Você está na página 1de 18

Jardim Sensorial: abordagem inclusiva de Ciências em espaço não escolar

Camilla Silva de Miranda1

Marilia Carla de Mello Gaia2

Resumo

A educação Inclusiva é o processo de inclusão dos portadores de


necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede regular de
ensino. Em se tratando da busca de uma sociedade inclusiva, faz-se
necessário pensar em atividades de inclusão para além do ambiente escolar.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho é elaborar uma proposta de
implantação de um Jardim Sensorial na Fundação Zoobotânica de Belo
Horizonte e propor uma aula de Ciências que possa ser desenvolvida neste
Jardim Sensorial, a fim de contribuir nas discussões das estratégias de ensino
de Ciências em espaços não escolares para portadores de necessidades
especiais seja ela qual for. A instalação do Jardim Sensorial visa potencializar a
percepção sensorial dos visitantes (pessoas com deficiência visual, auditiva,
autismo, cadeirantes, paralisia cerebral e outras condições ou não) podendo
ser uma ferramenta didática para desenvolver a percepção sensorial e a
Educação Ambiental facilitando o ensino de aprendizagem de Ciências.
Palavras chave: educação inclusiva, ciências não escolar, jardim sensorial,
espaço não escolar.

1. INTRODUÇÃO
As escolas são espaços educativos de construção de personalidades
humanas autônomas, buscando constituir seres pensantes, críticos,
questionadores, criativos, desenvolvendo seus talentos e preparando-os para
serem melhores cidadãos (MANTOAN, 2003).
Hoje, no Brasil, há um grande índice de pessoas com algum tipo de
deficiência na nossa sociedade, portanto, as escolas, junto com a família
desempenham um papel muito importante na inclusão de todos os cidadãos,

1
Licenciada do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix
2
Professora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
sendo fundamental refletir como poderemos construir um caminho para uma
sociedade mais inclusiva (AINSCOW & CÉSAR, 2003).
Um dos grandes desafios da educação é conseguir que todos os alunos
tenham acesso à educação básica de qualidade, por meio da inclusão escolar,
respeitando as diferenças culturais, sociais e individuais (SANTOS ,1995).
A Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte3 (FZB-BH) por ser a terceira
maior área verde pública da cidade contribui com vários projetos educativos,
científicos e culturais.
É importante pensar em atividades de inclusão não só no ambiente
escolar. Muitos espaços não escolares, igualmente importantes para o ensino-
aprendizado, precisam se adaptar para receber pessoas com necessidades
educativas especiais. Esta adaptação não se limita apenas no âmbito da
acessibilidade física, mas também do conhecimento. Portanto, o objetivo deste
trabalho é elaborar uma proposta de implantação de um Jardim Sensorial na
Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte e propor uma aula de Ciências que
possa ser desenvolvida neste Jardim Sensorial, a fim de contribuir nas
discussões das estratégias de ensino de Ciências em espaços não escolares
para portadores de necessidades especiais seja ela qual for.

1.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA


A Educação Inclusiva é o processo de inclusão dos portadores de
necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede regular de
ensino. Esta preconiza que todas as pessoas devem ser inseridas na escola
regular, independentemente de suas condições sócio- econômicas. Dentre as
diversas necessidades educacionais podemos citar: deficiência sensorial
(auditiva e visual), deficiência mental (como autismo e diversos graus de
deficiência cognitiva), deficiências múltiplas (paralisia cerebral e outras
condições), dislexia, superdotados, entre outras (GLAT et al., 2006).
A Educação inclusiva sugere mudanças no ensino e das práticas
pedagógicas realizadas na escola, de forma que visa o beneficio a todos os
alunos. A equipe pedagógica devera desenvolver práticas inovadoras que
entende as necessidades especificas de aprendizagem dos alunos tendo como

3
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?app=fundacaobotanica
referência o sistema educacional e as suas possíveis limitações. Segundo Glat
& Oliveira (2003) e importante reconhecer as características e dificuldades
individuais de cada aluno para então, de determinar qual tipo de adaptação
curricular é necessário para que ele aprenda.
A Educação Inclusiva foi vista, em primeiro momento, como uma
inovação da Educação Especial, depois expandiu em todo contexto educativo
como uma tentativa de uma educação de qualidade que alcançasse a todos.
Esta enfatiza a diversidade, mais que a semelhança. Segundo Skrastic (1999),
o movimento a favor da Educação Inclusiva pode oferecer a visão estrutural e
cultural necessária para começar a construir a educação pública rumo às
condições históricas do século XXI.
Na Educação especial, o trabalho era desenvolvido com base em um
conjunto de terapias individuais como: fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e
Psicopedagogia e pouca ênfase era dada a atividade acadêmica durante o
horário dos alunos (GLAT,1989). A educação escolar não era considerada
necessária, ou mesmo possível, para aqueles com deficiência cognitiva ou em
sensoriais severas, o trabalho educacional em relação à alfabetização não
tinha muita expectativas quanto a capacidade desses indivíduos desenvolver e
ingressar na cultura formal.
O avanço do paradigma da Educação Inclusiva tem trazido grandes
desafios à Educação. A própria Educação Especial vem tentando mudar seu
papel, ou seja, a Educação Especial é hoje concebida como um conjunto de
recursos que a escola regular deve ter à sua disposição para atender todos os
alunos (GLAT & PLETSCH, 2004).
O modelo segregado de Educação Especial passou a ser questionada
sobre a inserção dos alunos com deficiência na classe regular, desencadeando
alternativas pedagógicas para a inserção de todos os alunos, mesmo os
portadores com a deficiência severa no sistema regular de ensino (como
recomendado no artigo 208 da Constituição Federal de 1988).
Foi assim instituída, no âmbito das políticas educacionais a integração,
as escolas especiais deveram preparar os alunos para serem integrados em
classes regulares recebendo atendimento de acordo com sua necessidade
(GLAT & FERNADES,2005).
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Especial (MEC-SEESP, 1998), o conceito de escola inclusiva implica em uma
escola regular propor no projeto político- pedagógico, no currículo, na
metodologia, na avaliação e nas estratégias de ensino, ações que favoreçam a
inclusão social e práticas educativas diferenciadas que atendem todos os
alunos.
Para oferecer uma educação de qualidade para os alunos com
necessidades especiais, a escola precisa capacitar seus professores para
receber essas crianças e jovens. O próprio Ministério da Educação reconhece
que inclusão não significa somente matricular os educandos e ignorar suas
necessidades especiais, mas sim dar ao professor e à escola o suporte
necessário à sua ação pedagógica (MEC/SEESP, 1998).
Uma sala de aula inclusiva deve se embasar na premissa de que todas
as crianças são capazes de aprender e fazer parte da vida escolar e
comunitária (LIPPE & CAMARGO 2010).
Para Castaman (2006) o contexto escolar deve propiciar inserção a
todos os alunos, sejam em ambientes público ou privado e oferta de qualidade
de ensino independentemente da necessidade de cada aluno.
Para favorecer o aprendizado dos alunos com necessidades
educacionais especiais e efetivar a proposta de inclusão escolar foram
desenvolvidos, conceitos de adaptações curriculares. Essas adaptações têm
por objetivo garantir as mudanças que as escolas precisam fazer e garantir
acessibilidade aos alunos quanto às adaptações pedagógicas ou curriculares
propriamente ditas (CORREIA, 2001; MEC/SEESP, 2003; MACHADO2005).
Fica ainda o desafio de ampliar as questões relacionadas à Educação
Inclusiva pra além do espaço escolar, atingindo também os espaços não
escolares, que tenha intenção clara de educar e que também recebem pessoas
com necessidades educativas especiais.

1.2 EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES


A educação enquanto forma de ensino e aprendizagem, é adquirida ao
longo da vida. Segundo Gohm (1999), a educação pode ser dividida em:
educação formal e educação informal.
O espaço formal é o espaço escolar, onde o aluno tem acesso a salas
de aula, laboratórios, quadra de esportes, bibliotecas, pátio, cantina e refeitório,
que está relacionado às Instituições Escolares da Educação Básica e do
Ensino Superior, definido pela Lei 9394-96 de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. As aulas formais se baseiam nos conteúdos curriculares propostos
em livros didáticos. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
editado pelo MEC em 1998.
Por sua vez, a educação informal é aquela transmitida pelos pais, no
convívio com os amigos, em teatros e museus, ou seja, os aprendizados que
ocorrem sem a intenção clara de ensinar-aprender.
Assim, a educação não formal pode ser definida como a que proporciona
a aprendizagem em espaços como Museus, Centros de Ciências, Parques
Ecológicos, Jardim Zoológico e Jardim Botânico, dentre outros, onde as
atividades sejam desenvolvidas de forma bem direcionada com objetivo
definido (GOHM,.1999).
No âmbito escolar,segundo Vasconcelos e Souto (2003), ao ensinar
Ciências, é importante não privilegiar somente a memorização e sim promover
uma formação de uma bagagem cognitiva no aluno.
Neste sentido, as aulas de Ciências e Biologia desenvolvida em espaços
não escolares e, em ambientes naturais têm sido apontados como metodologia
eficaz (SENICIATO & CAVASSAN 2004).
Segundo Santos (2002), o professor de Ciências e Biologia vêm
ganhando estimulo com as aulas de campo em um ambiente não escolar,
possibilitando a inovação dos seus trabalhos para o processo de ensino e
aprendizagem.
A participação dos alunos nessas aulas são vistas como positivas pelos
professores, pois, na sua concepção, caracterizam-nas como lúdicas e
prazerosas. Nessas aulas, a questão metodológica, a abordagem dos temas e
conteúdos científicos apresentados pode contribuir para o aprendizado (VIEIRA
et al., 2005).
O espaço não escolar como, por exemplo, museus, jardim zoológico e
centros de ciências, oferece a oportunidade de suprir algumas das carências
da escola, como a falta de laboratórios e de recursos audiovisuais, entre
outros, conhecidos por estimular o aprendizado. Entretanto, é importante que
os professores analisem esses espaços e dos conteúdos neles presentes para
um melhor aproveitamento escolar (VIEIRA et al., 2005).
Muitos são os relatos de atividades de ensino-aprendizagem de Ciências
desenvolvidas em espaços não escolares.

1.3 ENSINO INCLUSIVO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES


A educação em ar livre e o uso de trilhas são estratégias que contribui a
integrar o ser humano com a natureza e a preservação desses ambientes.
Segundo o Projeto Doce Mata (citado por IKEMOTO etal, 2009) a Educação
Ambiental (EA) pode ser desenvolvida tanto em espaço formal ou não formal.
A trilha do Jatobá está localizada no Centro de Conservação da Fauna
Silvestre (CCFS) de Ilha Solteira, construído em 1979 em São Paulo. A trilha
tem 76 metros de extensão é utilizada pelas as escolas para auxiliar a
aprendizagem sobre as espécies típicas da região, tais como algumas espécies
nativas de cerrado: angico (Anadenanthera colubrina) e jatobá (Hymenaea
stigonocarpa). A oficina foi oferecida para alunos do 7º ano (6ª série) do ensino
fundamental de uma escola particular no município de Ilha Solteira (SP) os
temas abordados foram: o bioma cerrado, serrapilheira, ciclagem de nutrientes,
banco de sementes, dispersão de sementes e a importância da manutenção
das florestas. Esta aula em campo faz parte dos conteúdos estudados pelos
alunos da escola, bem como constante na Proposta Curricular do Estado de
São Paulo (São Paulo, 2008).
O Jardim Zoológico do Rio de Janeiro tem roteiro básico de visitas para
deficientes visuais que prioriza a observação e valorização de animais
nacionais. Estas visitas são agendadas, com duração de cerca de duas horas,
sendo guiada por quatro monitores, cada um responsável por um grupo de dez
alunos. Devido à deficiência visual do grupo de visitantes, os monitores
trabalham outros sentidos dos mesmos ao longo da visitação, como por
exemplo, o tato, pelo toque em um casco de jabuti, no ovo de jacaré, num bico
de papagaio, ou numa asa de borboleta (VIEIRA et al., 2005). A partir do
momento que são explicadas as características dos animais e das atividades
de contato tátil com algumas espécies ou partes dos mesmos, animais
certamente facilitam o aprendizado de temas da Zoologia.
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em decorrência de suas riquezas
e diversidade botânica, com cerca de 50 mil espécies, passou a oferecer mini-
cursos para professores para um melhor aproveitamento das visitas escolares,
já que lá não são oferecidos serviços de guias ou monitores. O curso é
realizado para professores que lecionam desde a educação infantil até o ensino
universitário, atendendo assim um público bem diversificado. Durante o curso
os monitores ressaltam curiosidades e formas lúdicas de trabalhar conteúdos
específicos de cada ambiente do Jardim Sensorial (VIEIRA et al., 2005).
Durante a Semana Nacional de Ciências e Tecnologia de 2008, (SNCT),
o Laboratório de Botânica Estrutural e Funcional da UFF ( Universidade
Federal Fluminanse), desenvolvem uma exposição ao ar livre na Praça do
Ciclotron, no Rio de Janeiro. Esta exposição contou com um jardim sensorial
com o objetivo de potencializar a percepção sensorial dos visitantes, podendo
ser desenvolvido os sentidos: tato dos pés, olfato, paladar, tato das mãos,
audição e visão (BORGES; PAIVA, 2009). Este Jardim Sensorial está sendo
utilizado como uma ferramenta didática para o ensino de Botânica, que visa
estimular a percepção sensorial por meio dos seus cinco sentidos, aguçando
as curiosidades dos visitantes e facilitando o processo de ensino e
aprendizagem através de atividades lúdicas (MATAREZI, 2001).
O Jardim sensorial representa um espaço de lazer e prazer, além disso,
se torna uma ferramenta de inclusão social de pessoas com diversos tipos de
necessidades especiais. Através desse espaço o deficiente estimular seus
sentidos, ajudando também a relaxar ao entrar em contato com a natureza
(ELY et al, 2006).
O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) possibilita que jovens
surdos aprendam conteúdo relacionado à arte, através do projeto “Aprender
para Ensinar”. Segundo Lucena e colaboradores (2012) o projeto foi concebido
a partir do momento que percebe-se a presença de visitantes surdos nas
exposições. Estes participavam de um processo de tradução e interpretação,
entretanto como o tradutor dominava a língua Brasileira de sinais, mas não na
era familiarizado com as expressões artísticas ali expostas, havia certo
distanciamento entre os visitantes surdos e a arte.
Segundo Lucena e colaboradores (2012), como o interesse dos
visitantes surdos pela exposição era notável, e devido a dificuldade de
comunicação entre educador-artista e o grupo de surdos e com a intenção de
que os surdos pudessem ser recebidos no Museu em sua “língua primeira”,
nasceu à ideia deste projeto: formar jovens surdos para que recebessem os
visitantes surdos nas exposições do Museu.
Desse modo, a partir da inclusão de jovens surdos na cultura do Museu,
o projeto “Aprender para Ensinar” enfatiza não apenas os aspectos
relacionados à educação, e, neste caso a arte, mas também as transformações
culturais que encontramos entre diferentes agentes e espaços sociais
(LUCENA et al.2012).
O Museu de Ciências Morfológica (MCM) da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) tem a proposta de tornar acessível à população em geral
o conhecimento relativo à morfologia e fisiologia humana, sendo hoje um
espaço democrático de pesquisa e educação científica (RIBEIRO, 2010).
Segundo Ribeiro (2010), a missão do MCM, além de incluir a
comunidade no contexto científico, era também incluir os grupos com
limitações e deficiências, de modo que idosos, cadeirantes, pessoas com
deficiência visual, auditiva e mental se tornassem frequentes ao Museu. Entre
ações do MCM destaca-se o desenvolvimento de uma nova tecnologia sócio-
educacional. O projeto “A Célula ao Alcance da Mão”, constituído por uma
coleção didática de modelos tridimensionais e em relevo, representativo de
corpo humano, em suas dimensões macro e microscópicas, fez com que o
ensino e aprendizagem do organismo humano deixasse de ser problema para
professores e estudantes deficientes visuais (RIBEIRO,2010).
A referida coleção conta com 63 peças que reproduzem uma célula com
suas organelas, com todos os tipos de tecidos, órgãos e sistemas orgânicos.
Com suas formas, dimensões e texturas, os deficientes visuais são capazes de
explorar a identificação tátil das diferentes estruturas orgânicas. Legendas em
braile e em tinta em cada peça da coleção facilitam a compreensão. Também
faz parte da coleção um livro didático em braile e tinta, com informações
teóricas essenciais à compreensão do conteúdo em estudo e a descrição
detalhada de cada modelo da coleção, de modo a facilitar a sua utilização e
contribuir com a independência dos estudantes. Existe também um audio-livro,
que além de possibilitar para os surdos à liberação de ambas as mãos para a
exploração dos modelos enquanto ouvem as informações, também contribui
para o processo de aprendizagem (RIBEIRO, 2010).
Desse modo o Laboratório de Pesquisa e Educação Inclusiva do MCM
tornou-se um centro de referências ao atendimento a profissionais, estudantes
e instituições com projetos de inclusão de deficientes visuais em atividades
sócio-educacionais (RIBEIRO, 2010).

2. METODOLOGIA
A revisão de literatura com foco no ensino inclusivo de Ciências em
espaços não escolares teve como descritores: Educação Inclusiva, Ensino de
Ciências, Espaços não Escolares, Ciências e Inclusão, Ciências e deficiência
visual, entre outros. Foram pesquisados artigos científicos e livros da área, bem
como documentos oficiais sobre educação e inclusão (Lei de Diretrizes e
Bases- LDB, Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN, etc.).
A partir dessa revisão foi possível conhecer algumas estratégias
educativas para inclusão de pessoas com necessidades especiais, em
atividades em espaços não escolares, e também as possibilidades para o
ensino de Ciências nestas condições. Antes de realizar essa prática os
professores junto com equipe pedagógica devera comunicar com a Fundação
Zoobotânica agendando o dia e a hora que Será realizado a aula prática e até
mesmos preparar e capacitar os professores e monitores para receber esses
alunos. Com base nestas estratégias foi elaborada a proposta do Jardim
Sensorial na Fundação Zoobotânica Belo Horizonte e propor uma aula de
Ciências que possa ser desenvolvida neste Jardim Sensorial.
A Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte (FZB-BH) é a terceira maior
área verde pública da cidade, para isto, mantém projetos educativos, científicos
e culturais, contribuindo para a preservação da fauna e da flora. Sua área
possui 1,8 milhões de metros quadrados com diferentes espaços de lazer para
toda a família: Jardim Zoológico, Aquários de peixes da Bacia do Rio São
Francisco, Jardim Botânico, Jardim Japonês constituindo um espaço de lazer e
conhecimento (Prefeitura de Belo Horizonte,.1991).
A FZB-BH foi escolhida como foco para a possibilidade de implantação
de um jardim sensorial por possuir nas suas dependências um Jardim Botânico
organizado em áreas temáticas, tais como, Jardim das Medicinais, Jardim das
Suculentas, estufas com os diferentes biomas brasileiros, etc.
Vale ressaltar que a proposta de implantação deste jardim sensorial é
apenas teórica, não sendo uma solicitação da FZB-BH, podendo ser uma idéia
para este ou para outros espaços não escolares com função semelhante.

3.RESULTADOS
Foi elaborada uma proposta de um Jardim Sensorial na Fundação
Zoobotânica de Belo Horizonte. Esse jardim será circular em uma área de 15
m2, havendo na entrada uma placa indicativa com os dizeres em tinta e em
braile4, conforme:

JARDIM SENSORIAL

VOCÊ ESTÁ ENTRANDO EM UM AMBIENTE QUE BUSCA


ESTIMULAR SUAS SENSAÇÕES E EMOÇÕES

DESENVOLVA AQUI OS SEUS SENTIDOS DO TATO,


OLFATO, PALADAR, AUDIÇÃO E VISÃO

Neste Jardim, no caso de visita escolar ou de visita espontânea da


população em geral, o educador e o monitor desenvolverão com os seus
alunos/visitantes os sentidos como tato, olfato, paladar, audição e visão,
ensinando a conhecer melhor o ambiente que vive, tendo a capacidade de
interagir com pessoas, objetos, luzes, cheiros, texturas e sabores.
Para cada um dos sentidos humanos a serem trabalhados propõem-se:
Tato: o professor/monitor poderá desenvolver vários tipos de sensações,
como a capacidade de diferenciar se está frio ou quente se algo é liso ou
rugoso, macio ou duro, grande ou pequeno, leve ou pesado, molhado ou seco.
Olfato: o professor/monitor vai desenvolver com os alunos/vistantes as
sensações como o cheiro, descobrir os vários aromas que existem como
perfumes e temperos/condimentos. Conhecendo os cheiros, o visitante poderá,
por exemplo, ter a capacidade de diferenciar várias plantas pelo cheiro.
4
Neste artigo só estão sendo apresentados os dizeres em tinta em todas as propostas escritas, sendo
necessária uma tradução posterior para o braile caso alguma destas placas sejam desenvolvidas.
Paladar: os alunos/visitantes poderão desenvolver suas sensações de
doce, salgado, azedo ou amargo, a textura e a temperatura, estimulando esse
sentido ao ingerir, diferenciando os sabores.
Audição: os alunos/visitantes poderão estimular sua audição tentando
reconhecer os vários tipos de sons como barulhos, vozes, ruídos e músicas.
Com o estimulo desse sentido, o aluno/visitante terá a capacidade de
diferenciar o que é musica ou ruído, diferenciar a voz de cada pessoa,
diferenciar os sons do ambiente (queda d’água, canto de pássaros, etc).
Visão: o professor/monitor irá desenvolver os sentidos da visão,
estimulando o aluno/visitante a descobrir e descrever determinadas plantas e
estruturas sem utilizar sua visão, ou seja, através de outros sentidos.
Este espaço visa desenvolver os sentidos de qualquer
criança/jovem/adulto, tendo ou não necessidade especiais. Propõe-se que os
alunos/visitantes entrem descalços para poder sentir os diversos pisos que
terão no Jardim e que utilizassem uma venda ao entrar no jardim, sendo que
em cada troca de textura do piso indica que um sentido diferente será
trabalhado.
Ao entrar no Jardim, alunos/visitantes será acompanhado sempre por
um monitor o visitante terá uma placa à sua esquerda com os seguintes dizeres
em tinta, braile e instruções em libras. Atenção: à textura do chão é de pedra e
brita, de diversos tamanhos.
Neste primeiro ambiente do Jardim teremos rosas, violetas, babosa
(Aloe Vera), beijinho, suculenta como cactos e Espada de São Jorge. No jardim
terá placa dizendo:
Vamos tocar as plantas e flores com
cuidado sentir a diferença e a

No jardim do tato, os visitantes poderão comparar a textura das folhas,


flores e planta se são grande ou pequeno.
Depois de estimular o tato, vamos passar para o outro sentido,
continuando a esquerda haverá uma placa com os seguintes dizeres: Atenção
a textura do chão é de areia fina e grossa.
As plantas e as folhas possuem uma infinidade de aromas, neste
ambiente vamos desenvolver e estimular estes distintos cheiros das flores e
ervas aromática para que eles sintam os cheiros, os alunos não poderão
arrancar as folhas do jardim, por isso, para que eles possam sentir o cheiro terá
expostos para eles as folhas das respectivas plantas como modelo. Teremos
alfazemas, salsa, hortelã, lavanda e camomila e uma placa dizendo:

Toque nas folhas e flores e sinta o cheiro


dos diferentes perfumes e o cheiro das
ervas aromáticas.

No jardim do olfato, os visitantes poderão diferenciar vários cheiros e


aromas, conhecer cheiros doces e suaves diferenciar os temperos.
Depois de estimular o olfato, seguindo em frente, haverá outra placa
dizendo: Atenção: textura do chão é de grama de diversa qualidade.
No Jardim do paladar, teremos diversos alecrins, boldos, cebolinha e
gengibre. São hortaliças utilizadas na alimentação e como medicinais. No
jardim terá uma placa com os seguintes dizeres:

Toque nas folhas e experimente uma das


hortaliças e aprecie seu gosto e sabor.

No jardim do paladar, os visitantes poderão degustar as diversas


hortaliças, aprendendo a diferenciando o gosto.
Depois de estimular o paladar, teremos outra placa dizendo: Atenção
textura do chão é de cascalho.
No jardim da audição, em silêncio, o visitante deve escutar a fonte de
água ali presente, com diferentes quedas de água, e diferentes cantos de
diferentes aves podem ser utilizadas para estimular a diferenciação dos sons e
depois entraram em um túnel escuro onde escutarão barulhos da natureza. No
jardim terá uma placa com os dizeres:

Toque na água e escute o cair na


água que sai da cascata e o canto
dos pássaros.

Na sequencia, a placa a seguir: Atenção textura do chão é de terra


batida. O jardim da visão busca exaltar a exuberância da natureza, suas cores
e detalhes. Teremos
eremos orquídeas, Lírios, Violetas, flor de cravo e plantas Nínfeas
(plantas aquáticas) de diversas cores. No Jardim terá uma placa com os
dizeres:
Toque nas flores e aprecie
suas belas cores.

Os alunos/visitantes
s/visitantes poderão admirar as diversas cores das flores, e os
alunos ou visitantes que tenha necessidades especiais como, por exemplo,
deficiência visual ou auditiva terá placa e monitores para descrever como são
as cores como, o vermelho, branco, amarele e dentre outros.
A seguir é apresentado o croqui para o referido espaço proposto.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Jardim Sensorial é muito importante, pois além de contribuir com
processo de aprendizado dos alunos, qualquer outra pessoa poderá visitar.O
Jardim por ser autoexplicativa com placas informativas e com um monitor
qualquer criança, jovem ou adulto ao entrar no jardim eles também poderá
desenvolver e estimular os seus sentidos.
É importante ressaltar que, para o professor essa metodologia
possibilitará a inovação dos seus trabalhos para o processo de ensino e
aprendizagem, e agora o professor não ficará mais preso com seus alunos
dentro da sala aula. O jardim pode ser utilizado como uma ferramenta didática
podendo contribuir com o ensino não formal proporcionar aos alunos um
contato sensorial com a natureza, trabalhar com eles a educação ambiental
incentivando a preservação do meio ambiente.
Um dos grandes desafios da educação brasileira é tornar-se uma
educação inclusiva, primeiramente devemos começar com a capacitação dos
profissionais, melhor a infraestrutura das escolas e o material didático,
portanto, o jardim sensorial vem para contribuir com esse processo de ensino e
aprendizagem onde o professor poderá desenvolver trabalho em grupo e
desenvolver projetos para tentar incluir essas crianças com necessidades
especiais.
5.REFERÊNCIAS

BEYER, O.Hugo. A educação Inclusiva: Incompletudes escolares e perspectivas de


ação. Disponível:
<http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs2.2.2/index.php/educacaoespecial/article/view/
5003>. Acesso: 9 abril 213.

BOTO, Carlota. A Educação Escolar como Direito Humano de Três Gerações:


Identidades e Universalismo. Disponível:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v26n92/v26n92a04.pdf>. Acesso: 9 abril 2013

BORGES, A. Thais; PAIVA, R. Selma. Utilização do jardim sensorial como recurso


didático.
Disponível: <http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3664650>. Acesso 10
agosto 2013

BENJARO, N.R.R; CARVALHO,A.M.P. Tornando-se professor de ciências: crenças e


conflitos- Ciências & Educação, v.9,n.1,p.1-15.2003. Disponível:
< http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v9n1/01.pdf>. Acesso: 9 abril 2013.

BRUMER,Anita;PAVEI,katiuci;MOCELIN,G.Daniel. Saindo da escuridão: perspectivas


da inclusão social, economia, cultural e política dos portadores de deficiência visual
em Porto Alegre. Disponível:
<http://www.scielo.br/pdf/soc/n11/n11a13.pdf>. Acesso: 9 abril 2013.

GLAT, Rosan,MACHADO,Katia;BRAUN, Patricia. Inclusão Social.


Disponível:<http://www.eduinclusivapesquerj.pro.br/livros_artigos/pdf/anais_pestalozzi.
pdf> Acesso: 9 abril 2013.

GLAT, Rosana; FONTES, S. Rejeane;PLETSCH,D.Marcia. Uma breve reflexão sobre


o papel da Educação Especial frente ao processo de inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais em rede regular de ensino.
Disponível:<http://www.eduinclusivapesquerj.pro.br/livros_artigos/pdf/unigranrio.pdf>.
Acesso: 9 abril 2013.

GLAT, Rosana;FERNANDES,M.Edicléa. Da educação segregada a educação


inclusiva: uma breve reflexão sobre os paradigmas educacionais no contexto da
educação especial Brasileira. Disponível:
<http://www.eduinclusivapesq-uerj.pro.br/livros_artigos/pdf/edu_segrega.pdf>.
Acesso: 9 abril de 2013.

LUCENA, C.O projeto "Aprender para Ensinar" e a mediação em museus


por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Disponível em:
<http://www.museudapessoa.net/oquee/biblioteca/aprender_2008.pdf>.
Acesso: 20 agosto 2013.

LEOCARDIO, Denise; BASSOLI, Fernanda. Práticas Inclusivas em Espaços não-


formais: Compartilhando Experiências. Disponível:
<http://www.ensinosaudeambiente.com.br/eneciencias/anaisiiieneciencias/trabalhos/T
2.pdf>. Acesso: 20 agosto 2013.

LIPE,E.M.O, CAMARGO.E.P. O Ensino de Ciências e Deficiência visual: uma


investigação das percepções da professora de ciências com relação a inclusão.
Disponível: <http://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&q=O+ENSINO+DE+CI%C3%8ANCIAS+E+DEFICI%C3%8ANCIA+VISUAL%3A+U
ma+investiga%C3%A7%C3%A3o+das+percep%C3%A7%C3%B5es+da+professora+d
e+ci%C3%AAncias+com+rela%C3%A7%C3%A3o+%C3%A0+inclus%C3%A3o+&btn
G=&lr=lang_pt>. Acesso: 9 abril 2013

MENDES, G.Enicéia. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil.


Disponível:
<http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n33/a02v1133.pdf>. Acesso: 9 abril 2013.

MACIEL. C.R.Maria. Portadores de Deficiência a Questão da Inclusão Social.


Disponível:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
88392000000200008&script=sci_arttext>. Acesso: 9 abril 2013.

MANTOAN. E.M.Tereza. Inclusão escolar. Disponível:


<http://www.cee.rr.gov.br/dmdocuments/educ_inclusiva.pdf>. Acesso 10 junho 2013

PASSERINO, M, Liliana; MONTARDO, P, Sandra. Inclusão social via acessibilidade


digital: Proposta de inclusão digital para pessoas com necessidades especiais.
Disponível:
<http://compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/view/144/145>.
Acesso: 9 abril de 2013.

ROLDÃO, M.C. (2003). Professores para quê? Para uma reconceptualização da


formação de profissionais de ensino. Disponível:
<https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/160/1/Discursos%e2%80%93Form
a%c3%a7%c3%a3o%20de%20Professores%2095-120.pdf> .
Acesso: 9 abril 2013.

SANTOS, P. Mônica. O papel do ensino superior na proposta de uma educação


inclusiva. Disponível:
http://www.lapeade.com.br/publicacoes/artigos/Paper%20UFF.pdf . Acesso: 9 abril
2013.

SENICIATO, Tatiana; CAVASSAN, Osmar. Aulas de campo em ambientes naturais e


aprendizagem em ciências - um estudo com alunos do ensino fundamental.
Disponível:
<http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v10n1/10.pdf>. Acesso: 9 abril 2013.

TAGLIARI, Carina; TRÊS. Francesca; OLIVEIRA, G.Sheila. Análise da acessibilidade


dos portadores de deficiência física nas escolas da rede pública de Passo Fundo e o
papel do fisioterapeuta no ambiente escolar.
Disponível:<http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2006/RN%2014%2001/Pa
ges%20from%20RN%2014%2001-2.pdf> . Acesso: 9 abril 2013.

VIEIRA. Valéria; BIANCONE. L. Maria; DIAS. Monique. Espaço não-formais de ensino


e o currículo de ciências. Disponível:
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S000967252005000400014&script=sci_a
rttext> . Acesso: 9 abril 213.

VASCONCELOS, S.D. & SOUTO, E. "O livro didático de ciências no ensino


fundamental – proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico". Ciência &
Educação, v. 9, p. 93-104. 2003
Disponível: < http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v9n1/08.pdf>.
Acesso: 9 abril 213.
6. APÊNDICE
PLANO DE AULA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
Eixo Temático 1 Ambiente e Vida
Tema 1: Diversidade da vida nos Ambientes
1. Introdução
O Brasil possui em seu meio ambiente a maior biodiversidade do planeta.
Donos da maior reserva de água doce e de um terço das florestas tropicais que
ainda restam no mundo, o Brasil, detentor de 20% de toda a espécie animal e
vegetal, possui sete biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica,
Pantanal, Costeiro e Pomba. Segundo IBG,bioma é o conjunto de vida (vegetal
e animal) com condições geoclimáticas similares e histórias compartilhada de
mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
2. Objetivo
2.1 Geral:
Compreender os modos adotados pela ciência para agrupar os seres vivos,
conhecer sobre a fauna e flora como eles vivem como se adaptam no meio que
vivem reconhecer a importância da água, do alimento, da temperatura e da luz
nos ambientes.

2.2 Especifico:
Desenvolver uma aula pratica no Jardim Sensorial para uma sala onde há
alunos tendo ou não necessidade especiais, estimular a percepção sensorial
dos alunos aguçarem suas curiosidades e facilitar o processo de ensino e
aprendizado através de uma atividade lúdica.
3. Tempo estimado
3 etapas, duas aula teórica em sala e uma aula pratica no Jardim Sensorial da
Fundação Zoobotânica.
4. Desenvolvimento
4.1Aula teórica
O professor de Ciências inicia a aula com uma discussão, perguntando os
alunos se eles sabem da importância da água, do alimento para as pessoas,
para os animais e as plantas. A partir dessas informações o professor de
Ciências passa o conteúdo no quadro para explicar melhor sobre a vida nos
ecossistema brasileiro, a relações entre os seres vivos e adaptações dos seres
vivos ao meio ambiente, ecossistema terrestre, componentes abióticos e
bióticos de um ecossistema, biodiversidade.
4.2 Aula prática
Será realizado no Jardim sensorial, o professor deverá desenvolver os sentidos
dos alunos como, por exemplo, tato dos pés, olfato, paladar, tato das mãos e
audição, ensinando a conhecer melhor o ambiente que vivem.
Depois dessa atividade vamos fazer uma roda de debate e discussão cada um
vai expor seus sentimentos das suas dificuldades o que achou o que foi bom
ou ruim para cada um.

Você também pode gostar