da riqueza.

O profissional contábil deve atuar de modo que valorize sua classe profissional,
entendendo e dando aplicabilidade aos princípios éticos, não apenas como uma obrigação,
mais sim, como um instrumento de vital importância na administração e evidenciação dos
recursos das entidades.

2.6 Código de ética profissional do contador

Por meio do Decreto Lei n.º 9.295, de 27 de maio, de 1946, foram criados os
Conselhos Federal e Regional de Contabilidade. No entanto, neste período não houve a
criação do Código de Ética Profissional do Contabilista, deixando margens para
irregularidades de comportamento de alguns profissionais (BRASIL. Lei n.º 9.295/46).
Em 1970, através da Resolução Conselho Federal de Contabilidade (CFC) 290/70,
surgiu o primeiro Código de Ética do Profissional Contabilista, o qual determina que a ética é
a base fundamental no desempenho profissional do contabilista (BRASIL. Resolução CFC
n.º803/1996).
Revisões foram realizadas no referido Código em dezembro de 2010, as quais constam
na resolução n.°1.307 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e são determinadas, em
grande maioria pela Lei 12.249/2010, que ampliou as responsabilidades da classe contábil.
Conforme diz o Presidente do CFC, Juarez Domingues Carneiro, "estamos vivendo um novo
momento da profissão contábil. Essas são adequações importantes na medida em que vão ao
encontro de antigos anseios da classe. Entendemos que, com esses novos dispositivos, nossa
profissão se fortalecerá ainda mais na sociedade." Apesar de no novo nome do CEPC constar
apenas o termo contador, as disposições do texto da Resolução são aplicadas também, e da
mesma forma, aos técnicos em contabilidade.
Conforme Fortes (2001, p. 50):
11

A exemplo das demais profissões legalmente regulamentadas e


objetivando normatizar a conduta profissional, social e moral dos seus
membros, a profissão contábil possui também o seu Código de Ética
Profissional do Contabilista – CEPC, que é um conjunto de normas de
conduta a serem observadas pelos contabilistas nas relações profissionais
com seus clientes e colegas de profissão, sempre vinculando o aspecto do
bem, da moral e da justiça.

No mencionado código estão citados os objetivos, deveres e obrigações, valor dos


serviços profissionais, dos deveres em relação dos colegas e classe e das penalidades.
Segundo Fortes (2002, p.102):

Os contabilistas, como classe profissional, caracterizam-se pela natureza


e homogeneidade do trabalho executado, pelo tipo e característica do
conhecimento, habilidade técnicas e habilitação legal exigidos para o seu
exercício da atividade contábil. Portanto, os profissionais da
contabilidade representam um grupo especifico com especialização no
conhecimento da sua área, sendo uma força viva na sociedade, vinculada
a uma grande responsabilidade econômica e social, sobretudo na
mensuração, controle e gestão do patrimônio das pessoas e entidades.
O objetivo do código de ética do contador é capacitar o profissional a adotar uma
atitude pessoal, de acordo com os princípios éticos exigidos pela sociedade. Ele possibilita
ainda que a profissão contábil apresente os seus objetivos perante a sociedade.

Fortes (2002, p. 117) menciona que:

O Código de ética profissional do Contabilista, como fonte orientadora


da conduta dos profissionais da classe contábil brasileira, tem por
objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os profissionais da
contabilidade, sobretudo no exercício das suas atividades e prerrogativas
profissionais estabelecidas na legislação vigente.

Nos dias atuais o contador passa por situações distintas e provocadoras, que colocam à
prova os seus valores éticos, exigindo dele uma sólida formação moral.
Para Lisboa, (1997, p. 61):
Além de servir como guia à ação moral, o código de ética profissional
possibilita que a profissão de contador declare seu propósito de:
a) Cumprir as regras da sociedade;
b) Servir com lealdade e diligência;

O Código de Ética do profissional Contabilista é formado por quatorze artigos em


cinco capítulos divididos, respectivamente, na seguinte forma: objetivos; deveres e
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proibições; valores dos serviços profissionais; deveres em relação aos colegas e à classe; as
penalidades e das disposições gerais.

2.7 Importância da ética na formação acadêmica e profissional do contador

A globalização e a internacionalização dos mercados provocaram grandes mudanças


no cenário em que a contabilidade é atuante, o mercado esta sendo exigindo cada vez mais a
transparência das demonstrações contábeis.
Segundo Lopes de Sá (2000, p. 130):

A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas


células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações
baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o
cumprimento de deveres „sociais, legais, econômicos, tão como a tomada
de decisão administrativa, além de servir de instrumentação histórica da
vida da riqueza.

Nos dias atuais, a informação é uma das fontes mais valiosas de produção de riquezas
e o contabilista, que é responsável por levantar, estudar e analisar tais informações, tendo
assim, por uma conduta responsável, confiável e ética perante a sociedade.
O profissional formado em ciências contábeis deve ser capaz de auxiliar as
organizações na tomada de decisões competentes na administração dos recursos financeiros e
econômicos.
Assim, importância de uma formação ética solida torna-se necessária durante a vida
acadêmica desses profissionais, tendo em vista o tamanho da sua responsabilidade no
crescimento e desenvolvimento econômico de tais instituições.
Embora os valores éticos não possam ser ensinados, pois como já foi dito, tais valores
são adquiridos no cotidiano de cada individuo, é preciso que fique claro o que é correto e o
que não é, sendo de essencial importância aos futuros contadores, à importância da conduta
ética no exercício da vida profissional. As instituições de ensino têm um importante papel
nesse processo, pois são nelas que os futuros profissionais se adaptarão para as exigências do
mercado.
Deste modo, cada vez mais o contador deve buscar a atualização constante, pois o
conhecimento ainda é uma das melhores maneiras de se praticar os valores éticos que é objeto
de demanda cada vez maior pelo mercado, o qual, a cada dia, torna-se mais exigente,
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abrangendo somente o profissional melhor qualificado, capaz de registrar com clareza e


corretamente as demonstrações contábeis que auxiliam as tomada de decisões.
Para Marion (2003, pp.33-34),

O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do


contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. Deve saber
comunicar-se com as outras áreas da empresa. Para tanto, não pode ficar
com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador
deve também ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que
acontece ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no seu país e
no mundo. Deve ter um comportamento ético-profissional
inquestionável, participar de eventos destinados à sua permanente
atualização profissional e estar consciente de sua responsabilidade social
e profissional.

Contudo, o fato de se frequentar uma instituição de ensino, não garantem que o


contador tenha adquirido conhecimento suficiente para a realização profissional. Para Marion
(1999, p. 14):
As instituições de ensino superior representam o local adequado para a
construção de conhecimento para a formação da competência humana. É
preciso inovar, criar, criticar para atingir esta competência. Entretanto,
estas instituições são, de maneira geral, apenas fios que levam a energia
gerada. Elas se propõem, simplesmente, a transmitir o conhecimento
através de mera cópia daquilo que já existe.

Diante desta situação, pode-se dizer que as opções de mercado do profissional contábil
é muito abrangente, sendo ele uma figura indispensável para qualquer empresa, mas o seu
sucesso como profissional, só vira, diante da sua conscientização da sua responsabilidade
ética perante a sociedade.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa é caracterizada como um estudo descritivo, do tipo levantamento ou


survey, com análise quantitativa dos dados.
Silva (2006, p. 28) diz que:

A abordagem quantitativa dos métodos de investigação é bem utilizada


no desenvolvimento de investigações descritivas, pois as mesmas
procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis [...]. O termo
quantitativo significa quantificar opiniões, dados, na forma de coleta de
informações.
14

O método quantitativo é muito empregado no desenvolvimento de


pesquisas de âmbito social, econômico, comunicação, de opinião, de
administração, representando em linhas gerais, garantias de precisão
dos resultados [...].

A pesquisa é qualificada como quantitativa, pois os dados foram coletados por meio de
questionário, cujas questões basearam-se no Código de Ética Profissional do Contador e
Princípios Contábeis, onde possuiu 23 (vinte três) questões, que foram aplicadas via Google
docs., por e-mail pelos pesquisadores. O estudo foi realizado com uma amostra de
profissionais formados em 2011 e 2012, do curso de Ciências Contábeis da Universidade
Estadual do Paraná (UNESPAR-FECILCAM) e da Universidade Estadual de Maringá
(UEM), com o intuído de identificar qual a percepção dos formandos sobre ética profissional.
Para a análise dos dados, foi utilizando a abordagem quantitativa na tabulação dos
resultados, com o auxilio do sistema Excel.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Para análise dos dados foi aplicado um questionário aos contadores formados em 2011
e 2012 da UNESPAR (FECILCAM) e UEM (Universidade Estadual do Paraná), do qual
obtivemos respostas de 33 (trinta e três) profissionais, que tiveram a disciplina de ética e
legislação profissional ofertada na última fase do curso no curso de Ciências Contábeis, sendo
que 27% concluíram em 2011 e 73% concluíram em 2012. Sendo que 82% dos entrevistados,
concluíram seus estudos na UNESPAR e 18% na UEM. Pode-se observar os resultados no
gráfico 1:

Periodo de Formação
73%

27%

2011 2012

Gráfico 1: Período de Formação – Fonte: Dados da Pesquisa


15

Buscou identificar o perfil dos alunos Profissionais formados entre 2011 e 2012, onde
se obteve os seguintes resultados.

Faixa Etária dos


Entrevistados
Entre 22 e 25 anos 55%
Entre 26 e 30 anos 30%
Entre 31 e 36 anos 15%

Quadro 1 - Fonte: Dados da pesquisa

Entre os entrevistados, apenas 52% (cinquenta e dois por cento) tiveram alguma experiência
profissional ligada à contabilidade durante a graduação. 48% (cinquenta e quatro por cento)
não tiveram experiência alguma durante a graduação. Resultados representados graficamente
da seguinte forma:

Experiência Profissional

Não 48%

Sim 52%

Gráfico 2: Experiência Profissional- Fonte: Dados da Pesquisa


16

Quando questionados se atualmente trabalham com contabilidade, 58% (cinquenta e


oito por cento) afirmaram que sim e 42% (quarenta e dois por cento) não atuam na área
contábil, sendo que 21% (vinte e um por cento) trabalham em escritórios de contabilidade,
30% (trinta por cento) trabalham em departamento contábil de empresa privada, e 48%
(quarenta e oito por cento) trabalham em outro tipo de organização.

Atuação profissional contábil dos participantes

Organização que atuam


profissionalmente %
Empregados de escritório de contabilidade 58%
Departamento Contábil de Empresa Privada 21%
Outros 21%
Tabela 1 - Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados onde tiveram conhecimento do Código de Ética Profissional do


Contador 89% (oitenta e nove por cento) responderam que durante a graduação e 11% (onze
por cento) na vida profissional. Os resultados podem ser observados através do gráfico 3:

Conhecimento do CEPC
100%
90%
80% 89%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 11%
0%
VIDA PROFISSIONAL INSTITUIÇÃO DE ENSINO

Gráfico 3: Conhecimento do CEPC- Fonte: Dados da Pesquisa


17

Verificou-se que 79% (setenta e nove por cento) dos entrevistados acreditam que o
código de ética do profissional contador é capaz de dar as necessárias orientações em termos
de conduta moral e comportamental para os desafios da vida profissional; 12% (doze por
cento) não souberam responder; 9% (nove por cento) não concordam. Com relação ao nível
de clareza e objetividade do texto do Código de Ética Profissional do Contador - CEPC -
permite adequado nível de compreensão de seu conteúdo por parte dos profissionais; 67%
(sessenta e sete por cento) afirmaram achar o CEPC suficiente, enquanto 18% (dezoito por
cento) não souberam dizer, apenas 15% (quinze por cento) acham o CEPC insuficiente e não
objetivo. Os resultados podem ser representados graficamente da seguinte forma:

Nivel de Clareza do CEPC

67%

18% 15%

Concordam Não souberam responderNão acham o CEPC claro e objetivo

Gráfico 4: Nível de clareza do CEPC- Fonte: Dados da pesquisa.

Quando questionados se já presenciaram em sua vida profissional situações que contrariam a conduta
moral especificada no CEPC 52% (cinquenta e dois por cento) disseram que sim e 48% (quarenta e
oito por cento) não presenciaram.

Inúmeras foram às situações antiéticas vivenciadas, quais sejam: ocultar a real situação
financeira das empresas; concorrência desleal; reduzir o valor dos honorários almejando o
aumento da clientela; difamar colegas de profissão; fraude de licitações; prazo de pagamento
acordado para receber pedido com mais agilidade.
Indagados se acreditam se há influência na conduta ética dos contadores na busca de
mais clientes, 87% (oitenta e sete por cento) dos entrevistados disseram que sim, 6% (seis por
cento) disseram que não e 6% (seis por cento) não souberam responder.
Constatou-se que 52% (cinquenta e dois por cento) afirmaram que em algumas
ocasiões, as empresas, de certo modo influenciam os contadores à prática de atos que estão
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em desacordo com os princípios éticos contábeis; 29% (vinte e nove por cento) disseram que
isso ocorre frequentemente; 9% (nove por cento) responderam que não ocorre esse tipo de
situação e 13% (treze por cento) não souberam responder.
Quanto à influência da origem socioeconômica na formação e conduta ética, 28%
(vinte e oito por cento) das pessoas disseram que há influência, 56% (cinquenta e seis por
cento) que não há influência; 6% (seis por cento) afirmaram que inexiste relação entre elas e
9% (nove por cento) não souberam opinar.

4.1 PERCEPÇÕES DOS CONTADORES SOBRE ÉTICA PROFISSIONAL

Fazer uma análise da percepção sobre ética profissional contábil dos contadores
pesquisados, não é uma tarefa fácil, visto que cada indivíduo tem seus próprios princípios e
valores éticos. Tendo como, obtendo respostas de 33 contadores, observamos que 97% dos
pesquisados acreditam que a ética é um meio fundamental para auxiliar os mesmos no dia a
dia da profissão, apesar de que 41% dos entrevistados não acreditam que o ensino de ética
durante a graduação seja suficiente para orientá-los no exercício profissão. A conduta ética se
tornou de vital importância para a sobrevivência dos Contadores no mercado de trabalho, pois
a conduta Ética vem sendo muito cobrada na sociedade, o que a tornou ferramenta
indispensável no exercício da profissão.
Questionados se o CEPC é suficiente para norteá-los diante das situações enfrentadas
diariamente, nas quais muitas vezes o contador se obriga que buscar apoio no citado código,
92%( noventa e dois por cento) acreditam que o CEPC é mais que suficiente para orientá-los
em sua rotina de trabalho, contra 8% (oito por cento) que discordam que o CPEC pode
orientar de forma clara os contadores.
Além disso, 82% da amostragem acredita que a competitividade de mercado influencia
na conduta ética dos contadores, tendo em vista o grande crescimento do mercado e a busca
dos profissionais por clientes..
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5 CONCLUSÕES
O objetivo desse estudo foi identificar quais foram as referencias ético profissionais que se
fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de contadores recém formados da
Unespar/Fecilcam e UEM do período de 2011 e 2012.
Com a analise dos dados foi possível responder a grande maioria dos nossos objetivos.
Tais como: o perfil sócio econômico da amostragem as situações ético-profissionais por eles
vivenciadas.
Com este trabalho, podemos chegar à conclusão, de que a ética, basicamente é
definida como as normas ou conduta humana do que é certo ou errado, no comportamento de
cada individuo dentro da sociedade. Devendo levar em consideração, que valores e
comportamentos éticos assumem significados diferentes para cada individuo e sociedade, pois
a conduta ética assume significados diferentes de acordo com o contexto em que as pessoas
estão envolvidas e de acordo com a sociedade em que elas estão inseridas, visto que tais
comportamentos éticos e valores, está muito ligado com a religião e com a educação que cada
individuo recebe no decorrer de suas vida.
Por meio de uma análise das respostas dos 33 contadores recém-formados da
UNESPAR e UEM que responderam ao questionário, pode-se perceber que grande maioria,
89% (oitenta e nove por cento) teve conhecimento do Código de Ética Profissional Contábil já
durante a graduação, de certo modo pode-se chegar à conclusão que tais profissionais chegam
ao mercado de trabalho, com uma orientação e percepção da conduta ética adequada para cada
situação que irão enfrentar no decorrer de suas carreiras profissionais.
Tendo como objeto de apoio, o CEPC, que de acordo com as respostas recebidas, é
claro e mais que suficiente para auxiliar o Profissional Contábil.
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REFERÊNCIAS
ARRUDA, Maria Cecilia de. Fundamentos da Ética Empresarial e Econômica. São Paulo.
Atlas, 2001.

BRASIL. Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de


Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del9295.htm>. Acesso em 12/08/2013

CONTABILIDADE, CONSELHO FEDERAL DE.http://www.crc.org.br/crcrj/crc.asp


<http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codetica.htm>. Acesso em 05/08/2013

SÁ, Antônio Lopes. Ética Profissional. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade.


São Paulo: Atlas. 2° edição, 2006.

FORTES. José Carlos. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza:


Fortes, 2002

HANDEL, C.C. Ética e o Exercício Profissional. Porto Alegre: 2° ed., 2000.

LISBOA, Lázaro Plácido. Ética geral e Profissional em Contabilidade. 2º Edição, Editora


Atlas, São Paulo, 2006.

MARION, José Carlos. O ensino da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1996.

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