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CADERNO DE ATIVIDADES

Paralelas e Diagonais [Parallels and Diagonals], ca. 1950, de José Yalenti

Professor,

O Itaú Cultural dá início às suas atividades de 2014 com a exposição


Moderna para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na
Coleção Itaú, com trabalhos de artistas que, entre os anos 1940 e
1970, alargaram as fronteiras da produção fotográfica do Brasil.

Este caderno tem o objetivo de suscitar reflexões que, ligadas às obras


da mostra, possam ser utilizadas em sala de aula. Vale lembrar, em
todo caso, que as atividades aqui propostas estão abertas a adapta-
ções e não devem ser interpretadas como receitas prontas: a ideia, ao
contrário, é que elas sirvam como pontos de partida para as atividades
que você vai desenvolver com os alunos. Afinal, o Itaú Cultural acre-
dita que todo educador é um pesquisador-propositor.

Para saber mais sobre os artistas que integram a seleção – bem


como alguns de seus antecessores –, confira o caderno de concei-
tos da mostra.

E, nos cadernos elaborados para a exposição Fotonovela: Sociedade/


Classes/Fotografia – que esteve em cartaz na sede do instituto en-
tre outubro e dezembro de 2013 –, você encontra outras propostas
de atividades relacionadas ao campo da fotografia – como a cons-
trução de uma câmara obscura com materiais de fácil acesso.

Lembre-se sempre de que as vivências e as experiências do professor são


essenciais para aguçar a curiosidade da turma! Compartilhe conosco, por
meio do Blog do Professor, os desdobramentos destas propostas.

Boa aula!
RECRIA
“Fotografia, que por natureza é inteiramente
evidência: a evidência é o que não quer ser

FOTOS
decomposto.” [Roland Barthes, em A Câmara Clara]

A fotografia sempre foi entendida como uma maneira de registrar


fielmente a realidade, de preservar momentos históricos e/ou importantes.

Mas você já parou para pensar nas histórias que uma imagem guarda?
Que memórias e lembranças ela carrega? A quem elas pertencem?

Valendo-se de recursos como o recorte e a sobreposição de


imagens, a fotografia moderna apropriou-se de diferentes registros
a fim de criar realidades alternativas.

Chakib Jabour Délcio Capistrano


Lâmpada Mágica, 1950 Sociedade de Consumo, 1975
Hoje, graças aos avanços tecnológicos no campo da fotografia, Esta atividade foi realizada durante a exposição Fotonovela:
podemos inventar uma infinidade de histórias, memórias e lembranças. Sociedade/Classes/Fotografia. Na ocasião, foram utilizadas
molduras que faziam referência à rede social Instagram e às imagens
Por meio de um programa de edição de imagens digitais, por produzidas pelas câmeras Polaroid. Os participantes também
exemplo, você pode criar o registro de uma viagem que você não tinham a opção de inserir um “filtro de cor” sobre as colagens.
fez a Paris. Basta, com um pouco de paciência e alguns cliques,
sobrepor um retrato seu a uma foto da Torre Eiffel.

Esta atividade tem o objetivo de, reinventando a edição de imagens


na era digital, estimular a criatividade dos participantes.

Além de pedir a cada aluno uma foto em que ele apareça – e que
possa ser recortada –, você vai precisar de:

– revistas e jornais
– tesoura
– cola
– papel [gramatura de 120 g ou mais: sulfite, cartão, cartolina etc.]

Das revistas e jornais o aluno deve retirar um cenário – ou


elementos dele –, sobre o qual posicionará seu retrato. O papel
servirá de base para os recortes.
FOTO Você já viu uma imagem desbotar? A capa de um livro ou de uma
revista que tem suas cores alteradas quando exposta por determinado

SOLAR
período a uma luz intensa ou à luz do sol é um exemplo.

Os primeiros materiais fotográficos foram desenvolvidos por meio de


estudos ligados a essa propriedade que certas substâncias têm: a de
se alterar quando em contato com a luz.

A prata é outro exemplo. Quanto mais tempo ela fica exposta à claridade,
mais escura ela fica, uma vez que a luz gera uma reação química na sua
superfície, provocando o seu escurecimento. Você já viu isso acontecer?

E é por esse motivo – por serem fotossensíveis – que os sais de


prata foram tão importantes para o desenvolvimento dos materiais
fotográficos – no caso, o papel em que a imagem deveria aparecer.

Hoje em dia, no entanto, a fotografia digital tornou desnecessário o


uso de papéis sensíveis à luz. Mas ainda podemos fazer como nos
velhos tempos... Ainda podemos gravar com a luz!

Abrindo mão de produtos químicos e de materiais fotográficos, esta


atividade explora a ação da luz sobre os objetos.
Você vai precisar de: Feito isso, cubra o desenho ou a composição com uma folha de
papel de seda colorido.
– papéis de seda coloridos
– papel cartão preto
– caneta preta de retroprojetor
– fita adesiva transparente
– tesoura

Faça um desenho com a caneta no vidro de uma janela que receba


bastante luz solar – ou recorte figuras de papel de seda e cole-as no
vidro com fita adesiva.

Em seguida, cubra tudo com o papel cartão.


Do lado de fora, você terá algo parecido com isto: Observe que as imagens aparecem invertidas. Se você quiser
escrever algo, lembre-se desse detalhe.

Importante: Os resultados podem variar de acordo com a


pigmentação do papel, o tempo de exposição e a intensidade
da luz. Se preferir, faça um teste antes. Nossa experiência durou
uma semana.

Você ainda pode fazer o experimento com papéis de cores


diferentes e analisar os resultados com seus alunos. O papel-jornal
também é muito sensível à luz solar e pode ser uma alternativa
interessante ao papel de seda.

Se os alunos quiserem fazer a atividade em casa, peça a eles que


Agora é só esperar para que a luz faça a sua parte. tomem nota dos materiais usados e do tempo de exposição –
assim vocês podem comparar os resultados com mais precisão. 
Depois de alguns dias, o resultado será como estes:
DESENHO
Geraldo de Barros foi um dos primeiros fotógrafos a utilizar
no Brasil o termo “construção da realidade”. Na época, alguns
dadaístas e artistas como Man Ray e Moholy-Nagy já haviam

ESCONDIDO lançado para o mundo o desafio de rever a fotografia como


representação fiel do que observamos.

Como podemos, a partir do que julgamos real, recriar ou descobrir


outras realidades?

Quando observamos as coisas ao nosso redor com bastante minú-


cia, descobrimos nelas alguns detalhes – linhas, volumes, sombras
– dos quais, normalmente, não nos daríamos conta.
Você pode pedir aos seus alunos que desenhem alguns detalhes Se tiverem acesso a uma máquina de xerox, vocês também podem
de objetos ou paisagens num pedaço de papel. explorar esses detalhes por meio de ampliações seriadas de uma
imagem – a de uma mão ou a das franjas de um cachecol, por
Uma maneira de mantê-los concentrados na atividade é preparar exemplo, como vemos a seguir:
com eles o que chamamos de “observatórios de minúcias” – ou
molduras para o olhar. Basta formar quadrados com palitos de
sorvete, como o da foto abaixo, e dar início às investigações!

Talvez seja interessante fazer com que os alunos analisem cada


uma das etapas da ampliação – da primeira imagem, mais próxima
da reprodução do real, até as últimas, que nos fazem pensar em
Você vai precisar de: ritmo, texturas etc.

– bloquinhos de papel O simples fato de registrar objetos tridimensionais em uma


– lápis superfície bidimensional já consiste na criação de um código? Como
– 5 palitos de sorvete para cada aluno a atenção nos detalhes pode alterar a nossa noção de realidade? São
– cola branca várias as questões geradas por este exercício – que também pode
ser feito com programas de edição de imagens digitais.
MAPEANDO
“[...] os enquadramentos em ângulos tortuosos e
insólitos desnudam a função da fotografia como
forma de exercício de olhar.” [Arlindo Machado, em A
Ilusão Especular – uma Introdução à Fotografia]

Há um desenho em todo movimento – ou em tudo o que nos dá a


ideia de movimento. Podemos desenhar com os olhos a trajetória
percorrida por um automóvel na rua ou por um avião no céu. A
trilha de muco que uma lesma deixa por onde passa forma um
desenho, assim como formam um desenho os trilhos por onde um
bonde vai passar...

André Carneiro
Trilhos, 1950
Esta atividade visa explorar justamente a nossa capacidade de Os trajetos de cada aluno, assim, darão origem a diferentes formas
transformar movimento em desenho. geométricas, sobre as quais vocês podem conversar.

Você vai precisar de: Se você não tiver como imprimir ou xerocar os mapas, uma alternativa
viável é pedir aos alunos que desenhem livremente seus trajetos.
– mapa das proximidades da escola [uma cópia para cada aluno]
– lápis, canetinhas ou lápis de cor Identificando semelhanças e diferenças entre os seus traços e os
feitos pelos colegas, o aluno não deixará de pensar em questões
A ideia é que os alunos tracem em seus mapas, como se estivessem ligadas, por exemplo, à mobilidade urbana e ao seu cotidiano na
vendo a cidade a partir de um helicóptero em voo, os trajetos que cidade – afinal, o nosso dia a dia é como a rota percorrida por um
fazem diariamente – de casa para a escola, da escola para casa. automóvel na rua ou por um avião no céu: ele também pode ser
transformado em desenho...
O exemplo abaixo indica percursos realizados na região da
Avenida Paulista, em São Paulo, onde está o Itaú Cultural:
EXERCÍCIO
Em certo momento da história, a pintura deixa de buscar um
registro fiel da realidade. E o mesmo acontece, mais tarde, com a
fotografia. Em São Paulo, isso se dá por volta da década de 1940,

MODERNO
com o surgimento do Foto Cine Clube Bandeirante.

Note como, nestas fotos, as coisas registradas – uma escada, uma


janela, estruturas arquitetônicas – não deixam de ser o que são
nem deixam de ser facilmente reconhecíveis.

Ainda assim, o que é evidenciado nas imagens não são as coisas


em si, mas antes os jogos de linhas formados por seus diversos
elementos, o contraste entre as sombras e as áreas iluminadas, seu
“ritmo visual”.

Eduardo Enfeldt Geraldo de Barros


Escala em Branco, 1957 Sem Título, 1951
Confira estes exemplos de imagens produzidas por nós:

Osmar Peçanha Paulo Pires


Equilíbrio, ca. 1960 Linhas, 1950

Raphael Giannini

Esta atividade consiste em fotografar objetos ou paisagens com


base nesse “ritmo visual”.

O resultado pode ficar melhor se as fotos forem tiradas em preto


e branco.

Caso não tenham uma máquina fotográfica, ou um smartphone,


os alunos podem usar uma folha de papel cartão com um recorte
retangular no centro e desenhar o que enxergam pelo visor.
Lembre-se de que em nosso blog você também
pode compartilhar suas experiências!

Núcleo de Educação e
Relacionamento
Gerência
Valéria Toloi

Coordenação
Samara Ferreira

Concepção do Material
Claudia Malaco
Paula Pedroso
Raphael Giannini
Sylvia Sato
Homem Guarda-Chuva [Umbrella Man], 1954, de German Lorca

imagem da capa: detalhe da foto Ascensão, déc. 1950, de Paulo Pires

Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoas


Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 131137 – Vencimento: 9/9/2014

itaú cultural avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô] fone 11 2168 1777 fax 11 2168 1775
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