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o órgão do Ministério Público nesta ins- 7. Interior:
tânda opina pela manutenção do julgamento
( ... )
de primeiro grau.
c) de porto - a realizada dentro das
n o relatório. áreas portuárias nacionais, baías, enseadas,
angras, canais, rios e lagoas em atendimento
VOTO
às atividades específicas do porto.'
o Sr. Ministro Américo Luz (Relator): Com base na anterior regulação, a própria
A fundamentação sentencial reporta-se ao Sunamam, atenta à distinção conceitual alu-
art. 11 do Regulamento do Tráfego Marí- dida, editou a Resolução n Q 4.383, de 28 de
timo, baixado pelo Decreto nQ 87.648/82, novembro de 1973, acostada, à fls. 83, ob-
no que conceme aos serviços de navegação, jetivando normatizar o conceito de navega-
que não se confundem com os serviços por- ção:
tuários, estes regidos pelos arts. 13 e segs.
do Decreto nQ 24.508/34. '( ... )
'( ... )
Via de conseqüência, considerando que
não houve inovação conceitual do signifi-
de porto - a realizada dentro da área por- cado de navegação interior de porto, vê-se
tuária nos portos, baías, enseadas, angras, que a resolução citada da Sunamam conti-
canais, rios e lagoas em atendimento às ati-
nua em vigor, por isso que, sendo esta ato
vidades específicas do porto e em trechos
administrativo normativo, obriga os admi-
nunca excedentes aos limites dos portos ma-
nistrados, dentre eles a impetrante, mas vin-
rítimos e interiores;
cula, também, o administrador, na hipótese,
( ... ) a autoridade impetrada. Ora, em assim sen-
Com a superveniência do Decreto nQ do, não há como validar a autuação, visto
87.648/82, aquele diploma legal foi revo- como à Sunamam falece competência legal
gado, sendo que o conceito de navegação para regular as atividades de atracação e
interior de porto não sofreu alterações, sal- desatracação de navios, no interior do porto.
vo quanto à expressão lingüística empregada, Sua competência legal está fixada no art. 6Q,
para veiculação da mens legis: inc. V, do Decreto nQ 88.420/83, que, ex-
cluindo os serviços portuários, dá-lhe pode-
'Art. 18. A navegação mercante brasi- res tão-só, para 'outorgar autorização para
leira, . para efeito deste regulamento, é clas-
o funcionamento das empresas nacionais de
sificada de:
navegação interior, de cabotagem e de longo
( ... ) curso'.
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De resto, data venia, inteiramente irrele- dos seus registros contábeis, coletar e divul-
vante afigura-se-me o fato de, na Resolução gar os elementos estatísticos da sua opera-
n9 6.412/80, fls. 46, não constar autoriza- ção.'
ção para que a impetrante preste serviços
E no intuito de regular ou esclarecer o
de reboque, atracação e desatracação de
que seja navegação de interior, cabotagem
navios. Além da outorga de dita autoriza-
e longo curso, baixou ela (Sunamam) a Re-
ção não fazer parte dos parâmetros legais
solução n 9 4.383, de 28.11.73 (vide fls. 83),
da competência da Sunamam, conforme re-
na qual exclui da extensão do Decreto n9
troespecificado, os serviços em questão po-
67.992/70, 'a navegação realizada para em-
dem ser realizados, livremente (art. 20, barcação em operação de apoio portuário e
caput, do Decreto n9 24.508/34), carecen- de apoio às construções portuárias.'
do, tão-somente, do registro das embarca-
ções no Tribunal Marítimo e da inscrição e o caso dos autos. A atividade praticada
na Capitania dos Portos, o que, na hipótese, pela recorrida, e que teria sido ilegal, não
restou atendido, como se constata de fls. pode ser, pois, apurada pela Sunamam, mas
41-4 e 47-63. Daí resulta a ineficácia jurídi- sim pela Capitania dos Portos, ex-vi do
ca da autuação constante de fls. 35, por art. 314, do 'Regulamento para o Tráfego
vício de competência, até mesmo porque a Marítimo', Decreto n9 87.648, de 24 de
'entidade da administração federal compe- setembro de 1982.
tente', na hipótese, não é a Sunamam, mas Aliás, a redação do art. 314, citado, que
a Capitania dos Portos (arts. 314-15, do tomamos a liberdade de transcrever, espanca
Regulamento do Tráfego Marítimo, baixado dúvidas:
pelo Decreto n9 87.648/82)."
'Art. 314. Pode ser efetuado o reboque
Considero relevante o que assevera o Dr. de uma ou mais embarcações, a juízo da
Wagner Gonçalves, digno Procurador da Re- Capitania dos Portos ou órgãos subordina-
pública, ao opinar sobre o caso sub examine, dos, levando em consideração as condições
em parecer aprovado pelo eminente Sub- das embarcações rebocadas e a segurança
procurador-Geral, Dr. José Arnaldo da Fon- dos balizamentos dos portos, rios ou ca-
seca, e que ora transcrevo (fls. 120-21): nais ( ... ).'
"A extinta Sunamam (Decreto-Iei n9 Compete conseqüentemente à Capitania
2.055, de 17 de agosto de 1983), órgão que dos Portos fiscalizar reboque e atracação
coordenava, controlava e fiscalizava o trans- de navios, e, pelas irregularidades, aplicar a
porte da marinha mercante, não tinha com- penalidade cabível."
petência para aplicar multas quando se tra-
Por compreender a espécie segundo o ra-
tasse de fatos irregulares cometidos por re-
ciocínio acima explicitado, reputo incensu-
bocadores, quando da atracação ou desatra-
rável em sua conclusão a sentença remetida,
cação de navios nos portos, como no caso.
a qual confirmo.
Quando a competência da Sunamam era
Nego provimento à apelação.
determinada pelo Decreto n9 67.992, de 30
de dezembro de 1970, assim estava expli- EXTRATO DA ATA
citada sua atuação na área e interesse da
navegação nacional.
AMS n9 103. 582-RJ (Reg. 5432723) -
'a) conceder e cancelar autorização para Relator: Sr. Ministro Américo Luz. Remte.:
o funcionamento de empresas nacionais de Juízo Federal da 3. Vara-RJ. Apte.: União
navegação interior, de cabotagem e longo Federal. Apdo.: Transportes Marítimos Ju-
curso, organizar o seu cadastro físico e fi- lião Ltda. Advs .: Dr. Mario Caldeira de
nanceiro, fixar normas para a padronização Andrada e outro.
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Decisão: a Turma, por unanimidade, con- Participaram do julgamento os Srs. Mi-
firmou a sentença remetida e negou provi- nistros Eduardo Ribeiro e Jarbas Nobre .
mento à apelação (Em 25.9.85 - Sexta Presidiu a sessão o Exmo. Sr. Ministro
Turma). Jarbas Nobre.
ACÓRDÃO RELATÓRIO
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