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Artigo Especial
Coordenador da Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRPUSP) e do Protocolo Cooperativo Brasileiro de Transplante de
Células Tronco Hematopoéticas em Doenças Auto-imunes
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atualmente por esta modalidade terapêutica, evolução (6) e outro, portador de esclerose
várias de suas propriedades, além da eficiência sistêmica, transplantado na PUC-RGS, evoluindo
clínica a longo prazo, precisam ser determinadas 1 ano após, para óbito por infecção (von
em estudos controlados e randomizados, que Muhlen, comunicação pessoal).
só agora começam a ser desenvolvidos:
iniciando pelo papel das CTH infundidas e da
imunoablação, a determinação do melhor tipo Os protocolos brasileiros
de transplante (auto, alo ou mini-alo), a
necessidade de depleção de células T e B Em outubro de 2000, organizamos um
contaminantes do enxerto, os melhores simpósio internacional em Ribeirão Preto para
esquemas de mobilização e de discutirmos, em um ambiente informal e
condicionamento, entre outros aspectos, bastante crítico, a implantação de um protocolo
demandarão longos anos de estudos clínicos e cooperativo nacional de HSCT em DAI.
laboratoriais. Temos todas as condições, em Compareceram ao simpósio representantes dos
nosso país, de participar deste esforço que está principais grupos de TMO do Brasil, ao lado de
mobilizando a comunidade científica reumatologistas, nefrologistas e neurologistas de
internacional. vários centros brasileiros e quatro especialistas
Entretanto, a organização de um programa internacionais com grande experiência neste
de TCTH para DAI no Brasil, presumivelmente, tipo de transplantes - Richard Burt de Chicago,
poderá esbarrar em várias dificuldades típicas William Burns de Milwaukee, Dhaval Patel, de
do nosso desenvolvimento sócio-econômico Durham e Renate Arnold, de Berlim - além de
heterogêneo: financiamento insuficiente pelos um especialista em seleção de CTH por
sistemas público e securitário de saúde, citometria de fluxo, Dennis Sasaki de San Diego.
competição por espaço com os transplantes Propusemos, no evento, o início de um
tradicionais, falta de recursos rotineiros em protocolo randomizado de fase III, tratando
países desenvolvidos (como as colunas para pacientes portadores de LES refratários à terapia
seleção de CTH) e o baixo nível cultural e convencional com alta dose de ciclofosfamida
econômico dos pacientes. Por outro lado, além (200 mg/kg) alocando-os aleatoriamente para
dessas dificuldades não serem insuperáveis, elas receber ou não suporte de CTH autólogas.
são contrabalançadas por características Este protocolo objetivava abordar
peculiares que tornam esses transplantes cientificamente o efeito das CTH, em adição à
altamente vantajosos de serem realizados em imunoablação, no tratamento agressivo das DAÍ.
nosso país: nossa grande experiência com o A maioria dos participantes do encontro
transplante de DAIs hematológicas, como a desaconselhou esta abordagem e sugeriu a
anemia aplástica (5), maior gravidade das DAIs adoção de protocolos-piloto mais
em populações de nível mais baixo, como a conservadores, para se ganhar experiência na
nossa, cobertura universal de tratamentos área, em estudos de fase I/II. Foram
complexos para a população de baixa renda e selecionadas, assim, três doenças, o LES, a ES e
grande disponibilidade de doadores familiares EM para o início do programa, com mesmo
HLA-idênticos nas famílias brasileiras (no caso regime de mobilização de CTH, mas com
de se planejarem protolocos de transplantes indicações e regimes de condicionamento
alogênicos subablativos, por exemplo). específicos para cada uma delas. Para substituir
Previamente à organização dos protocolos a depleção in vitro de células T nas colunas de
brasileiros de TCTH para DAI, temos seleção de CTH, foi decidido fazer depleção in
conhecimento de dois pacientes portadores de vivo com globulina anti-timocitária (ATG),
DAI isolada, transplantados no Brasil: um disponível comercialmente, ao invés das colunas
portador de crioaglutinina produzindo vasculite de seleção. Os membros dos grupos de TMO
cutânea e anemia hemolítica, transplantado no interessados no programa se reuniram pela
Hospital Albert Einstein-SP em 1996, com boa segunda vez durante encontro da Sociedade
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