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HERMENÊUTICA JURÍDICA
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RESUMO:O Autor deste trabalho tem procurado trabalhar a teoria e a clínica usando o elemento
denonimado Interpretante, elemento que Lacan introduz a partir de uma participação em seu seminário de
François Recanati, no qual a Semiológica de Charles Sanders Pierce é incorporada em seu ensino. O
Interpretante pode ser entendido como uma chave de leitura, um significante (ou conjunto de significantes)
que traduz outro (ou outros). E nesse processo de tradução, revela algo da lógica de uma estrutura. No caso
presente - estrutura da linguagem - um discurso sobre A Perversão e sua relação com a Lei
ABSTRACT:The author of this work has sought to work the theory and the clinic using the element
denoned Interpreter, element that introduces Lacan from a participation in his seminary of François Recanati,
in which Semiological of Charles Sanders Pierce is incorporated in its teaching. The Interpretant can be
understood as a reading key, a signifier (or set of signifiers) that translates another (or others). And in this
process of translation, it reveals something of the logic of a structure. In the present case - language
structure - a discourse on the Oedipus in Freud and the Paternal Metaphor in Lacan.
INTRODUÇÃO
O Interpretante pode ser entendido como uma chave de leitura, um significante (ou conjunto de
significantes) que traduz outro (ou outros). E nesse processo de tradução revela algo da lógica de uma
estrutura. No caso presente - estrutura da linguagem - um discurso lógico sobre a perversão como uma
versão fictícia, relativizada, da operatória paterna.
Essa proposta não tem nada de original. Vários autores estudam esses textos e trabalham esses
temas. A proposta aqui é citar, de maneira articulada e lógica, tais autores. E disso tirar consequências para
a teoria e para a clínica. São hipóteses, meras hipóteses de trabalho, ainda que pelo estilo – ou falta dele -
pareçam proposições peremptórias.
A fórmula do fantasma de Lacan é outro operador epistemológico relevante: sujeito e objeto estão
definidos – por fórmulas outras, mas que podem entrar em operação se necessário. Espaço e tempo são
também trabalhados por Lacan, o tempo lógico com a sincronia e a diacronia, com antecipação e retroação
- o importante conceito de a posteriori - e o espaço com a topologia que permeia seu ensino.
A importância do fantasma também se refere ao fato de que sua constituição provê o marco que
serve de suporte á realidade. Aqui se distingue espaço e tempo por razões descritivas, mas lembre-se que
Lacan trabalha com espaço/tempo, conceito derivado da Teoria da Relatividade. Espaço e tempo que
constituem as coordenadas simbólicas que são fundamentalmente rebaixadas e imaginarizadas no
fenômeno perverso. Espaço que na topologia lacaniana se supõe bidimensional e que caracteriza a
especificidade da leitura que Lacan faz de Freud.
Mas o que queda elidido dessa operação quaternária (sujeito, objeto, espaço, tempo) - que pode ser
reduzida a um par (S barrado punção de a) - é que se faz necessário algo para articulá-los. Um Interpretante.
A partir da intervenção de François Recanati em seus seminários 19 e 20 – intervenções que não estão
traduzidas nem são encontradas nos Seminários de Lacan publicados em português (o autor usa as
versões criticas de Ricardo Rodriguez Ponte para o espanhol) - Lacan passa a trabalhar também com as
operações semióticas do triângulo de Pierce: composto pelo Objeto, seu Representamen (seu signo ou
significante) e seu Interpretante (outro significante).
No livro “Semiótica” (2000) Charles Sanders Pierce estabelece uma lógica, que vai interessar muito
á Lacan, composta de Elementos – denominados triádicos – que se relacionam entre si (Objeto,
Representamen e Interpretante) e com três outros elementos (Existente, Qualidade e Lei) denominados
Correlatos, também em numero de três, de múltiplas maneiras. O que interessa a Lacan é testar as
possibilidades de aproximação deste ternário com os Registros do Imaginário, Real e Simbólico, já nesta
época de seu ensino pensados nos termos dos nós borromeus. Primeira definição de signo em Pierce
(2000):
Signos são divisíveis conforme três tricotomias. A primeira, conforme o signo em si mesmo for uma
mera qualidade, um existente concreto ou uma lei geral. A segunda, conforme á relação do signo para com
seu objeto consistir no fato de o signo ter algum caráter em si mesmo, ou manter alguma relação
existencial com esse objeto ou em sua relação com um Interpretante; a terceira, conforme seu
Interpretante representá-lo como um signo de possibilidade ou como um signo de fato ou como um signo
de razão. (Pagina 51).
Gabriel Pulice e Oscar Zeilis, psicanalistas argentinos, que publicam conjunto de artigos sobre o
tema na Revista Imago Agenda , esclarecem algumas das questões que serão importantes ao longo do
trabalho:
Observamos la importancia de esta última aclaración, porque apunta a lo recién señalado acerca de
que, en la concepción peirceana, no es necesario suponer un sujeto consciente tal como lo entiende la
psicología clásica, y por tanto, el interpretante puede funcionar por fuera de la conciencia, lo que nos
permitirá pensar el acto de semiosis como factible de realizarse en procesos inconscientes y, de modo
general, entenderlo como una propiedad semiótica y no psicológica. Para no producir confusiones, además,
Peirce muchas veces reemplaza, al describir el diagrama, la palabra signo por representamen. Veremos
enseguida que en este modelo, la relación signo-interpretante también se podrá leer, por ejemplo, como el
encadenamiento de un significante a otro significante. Pero antes veamos cuál es su definición de semiosis:
«Por semiosis entiendo una acción, una influencia que sea, o involucre, una operación de tres elementos,
como por ejemplo un signo, su objeto y su interpretante, una relación tri-relativa, que en ningún caso se
puede resolver en una acción entre dos elementos» (Peirce, 1998). Vale decir, plantea una relación triádica
genuina y no reductible.
Defino al Signo como algo que es determinado en su calidad de tal por otra cosa, llamada su Objeto,
de modo tal que determina un efecto sobre una persona, efecto que llamo su Interpretante, vale decir que
este último es determinado por el Signo en forma mediata. Mi inserción del giro “sobre una persona” es una
forma de dádiva (...) porque he perdido las esperanzas de que se entienda mi concepción más amplia en
cuestión.
Destaca-se, da citação acima, o Signo/representamen como algo que determina um efeito chamado
Interpretante (este por sua vez determinado pelo Representamen de forma mediata – ou seja, dependente
da intervenção de terceiros, outros Interpretantes). Lacan, no Seminário 19 (apud Pulice e Zeilis):
Lo que el otro día fue puesto en el pizarrón bajo el nombre de “triángulo semiótico”, bajo la forma de
representamen, de lo interpretante, y aquí del objeto, para mostrar que la relación es siempre ternaria, a
saber, que es la pareja Representamen / Objeto, que es siempre a reinterpretar, es eso de lo que se trata en
el análisis.
Destaca-se, da citação acima que, do que se trata em análise, diante de uma relação sempre
ternária, é reinterpretar constantemente a dupla Representamen/Objeto. Um pouco mais adiante, mesmo
seminário (apud Pulice e Zeilis):
¿Qué hace falta sustituir en el esquema de Peirce, para que armonice con mi articulación del
discurso analítico? Es simple como los buenos días: a efectos de lo que se trata en la cura analítica, no hay
otro representamen que el objeto a, objeto a del cual el analista se hace el representamen, justamente, el
mismo, en el lugar del semblante. (Lacan, 1971-1972).
Destaca-se que a única coisa que Lacan indica necessário substituir, entre seu esquema ternário e o
de Pierce, é que o objeto a é nomeado como único (“no hay outro”) representamen que conta para a cura
analítica. Alocado como Representamen, não como Objeto.
Lacan não diz: para os efeitos da cura em psicanálise, o objeto a ocupa o lugar de Objeto na tríade
de Pierce. Ao revés, diz que o objeto a ocupa o lugar de Representamen. E isso tem consequências que
precisam ser exploradas. O lugar do Objeto é deixado vazio e o objeto (a) é alocado no lugar do
Representamen.
Interessante agora analisar o elemento denominado Interpretante, assim descrito por Umberto Eco
(2000):
(a) puede ser el significante equivalente (o aparentemente equivalente) em outro sistema semiotico.
Por ejemplo, pude hacer coresponder um deseno con una palabra
(b) pude ser el indicio directo sobre el objecto particular, que supone um elemento de cuantificacion
universal (todos lós objectos como este).
(c) puede ser uma definicion cientifica ingenua del próprio sistema semiotico (por ejemplo, sal por
cloreto de sódio e vice-versa).
(d) pude ser uma asociacion emotiva que adquiera uma conotacion fija (perro por fidelidad)
Um regime geral de equivalências que se da por tradução, que pode conter uma definição cientifica
ou ingênua e que seja motivado por uma associação emotiva que adquira conotação fixa. Que pode se dar
do plano falado ao plano escrito. Entre plano perceptivo e plano motor. Entre o plano biológico e o plano
psicológico. Entre o plano somático e o plano psíquico. E que, portanto, se aplica entre os planos
Imaginário, Simbólico e Real. Também pode ser uma associação emotiva, que adquira uma conotação fixa:
fiel como um cachorro, no exemplo de Umberto Eco. Uma fixação libidinal no jargão freudiano, um nó
sintomático de significação no jargão lacaniano.
Um exemplo, o mais intuitivo embora o menos produtivo, seria o de equiparar Objeto (Existente) ao
Real, Representamen (Qualidade) ao Imaginário e Interpretante (Lei) com o Simbólico. O que interessa, e
muito, é que Lacan começa aqui a rever o fundamento de que o par mínimo, para operar com a lógica dos
Significantes e para a produção de significação, seja somente S1/S2.
Ele passa a contemplar a possibilidade de operar com um S3: “para mostrar que la relación es
siempre ternaria, a saber, que es la pareja Representamen / Objeto, que es siempre a reinterpretar, es eso de
lo que se trata en el análisis” (apud Pulice e Zeilis). Mais uma vez Pierce: “Um Signo (significante) é um
Representamen com um Interpretante mental”. (apud Pulice e Zeilis).
E esse mental pode ser inconsciente. Opera com mais eficácia assim, como sabido desde Freud. O
significante é o que representa o sujeito para outro significante. O significante é o que representa o sujeito
para outro Interpretante. E esse Interpretante, na perversão, oficia localizado no Imaginário. Mas nada
impede que funcione nos dois demais registros.
Um exemplo pode esclarecer como operar com o Interpretante de Pierce. Se a Balança pode ser o
signo da Justiça (balança como representamen/signo do objeto Justiça), o significante Justiça pode
assumir função de significação pelo Interpretante Igualdade. A Igualdade esclarece, filtra, interpreta o que é
justiça; conferindo significação, ela passa a ser o Interpretante da Justiça.
E o que é Justo ou Injusto – ou seja, a definição dos atributos do objeto, de suas propriedades, logo,
de sua substancia ou substrato - passa a depender do que seja Igualdade. Mas o que é igualdade? O que é
igualdade depende de outro significante, e este por sua vez passa a ser o interpretante da igualdade. E
assim sucessivamente em remissão infinita.
Se Justiça é entendida como Igualdade – e assim dar a cada um da mesma forma – ou como
Equidade – e assim dar a cada um na medida de suas desigualdades – fará diferença? Depende. Por um
lado, fará. Um Interpretante leva a um caminho distinto do outro. Estipula um impossível. Ou um ou outro.
Impossível os dois. A cadeia significante possui leis próprias e, tão importante quanto, memória. Uma
memória que é simbólica, mas tremendamente eficaz. Que registra, no ato mesmo de seu encadeamento,
as impossibilidades advindas das escolhas que faço quanto aos Interpretantes a serem utilizados.
Por outro não. Que é Justiça? É possível em determinado espaço/tempo considerar que é Igualdade
e em outro espaço/ tempo considerar que é Equidade. Desde que sejam em espaços/tempos diferentes –
ou seja, desde que sejam espaço/tempo lógicos constituídos por cadeias significantes distintas - embora
possam ser sincrônicas ou fazerem interseção em determinado ponto – há a realização da distribuição de
Justiça de dois modos distintos. Me aproximo da coisa em si, e assim atinjo a Justiça; abordo um
fragmento do Real por assim dizer.
Mas o que é Justiça? Que tal o Justo agora ser Isonomia (distribuição de Justiça por Equiparação),
Interpretante distinto dos anteriores? E o que é Equiparação? A remissão infinita do significante por outro
Interpretante se renova e se relança. O interessa aqui é marcar que nesta remissão infinita o referente – a
coisa em si- é perdido. Atinjo a Justiça como objeto, e objeto bastante concreto em seus efeitos, mas não o
Justo como coisa em si - Substância do Justo (Substancia do Gozo). Propriedade da linguagem. Impossível
de domesticar, de controlar. Um impossível lógico. A coisa em si, e não o objeto, é que está
irremediavelmente perdida. Subordinação aos efeitos metafóricos e metonímicos inconscientes da
linguagem, substituição de referentes por referências.
Linguagem que possui capacidade ontológica (a pergunta pelo ser) e ôntica (a pergunta pelo ente),
criação ex nihilo de seres e entes a sujeitar os falantes - na medida em que estes tentam apreender os
entes e e captar o que seria o seu ser. E capacidade hermenêutica, a produção incessante de sentidos.
Quanto a capacidade ontológica da linguagem, Pierce (apud Pulice e Zeilis):
Si hay algo real - esto es, algo cuyas características sean verdaderas de ello independientemente de
si tú o yo, o cualquier hombre o número de hombres las pensamos como siendo características suyas o no—
que se corresponda suficientemente con el objeto inmediato —el cual, puesto que es una comprensión, no
es real—, entonces , ya sea identificable con el Objeto estrictamente así llamado o no, debería denominarse,
y normalmente se denomina, “objeto real” del signo. Por alguna clase de causación o influencia debe haber
determinado el carácter significante del signo.
Nesse diapasão de argumentos, o objeto a é um operador lógico (um Interpretante) utilizado para
deter a remissão infinita da significação – o desejo é sua interpretação- bem como para determinar –
pesquisar a causa - o elemento que influencia o caráter significante do Representamen, seu “objeto real”. Em
psicanálise, esse objeto – esse referente - é o vazio recoberto pela pulsão. O vazio recoberto pelas bordas
das pulsões parciais. O vazio, não uma mítica substancia gozante. O referente é o vazio, a causa é ausente.
O referente é o vazio, muito embora este esteja coberto de referências – interpetantes que explicam e
esclarecem o que é o vazio.
A pulsão como “objeto real” - elemento que influencia – interfere – e, portanto, determina - causa - o
caráter significante, confere significação. Mas o que é a pulsão? Pulsão tem relação com a demanda – do
Outro e ao Outro – e atualmente é esclarecida pelo Interpretante gozo. Mas o que é gozo? E o circuito de
significação se renova e se relança pela necessidade de novos Interpretantes.
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MEMBRO DE APERTURA, SOCIEDADE PSICOANALITICA DE BUENOS AIRES E LA PLATA A PARTIR DE 2015 (conforme
declaração dos nomes dos membros no LINK: http://www.apertura-psi.org/?page_id=290)
ANALISE PESSOAL E SUPERVISÃO ANALISE PESSOAL: SÓCRATES NOLASCO (1994 A 1998) – MARCO BAPTISTA
(2005 A 2010) E LUIZ GUILHERME DA ROCHA (2010 ATÉ A PRESENTE DATA)
SUPERVISÃO: LUIZA BRANDÃO (2015) MARIA LUCIA WHITE (2016) – LUIZ GUILHERME DA ROCHA PINTO (2014 ATÉ A
PRESENTE DATA)
DE ABRIL DE 2016 ATÉ JUNHO DE 2017. CLINICA SOCIAL DO INSTITUTO MARQUÊS DE SALAMANCA – SANTA
TEREZA, RIO DE JANEIRO, ONG DA FAMÍLIA MONTEIRO DE CARVALHO
CURSOS E CONGRESSOS
CURSO “A DROGADICÇÂO NA ESTRUTURA NEURÓTICA” - ministrado pelo Prof. Dr. Alexandre Balbi – setembro a
dezembro de 2013.
• APROVADO EM PRIMEIRO LUGAR, COM GRAU 9 (NOVE), EM EXAME DE SELEÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL - SEÇÃO RIO DE JANEIRO - ÁREA DE DIREITO CIVIL.
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TOXICOMANIA E PSICANÁLISE DA PROAD\UNIFESP E DA ICCA – INTERNATIONAL CRIME ANALYSIS ASSOCIATION
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