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TRANSGÊNEROS E AS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS: OS DIREITOS DE

UM PESSOA TRANSGÊNERA NO MERCADO DE TRABALHO

Taisa Marques
Orientador

RESUMO: [escrevendo]

Palavras-chave: Transgênero; Diversidade; Mercado de trabalho

1. INTRODUÇÃO

O interesse surgiu de uma vivência profissional no Museu do Amanhã, com o


Programa de Diversidade do Instituto de Desenvolvimento e Gestão- IDG, em parceria com a
secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) em conjunto com
a Coordenadoria Especial Da Diversidade Sexual (CEDS Rio) por meio do projeto social
"Trans+Respeito". Este projeto tem o intuito, a reinserção de profissionais - homens trans,
mulheres trans e travestis - para o mercado de trabalho. A CEDS Rio realizou contratações de
pessoas com o intuito de promover a convivência, respeito e contribuir na construção de uma
nova cultura organizacional dentro do Instituto.
O objetivo desta pesquisa é encontrar falhas e/ou soluções na inserção de pessoas
transgêneras no mercado de trabalho. Analisando as mudanças que são necessárias nas
culturas das empresas. Além disso, perceber como as estruturas governamentais ( MTE ,
INSS , BANCOS GOVERNAMENTAIS) ainda não se reestruturaram para contribuir na
inserção desse grupo de pessoas no mercado de trabalho por falta de legislações específicas
que amplificam o direito à identidade social junto a essas entidades.
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, em que foram coletados dados de
uma pequena amostragem que participou do projeto citado anteriormente e que foram
contratados pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão.
Esse tema é relevante por aprofundar estudos da área de Recursos Humanos em
termos burocráticos para inserção da pessoa transgênera no mercado de trabalho, tema ainda
desconhecido por algumas empresas e por outras, ainda embrionários os projetos de
diversidade.
2. CONCEITOS E TERMINOLOGIAS QUE DETERMINAM

Quando se trata de terminologias e conceitos que contextualizam a sexualidade de um


sujeito, entende-se que há uma complexa trama que exige um aprofundamento. Sabendo-se
disso, este capítulo se inclinará para a contextualização de identidade de gênero, orientação
sexual, sexo biológico e papel de gênero.
O primeiro ponto a ser esmiuçado é a diferença entre sexo e gênero. O sexo consiste
no que foi biologicamente apresentado ou identificado. Já o gênero é culturalmente
construído, por isso “a distinção entre sexo e gênero atende à tese de que, por mais que o sexo
pareça intratável em termos biológicos, o gênero é culturalmente construído.” (BUTLER,
2003, p.24). Desta forma, entende-se que sexo e gênero carregam significados e
representações distintas. O sexo, assumido como macho e fêmea é representado por genitálias
diferenciadas e o gênero, masculino e feminino é representado culturalmente, tendo
características próprias de cada cultura.

Para a ciência biológica, o que determina o sexo de uma pessoa é o


tamanho das suas células reprodutivas (pequenas: espermatozóides,
logo, macho; grandes: óvulos, logo, fêmea), e só. Biologicamente,
isso não define o comportamento masculino ou feminino das pessoas:
o que faz isso é a cultura, a qual define alguém como masculino ou
feminino, e isso muda de acordo com a cultura de que falamos.
(JESUS, 2012, p. 8).

O que se pretende abordar neste capítulo é a complexa estrutura construída para


aspectos masculinos e femininos que foram direcionados historicamente. De acordo com a
mesma autora o gênero seria “uma superfície politicamente neutra sobre a qual age a cultura”
(BUTLER, 2003, p.25). A cultura age sobre um corpo biologicamente pré-determinado, assim
como seu gênero, já que, Judith Butler entende que, por mais que haja dissociações entre
gênero e sexo, estes foram historicamente aglutinados. O que se supõe que gênero e sexo são
a mesma coisa, porém, entendendo o gênero como construção cultural, entende-se que o
corpo é o instrumento para a manifestação de tal.

““o corpo” aparece como meio passivo sobre o qual se inscrevem


significados culturais, ou então como um instrumento pelo qual uma
vontade de apropriação ou interpretação determina o significado
cultural por si mesma. Em ambos os casos o corpo é representado
como um mero instrumento ou meio com o qual um conjunto de
significados culturais é apenas externamente relacionado.” (BUTLER,
2003, p. 27)
O corpo é construção, assim como o gênero. Ambos, são figuras neutras que quando
expostas, se tornam meios difusores de uma imagem e de características definidas pela
binaridade1 de gênero.
Outro termo difundido é “gêneros inteligíveis”, este faz parte da heterogeneidade
arraigada na sociedade que de acordo com Butler “são aqueles que de certa forma mantêm
relação de coerência e continuidade entre sexo, gênero, prática sexual e desejo” (BUTLER,
2003, p. 38). Em outras palavras, os gêneros inteligíveis são aqueles que estão de acordo com
a hegemonia construída a partir de conceitos normativos 2, colocando sexo, desejo e
identidade em um “pacote” só. Ou seja, tudo que sai deste espectro, não é concebível, “isto é,
aquelas em que o gênero não decorre do sexo e aqueles em que as práticas do desejo não
“decorrem” nem do “sexo” nem do “gênero”.” (BUTLER, 2003, p. 39).
A partir disso, nota-se uma identidade de gênero que não necessariamente segue esta
linha de coerência estabelecida nos parâmetros normativos da sociedade. Daqui, inicia-se o
entendimento sobre identidade de gênero. O que seria? Partindo-se do entendimento de que
gênero é construção identitária, percebe-se que, a construção do sujeito não se limita ao sexo
biológico e sim como este se enxerga em imagem e expressão. Porém, este espectro é visto
como um erro, assim como afirma a autora ao dizer que certos tipos de ““identidade de
gênero” parecem ser meras falhas do desenvolvimento ou impossibilidades lógicas,
precisamente porque não se conformaram às normas de inteligibilidade cultural” (BUTLER,
2003, p. 39). No entanto, isto é um erro, como afirma Jesus ao dizer que e “a vivência de um
gênero (social, cultural) discordante com o que se esperaria de alguém de um determinado
sexo (biológico) é uma questão de identidade, e não um transtorno.” (2012, p. 9).
Se o gênero é construção cultural, este pode ser moldado de acordo com a identidade
do sujeito. No que desrespeito a identidade de gênero, existem os cisgêneros, transgêneros,
queer e não binário. A partir disso, inicia-se o processo de aprofundamento das terminologias
que designam a identidade de gênero. As pessoas cisgênero é aquela que se identifica com o
sexo e com o gênero que lhe foi atribuído. Exemplo, uma mulher que se identifica com o
gênero feminino, esta é uma mulher cisgênero. Já os transgêneros, são pessoas que não se

1 Binaridade: vem do termo Binário. Distingue-se como dois espectros o feminino e o masculino, a binaridade
pressupõe que o sujeito só possa pertencer a um gênero.
2 Normativo: Originário de norma, preceito, regra. A normativa, neste contexto, evidência a hegemonia hétero
identitária de gênero e sexo biológico.
identificam com o gênero que lhe foi atribuído, a exemplo de João W. Nery o primeiro
homem transgênero no Brasil a fazer a cirurgia de redesignação 3. Em seu livro “Viagem
Solitária: memórias de um transexual trinta anos depois” conta: “Todos me viam como uma
menina. Para mim, era um menino. Havia um abismo entre como me viam e como me
sentia.” (NERY, 2011, p. 34). João Nery, é referência para homens trans que passaram, que
desejam passar ou que passarão algum dia por um processo de redesignação. Por último, os
termos queer e não-binário que têm semelhanças em seu significado, ambos descrevem o
sujeito que não se identifica com nenhum dos dois gêneros, ou tem gênero fluido e transita
entre os dois.
Essas terminologias são de extrema importância para se designar as diferenças
existentes. Existem corpos com subjetividades diversas e essas subjetividades devem ser
expostas e reconhecidas. O não-reconhecimento impede a clareza dos fatos, o que empurra o
sujeito “desconhecido” para a linha da marginalidade e de frente ao preconceito enraizado em
um sociedade normativa. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a
desinformação não seja a arma de preconceituosos contra os grupos LGBTQi+, que impõem
o padrão heteronormativo e excluem as diferenças.

“Em nosso país, o espaço reservado a homens e mulheres transexuais,


e a travestis, é o da exclusão extrema, sem acesso a direitos civis
básicos, sequer ao reconhecimento de sua identidade. São cidadãs e
cidadãos que ainda têm de lutar muito para terem garantidos os seus
direitos fundamentais, tais como o direito a vida, ameaçado
cotidianamente.” (JESUS, 2012,p. 11).

Esta é uma das razões pela qual a luta LGBTQi+ é tão imponente, devido ao grande descaso
social e também jurídico para este público.
2.1 A SITUAÇÃO SOCIAL

2.2 Perante a lei: os direitos e as lutas da pessoa transgênera.


2.3 As dificuldades de uma pessoa transgênera nas estruturas organizacionais.
3. ONDE ENCONTRAMOS PESSOAS TRANSGÊNERAS NO MERCADO DE
TRABALHO?
3.1 A importância da reinserção de pessoas transgêneras em estruturas.
3 Cirurgia de Redesiginação: É uma cirurgia para adequação de gênero, no qual o indivíduo altera
características do seu corpo para se encaixar no gênero em que se enxerga.
3.2 Programas que apoiam e sustentam pessoas trans no mercado de trabalho.
3.3 O relato de quem vive.
4. CONCLUSÃO

5. REFERÊNCIAS

MANUAL LGBT – ETHOS. O Compromisso das Empresas com os Direitos


Humanos LGBT – Orientações para o mundo empresarial em ações voltadas a
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Disponível em:
<http://www3.ethos.org.br/wp-
content/uploads/2013/12/ManualLGBT_Dez_2013.pdf>

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade;


tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

COUTINHO, Maria Luiza Pinheiro. Discriminação na relação de trabalho: uma


afronta ao princípio da igualdade. Rio de Janeiro: AIDE, 2003.

NERY, João W. Viagem solitária: memórias de um transsexual trinta anos depois.


São Paulo. Casa da Palavra, 2011.

VIEIRA, Tereza Rodrigues. Nome e Sexo: Mudanças no registro civil. Rio de


Janeiro. Ed. 2. Editora Atlas.

JESUS, Jacqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e


termos. Brasília, 2012

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