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atividades-alinhadas-a-base-para-as-aulas-de-ingles

Publicado em NOVA ESCOLA 28 de Novembro | 2018

O que e como ensinar

Como preparar atividades


alinhadas à Base para as
aulas de Inglês
Para tratar o inglês como uma li?ngua franca na prática didática,
é preciso organizar as aulas considerando novas prioridades

Um dos aspectos mais inovadores da Base é a proposta de trazer a língua legítima para
a sala de aula. Isso muda totalmente o foco na maneira de ensinar e de facilitar a
construção de conhecimentos por parte dos alunos. “Hoje, o foco do aprendizado da
língua não está nos conhecimentos nominais, mas na capacidade de uso.Antes, se os
alunos estavam estudando determinado tempo verbal, os professores utilizavam textos
desenvolvidos para esse fim, que repetiam a estrutura que estava sendo aprendida”, diz
Sandra Baumel Durazzo, diretora da Target Idiomas Consultoria Educacional, assessora
pedagógica dos Planos de Aula da Nova Escola. Segundo a professora e formadora, a
Base veio reforçar o que já se consolidou como tendência para o ensino do
Componente: o uso de materiais legítimos, extraídos de contextos sociais reais e que, de
fato, vão preparar os estudantes para se posicionar e interagir nas diferentes situações
de um mundo globalizado, considerando a língua em um contexto cultural muito mais
amplo.
Algumas estratégias elencadas pelos professores formadores ajudam a concretizar
essa proposta. Veja como ensinar o Inglês alinhado à BNCC:

UTILIZE TEXTOS ORIGINAIS E NÃO "RECORTES", COMO É COMUM NOS


LIVROS DIDÁTICOS

No planejamento, o ponto de partida devem ser as habilidades e


as competências que precisarão ser trabalhadas a partir de uma
determinada sequência de aulas. “Se o objetivo é instrumentalizar
o aluno para fazer relatos sobre experiências passadas, instrua a
escrever biografias de pessoas, por exemplo. Assim o professor
precisará pensar em qual será a sequência de aprendizagem mais
adequada para que aprendam e quais textos vão contribuir”, diz
Sandra.

Nessa perspectiva, o educador pode extrair de materiais autênticos


os conteúdos que sejam mais adequados ao seu propósito, isto é,
daqueles que não foram desenvolvidos exclusivamente para o
ensino da língua, mas que estão à disposição no dia a dia das
pessoas, como jornais, revistas, TV, rádio, mídias digitais
variadas, entre outros. “Dessa forma, o educador vai oferecer não
apenas conteúdos linguísticos, mas também culturais, pois eles
serão sempre produtos da língua como prática social”, explica
Alexandre Badim, coordenador do Centro de Línguas da
Universidade Federal de Goiás.
APRESENTE OS CONTEÚDOS DE FORMA PROGRESSIVA E
CONTEXTUALIZADA
No momento de selecionar os textos que serão estudados pelos
alunos, é fundamental obedecer a uma gradação de
complexidade cognitiva. Pensando em gêneros, pode-se iniciar
com textos que utilizam poucos recursos verbais (mensagens,
tirinhas, fotolegendas e adivinhas, por exemplo) e partir para
textos mais elaborados (autobiografias, esquetes, notícias e relatos
de opinião), nos quais os recursos linguístico-discursivos podem
ser trabalhados. Segundo a Base, são essas vivências diversas que
contribuem para o desenvolvimento de uma escrita autêntica,
criativa e autônoma.

TRABALHE COM DIVERSIDADE DE FONTES

Essa ideia está diretamente relacionada à concepção de que não


há um Inglês padrão e que a língua inglesa tem papel de língua
franca. “E é esse o motivo da recomendação de trazer fontes
diversas, para que se perceba que em qualquer canto do planeta o
conhecimento está sendo produzido e compartilhado em inglês”,
diz Sandra.

Em classe, a questão das variantes linguísticas pode ser


tematizada: “É possível pensar em uma sequência de aulas em que
os alunos tenham contato com textos e vídeos de produtores de
língua inglesa de diversos países, de forma que as
singularidades fiquem evidentes, mas isso não precisa ser,
necessariamente, problematizado”, afirma Sandra. Ela explica que
o mais importante é que, ao longo da sua formação no Ensino
Fundamental, o aluno seja apresentado a fontes diversas. Assim,
ele será capaz de perceber, por si só, a abrangência e as formas de
expressão da língua no amplo contexto mundial. Ao fazer uma
seleção de autores de lugares diferentes para compor a
bibliografia da aula, o professor já estará oferecendo essa
oportunidade de reflexão crítica aos estudantes.

APROXIME OS ALUNOS DA CULTURA ESTRANGEIRA

Uma forma de fazer isso é selecionar conteúdos que tragam


informações sobre costumes e aspectos culturais de outros
países. Ofertar materiais variados, tais como filmes, músicas e
reportagens televisivas, oriundas de locais diversos, também
amplia o conhecimento sobre a cultura. Outra estratégia possível é
estimular os alunos a pesquisarem e a planejarem a escrita para
compartilhar com os demais os achados feitos sobre as diversas
culturas com as quais poderão ter contato por meio da língua
inglesa.

CRIE MAIS SITUAÇÕES DE ORALIDADE

O mundo digital pode contribuir para a exposição dos alunos à


língua em meios ricos e diversos. Cinema, internet e televisão são
bons insumos de práticas de uso e interação oral em sala de aula e
de exploração de campos em que tais práticas possam ser
trabalhadas. “Estamos falando de articular aspectos diversos das
linguagens para além do verbal — tais como o visual, o sonoro, o
gestual e o tátil — , com o intuito de permitir que os estudantes
tenham oportunidade de vivenciar e refletir sobre os usos orais e
oralizados da língua inglesa”, explica Badim. Organizar atividades
como debates e que envolvem representações de situações reais,
em sala de aula, também são estratégias para que os alunos se
sintam mais estimulados a falar, para expressar seus pontos de
vista.

ACOLHER MÚLTIPLAS VOZES, INTERESSES E REALIDADES DOS


ALUNOS

A Base parte do pressuposto de que não há aprendizagem sem


que o sujeito esteja implicado. Nesse sentido, há destaque para as
práticas comunicativas, para as trocas entre os pares, para o
trabalho em grupo etc. “O entendimento da Base é a de que os
alunos devem assumir uma posição de mais destaque e
contribuir diretamente para as novas tarefas que serão
colocadas em pauta. Com isso, o professor da língua é chamado a
compartilhar mais, fazer escolhas de conteúdos e metodologias
variadas, que atendam melhor à sua comunidade escolar”, afirma
Badim. Ele destaca que é o papel do professor ter clareza do
ensino e da aprendizagem esperados, entender o contexto dos
alunos para traçar suas práticas e, ainda, usar recursos
pedagógicos condizentes com os diferentes perfis dos alunos.

O professor pode oportunizar a participação ativa dos estudantes


em todas as etapas do seu trabalho, a partir da escuta
investigativa, passando pelo planejamento, pela seleção de
materiais, pela execução e até pela forma de avaliação de todo o
processo educativo. “O aluno pode colaborar no planejamento dos
cursos por meio de sugestões de temas possíveis de serem
tratados em aula, pode ser um parceiro do professor na busca por
materiais interessantes, só para citar alguns exemplos de como
essa relação professor e aluno pode ser pensada, sob um novo
olhar”, explica Badim.

DESENVOLVER TESTES QUE DEEM CONTA DE AVALIAR O LETRAMENTO


NA LÍNGUA INGLESA

Como a forma de ensinar muda, é preciso pensar em maneiras de


acompanhar o desenvolvimento dos alunos que sejam coerentes
com essa nova proposta. “Hoje, sabemos que o mais importante é
avaliar as competências e não os saberes nominais”, diz Sandra.
Assim, avaliações em que os alunos são conduzidos a
preencher lacunas, indicando a apropriação de tópicos
gramaticais relacionados ao Componente, estão
ultrapassadas.

Para saber se o aluno é proficiente, para acompanhar o letramento


na língua inglesa, é preciso investir em ferramentas de
monitoramento contínuo, que mostrem que o aluno tem
condições de posicionar-se — inclusive de forma reflexiva e crítica
— nas mais diversas situações de interação social, usando todos
os recursos necessários para isso.

Se o aluno é convidado a fazer um relato oral sobre uma


experiência do passado, por exemplo, ele vai conjugar os seus
saberes nessa oportunidade, permitindo que o professor verifique
se ele se apropriou dos conteúdos necessários: se conjugou o
verbo corretamente, utilizou as expressões de tempo mais
adequadas, como construiu bem a frase, que tipo de vocabulário
usou etc. O educador pode, ainda, perceber como o aluno
organizou a fala para se apresentar, se soube pronunciar palavras
ou fonemas, entre outras habilidades. Mas tudo dentro de um
contexto, elaborado pelo professor, de acordo com seus objetivos
específicos.

Onde buscar conteúdo para as aulas?


A Internet é uma fonte de conteúdo variado, uma vez que permite o acesso à produção
de qualquer canto do mundo. Mas há alguns sites onde é possível acessar informações
de qualidade para desenvolver sequências didáticas e projetos capazes de instigar o
interesse e a curiosidade dos alunos, como os listados abaixo.

Learning English - BBC


O site traz programas temáticos, vídeos animados de peças consagradas como as
produzidas por William Shakespeare, livros clássicos recontados, a exemplo de Alice in
Wonderland, entre outros conteúdos que podem enriquecer as aulas.

Atividades pedagógicas – British Council


Traz diversas atividades que podem ser usadas como base para o desenvolvimento de
projetos pedagógicos em classe. O download é gratuito.

Área do educador - Code


Basta se logar como professor para ter acesso a planos de aula diários, atividades
voltadas aos estudantes, fóruns de professores etc.

National Geographic Learning


Reúne materiais de alta qualidade técnica, que podem ser usados na elaboração de
planos de aula, além de webinars, TEDTalks e outros conteúdos de interesse do
professor.

Fontes: Alexandre Badim, coordenador do Centro de Línguas da Universidade Federal de Goiás.Ana Maria
Gurgel, diretora pedagógica da Twice Bilingual Programs. Sandra Baumel Durazzo, diretora da Target
Idiomas Consultoria Educacional.

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