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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ENGENHARIA, LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DO SERIDÓ


CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS
COMPONENTE CURRICULAR: METODOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DOCENTE: ANA MARIA DE OLIVEIRA PAZ
DISCENTE: LILIAN DE SOUZA BATISTA SILVA

ATIVIDADE I (3º CRÉDITO)

1. Com base nos textos propostos no sistema sobre o PDG, bem como o que estabelece o
vídeo situado em: https://www.youtube.com/watch?v=3nkaYmC_m-I, produza um texto
de sequência expositiva abordando aos conceitos, características, fundamentos teóricos,
etapas de desenvolvimento, dentre outros aspectos relacionados ao dispositivo de ensino em
questão.

Projeto Didático de Gênero: da conceituação à aplicação nas aulas de Língua


Portuguesa

Ao iniciarmos a terceira unidade no componente curricular de Metodologia da Língua


Portuguesa, no Curso de Letras Português e Inglês da Faculdade de Engenharia, Letras e
Ciências Sociais do Seridó – FELCS, a Professora Ana Paz trouxe para conhecimento dos
discentes os estudos sobre Dispositivos Didáticos e Metodológicos aplicáveis ao ensino de
Língua Portuguesa, sendo estes o uso da Sequência Didática (SD) e o Projeto Didático de
Gêneros (PDG) como dispositivo de ensino de Língua Portuguesa.
Por meio das referências apresentadas foi possível ampliar os horizontes acerca da
noção desses modelos, da conceituação à aplicação nas aulas de Língua Portuguesa, como,
por exemplo, nos pressupostos de Bartikoski (2017) sobre a importância da transposição
didática para um melhor entendimento quanto à noção de modelo didático de gênero,
importante subsídio para a elaboração das sequências didáticas.
Segundo a autora, baseando-se nos postulados de Machado (2009), a transposição
didática, além de ser a aplicação de uma teoria científica qualquer ao ensino, contempla um
conjunto de transformações sofridas por um determinado saber científico, pois, para ser
ensinável, precisa passar por uma série de deslocamento, rupturas e transformações. Para
tanto, esta ocorre em três níveis básicos: i) o conhecimento científico – que sofre
transformação de acordo com a seleção dos objetos que serão ensinados, conforme controle
social; ii) o conhecimento a ser ensinado e, por fim, iii) o conhecimento efetivamente
ensinado ou conhecimento efetivamente aprendido (BARTIKOSKI, 2017).
Já em relação à sequência didática, ainda de acordo com a autora, esta pode ser
compreendida “como um conjunto de atividades escolares idealizadas pelo Grupo de
Genebra”, cujos benefícios para o ensino brasileiro, no tocante ao ensino dos gêneros
textuais, são inúmeros, “sendo que o principal deles seria a apropriação de um gênero de
texto por parte dos alunos de forma sistematizada” (BARTIKOSKI, 2017).
Destacadas as definições acima, necessárias ao entendimento da noção que compõe o
modelo didático de gênero, seguimos para o Projeto Didático de Gênero, doravante
denominado PDG, o qual propõe a união entre o ensino dos gêneros e o conceito de
letramento, sendo este último “definido como um conjunto de práticas sociais de leitura e de
escrita, visto como práticas usadas para agir no mundo, sendo a escola a sua principal
agência” (KLEIMAN, 2001).
Sobre a sua origem, conforme menciona Bicalho (2014), “o PDG nasceu da
confluência entre os conceitos de Sequência Didática (SD) (DOLZ, NOVERRAZ,
SCHNEUWLY, 2004) e Projetos de Letramento (KLEIMAN, 2000), o que, por sua vez, fica
explícito também nos estudos conduzidos por Guimarães e Kersh (2012, 2014)”
(ZACARIAS, 2019).
Nesse sentido, “o PDG aparece como uma opção metodológica, que traz a mesma
preocupação das sequências didáticas com relação à didatização do gênero de texto. O que
difere é a incorporação do conceito de letramento e a atribuição do mesmo nível de
importância dado ao ensino da leitura e da escrita” (BARTIKOSKI, 2017).
Para Guimarães e Kersch (2015), a noção de PDG é definida como sendo um “termo
guarda-chuva” com possibilidade de ser trabalhado um gênero ou mais, em um determinado
espaço de tempo, a partir de uma escolha temática.
Uma definição mais completa sobre o PDG pode ser encontrada em Almeida (2014):

O PDG é uma proposta de alargamento da Sequência Didática, com o


objetivo de desenvolver a leitura e a produção escrita, ambas no mesmo
patamar de importância. O desafio é de didatizar o gênero sem
artificializálo, mantendo-o mais fiel possível às suas características e ao seu
uso. A ideia é fazer com que os alunos se apropriem de gêneros de
determinada esfera da atividade humana, considerando a prática social
envolvida de acordo com a sua realidade. Assim, o gênero escolhido precisa
fazer sentido para os alunos e para a comunidade em que a escola está
inserida, bem como é preciso levar em consideração as suas características e
as diferentes práticas sociais do contexto. (ALMEIDA, 2014, p.80).
Sobre os passos e etapas de elaboração e aplicação em sala de aula, o PDG em muito
se assemelha à SD, pois, de acordo com Raupp (2014), o processo se inicia da seguinte
maneira: i) com uma produção inicial – sendo esta analisada pelo professor, o qual será capaz
de identificar as dificuldades enfrentadas pelos alunos quando da produção do gênero
trabalhado; em seguida temos os ii) resultados das análises, com a criação de oficinas cujo
objetivo será o de proporcionar aos discentes um maior domínio do gênero; iii) logo após a
realização das oficinas, realiza-se a produção final; e, concluindo, iv) a última etapa, consiste
na reescrita do texto.
Para uma melhor compreensão acerca do Projeto Didático de Gênero, além das
explicações da Professora Regente, acompanhada das bibliografias sugeridas, um vídeo
explicativo sobre o PGD, abordado pela Professora de Língua Portuguesa Renata Garcia
Marques, disponibilizado pela plataforma digital YouTube, datado de 15 de abril de 2018, foi
de grande valia.
Segundo afirma a professora Renata Marques, o Projeto Didático de Gênero é um
dispositivo de ensino que promove novos espaços de aprendizagens, uma vez que envolve
sequência didática, letramento e prática social. Por meio deste é possível pensar no projeto e
discutir a teoria, envolvendo o docente em momentos de reflexão que possibilitam repensar
sobre suas práticas em sala de aula.
Ainda de acordo com a docente, “o conhecimento exige movimento, experiência e
interação” e sua aplicação possibilita ao aluno desenvolver seu próprio conhecimento de
acordo com o tema em questão e, um dos pontos que pode favorecer esse processo, enquanto
situação comunicativa, é a leitura extensiva, a qual dialoga com o desenvolvimento do
projeto de diferentes formas.
Por fim, a professora detalha os passos e etapas para a elaboração de um Projeto
Didático de Gênero voltado à sala de aula de Língua Portuguesa, seguindo o mesmo
alinhamento proposto por Raupp (2014), ora citados em nossas explanações. Ademais,
destaca a coconstrução de uma grade de avaliação, como sendo um passo importante de
retomada tanto para o professor quanto para os alunos, sobre o que foi aprendido e
apreendido, reforçando assim, o objetivo do conceito de PDG e sua materialização na prática
social dos aprendizes (MARQUES, 2018).
REFERÊNCIAS

BARTIKOSKI, Fernanda Vanessa Machado. Projeto didático de gênero: retomando


práticas e avaliando. Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2017.

CARVALHO, F. O Projeto Didático de Gênero como instrumento para o ensino do


gênero textual reportagem multissemiótica em aulas de Língua Portuguesa. Cadernos
de Pós Graduação em Letras, v. 20, n. 2, p. 33-55, maio/ago. 2020. doi:
10.5935/cadernosletras.v20n2p33-55

ZACARIAS, Vinicius da Silva. Projeto didático de gênero resenha de filme no contexto


do campo. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Maringá, Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em
Letras - Profletras, Maringá, 2019.

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