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Do Brega Pop ao Calypso do Pará

JR. NEVES
BREGA: DE 1980 A 2005
DO BREGA POP AO CALYPSO DO PARÁ.

Depois do enfraquecimento do movimento musical Jovem Guarda na


década de 60 a 70, seguiu-se o gênero popular (povão), no cenário da música
nacional. E o Brasil foi descobrindo uma grande diversidade de ritmos, que
posteriormente viria à tona, como a lambada, o axé music, sertanejo, forró(os
dois últimos já tinham suas raízes, mas não com esta super projeção como
tem atualmente), etc.

Neste ínterim, continuava a surgir vários novos cantores, ainda sob


influência da Jovem Guarda, mas desconhecidos da grande mídia e por sua
vez (salvo alguns - Reginaldo Rossi - por exemplo), eram inexistentes para o
público nacional.

Justamente por esses cantores não fazerem parte de nenhum


movimento definido, com apresentações esporádicas e isoladas por todo o
Brasil, é notório saber que este é apenas um dos motivos pelo qual a maioria
desses cantores, ficaram no anonimato.

Somando-se a isso, por ser um gênero oriundo e/ou paralelo à Jovem


Guarda (Bolero, tuwist…) e de forte apelo popular, alguns cantores desta
ramificação não tinham certos cuidados nas composições, arranjos, produção
musical e visual. Sendo a tônica da maioria destas produções, mais
especificamente das letras: o cotidiano.

O teor destas composições, geralmente era ligado a desilusões


amorosas (traições), e/ou os motivos pelo qual levavam um homem a
embriagar-se, etc.

Isso tudo era encarado pelo público como algo engraçado, que ajudava
a descontrair o estressante dia a dia.

Apesar deste fator limitar a carreira dos cantores por falta de uma visão
mais universal sobre a música, talvez a falta de cultura da maioria destes,
somados com a empolgação local, os mesmos continuavam a se apresentar
cada vez mais escrachados em suas performances visual e/ou autoral.

Nascia então, em todo Brasil, a famosa e eterna classificação para este


gênero musical: “BREGA”, abrangendo as músicas e cantores que se
intitulavam românticos na época.

Aqui no Pará, nos anos 80, houve o primeiro “Movimento do ritmo


Brega”, encabeçado por grandes cantores, a maioria com gravadora nacional,
como: Alípio Martins (In Memoriam), Juca Medalha, Luiz Guilherme, Teddy
Max, Mauro Cotta, Francis Dalva, Míriam Cunha, Carlos Santos (um dos
precursores e recordista no Pará, em vendas de discos de “LAMBADA”), Ari
Santos, Os Panteras, Waldo César, Solano e seu conjunto, Vieira e Banda,
Fernando Belém, Beto Barbosa, Ditão (In Memoriam), os maranhenses:
Ribamar José, Beto Douglas e Adelino Nascimento (moraram e gravaram
seus primeiros discos no Pará) e outros.

No final dos anos 80, já sem o apoio da mídia, principalmente as rádios,


o movimento, enfraquecido, dependia apenas das aparelhagens (espécie de
aparelho de som com proporções gigantes) como: RUBI, uma das mais
tradicionais - Tupinambá, Itamarati, Guanabara (as mais atuais: Super Pop
Som, Ciclone, Crocodilo, etc.) - Que tinham, e tem, em seu repertório 80% de
músicas de produção local, mais especificamente o “Brega”- publicidade
sonoras, e de poucos cantores, que apesar de muitas dificuldades e
obscuridade, continuaram no cenário musical paraense.

No início da década de 90, em meio a “explosão” do Axé Music no


cenário musical, o Pará também “cai na folia”, pois o CARIMBÓ - Ritmo
genuinamente paraense não era valorizado, como na atualidade, pela maioria
dos artistas locais (95%), e nem pela imprensa paraense e
consequentemente pelo próprio público. Este último, menos responsável.
Pois cabe aos artistas: compositores, cantores, produtores e também a
imprensa, difundirem sua / nossa própria cultura.

Com a atenção do público paraense e de quase todo Brasil voltado


para o axé, durante 05 à 06 anos o “Brega” foi “esquecido”, refugiando-se,
como um filho bastardo, nas já citadas aparelhagens.
*Na época, não houve qualquer união ou iniciativa por parte dos
músicos alternativos, das pessoas ligadas a cultura, críticos musicais e
governantes para preservar nossa identidade Musical - Cultural, como em
Goiás ou Parintins, por exemplo. Ao contrário, só o fizeram e ainda o fazem
contra o “Brega paraense” ou Calypso, que apesar do nome, é oriundo do
Pará.

Em 95, Como FENIX, o “BREGA” começara a ressurgir das cinzas com


o experimental vinil: “A NUVEM”; do cantor e compositor ROBERTO VILLAR,
trazendo algumas reformulações no ritmo, através dos músicos: Chimbinha
(guitarra), Alex de Carvalho e Tonny Brasil (teclados), Junico (bateria) Gilson,
Henrique e Charles(c. baixo) - Studio M PRODUÇÕES e definitivamente, com
a explosão do CD “ATOR PRINCIPAL” (O PAPUDINHO), de ROBERTO
VILLAR, com os músicos: Chimbinha (guitarra), Dedê (teclado e produção),
Hélio silva (c. baixo), Jr. (bateria) - Studio DIGITAPE.

Mudanças mais perceptíveis: aceleração considerável do pitch (ritmo),


maior desenvoltura, ousadia e suingue na execução do contra baixo, a troca
da clave por outros instrumentos percussivo de maior expressão e suingue,
e a mais notada de todas: a inserção de mais guitarras (algumas criadas pelo
guitarrista Chimbinha e os produtores Dedê e Hélio Silva) sob influências
musicais, provindas do Caribe, “Guianas Francesas, Trinidad Tobago, Cuba
e adjacências”, dando muito mais suingue, logo, bem mais sensual e alegre
ao dançar.

Observação: fusões advinda das musicas de Elvis Presley - ver os


filmes - que por sua vez tinha as mesmas influências da musicalidade
Havaiana como “ula - ula, ou “Ola”, inclusive a dita “levada” - execução - da
guitarra, que os produtores paraenses “apelidaram” de Calypso, adaptando-
a a suas (nossas) próprias peculiaridades musicais.

A “nova fórmula do Brega” dera certo. Ora revigorado, reconquistou o


povo paraense e retomou seu espaço na mídia local de uma maneira mais
forte que nos anos 80. Começou a “ganhar” outros estados do Norte do Brasil,
atraindo novos adeptos (do então rebatizado ” BREGA POP”) e grandes
talentos como: Wanderley Andrade (se apresentou nos programas do
Ratinho, Adrianne Galisteu, Domingão do Faustão e outros programas
nacionais; e é um dos poucos cantores solo que atualmente faz sucesso),
Kim marques, Alberto Moreno, Edilson Morenno, Banda Xeiro Verde, a
Baiana Rosemarie e outros. Sem contar com os cantores que não haviam
saído do cenário musical como: Juca Medalha, Luiz Guilherme, Waldo César,
Ed Reis, Fernando Belém, o maranhense Ribamar José, etc. E os que haviam
parado, momentaneamente como: Diogo, Mauro Cotta, Ditão e muitos outros
que voltaram com motivação renovada.

Em 1996 e 97, surgiu então uma nova safra de compositores


adaptados ao “novo ritmo”, como: Tonny Brasil, antes conhecido apenas
como Tonny e já era respeitado compositor no final dos anos 80, Kim
marques, Edilson Morenno, Adilson Ribeiro, Jr. Neves, Nilk Oliveira, Edinho,
o também veterano Alberto Moreno (gravou um cd com 12 músicas e 90% do
mesmo foi executado nas rádios, com direito a remix), o romântico Marcelo
Wall, Tarcísio França, e posteriormente, de safra mais recente (1999): Daniel
Delatuche, Mário Senna, João Paulo, Markinho (e banda), Sandro Aragão,
Josiel Carvalho, Jocel Penaffor, etc.

Letras e músicas começavam a ganhar uma conotação mais universal.


O “equilíbrio” entre as letras leves e românticas, o ritmo alucinante e
qualidade nas gravações, enfim, estava chegando. O “BREGA POP”
começava a conquistar, definitivamente, o Nordeste e demais regiões.

O movimento tornava-se mais forte e cada vez mais quebrava os tabus


impostos por alguns setores, ainda existente, da imprensa e da própria
sociedade elitista, atraindo mais cantores e compositores com todas as
influências musicais possíveis: Rock, MPB, pagode, Música Européia, etc.
Dando maior diversidade ao gênero.

Com outros bons intérpretes como: Joba, Lenne Bandeira (atualmente


dividindo os palcos com a cantora Milla Carvalho na Banda Companhia do
Calypso), Simone Faoli e Suzane Faoli, Jorge Silva e Jade/ Banda Sayonara
(uma das mais conceituadas e tradicionais Bandas do Norte do Brasil),
Markinho / Markinho e Banda, Gerson Thirrê, Joelma da Banda Calypso,
Suelene, Edilson Morenno, Aninha, Bosco Guimarães, Carla Maués, Fábia
Lenizze da Banda Cajuí, Sandro Aragão, Chyco Salles, etc. Alguns
produtores musicais (Dedê, Hélio Silva, Manoel Cordeiro, Evandro Cordeiro -
Barata(In Memorian), Lúcio Jorge, e outros), dependendo do orçamento, cada
vez tentavam enriquecer e valorizar suas produções também, não só nas
harmonizações, mas com metais (instrumentos de sopro) executados por
músicos de verdade(sem samples), e não só de teclados, assim como os
violões de aço e/ou nylon, bateria acústica (a maioria era eletrônica), os
estúdios cada vez mais tentando melhorar, as editoras se profissionalizando
(com importante e efetiva participação de Silvinha Silva / AR MUSIC / Belém
- PA - Cantores renomados do cenário nacional passaram a selecionar e
gravar músicas de compositores paraenses. A prova do sucesso do RITMO
PARAENSE são as casas noturnas (Casa de Shows A POROROCA -
atualmente a principal e de maior estrutura - a extinta Casa de Shows Xodó -
onde recomeçou o movimento nos anos 90 - Mauru’s, Kuarup, etc.)
específicas para o gênero, superlotadas, apenas com atrações locais e a
audiência maciça dos programas de radio (AM/FM) e TV’S, dedicados
somente ao gênero. Provando a paixão do povo paraense por este ritmo.

Exemplo de programas regionais que fizeram sucesso, no retorno do


“BREGA POP” em todo Pará: ALÔ BELÉM (99FM com Vicente Figueira que
juntamente com Hilbert Nascimento, o BINHO, foram os primeiros a
apostarem na reformulação do ritmo que também teve a apresentação de
Aldrim Gonçalves), BREGA PAI D’ÉGUA na RAULAND FM (que nunca parou
de tocar “Brega”) com Fernando Belém, ZUÊRA na LIBERAL FM com Jorge
Reis e Markinho Pinheiro, Programa TV CIDADE na TV BOAS NOVAS com
o veterano turbilhão Everaldo Lobato).

OS ATUAIS: Programa CARLOS SANTOS NA TV na TV


RBA/BADEIRANTES com Carlos Santos (também Carlos Santos no canal 50
para todo o Brasil), Programa MEXE PARÁ na MARAJOARA FM com
Silvinho Santos, BREGA MANIA na RAULAND FM com Heloisa Hühn /
Nonato Pereira, METENDO BRONCA na 99 FM com Geraldo Magela e
também na mesma rádio o Programa NA ONDA com Aldrim Gonçalves e
Marquinho Pinheiro, NA BATIDA (atualmente NA FREQUÊNCIA) na Rauland
FM com DJ Dinho, TÁ BONITO TÁ BONITO na MARAJOARA FM com o
cantor Ari Santos, e outros.

Aí vem a grande questão, ou a grande pergunta, que talvez apenas os


artistas com visão nacional a tenham em mente.

O que fazer para que a mídia nacional revele este ritmo pra todo
Brasil?(atualmente isso , enfim, aos poucos está acontecendo) Se o povo
aprova tanto este gênero, por que isso ainda não aconteceu? Por que as
grandes gravadoras e os grandes empresários não acreditam e não investem
neste ritmo novamente? Seria culpa dos próprios artistas que não são unidos,
ou pelo menos éticos, organizados? Será que é a mentalidade pouco
avançada ou é a falta de respeito com os próprios colegas de profissão? Seria
um problema emocional, cultural ou administrativo da própria classe? Seria
falta de apoio por parte de nossos governantes? Será que a classe se
organizou para tal apoio? Será que este nome “BREGA” ainda atrapalha de
alguma forma?

Em minha modesta opinião, tudo isso e muito mais atrapalha. Mas com
certeza o mais polêmico de todos era o que se referia ao nome do ritmo.
“BREGA”.

O povo paraense, e o resto do Norte, por entender que trata-se de um


ritmo, estava acostumado, normalmente e carinhosamente, a chamá-lo deste
jeito.

Alguns produtores de programas nacionais, baseando-se no nome


“Brega” - E era compreensível por este motivo- quando faziam, ou fazem,
matéria sobre a música paraense, são mal assessorados e muito mal
informado, por pessoas que não vivem o dia a dia da música; e por alguns
cantores locais sem a menor seriedade e profissionalismo. Por este motivo,
acabam mostrando apenas o lado caricato da nossa música e/ou dos
figurinos brega dos cantores por puro sarcasmo, deixando de fora quem tem,
pelo menos um pouco, compromisso com a racionalidade e qualidade.
A mais pura utopia, era achar que a imprensa do Sul e Sudeste do
Brasil e parte da imprensa e elite não discriminaria ou respeitaria, pelo menos
em parte, este gênero musical, pelo uso da palavra “Brega” para identifica-lo,
até pelo comportamento e atitudes extravagantes e “pequenas” da maioria
dos próprios cantores.

Mas, como fazer para que o resto do Brasil, - Mesmo após aparições
na TV LIBERAL-PA/GLOBO(Fantástico e Ana Maria Braga), REDE
RECORD, TV BANDEIRANTES, MTV e várias REVISTAS NACIONAIS,
ainda não surtiu o efeito tão esperado por nós paraenses - as grandes
gravadoras os empresários e a mídia nacional descubra que o “BREGA”
produzido aqui no Pará, é diferente do “BREGA” produzido em outros
estados? E que segundo Reiginaldo Rossi é diferente e envolvente, com
suingue caribenho e sensual, e um bom nome ajudaria a despontá-lo
nacionalmente. (Ver matéria no AMAZÔNIA JORNAL-PA de 10 de agosto de
2001). O “BREGA”, seja como ritmo ou nome de ritmo, por já existir a bastante
tempo e em vários outros estados, não é do Pará, e sim o ritmo que
produzimos aqui atualmente, por sua própria evolução e experimentações é
que é paraense, que acabou (ou começou de fato)aliando-se a qualidade de
gravações e empresários do Nordeste em especial de Recife, o que
pouquíssimas pessoas conseguem separar e entender.

Bem…, como vimos no começo deste comentário, o “BREGA” , Foi


levemente difundido no inicio, ou até mesmo antes da Jovem Guarda(bolero,
iêiêiê, twist, rock and roll) e foi se propalar fortemente após o movimento.
Logo, existe em todo Brasil. Ou seja, não existe dono ou inventor e jamais
deixará de existir.

E talvez, com este pensamento e a brilhante idéia do Guitarrista


Chimbinha de “nomear” sua banda com o mesmo nome do Ritmo, é que a
BANDA CALYPSO (ganhou DISCO DE OURO no PROGRAMA “RAUL GIL”
e no SABADÃO COM GUGU LIBERATO, disco de PLATINA DUPLO no
SABADAÇO com GILBERTO BARROS / TV BANDEIRANTES e inúmeros
prêmios em Março de 2005 no DOMINGÃO DO FAUSTÃO pelos recordes de
vendas dos CD’s e dos dois DVD’s ao vivo e a excelente freqüência de
milhares de pessoas nos shows ao vivo da Banda) saiu do Pará divulgando
este ritmo produzido aqui como CALYPSO e tem conseguido, com êxito
alcançar seus objetivos, tendo possibilidade de atingir um campo de trabalho
muito mais abrangente, e o que é melhor, sem as famosas comparações
pejorativas, em termos nacionais e internacionais, uma vez que, no final de
2005, a banda fez um pequeno “tour” com seu Mega Show pela Europa).

E ainda temos, seguindo a mesma linha, as bandas: SAYONARA (uma


das mais tradicionais e de maior sucesso de público e venda de CD’s do
Norte, com mais de 44 anos de existência), TANAKARA e PAIXÃO DO
CALYPSO, PARÁ KALYENTE, AÇAÍ TROPICAL A ENERGIA DO CALYPSO,
BANDA ORLANDO PEREIRA (outra tradicionalíssima nas noites paraenses),
BANDA DA LOIRINHA (Recife), BANDA BEIJO DE MOÇA, BANDA HALLEY,
CALIPSO DO PARÁ (Bahia), BANDA FURACÃO, BANDA MAIS BISS,
BANDA FRUTA QUENTE, VENDAVAL (Maranhão), AS LEOAS (São Paulo),
SUINGUE CALYPSO, XEIRO VERDE, PARÁ CALYPSO, TEMPERO DA
TRIBO, BANDA KASSIKÓ, COMPANHIA DO CALYPSO (Pará / Recife - outro
grande sucesso em todo Brasil com DVD ao vivo, outro produto dos mais
vendidos do país) e outras.

A exemplo da Banda Calypso e com o sucesso igualmente promissor,


estas bandas aportaram em outros estados do Brasil - via Pará/Recife/Brasil
- como adeptos do CALYPSO DO PARÁ. Bandas famosas de Recife, São
Paulo e Bahia, também regravaram e relançaram nacionalmente músicas
como CALYPSO. Atualmente, as Bandas paraenses, alguns empresários de
Recife juntamente com algumas produtoras locais com excelente visão do
mercado musical, são alguns dos grandes responsáveis pela projeção
nacional do Calypso Paraense.

No Pará é quase inexistente uma produtora de grande porte que tenha


o apoio de empresários e governo. Por este motivo os artistas vão procurar
apoio com empresários de outros estados.

Obs.: “O CALIPSO (Grafia original) é um ritmo, bastante percussivo e


originário do Caribe e países próximos. Seria uma fusão de culturas de
diversos povos.
O povo paraense - Assim como o nordestino denomina quase todos os
ritmos populares de Forró, (inclusive o Calypso) - tem como hábito chamar
de “Brega” os ritmos: Cúmbia, Merengue, Lambada, salsa, tchá-tchá, alguns
Boleros, Iêiêiê, etc.

Na verdade, aqui no Pará, a palavra CALYPSO a mais ou menos 20


anos, já fazia parte do vocabulário dos veteranos produtores musicais, entre
eles os guitarristas: o saudoso Evandro Cordeiro (Barata), Vieira, Didi Anaice,
Guru, (os mais atuais: Chimbinha, Lúcio Jorge, Davi, Batista, Daniel e outros)
da seguinte forma: Para expressar que em determinado momento da música,
geralmente no refrão, haveria mudança de ritmo do chamado “chacundum”
para o digamos twist mais lento com uma levada de guitarra (que já era usada
nas músicas de Elvis Presley) era usado a seguinte frase pelos produtores: -
“No refrão muda a levada para o Calypso” - em alusão ao momento de
crescente da música”.

Era prática comum entre os produtores, informar, no momento da


gravação, ao baterista que, mais adiante o ritmo ou a levada, iria mudar.

Mas as tais influências e a suposta semelhança com um instrumento


de cordas, mais precisamente a guitarra, derivando de fusões com: Twist,
Pop Rock, Ska somados com as peculiaridades musicais dos paraenses, fez
com que o nome CALYPSO DO PARÁ fosse usado somente para as músicas
com um conteúdo literário romântico, performances e produções musicais de
extrema seriedade e bom gosto, representando, uma nova era para - parte
dela - a classe artística paraense. Deixando o nome “BREGA” para as
composições despretensiosas, ingênuas e engraçadas, ou até mesmo, para
os cantores que se vestem e/ou se auto definem carinhosamente como
“Bregueiro”.

Algumas pessoas perguntam como diferenciar o “BREGA” do


CALYPSO do PARÁ, se ambos tem o mesmo ritmo. Acredito que, com a
ajuda da imprensa paraense, dá pra separar o joio do trigo.

Se a letra falar de amor, que é uma linguagem universal, de uma forma


“suave”, uma produção moderna e de qualidade, explorando a dança de uma
maneira respeitosa, podendo, o ritmo, ser exportado; seria O CALYPSO DO
PARÁ.

Se for uma letra sem pretensão literária, apenas pra dançar e se


divertir, como os “Bregas” de aparelhagens (espécie inteligente de Marketing
- o fenômeno deste gênero, em 2002, foi a Banda Fruto Sensual, “A rainha
das aparelhagens”), melô da sogra, tô cagado, gererê, Na rota do amor, brega
country, os “Bregas” do: fusquinha, do canoa, do rupinol (ruhpynol), da
maconha, da nóia, do ovo, da pedra, do citotec, do prestação, o Sex Man,
Brega do Vavá, do DNA, Chico Preto, e muitos…, muitos outros, seria o bom
e velho “BREGA”.

E para apimentar, mais ainda as noites paraenses, para a alegria de


quem é bamba dançando “Brega”, e pra provar que a criatividade do artista
paraense está em alta (ou em baixa) eis que surge (2002) mais uma “fusão”.
O polêmico: “TECNO BREGA”.

Mas, é bom não esquecermos que, o mais importante de tudo,


independente de nome de ritmo ou gênero, é que o Pará, a Amazônia, o
Norte, enfim, tenham uma digna e séria , penso eu, representatividade no
cenário musical nacional e com isso o Brasil conheça outros talentos e outras
riquezas musicais como o Carimbó, Siriá, a Marujada, o instrumental de ótima
qualidade feito aqui no Pará, o Samba, o Rock produzido aqui, a MPP(como
a fantástica e inigualável LUCINNHA BASTOS, Nilson Chaves, Arraial da
Pavulagem, Mosaico de Ravena, os Mestres das Guitarradas…) em geral e
muito mais.

Espero que num futuro próximo, todos os gêneros musicais do Pará,


invadam o Brasil. E assim como (pela mentalidade cultural, trabalho de
pesquisa, diversidade dos ritmos e o respeito adquirido) não se fala, mais
“Axé Music” e sim MÚSICA BAIANA, as pessoas possam dizer: A MÚSICA
PARAENSE está em alta. O que seria muito mais importante e de grande
orgulho para nós paraenses e amazônidas.

Agora em 2005, as produções paraenses tendem a continuar atraindo


público e artistas de âmbito nacional, com mais freqüência do Norte e
Nordeste do Brasil.
Mas, pra quem quer continuar sonhando em projetar nossa cultura(em
geral) e especificamente o Calypso(uma vez que, queiram ou não, faz parte
da cultura dos Paraenses, de todo o Norte e agora divulgado em todo País),
e consequentemente o nome do Pará e da Amazônia para todo Brasil, é
necessário melhorar e muito a qualidade, universalizando e levando a sério,
ainda mais, as composições, as produções, a qualidade nas gravações e
principalmente a mentalidade da maioria dos artistas, ter ética e o mínimo de
espirito de grupo e noção de administração do ponto de vista emocional e
empresarial, para então conseguir o apoio da imprensa paraense e nacional,
e finalmente a classe artística ter fatos reais e concretos para pleitear a tão
sonhada ajuda dos nossos governantes e empresários.

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