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Código: IM 561 Nome: Geografia Política

Créditos: 4 Carga Horária: 60hs

DEPARTAMENTO: Departamento de Geografia - DGEO


INSTITUTO : Instituto Multidisciplinar - IM
PROFESSOR(ES): Emerson Ferreira Guerra SIAPE 1854118
Endereço eletrônico: emersonguerra@ufrrj.br
EMENTA:

A Geografia Política e a Geopolítica clássica. Contribuições de Ratzel na


constituição da Geografia Política enquanto disciplina acadêmica. Renovação da
agenda temática da Geografia Política. Relações entre Espaço e Poder.
Conhecimento geográfico a serviço da guerra e a importância da cartografia para o
exercício do Poder. O conceito de Território e seus derivados: processos de des-re-
territorialização, multiterritorialidade e (des) ordenamento territorial. Organização do
espaço como instrumento de poder. O Estado Capitalista Moderno e as políticas
territoriais. Movimentos de luta anti-sistêmica e de re-existência territorial diante dos
processos de dominação do Estado e das corporações. Renovação e pluralização
cartográfica a serviço de grupos subalternizados em processos de disputa territorial.
Biopoder e necropolítica.

OBJETIVOS:
Resgatar o histórico do surgimento da Geografia Política enquanto
disciplina acadêmica e seu desenvolvimento na história do pensamento geográfico
até sua renovação teórica e temática no período contemporâneo. Diferenciar o
campo de produção geográfica sobre a relação entre espaço e política (Geografia
Política) e o discurso geográfico aplicado à política (Geopolítica), enfatizando a
funcionalidade do espaço e da cartografia para o exercício do poder. Trabalhar com os
conceitos de poder e de território e os processos de des-re-territorialização. Discutir
Estado-nação e nacionalismo diante da emergência e protagonismos de sujeitos, grupos
e movimentos de re-existência territorial.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES:

A disciplina de Geografia Política tem como objetivo desenvolver as seguintes


competências e habilidades:

1- Compreender as relações entre Espaço e Poder e o desenvolvimento da disciplina de


Geografia política. Trabalhar o conceito de território e a (des)organização do Espaço
como instrumento de poder.
2- Participar de forma ativa das atividades de modo a incentivar o desenvolvimento do
pensamento crítico e apropriação dos conteúdos trabalhados para utilizá-los no
exercício docente de estudantes de licenciatura.
3- Desenvolver as habilidades de formulação de questões e perguntas sobre os
conteúdos trabalhados bem como produção textual orientada.
4- Organização e apresentação de atividades e trabalhos com uso de plataformas
virtuais.

METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM E SUAS TECNOLOGIAS:

A metodologia para essa disciplina foi desenvolvida para promover um ambiente


pedagógico de ensino-aprendizagem no qual o protagonismo ativo no desenvolvimento dos
trabalhos seja compartilhado de forma equilibrada entre estudantes e professor. Alguns
sensos comuns como o de que o professor ensina e tem predomínio de fala (condição ativa) e
estudantes aprendem com predomínio de escuta (condição passiva) são substituídos por
atividades em que todos tenham fala e sejam responsáveis por conduzir atividades em
diferentes momentos do curso.

Outro aspecto dessa metodologia está na ressignificação do ato de perguntar e


responder. É bastante usual em diversos cursos, nos quais a avaliação acontece por meio de
provas, cujas questões são elaboradas pelo professor para serem respondidas por estudantes.
Nessa dinâmica, estudantes são condicionados ao ato da resposta, mas não exercitam,
formalmente, o ato da pergunta. Compreendendo a importância do exercício de se elaborar
perguntas, tanto na dimensão da pesquisa quanto da docência, uma parte do método consiste
na elaboração de questões pelos estudantes, sobre os conteúdos trabalhados, para serem
trocadas e respondidas entre eles. Dessa forma, durante todo o curso, o ato de perguntar e
responder são exercitados por todes.

As atividades propostas para colocar em prática essas dinâmicas são exposições


compartilhadas, estudos dirigidos e podascts. As exposições compartilhadas são uma
alternativa para as aulas expositivas concentrada na figura do professor. Cada texto
trabalhado é apresentado para a turma por um grupo de estudantes, de forma fluida e sem
uma divisão estrutural do texto em partes para cada expositor como geralmente acontece em
seminários. Nas exposições compartilhadas todes estudantes podem participar e comentar
livremente, mesmo que não estejam responsáveis pela exposição do texto. Nessa dinâmica o
professor fica responsável por intermediar as exposições e debates bem como trazer
informações e questões complementares, compartilhando assim seu protagonismo de forma
equilibrada com estudantes.

Os estudos dirigidos consistem na elaboração de uma pergunta, sobre um texto


trabalhado na exposição compartilhada, a ser respondida por outra pessoa da turma. Ou seja,
cada estudante produzira uma pergunta (sem resposta escrita) e responderá uma pergunta
elaborada por outro colega. O ideal é que as perguntas sejam construídas antes da exposição
compartilhada do texto e trocadas e respondidas no momento posterior a essa exposição.
Nessa dinâmica, além de exercício e prática de elaboração de questões, multiplicam-se as
questões que circulam entre a turma sobre determinado texto com relação ao que poderia ser
feito em uma prova convencional. Outra modalidade de estudo dirigido também é feita por
meio de uma produção textual decorrente do diálogo entre um texto e um filme. Nesse estudo
dirigido o desafio é criar uma ponte argumentativa entre dois conteúdos diferentes, porém
sobre um mesmo tema.

A terceira atividade consiste na produção de um Podcast em grupo com temas e


conteúdos previamente indicados. Nesse caso, estudantes têm liberdade para organizar o
formato e recursos utilizados para a apresentação e a criatividade e inovação são valorizadas.
Nesse conjunto de atividades várias habilidades são exercitadas como: leitura, produção
textual individual e coletiva, exposição oral de conteúdos coletivamente, elaboração de
perguntas e resposta e diálogo argumentativo de diferentes conteúdos. Todos esses elementos
são fundamentais para a prática docente, para pesquisa e escrita acadêmica.

CENÁRIOS DE APRENDIZAGEM
Com a metodologia e conteúdos propostos nesse plano de trabalho esperamos como
resultado que o público discente desenvolva a habilidade trabalhar um texto de forma crítica,
produzindo e respondendo questões sobre os materiais disponibilizados. Outro resultado
esperado é a participação ativa nas plataformas virtuais utilizadas, tanto para atividades
síncronas interagindo nas exposições compartilhadas de texto, debates e apresentação de
seminários, quanto nas atividades assíncronas por meio de leituras, elaboração de perguntas e
respostas, organização das atividades individuais e coletivas.

O funcionamento da disciplina terá o ambiente virtual como canal de articulação e


confluência das atividades síncronas. Para a aprovação no curso é fundamental o
desenvolvimento das atividades propostas como, nas atividades assíncronas: leitura dos
textos, apreciação e audição de vídeos e podcasts, elaboração das perguntas, respostas e
textos referentes aos Estudos Dirigidos e organização dos Podcast. Para as aulas presenciais é
necessário: a participação nas atividades propostas e apresentação de pelo menos um texto
como exposição compartilhada, apresentação do seminário em grupo e participação nos
debates.

O que é esperado do público discente nesse processo de ensino-aprendizagem é um


protagonismo ativo no sentido de trabalhar o conteúdo nas atividades, como nas Exposições
Compartilhadas e Podcasts. Uma postura pró-ativa nas aulas significa dizer que esse
momento é para fala e escuta, por parte de estudantes e professor, e não apenas para fala do
professor e escuta silenciosa de estudantes.

A avaliação do desempenho estudantil se dará pela participação nos encontros


síncronos e pelo desenvolvimento e entrega das atividades assíncronas conforme o
cronograma de trabalho e método avaliativo apresentadosnesse plano. Qualquer situação
imprevista ou de impossibilidade de participação ou de realização de atividades precisará ser
imediatamente informada ao professor para que seja possível buscar alternativas de
compensação.

MODOS DE INTEGRAÇÃO TEORIA-PRÁTICA:

Como essa disciplina tem um caráter teórico entendemos sua dimensão prática
associada à preparação dos estudantes para o exercício docente e como isso se expressa na
metodologia de trabalho. Nesse ponto, uma questão fundamental é o uso dos ambientes
virtuais como possibilidade de condução de um processo de ensino-aprendizagem, Portanto,
a integração teoria-prática ocorre durante a execução das atividades propostas, e a partir dos
conteúdos oferecidos. Essa interação se dará na elaboração de questões, na produção de
respostas para questões feitas por colegas e na apresentação de conteúdos via Exposição
Compartilhada e Podcasts e produção textual.

SISTEMA DE AVALIAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM

Todas as atividades individuais e coletivas serão avaliadas a partir de indicadores de


participação nas atividades, bem como, nas produções individuais ou coletivas. A
participação interativa é condição principal para a avaliação da aprendizagem.

O sistema avaliativo dessa disciplina permeia todas as atividades da metodologia de


trabalho apresentada. A pontuação é atribuída ao conjunto de atividades, conforme o
cronograma a seguir:

E.C. - Exposição compartilhada: 1 ponto

E.D. - Estudos dirigidos com perguntas e respostas: 4 pontos no total (1ponto para cada
E.D. realizado).

E.D. –Estudo dirigido com produção textual (diálogo de filme e texto): 2 pontos.

Podcast: 3 pontos (considerando preparação, apresentação e parte escrita).

Total: 10 pontos
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Cronograma de atividades 2023.1

Aula Data Atividade Conteúdo


1 12/04 Evento institucional UFRRJ-IM Seminários e oficinas das Licenturas

2 19/04 Introdução Introdução à disciplina: conteúdo, método e


avaliações
3 03/05 Exposição compartilhada
e estudo dirigido  Geografia e Política (CASTRO, Iná Elias de.)

4 17/05 Exposição compartilhada A Geografia – isso serve, em primeiro lugar para


e estudo dirigido fazer a guerra. (LACOSTE, Yves)

5 24/05 Exposição compartilhada Por uma geografia do poder (RAFFESTIN, Claude)


e estudo dirigido

6 31/05 Exposição compartilhada Teoria Marxista do Estado (HARVEY)


e estudo dirigido
7 07/06 Exposição compartilhada Território e Multiterritorialidade: um debate
e estudo dirigido (HAESBAERT, Rogério)

8 14/06 Exposição compartilhada Territórios de diferença: a ontologia política dos


e estudo dirigido “direitos ao território”. (ESCOBAR, Arturo)

9 21/06 Exposição compartilhada A corporificação “natural” do Território: do


e estudo dirigido Terricídio à Multiterritorialidade da terra.
(HAESBAERT, Rogério)

10 28/06 Exposição compartilhada DESOBEDIÊNCIA EPISTÊMICA: A OPÇÃO


e estudo dirigido DESCOLONIAL E O SIGNIFICADO DE
IDENTIDADE EM POLÍTICA (Walter D.
Mignolo)
11 05/07 Podcast 1, 2 e 3

12 12/07 Podcast 4, 5 e 6

13 19/07 Podcast 7 e 8

14 26/07 Exposição compartilhada TERRITÓRIOS SOCIAIS E POVOS


e estudo dirigido TRADICIONAIS NO BRASIL: POR UMA
ANTROPOLOGIA DA TERRITORIALIDADE
(Paul E. Little )
Mapeamentos, identidades e territórios (Henri
Acselrad)

15 02/08 Exposição compartilhada Da geografia às geo-grafias: um mundo em busca


e estudo dirigido de novas territorialidades. (PORTO-
GONÇALVEZ, C. W.)
RECURSOS DIDÁTICOS

Os recursos didáticos a serem utilizados na disciplina são textos em formato digital,


vídeos e podcasts. Os respectivos arquivos e links serão disponibilizados no decorrer da
disciplina em consonância com o cronograma de atividades. Para orientações e condução das
atividades utilizaremos a plataforma SIGAA, Drive, whatsapp e email objetivando a
postagem de notícias, fóruns e uso de uma comunidade virtual para a disciplina.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

CASTRO, Iná Elias de. Geografia e Política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

HAESBAERT, Rogério. O Mito da Desterritorialização: do “Fim dos Territórios” à


Multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

LACOSTE, Yves. A Geografia – isso serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. São
Paulo: Papirus, 1985.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência


universal. Rio de Janeiro: Record, 2001.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

ACSELRAD, Henri. Mapeamento, identidades e territórios. In: Cartografia Social e Dinâ-


micas Territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro: UFPR/IPPUR, 2010. p. 9-46.

BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola & PASQUINO, Gianfranco (Editores). Dicionário


de Política. 5ªEdição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1993.

CALVEZ, Jean-Yves. O Estado, a Constituição. In: CALVEZ, Jean-Yves. Política: Uma


Introdução. Tradução de Sônia Goldfeder. São Paulo: Ática, 1997. P 49-63.

CASTRO, I. E. de. O problema da escala. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da Costa.;


CORRÊA, R. L. Geografia: conceitos e temas. 5°ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003, p. 117-139.

CATAIA, Marcio Antonio. Território Político: Fundamentos e Fundação do Estado.


Sociedade & Natureza, Uberlândia, vol 23, n° 1. 2011, p. 115-125.

ESCOBAR, Arturo. Territórios de diferença: a ontologia política dos “direitos ao território”.


Ano 03, Nº06 .Territórios. 2015. Disponível em
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direitos-ao-territorio/ >. Acesso em 12 de outubro de 2019.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Roberto Machado (org. e trad.). Rio de Janeiro:
Edição Graal, 2010.

HAESBAERT, Rogério. Território e Multiterritorialidade: um debate In: GEOgrafhia –


Revista da Pós-Graduação em Geografia da UFF, Rio de Janeiro, ano IX, n 17, 2007

HAESBAERT, Rogério. A corporificação “natural” do Território: do Terricídio à


Multiterritorialidade da terra. In: GEOgraphia – Revista da Pós-Graduação em Geografia
da UFF, Rio de Janeiro, vol: 23, n 50, 2021.

HAESBAERT, Rogério. (org.) Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo.


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HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.

HOFFMANN, Maria Barroso. Mapeamentos participativos e atores transnacionais: a


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debate. Rio de Janeiro: UFPR/IPPUR, 2010. p. 9-46.

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MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da


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identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e
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MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias Geográficas. São Paulo: Hucitec, 1996.

MOREIRA, Ruy. O que é Geografia?. São Paulo: editora brasiliense, 1985.

LITTLE, Paul. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia
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PORTO-GONÇALVEZ, C. W. Da geografia às geo-grafias: um mundo em busca de novas


territorialidades. Disponível em:
http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/cecena/porto.pdf

PORTO-GONÇALVEZ, C. W. O latifúndio genético e a r-existência indígeno-


campesina. GEOgraphia, Rio de Janeiro, ano IV, n.8, p.39-60, 2002.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

RATZEL, Friedrich. A relação entre o solo e o Estado – Capítulo I O estado como orga-
nismo ligado ao solo. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo, N° 29, PP 51 – 58, 2011.

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