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VIII encontro

anual da AIM

16-19 maio

Universidade de Aveiro
A AIM – Associação de Investigadores da
Imagem em Movimento
 surgiu da vontade de
reunir em Portugal, numa mesma entidade
representativa, um conjunto de investigadores
que têm em comum objetos e temas de
pesquisa.

Entre os objetivos da AIM, encontram-se a


promoção da investigação em áreas como o
cinema, a televisão, a arqueologia do cinema,
o vídeo, a Internet, entre outras; assim como a
promoção de encontros científicos regulares e
a edição da Aniki: Revista Portuguesa da
Imagem em Movimento.
01 programa

02 informações
úteis

03 livro
de resumos
16 maio 17 maio 18 maio 19 maio

9h00
Cerimónia de
abertura

painel painel painel


9h30-11h15
A D G

11h30-13h15 painel painel painel


B E H

Conferência Conferência Conferência


Plenária
Plenária Plenária
14h30-16h15 Saeed
Ian Craven Dorota
Zeydabadi-
Nejad Ostrowska

16h-17h30
Mesa-
Redonda painel painel painel
16h30-18h15 *Museu da C F I
Cidade de
Aveiro

18h-19h
Reunião Apresentação Assembleia-
18h30 dos GTs geral
Encerramento
de Livros
*Mercado
c/ Porto d’honra
Negro


Sessão de 21h00

Cinema Jantar Oficial Festa de
22h00 *Museu da *Restaurante Despedida
Cidade de Olaria *Mercado Negro
Aveiro

-
10h-18h Feira do Livro


*Ver informações úteis.
Todos os slots horários decorrem nas instalações da Universidade
de Aveiro (Departamento de Línguas e Culturas), excepto quando
indicado.

01

pro
gra
ma

16



quarta-feira (pré-encontro)
quarta-feira

16h00 22h00
-
17h30 Sessão de cinema
Local: Museu da Cidade de Aveiro
Rua João Mendonça 9-11, 3800-200,
Aveiro
Mesa-Redonda
-
Local: Museu da Cidade de Aveiro
Verão Danado
Rua João Mendonça 9-11, 3800-200,
de Pedro Cabeleira
Aveiro
Portugal, 2017, 128’
-
com a presença do realizador
Estudos de Género e Imagem em
Movimento
O Verão de Chico começa na terra, ao pé
Com Michelle Sales (UFRJ), Elsa
dos avós, debaixo dos limoeiros, no
Machado (UA), Sónia de Sá (UBI)
escape da atmosfera da infância. Mas o
Moderação de Maria Manuel Baptista
seu lugar agora é na capital, onde
(UA)
terminou o curso e para onde parte à
procura de emprego. Pertence a uma
Esta mesa conta com a presença de
geração sem expectativas, à qual a idade
convidadas especialistas nacionais e
adulta começa às portas do nada. São as
internacionais de diversas áreas
noites lisboetas, com os seus amores e
científicas da nossa associação e procura
desamores, que o amparam com um
contribuir para o debate e a reflexão
hedonismo psicadélico, onde a angústia
acerca das influências metodológica e
em combustão forma euforia.
teórica dos Estudos de Género no atual
paradigma dos estudos sobre a Imagem
Verão Danado é uma primeira obra
em Movimento.
surpreendente que conquistou a Menção
do Júri do Festival de Locarno.

18h00
-
19h00
Reunião dos Grupos de Trabalho
Local: Mercado Negro
Rua João Mendonça 17, 3800-200,
Aveiro
17























quinta-feira
quinta-feira

A2 | GT Outros Filmes (I) cinematográfica e a sua


8h30 – Arquivo e apropriação vida fora da tela | Miguel
Abertura do Secretariado/ Sala 2.0.3 Moreira (Investigador
Recepção aos Moderação: Sofia Sampaio Independente, Portugal)
participantes -
Sala 2.1.9 Modos de apropiación del A4 | Análise Fílmica (I)
archivo: el caso de Ni Sala 2.5.9
vencedores ni vencidos Moderação: Maria Colucci
(Naum Spoliansky y -
9h00 Alberto Cabado, 1972) | Aquarius: a film about
memory, city and feminine
Cerimónia oficial de Pablo Piedras (UBA-
CONICET, Argentina) soul | Nayara Güércio &
abertura
Tânia Montoro (UnB, Brasil)
Sala 2.1.10
O arquivo e as memórias
privadas e públicas do Intermidialidade realista,
Estado Novo em A Toca
9h30 do Lobo | Adriana Martins
realismo de confronto e a
historiografia do presente
- (CECC-UCP, Portugal) | Marcela de Souza Amaral
(UERJ, Brasil)
11h15 Mulheres invisíveis: em
busca do olhar lésbico O reenactment como
- por meio da retomada de elemento de atuação
imagens domésticas |
A1 | Identidades e autorreflexiva em
Beatriz Gonçalves (Paris 3,
Cinemas (I) Phoenix, de Christian
França)
Sala 2.1.13 Petzold | David Ken Gomes
Moderação: Marina Takami A3 | Hibridismos Terao (UNICAMP, Brasil)
- Sala 2.5.8
Reenquadrando a Rússia Moderação: Catarina Maia Celebração e desaparição
no terceiro milénio. - do arquivo em Tropicália |
Questões de identidade O papel da ficção e o Albert Elduque (U. Reading,
em Yurev Den e Saint
documentário na Reino Unido)
Petersburg | Rui Manuel
representação da
Brás (CECC-UCP, Portugal)
realidade | Carlos Ruiz
Django Kid: Conceitos
cinematográficos em
Carmona (CITAR-UCP,
Portugal)
11h15
forma de filme | Thuanny
Experiências estéticas do
-
Vieira Silva (UBI, Portugal)
horror no audiovisual 11h30
O nascimento de uma contemporâneo | Ana Pausa
nação através do cinema: Maria Acker (ULBRA, Brasil)
o Kuxa Kanema e o
Instituto Nacional de A herdeira da
Cinema em Moçambique | contradição: Olivia de
Inês Cordeiro Dias Havilland e a divergência
(Spelman College, EUA)
entre a sua imagem
17 de maio

11h30 Há sempre uma imagem


que falta | Roberta Oliveira
B4 | Análise Fílmica (II)
Sala 2.5.9
- Veiga (UFMG, Brasil) Moderação: Albert Elduque
-
13h15 Inserções clandestinas A função simbólica da
nas mídias: em busca da fotografia e sua relação
- imagem revelada | com a morte nos filmes A
B1 | Identidades e Leandro Pimentel Abreu Erva do Rato e O Estranho
Cinemas (II) (UERJ, Brasil) Caso de Angélica | Liciane
Sala 2.1.13 Mamede (UNICAMP, Brasil)
Moderação: Beatriz Imagens em transe: arte
Gonçalves e cinema, modernismos e La Valse de Ravel e a
- primitivismos | Raquel valsa de Kubrick | Ivan
Cinema sul-sul: modos de Schefer (CEC-UL, Portugal Capeller (UFRJ, Brasil)
dizer e ver em trânsito | / UWC, África do Sul)
Walcler Mendes Junior & La ciudad y el apocalipsis
Juliana Michaello (Unit, B3 | Imagens do Cinema en La virgen de los
Brasil) Sala 2.5.8 sicarios | Wilson Orozco
Moderação: Adriana (UdeA, Colômbia)
Animação documental: A Martins
oralidade e o património - A Toca do Lobo: imagens
sonoro abrangente | Tiago Hiper-real(ismo) milenar:
de si e construção social
Fernandes (UBI, Portugal) um quinteto fílmico na
no documentário
sombra do Y2K |
contemporâneo | Maria
Contextos dos nomes de Francisco Silveira (CLP-
Colucci (UFS / UFJF, Brasil)
ascendência portuguesa FLUC, Portugal)
no cinema do Sri Lanka | B5 | GT Narrativas
António Costa Valente (ID+, City lights: a publicidade
fílmica em contexto Audiovisuais (I) –
Portugal)
urbano (1930-1950) | Multiplicidades da
Joana Duarte (FLUP, narrativa
A história vigiada:
Portugal) Sala 2.1.10
censura e cinema no Moderação: Maria
Brasil (1964-1985) | Meize Guilhermina Castro
As vanguardas e seus
de Lucena Lucas (UFC, -
reflexos no cinema de
Brasil) Efectividad de las
animação: o
estrategias transmedia
experimentalismo
B2 | GT Outros Filmes (II) para impulsar la narrativa
abstrato e o som óptico |
– Para lá do arquivo Carolina Leão (UNICAMP,
emergente en
Sala 2.0.3 videojuegos | Belén Mainer
Brasil)
Moderação: Thaís Blank Blanco (UFV, Espanha)
-
Entre pintura e fotografia:
Fischli & Weiss: The Way Narrativas colectivas:
tableaux vivants no filme
Things Go | Susana Rocha estudos em Doug Aitken |
In the Crosswind | Marina
(CIEBA-FBAUL, Portugal) Christine Mello (PUC-SP,
Takami (Paris 8, França)
Brasil)
quinta-feira

O entremeio narrativo no
cinema brasileiro recente
16h30 Lara (UNICAMP, Brasil /
FLUP, Portugal)
| Eduardo Sousa (USP,
Brasil)
- Cinema e ensino de
18h15 história: dilemas e
From romantic hell to - desafios metodológicos |
postmodern paradise: Vivian Fonseca (UERJ /
updating allegory on film C1 | GT Cinemas em FGV, Brasil)
with Dante's help | Fátima
Português (I)
Chinita (Labcom.IFP-UBI, Filmar, mostrar, ensinar: o
Sala 2.1.13
Portugal / IMS-U. Linnaeus, turismo como pedagogia |
Moderação: Jorge Cruz
Suécia) Sofia Sampaio (CRIA-ISCTE-
-
Beatriz Costa, atriz e IUL, Portugal)
13h15 comediante portuguesa: a
C3 | Autoria e Criação
- franjinha rebelde | Afrânio
Mendes Catani (USP, Sala 2.5.8
14h30 Brasil) Moderação: Manuela
Penafria
Pausa para almoço -
Sobre o cinema popular |
Reflexões sobre o autor na
Maria Coutinho (FACHA /
arte cinematográfica | Tito
14h30 ANCINE, Portugal) Cardoso e Cunha (UBI,
Portugal)
- Pedreiro e cineasta – o
trabalhador e seu duplo Poder, dinheiro e só
16h15 no cinema feito nas depois arte – a verdadeira
periferias do Rio de Guerra dos Tronos | Inês
Conferência plenária Janeiro | Liliane Leroux Coelho (CECS-UM, Portugal)
Sala 2.1.10 (UERJ, Brasil)
Moderação: Sérgio Dias Cinema lato | Luís Campos
Branco C2 | GT Outros Filmes (III) (UBI, Portugal)
- – Educação, ensino e
Saeed Zeydabadi-Nejad Os arquivos de criação de
arquivo
(SOAS University of Glauber Rocha: análise de
Sala 2.0.3
London, Reino Unido) Terra em Transe, sob uma
Moderação: Raquel Schefer
- perspectiva da crítica
Multilinguality, genética | Arlindo Rebechi
Novos olhares sobre
cosmopolitanism and
velhas imagens: Junior (UNESP, Brasil)
Iranian Cinema
experiências de realização
nas oficias do CPDOC | C4 | Análise Fílmica (III)
16h15 Thais Blank (UFRJ, Brasil /
HiCSA-Paris 1, França)
Sala 2.5.9
Moderação: Ana Maria
- O patrimônio
Acker
-
16h30 cinematográfico e o A obra cinematográfica de
Pausa público infantojuvenil: uma Godfrey Reggio e o papel
prática educativa | Thaís da tecnologia e do
17 de maio

audiovisual no mundo El cine después de la


contemporâneo | narración | Horacio Muñoz
Alexandra L. G. Pinto Fernández (USAL,
(UFSCar, Brasil / ICNOVA- Espanha)
FCSH, Portugal), e
Francisco Rui Cádima O storyteller contra o
(ICNOVA-FCSH, Portugal) storytelling: “O Narrador”,
de Walter Benjamin, lido à
Mad Men, a história da luz do estruturalismo
publicidade: como a narrativo e de Storytelling,
linguagem é usada de de Todd Solondz | Jorge
modo a contar a história Palinhos
sem parecer que se está (CEAA/CITAR/CECS,
contando | Werden Portugal)
Pinheiro (UFS, Brasil)
Propuesta metodológica
O hibridismo cromático para el análisis de la
no cinema: entre a tragedia en la ficción
delimitação de espaços televisiva | Roberto
narrativos e temporais e a Gelado-Marcos (CEU-USP,
criação de novos mundos Espanha), Belén Puebla-
| Jaime Neves (CITAR-UCP, Martínez & Silvia Magro
Portugal) Vela (URJC, Espanha)

Os cinejornais como
instrumentos de
18h30
propaganda ideológica na Lançamento de Livros
década de 1930 | Alvaro Porto d’honra
Trigueiro Americano (CIAC- Livraria e Sala de
UAlg, Portugal) Exposições Mestre Hélder
Castanheira
C5 | GT Narrativas
Audiovisuais (II) – 21h00
Repensar as Estruturas Jantar Oficial (necessária
Narrativas inscrição prévia)
Sala 2.1.10 Restaurante Olaria
Moderação: Fátima Chinita
-
The Leftovers e Mr. Robot:
desfamiliarização,
narrativa e estilo |
Francisco Merino
(Labcom.IFP-UBI, Portugal)
18

sexta-feira
sexta-feira

9h30 Entre a ideia e o formato,


sem roteiro: o fazer
O filme-performance
Buracos no Céu:
- cinematográfico na
relação do cinema com a
movimento do corpo e(m)
corte cinematográfico |
11h15 educação | Theresa Cristiane Wosniak
Medeiros (UFF, Brasil) (UNESPAR, Brasil)
-
Propuesta metodológica O espectador como
D1 | GT Cinemas em para el aprendizaje de las “alvo”: contributo para
Português (II) matemáticas a través del uma estética da recepção
Sala 2.1.13 cine | Ana Cid Cid, Rocío no cinema de Manoel de
Moderação: Leandro Guede Cid & Leticia Alfaya Oliveira | Maria do Rosário
Mendonça (URJC, Espanha) Lupi Bello (UAb / CECC-
-
UCP, Portugal)
Vídeo e cinema
O Cinema de Animação no
experimental em Luíza
1.º Ciclo do Ensino Básico D4 | GT Cultura Visual
Prado: circulação e
com o programa Crianças Digital (I)
acervo virtual | Laís Lara
Primeiro do Serviço Sala 2.5.9
(PPGCA-UFF, Brasil)
Educativo Cinanima | Moderação: Marta Pinho
Paulo Fernandes (Cinanima, Alves
“Epa, meu futuro fica a -
Portugal)
cada dia mais incerto”: Videoclip e animação
perspectivas de futuro digital | Luís Nogueira
Educar la mirada: el
através da trilha sonora e (LabCom.IFP-UBI, Portugal)
sentido de la pedagogía
do discurso de criança do
de la comunicación
filme Os Olhos Azuis de Sound and Vision.
audiovisual en la escuela |
Yonta | Jusciele Oliveira Contributos para o estudo
Jesús Ramé López (URJC /
(UAlg, Portugal) do videoclipe | Andréa M.
UNED, Espanha)
Diogo (FLUP, Portugal)
Monteiro, Macedo e o
Cinema Novo Português |
D3 | GT Teoria dos
Cineastas (I) O cinema digital | Cláudia
Sérgio Oliveira (U. Anhembi Cunha Miguel (UCM,
Sala 2.5.8
Morumbi, Brasil / UAlg, Espanha)
Moderação: Bruno Vieira
Portugal)
Lottelli
- D5 | Cinema e Pós-
As relações entre cinema O discurso como Colonialismo
e dança: autorias em encenação e construção Sala 2.1.10
movimento | Beatriz da persona, ou o meio Moderação: Ana Balona de
Cerbino (UFF, Brasil) artístico enquanto mundo Oliveira
de egos | André Rui Graça -
D2 | GT Cinema e (CEIS20-UC, Portugal) Cem mil cigarros e o
Educação (I) lastro queimado da
Sala 2.0.3 Subsídios para uma teoria memória do império |
Moderação: Pedro Alves letrista do cinema | Fábio Jorge Seabra (CEIS20-UC,
- Portugal)
Uchôa (UTP, Brasil)
18 de maio

Memória e silêncio à luz Segurança e liberdade E3 | GT Teoria dos


de Tabu | Fernando Cabral criativa: direitos autorais, Cineastas (II)
(UBI, Portugal) usos livres e best Sala 2.5.8
practices | Allan Rocha de Moderação: Cristiane
Conversas sobre Yvone Souza (UFRJ / UFRRJ, Wosniak
Kane de Margarida Brasil) e Alexandre -
Cardoso | Ana Cristina Fairbanks (Proprietas / O moderno, o popular e o
Pereira (CECS-UM, NUREP, Brasil) nacional nos curtas-
Portugal) metragens documentais
Best practices – impactos de Leon Hirszman |
Guerras coloniais e lutas na produção e ensino | Eduardo Baggio (Unespar,
de libertação: para um Leandro Mendonça (UFF, Brasil)
olhar pós-colonial | Luís Brasil)
Bernardo & Catarina Reichenbach-person:
Laranjeiro (CES-UC, E2 | GT Cinema e pilhagem no cinema
corsário | Bruno Lottelli
Portugal) Educação (II)
Sala 2.0.3 (ECA-USP, Brasil)
Moderação: Elsa Mendes
Sylvio Back e o cinema
11h15 -
A potência pedagógica do “desideologizado” |
- olhar no filme Janela da
Alma, de João Jardim e
Rosane Kaminski (UFPR,
Brasil)
11h30 Walter Carvalho | Rita
A potência do imagético
Pausa Furtado (UFG, Brasil)
na obra de Jan
Do ecrã para a vida: Švankmajer | Rodrigo
escrever para melhor Graça (UTP, Brasil)

11h30 liderar | Maria Guilhermina


Castro (CITAR-UCP, E4 | GT Cultura Visual
- Portugal) Digital (II)
Sala 2.5.9
13h15 Cinema sem conflitos: um
Moderação: Luís Nogueira
-
projeto de prevenção e
- O cinema de base de
mediação de conflitos em
E1 | GT Cinemas em dados: modalidades e
contexto educativo | José
expressões | Marta Pinho
Português (III) Rodrigues (ATE, Portugal)
Sala 2.1.13 Alves (ESE-IPS, Portugal)
Moderação: Beatriz Cerbino O cinema e a educação no
- Aproximações e
contexto da Rede de afastamentos com o
Autoria nas artes e no
Cidades Criativas da legado do cinema: uma
cinema no Brasil hoje |
UNESCO | Pedro Alves análise dos curtas-
Jorge Luiz Cruz (UERJ,
(CITAR-UCP, Portugal) metragens para realidade
Brasil)
virtual do Google
Spotlight Stories | Roberto
Tietzmann (PUCRS, Brasil)
sexta-feira

Holliswood ou o estúdio O espectador hoje: um


digital do Professor estudo das modificações
Frampton | Rui Ribeiro
(UBI, Portugal)
14h30 no visionamento
cinematográfico | Maria
- Cristina Tonetto (UBI,
Things are not what they
seem. Technology
16h15 Portugal)

embraces metaphysics in A edição de imagem de


Bill Viola’s work | Ana Conferência plenária conteúdos audiovisuais
Barroso (CEAUL, Portugal) Sala 2.1.10 noticiosos na TVI na era da
Moderação: Anthony Barker convergência digital |
-
E5 | GT História do Carlos Canelas (UDI-IPG,
Ian Craven
Cinema Português (I) Portugal)
(University of Glasgow,
Sala 2.1.10 Escócia)
Moderação: Catarina

F2 | Corpus pauperum: o
Laranjeiro Comprehensive papel do corpo no cinema
- Amateurism: The Meteor de resistência em
Uma comunidade cinéfila Film Producing Society português
«fuori orario». O cinema 1932-1938 Sala 2.0.3
português na televisão Moderação: Pedro Maciel
italiana | Federico Pierotti Guimarães
(UniFI, Itália) -

5 Noites, 5 Filmes: uma


16h15 'Um só em toda parte': os
jornais cinematográficos e
Cinemateca em casa | - a medicina colonial
Paulo Cunha (UBI, Portugal)
16h30 portuguesa em África
(1932-1978) | Fabiana Carelli
Pausa (USP, Brasil)
Cinefilia na Ilha Madeira -
Factos e protagonistas |
A (in)visibilidade do corpo
Carlos Valente (Cierl-UMa /
CIEBA-FBAUL, Portugal)
16h30 indígena: entre Terra em
- Transe e Ymá
Nhandehetama | Davina
Rui Simões e o início do
filme de apropriação em 18h15 Marques (IFSP, Brasil)
Portugal | Tiago Baptista -
Um retrato social: o cinema
(IHC-NOVA FCSH, Portugal)
F1 | Multimédia de Manoel de Oliveira
Sala 2.1.13 como instrumento de
13h15 Moderação: Francisco
Merino
denúncia | Mariana Silva

- -
(UNESP, Brasil)

14h30 Das histórias em


movimento: uma definição
A representação dos
pobres no cinema épico de
Pausa para almoço de narração transmediática Glauber Rocha e no de
| Marta Sousa, Moisés de Manoel de Oliveira | Renata
Lemos Martins (CECS-UM, Soares Junqueira (UNESP,
Portugal) & Nelson Zagalo Brasil)
(UA, Portugal)
18 de maio

F3 | GT Teoria dos Caterina Cucinotta (CECC-


Cineastas (III) UCP, Portugal) Nem tudo o que luz é
Sala 2.5.8 O Rei da Vela: a ouro: as comédias
Moderação: Rosane cenografia entre o teatro e escapistas como metáfora
Kaminski o cinema | Carolina do Portugal do Estado
- Esteves (UNIRIO, Brasil) Novo | Sérgio Bordalo e Sá
A contraposição ao (INET-MD/FMH-UL,
método - Direção de atores Subjectividade, tecnologia Portugal)
e atrizes não profissionais e a performatividade dos
nos filmes de Rossellini e
Pasolini | Flávio Kactuz (UC,
aparelhos:
problematização sobre as
18h30
Portugal) arquitecturas de exibição Assembleia-geral da AIM
das obras de Alexandre Sala 2.1.10
Os não-atores de Bruno Estrela e João Maria
Dumont: um método de Gusmão e Pedro Paiva |
criação? | Sônia Oliveira da Sara Castelo Branco
Silva (UFSCar, Brasil) (FCSH-UNL, Portugal /
Paris 1, França)
Vídeo das aldeias: o
cinema autônomo indígena F5 | GT História do
pós-projeto “Vídeo nas Cinema Português (II)
Aldeias” | Philipi Bandeira Sala 2.1.10
(UNINTA, Brasil) Moderação: Paulo Cunha
-
O filme biográfico segundo Censura e cinema no
Noémia Delgado | Manuela marcelismo: quais os
Penafria (Labcom.IFP-UBI, critérios? | Ana Bela
Portugal) Morais (CEC-FLUL,
Portugal)
F4 | Cinema e
Materialidades (I) A canção no cinema novo
Sala 2.5.9 português: oposicionismo
Moderação: Érica Faleiro e presença sensível |
Rodrigues Agnès Pellerin (ESTCA-
- Paris 8, França)
Os Maias e as
possibilidades da direção «Eu quero lá saber do
de arte na construção Coquelin! Não olho eu
audiovisual | Nívea de pr’a ela mas olha ela pr’a
Souza (UERJ / FACHA, mim.» Autorreferência e
Brasil) autorreflexão na
cinematografia
Propostas para uma portuguesa das décadas
história do figurino e dos de 30 e 40 | Hugo Barreira
figurinistas em Portugal | (CITCEM-FLUP,
Portugal)
19

sábado
sábado

9h30 Formas de habitar o


presente: políticas de
G4 | Cinema e
Materialidades (II)
- localização de corpos e
saberes nas artes e nas
Sala 2.5.9
Moderação: Caterina
11h15 imagens | Vinicios Kabral Cucinotta
Ribeiro (UFRJ, Brasil) -
- Revolução, som, tensão e
O específico fílmico e a reverberação | Érica
G1 | Corpo e Cinema realidade virtual: tensões Faleiro Rodrigues (Birkbeck-
Sala 2.1.13 da arte contemporânea | U. London, Reino Unido)
Moderação: Mirian Tavares Michelle Sales (UFRJ,
- Brasil) Construcción mental de la
Confrontar o não-humano: imagen cinematográfica.
corpo, natureza e afeto Comunidades relacionais: Técnica y poiesis | Alfonso
em Tônus e O Peixe | cinema como lugar de Meseguer (URJC, Espanha)
Mariana Cunha (UFRN, transgressão | Nycolas
Brasil) Albuquerque (UL, Portugal) A noção duvidosa de
“som ruim” no cinema
Um rosto moderno: faces G3 | Cinema Brasileiro (I) contemporâneo | Rodrigo
do cinema de vanguarda Sala 2.5.8 Carreiro (UFPE, Brasil)
dos anos 1960 | Isabel Moderação: Fábio
Carmo (Université Paul- Camarneiro O escritor do filme:
Valéry Montpellier 3, -
representação e inscrição
França) Building authenticity in
da escrita na imagem
the film festival circuit:
fílmica em João Botelho e
cosmopolitanism and
O corpo do ator na Peter Greenaway | Bruno
strategies of self-
imobilidade: a apatheia e Fontes (CLP-UC, Portugal)
exoticism in Neon Bull |
a inércia | Pedro Maciel
Humberto Saldanha (UCC,
Guimarães (UNICAMP,
Irlanda)
Brasil)

Bear 71: o documentário


O queer vai ao campo:
uma análise do filme Boi
11h15
interactivo enquanto
panóptico de vigilância |
Neon | Alfredo Carvalho -
Patrícia Nogueira (ESMAD /
(UBI, Portugal)
11h30
CoLab UT Austin, Portugal) Cinema, sonho e Pausa
melancolia na obra do
G2 | GT O Cinema e as cineasta brasileiro
Outras Artes (I) Fernando Spencer |
Sala 2.0.3 Cláudio Bezerra (Unicap,
Moderação: Anabela Branco Brasil)
de Oliveira
- Artimanhas da oralidade:
Por uma plasticidade do a palavra e a poética em
fim do mundo | Diego Terra em Transe | Jailson
Assunção (UERJ, Brasil) Silva (UFC, Brasil)
19 de maio

11h30 filmes de Adam Magyar |


Victa Pereira da Silva (ECO-
Paisagens assombradas: a
narração em off no
- UFRJ, Brasil) documentário | Filipa
Rosário (CEC-UL, Portugal)
13h15 Do cinema para a fotografia:
uma questão Ruínas do progresso: o
- epistemológica e de documentário de ficção
H1 | Cinema e método | Catia Silva Herzog científica e a (re)construção
Pensamento (UERJ/UFRJ, Brasil) de Brasília | Guilherme
Sala 2.1.13 Carréra Campos Leal (U.
Moderação: Tiago Baptista Movendo imagens estáticas Westminster, Reino Unido)
- – o audiovisual | Fernanda
Sentidos do mundo: o Bastos (ECO-UFRJ, Brasil) Um Lugar ao Sol: paisagem
cinema a partir da teologia e estranhamento em
de Paul Tillich | Sérgio Dias H3 | Cinema Brasileiro (II) Gabriel Mascaro | Sandra
Branco (IFILNOVA-UNL/UC, Sala 2.5.8 Fischer & Rafael Teixeira
Portugal) Moderação: Michelle Sales
(UTP-Pr, Brasil)
-
Cinema e Cristianismo / O Segredos da Tribo, um filme
segredo da fé segundo Pier de escândalos? | José
Paolo Pasolini | Diogo da Ribeiro (UFG, Brasil / CEMRI- 13h15
Nóbrega e Silva (IFILNOVA-
UNL, Portugal)
UAb, Portugal)
-
A cena fílmica e o tempo
Suplemento de cultura
cinematográfica: presença
14h30
Pausa para almoço
dos trabalhadores: figuras da crítica brasileira na
do proletário | Érico de revista Celulóide | Pedro
Pinto (UFPR, Brasil)
Araújo Lima (UFF, Brasil /
Paris 3, França)
14h30
Hibridismo e prosódia no
O Ébrio e a restauração
editorial | Débora Butruce -
cinema | Ana Isabel Soares
(USP, Brasil) 16h15
(UAlg, Portugal)
Divórcio: do ocaso do
caipira à “agrochanchada” Conferência plenária
H2 | GT O Cinema e as dos novos-ricos | Fabio Sala 2.1.10
Outras Artes (II) Moderação: Daniel Ribas
Camarneiro (UFES, Brasil)
Sala 2.0.3 -
Moderação: Nelson Araújo Dorota Ostrowska
H4 | GT Paisagem e (Birkbeck, University of
-
Cinema, tecnologia e corpo:
Cinema (I) London - Reino Unido)
Sala 2.5.9
a experiência sensorial em
Moderação: Iván Villarmea Festive Chronotopes: Film
San Marco Flow | Antonio
Álvarez Programming, Spectatorial
Fatorelli (ECO-UFRJ, Brasil) - Experience & Film Festival
Vestígios da memória em Cultures
A cidade em fluxo: os Nostalgia da Luz | Ana Costa
paradoxos do tempo nos Ribeiro (UERJ, Brasil)
sábado

16h15 I2 | GT O Cinema e as
Outras Artes (III)
Virgínia de Castro e
Almeida: recuperando
- Sala 2.0.3
Moderação: António Fatorelli
memórias do cinema e
guionismo em Portugal |
16h30 - Ana Sofia Pereira (FCSH-
Pausa Cinema e arquitetura: UNL, Portugal)
Roma é uma criação
arquitetónica dos Virgínia de Castro e
16h30 cineastas? | Anabela Dinis Almeida, uma produtora

- Branco de Oliveira
(UTAD/LabCom.IFP-UBI,
feminista no cinema mudo
português | Elena Cordero
18h15 Portugal) Hoyo (CEC-FLUL, Portugal)
- I4 | GT Paisagem e
A presença da pintura e do
I1 | Adaptações teatro em Derek Jarman e Cinema (II)
Sala 2.1.13 Peter Greenaway | Nelson Sala 2.5.9
Moderação: Ana Isabel Araújo (CEAA-ESAP, Moderação: Filipa Rosário
Soares Portugal) -
- Roma: a cidade-memória
Meditações sobre a Dramaturgias da de Federico Fellini | Mirian
adaptação a partir de Uma alteridade: robots Tavares (UAlg, Portugal)
Abelha na Chuva | Elisabete humanóides em televisão e
Marques (ILCML-UP, A periferia da periferia.
cinema | Graça P. Corrêa
Portugal) Paisagens da austeridade
(CFCUL / CIAC-UAlg,
no cinema português #2 |
Portugal)
Branca de Neve: Iván Villarmea Álvarez (USC,
aproximação à tradição Espanha)
O Teatro Noh e a
oral em João César tangibilidade do real: A
O mar como paisagem
Monteiro | Ana M. M. Santos estética do cinema japonês
poética e política nos
(UBI, Portugal) e a percepção da
"documentários
temporalidade ocidental |
Branca de Neve: no limite performativos" de Allan
Gisele Onuki
da adaptação | Catarina Sekula | Fernando
(UTP/UNESPAR, Brasil) e
Gonçalves (UERJ, Brasil)
Maia (CEIS20-UC, Portugal) Eric Yazawa (PUCPR, Brasil)
Cinema locativo - o cinema
Um trabalho de sombra e I3 | Mulheres e Cinema que se move | Cristina B. M.
fogo: Metzengerstein, de Sala 2.5.8 Lopes (UNICAMP / Devry,
Edgar Allan Poe, adaptado Moderação: Cláudio Bezerra Brasil)
por Roger Vadim | João de -
Mancelos (UBI, Portugal)
18h30
Encerramento
Conferências plenárias

Saeed Zeydabadi-Nejad
Multilinguality, cosmopolitanism and
Iranian Cinema

Ian Craven
Comprehensive Amateurism:
The Meteor Film Producing Society 1932-1938

Dorota Ostrowska
Festive Chronotopes: Film Programming,
Spectatorial Experience & Film Festival Cultures

A1 | Identidades e Cinemas (I) E1 | GT Cinemas em Português (III)


A2 | GT Outros Filmes (I) – Arquivo e E2 | GT Cinema e Educação (II)
apropriação 
 E3 | GT Teoria dos Cineastas (II)
A3 | Hibridismos E4 | GT Cultura Visual Digital (II)
A4 | Análise Fílmica (I) E5 | GT História do Cinema Português (I)

B1 | Identidades e Cinemas (II) F1 | Multimédia


B2 | GT Outros Filmes (II) – Para lá do F2 | Corpus pauperum: o papel do corpo
arquivo no cinema de resistência em português
B3 | Imagens do Cinema F3 | GT Teoria dos Cineastas (III)
B4 | Análise Fílmica (II) F4 | Cinema e Materialidades (I)
B5 | GT Narrativas Audiovisuais (I) – F5 | GT História do Cinema Português (II)
Multiplicidades da narrativa
G1 | Corpo e Cinema
C1 | GT Cinemas em Português (I) G2 | GT O Cinema e as Outras Artes (I)
C2 | GT Outros Filmes (III) – Educação, G3 | Cinema Brasileiro (I)
ensino e arquivo G4 | Cinema e Materialidades (II)
C3 | Autoria e Criação
C4 | Análise Fílmica (III) H1 | Cinema e Pensamento
C5 | GT Narrativas Audiovisuais (II) – H2 | GT O Cinema e as Outras Artes (II)
Repensar as Estruturas Narrativas H3 | Cinema Brasileiro (II)
H4 | GT Paisagem e Cinema (I)
D1 | GT Cinemas em Português (II)
D2 | GT Cinema e Educação (I) I1 | Adaptações
D3 | GT Teoria dos Cineastas (I) I2 | GT O Cinema e as Outras Artes (III)
D4 | GT Cultura Visual Digital (I) I3 | Mulheres e Cinema
D5 | Cinema e Pós-Colonialismo I4 | GT Paisagem e Cinema (II)
02

in
maç for
út e sõ e
is
informações úteis

Universidade de Aveiro
Departamento de Línguas e Culturas
Campus Universitário de Santiago
3810-193 Aveiro

https://goo.gl/maps/x5AC9TmS67B2

Piso 5 ___________________________________________________ Salas: 2.5.8 // 2.5.9

Piso 1 ___________________________________Salas: 2.1.9 // 2.1.10 // 2.1.13 // 2.1.18

Piso 0 ___________________________________________________________Sala: 2.0.3

Livraria e Sala de Exposições Mestre Hélder Castanheira


https://goo.gl/maps/rAs8eqpqVMM2

Museu da Cidade de Aveiro


R. João Mendonça 9-11, 3800-200, Aveiro
https://goo.gl/maps/4eFnmT1cxjS2

Mercado Negro
Rua João Mendonça 17, 3800-200, Aveiro
https://goo.gl/maps/BGdVqk5SefR2

Restaurante Olaria
Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, Cais da Fonte Nova, 3810-200, Aveiro
https://goo.gl/maps/Eb7qsHLauTR2

Livro de Resumos:
https://goo.gl/VEneMq
03
livro
de
resu
m os

CP
CP
Conferência Plenária
Saeed Zeydabadi-Nejad

Multilinguality, cosmopolitanism and


Iranian Cinema
Saeed Zeydabadi-Nejad
(SOAS University of London, Reino Unido)
-

In the paper, I explore multilinguality in The paper will also explore the resonance of
Iranian cinema and its relationship to this research with Appdurai’s (2010)
cosmopolitanism. A question that I seek to anthropological work on cosmopolitanism
explore is how the relatively new from below.
phenomenon of multilinguality in Iranian films -
relates to a trend away from othering of
speakers of regional languages in Iran and
toward a new inclusive and cosmopolitan Saeed Zeydabadi-Nejad has been
articulation of the nation. As a case study, I lecturing at the Centre for Media and Film
focus on three films, namely Che (2014), Studies, SOAS, University of London and
Night Bus (2007) and Bashu, the Little the Institute of Ismaili Studies since 2007.
Stranger (1985). The reason for choosing He is the author of a book entitled The
these films is that they are all set at in the Politics of Iranian Cinema: Films and
context of conflict between the Islamic Society in the Islamic Republic (2010
Republic of Iran and a linguistically “other” Routledge). He has also written several
enemy. The fact that all three films book chapters and articles in
humanize the linguistically different peoples publications including: Hagener, Hediger
is particularly significant. In Bashu, the Little and Strohmaier’s The State of Post-
Stranger, the young boy at the centre of the Cinema: Tracing the Moving Image in the
narrative is an Arabic speaker in a story set Age of Digital Dissemination (2016,
at the time when Iran was at war with its Palgrave Macmillan), Laachir and
Arab neighbour Iraq. In Che, the narrative Talajooy’s Resistance in Contemporary
features the Iranian regime’s war with the Middle Eastern Cultures: Literature,
Kurds struggling for autonomy in the early Cinema and Music (2014, Routledge), and
1980s and includes sections in Kurdish Sreberny and Torfeh’s Cultural
language. Night Bus, which is also set at the Revolution in Iran: Contemporary Popular
time of Iran-Iraq war, has sections in Arabic Culture in the Islamic Republic (2013,
language. The paper will explore I.B.Tauris). He has regularly reviewed
multilinguality’s potential for questioning articles and books for various journals
ethnocentricity and for promotion of and was recently guest editor of Cinema:
cosmopolitanism through the medium of Journal of Philosophy and the Moving
cinema in the Muslim society. At a time of Image. His media appearances include
the rise of insular politics from the USA to the radio and TV interviews and panel
UK, cosmopolitanism is not only significant discussions on BBC Radio 4 and Radio 3
to Iran or, more broadly, Muslim societies but as well as the BBC World Service.
also to the West. Therefore, on a larger
scale, the paper addresses cosmopolitan
ethics and its propagation through the
media.
CP
Conferência Plenária
Ian Craven





Comprehensive Amateurism:
The Meteor Film Producing Society 1932-
1938
Ian Craven
(University of Glasgow, Escócia)
-

This paper explores the divergent aspirations Following attention to the group’s formation
of 'comprehensive' amateurism, illuminated and composition, focus is given to the
by the activities and output of a particular production and reception of key films, before
cine club achieving notoriety during the an assessment is offered of Meteor’s
interwar years within the social world of significance within the broader development
British amateur cinema, and argues that of British amateur cinema during its
attention to such groupings identifies formative first phase.
significant resistance to emerging ideologies -
of amateurism represented by contemporary
‘movement’_discourses.
As a suggestive instance of such studio- Ian Craven is a Senior Lecturer in Film &
based filmmaking, the Meteor Film Television Studies at the University of
Producing Society achieved a remarkable Glasgow, Scotland. His research
continuity of output through the 1930. Meteor interests include amateur film
has attracted intermittent attention amongst production, interwar cinemas, Australian
historians of Scottish cinema, where film and television, and moving image
significance has been attributed primarily in archival practices. He is a member of the
relation to professional rather than amateur editorial board of the journal Studies In
paradigms. Within Scotland in particular, Australasian Cinema, and a European
thanks in part to the image of ambitiousness Vice-President of the International
so generated, the group was much Australian Studies Association. Edited
celebrated as a model of desirable cine club publications include: Movies on Home
practice, worthy of emulation by successors, Ground: Explorations in Amateur Cinema
and instructive in its cultivation of a (Cambridge Scholars, 2009), Small-Gauge
significant 'policy' role. Acquisition of Storytelling: Discovering the Amateur
Meteor’s surviving films, by the Scottish Film Fiction Film (Edinburgh University Press,
Council, for post-war circulation through its 2013). Recent journal articles have
Central Film Library and subsequent transfer appeared inContinuum: Journal of Media
to the Scottish Film Archive, has also helped Studies, The Journal of Media Practice
to consolidate Meteor’s status, and to secure and Studies in Australasian Cinema. He
unusual visibility for such an amateur is currently preparing Part-Time
collective. Pleasures: Amateur Cine Culture in
g

This paper seeks to re-locate Meteor as a Britain, for Edinburgh University Press
symptomatic amateur collective, working to (2018).
realise the ambitions of a critical but
enjoyable leisure filmmaking, conceived
along the 'comprehensive' lines envisaged
by spokespersons.
CP
Conferência Plenária
Dorota Ostrowska

Festive Chronotopes: Film Programming,


Spectatorial Experience & Film Festival
Cultures
Dorota Ostrowska
(Birkbeck, University of London - Reino Unido)
-

The main focus of my talk is how various Dorota Ostrowska is a Senior Lecturer in
spaces which are associated with film Film and Modern Media at Birkbeck,
festivals shape the film festival programming London University (UK). Her research
and thus determine the spectatorial interests have been focusing on three
experience of film festivals at the critical general areas: European film and
moments in the film festival’s history. television studies (French and Eastern
Adopting Bakhtin’s idea of “chronotope” I European), film festival studies, and
refer to these key spatio-temporal junctions history of film and media production.
in the film festivals’ history as “festive Before coming to Birkbeck in 2008,
chronotopes” and discuss them in relation to taught at the University of Edinburgh
different types of festival spaces: seaside, (2004-2008), the University of Oxford
urban, art exhibition, spaces of crisis, war (2001) and was a Research Fellow in
and conflict, and internal and external European Cinema at the University of
geographies of film festivals. My aim is to Leeds (2003-2004) and a Guest Lecturer
identify and explain how at particular at the Department of Film, TV & Digital
moments in history these different spaces of Media, Universidad de Navarra,
film festivals impact the festival’s Pamplona, Spain (May 2008 and
programming and in turn shape spectatorial September 2009). She was a founding
experience. Each festive chronotope is thus member of the NECS and served on the
seen as an expression of a particular mode editorial board of NECSUS.
of film festival culture examined from a
vantage point of diverse histories of film
festivals. My interdisciplinary approach links
cultural histories and geographies of film
festivals with the history of different film
festivals. The talk thus proposes to blend
together in a unique way the film festival
studies research with that of the history of
international film festivals.
-
A 17 maio
9h30 — 11h15

Identidades e Cinemas (I)

A1
Reenquadrando a Rússia no terceiro Django Kid: Conceitos cinematográficos
milénio. Questões de identidade em em forma de filme
Yurev Den e Saint Petersburg Thuanny Vieira Silva
Rui Manuel Brás (UBI, Portugal)
(CECC-UCP, Portugal) -
- A presente investigação tem como objetivo
O cinema russo contemporâneo é o reflexo analisar a aplicação dos conceitos de
da nova realidade nascida do processo Cinema Periférico (Ângela Prysthon: que
iniciado com a perestroika na segunda relaciona os filmes que registram o que é
metade dos anos 80 do século passado e periférico e marginal com os meios de
que levou, no limite, ao desaparecimento da produção e sua posição geográfica); Cinema
União Soviética. A passagem do sistema de Bordas (Bernadete Lyra e Gelson
político, económico e social soviético para Santana que está associado ao cinema de
um regime de tipo liberal capitalista deixou autor e os seus meios de produção); Cinema
marcas traumáticas em parte da população, de Sotaque (Hamid Naficy: sobre a língua e
como Svetlana Aleksievitch retrata no seu outros códigos presentes na obra
livro O Fim do Homem Soviético, e fez relacionando as pessoas em situações de
renascer o debate sobre o futuro do país e a exílio e diáspora), e o Cinema de Brodagem
identidade da pátria russa. A rutura com o (Amanda Nogueira: que aborda os
passado não foi (nem poderia ser) total e as processos colaborativos de produção), que
mudanças tiveram recepções diversas no são frequentemente utilizados para
tecido social russo. O cinema, liberto dos caracterizar os pequenos cinemas
constrangimentos impostos pelo controlo realizados na periferia geográfica,
soviético, não poderia deixar de exprimir as sociocultural e cinematográfica do Brasil. O
diferentes percepções desta realidade, ou as objeto em análise é o media metragem de
diversas expectativas em relação ao que ficção Django Kid (2000), do professor de
deve ser a Rússia no presente e no futuro. O escola pública, Manoel Filho. O western foi
debate entre eslavófilos e ocidentalistas que produzido em uma cidade com 3.350
tem atravessado a história cultural da Rússia habitantes no interior do estado do
não desapareceu no século XXI e até se terá Tocantins, localizado na região Norte do
agravado com a ansiedade causada pela país, que está localizado na periferia
desagregação da URSS e pelas econômica e cinematográfica brasileira. Este
contingências políticas nacionais e trabalho pretende contribuir com os estudos
internacionais. A partir de dois filmes acerca dos pequenos cinemas que estão
recentes, Yurev Den (O Dia de Yuri, 2008) e cada vez mais se autofirmando no cenário
Saint Petersburg (São Petersburgo, 2013), cinematográfico, por pessoas comuns,
esta comunicação pretende analisar duas grupos ou comunidades que tenham uma
perspetivas radicalmente diversas de ideia, uma câmera e uma cultura
cineastas russos em relação ao presente e cinematográfica incrustada em si.
ao futuro do seu país e sobre a identidade
nacional russa.

Identidades e Cinemas (I)

A1

O nascimento de uma nação através do


cinema: o Kuxa Kanema e o Instituto
Nacional de Cinema em Moçambique
Inês Cordeiro Dias
(Spelman College, EUA)
-
Em 1975, na sequência da independência, o
cinema torna-se um dos projetos culturais
mais importantes em Moçambique,
precedido apenas pela rádio. Uma das
questões prementes do novo governo da
FRELIMO era a difusão de uma ideia de
identidade nacional num país em que
coexistiam vários grupos étnicos, várias
línguas e várias culturas. Com uma taxa de
alfabetização de apenas 15%, o cinema
tornou-se um importante instrumento para a
criação de uma identidade nacional,
servindo de veículo para imaginar uma nova
comunidade, no sentido descrito por
Benedict Anderson em Imagined
Communities. Em 1976, numa das primeiras
e mais importantes iniciativas da FRELIMO,
foi criado o Instituto Nacional de Cinema -
INC. O projeto mais popular do INC foi o
jornal de atualidades Kuxa Kanema (que
significa “o nascimento do cinema” em
xangana). Este tornou-se essencial para a
construção de uma identidade nacional, pois
alcançava de maneira efetiva os vários
grupos étnicos do país, tanto através de
exibições em salas de cinema como através
do cinema móvel. Na minha apresentação
pretendo discutir de que maneiras a nova
nação foi imaginada pelo cinema, em
particular pelo Kuxa Kanema, e que impacto
este teve na concepção de uma ideia de
nação moçambicana.
GT Outros Filmes (I) – Arquivo e apropriação

Modos de apropiación del archivo: el


A2
O arquivo e as memórias privadas e
caso de Ni vencedores ni vencidos públicas do Estado Novo em A Toca do
(Naum Spoliansky y Alberto Cabado, Lobo
1972) Adriana Martins
Pablo Piedras (CECC-UCP, Portugal)
(UBA-CONICET, Argentina) -
- Desde a Revolução de Abril de 1974, os
Dos años después de las primeras cineastas portugueses têm demonstrado um
exhibiciones clandestinas de La hora de los grande interesse por material de arquivo do
hornos (Grupo Cine Liberación, 1968), Estado Novo, o que resultou em estratégias
comienza la realización del largometraje diversas de apropriação do arquivo e de
documental Ni vencedores ni vencidos. El exploração das suas lacunas
film, basado integralmente en el montaje de
epistemológicas, visando a desconstrução
materiales de archivo provenientes de
da retórica do regime. As intervenções no
noticiarios cinematográficos y de una voz
over omniexplicativa, fue concebido con la arquivo têm sido preferencialmente feitas em
intención de erigirse en una respuesta arquivos públicos, tais como e, dentre
moderada e institucionalista a la obra de outros, demonstram filmes como Brandos
Solanas y Getino. Mediante un repertorio de Costumes, Fantasia Lusitana e 48.
materiales audiovisuales afín al utilizado en Interessada em discutir o impacto do
algunos tramos de La hora de los hornos, confronto entre memórias privadas e
este documental borra de su textualidad los públicas, pretendo examinar as estratégias
elementos vanguardistas del anterior con el utilizadas por Catarina Mourão na
objeto de inscribir una voz intermedia que apropriação que faz de arquivos privados e
omite la demonización oficial del peronismo públicos em A Toca do Lobo (2015) a fim de
– reconociendo algunas de sus virtudes– discutir os mecanismos de repressão do
pero critica sus modos de pensar la nación y
regime e de questionar a política de
su estilo de conducción de corte “populista”.
memória do e sobre o Estado Novo.
Ni vencedores ni vencidos fue censurada en
1970 y estrenada, con poca repercusión, en
el año 1972. Proponemos una interpretación
de la película que articula la perspectiva
historiográfica y el análisis textual con el
objetivo de reposicionar la obra en su
contexto sociopolítico y de hacerla dialogar
con las diversas variantes del documental de
intervención política como forma de
pedagogía histórica de la época. Se
abordarán algunas nociones relevantes
respecto de la tradición del metraje
encontrando en el film político y de las
complejas valencias retóricas y
representacionales del archivo.
A2
GT Outros Filmes (I) – Arquivo e apropriação

Mulheres invisíveis: em busca do olhar


lésbico por meio da retomada de
imagens domésticas
Beatriz Gonçalves
(Paris 3, França)
-
A arqueologia fílmica, a historiografia e a
teoria do cinema doméstico baseiam-se
quase exclusivamente sobre filmes que
reproduzem o modelo patriarcal
heteronormativo da família burguesa.
Porém, como se pergunta Judith Butler,
seria o parentesco sempre heterossexual?
Seriam fotografias e filmes de família
necessariamente heterossexuais? Onde
estariam as imagens domésticas de famílias
“outras”? Poderiam elas subverter as
normas estéticas e institucionais que regem
a representação da Família na fotografia e
no filme doméstico? Poderiam elas, ainda,
desafiar o olhar familiar e olhar masculino-
heterossexual que orientam a tomada da
maioria das imagens domésticas? Nesse
contexto, a cineasta e pesquisadora Michelle
Citron propõe a busca por um olhar lésbico
através da remontagem de fotografias e de
filmes domésticos produzidos por mulheres
lésbicas. Ao longo da história, fotografias e
filmes de famílias queer confrontam-se com
um duplo “devir outro”. Ocupando um lugar
periférico tanto no interior de uma prática
quanto de uma historiografia marginais,
essas imagens tornam-se divergentes em
sua própria existência. Elas são então
invisibilizadas e os olhares que carregam e
produzem, apagados. A partir da obra de
Citron, sobretudo dos filmes Leftovers
(2014) e Lives: Visible (2017) assim como
do projeto interativo Mixed Greens (2004),
questionaremos como a prática da
remontagem pode recuperar, revelar e
afirmar esse olhar lésbico na poética e na
política de um cinema feminista.
A3
Hibridismos

O papel da ficção e o documentário na Experiências estéticas do horror no


representação da realidade audiovisual contemporâneo
Carlos Ruiz Carmona Ana Maria Acker
(CITAR-UCP, Portugal) (ULBRA, Brasil)
- -
Ao longo das últimas décadas, grandes A proposta busca investigar características
teóricos do cinema e aclamados cineastas das possíveis experiências estéticas do
estabeleceram que o documentário não pode horror na contemporaneidade, sobretudo em
representar uma realidade objetiva e tangível. filmes que tenham alcançado êxito de
De fato representar o mundo histórico no público e crítica. A ideia é pensar o
documentário implica recorrer a figuras fenômeno para além do medo, trajetória
retóricas ambíguas e subjetivas como na iniciada com a tese O Dispositivo do olhar
no cinema de horror found footage,
ficção. Representar o mundo histórico sempre
defendida em 2017 na Universidade Federal
envolveu um processo técnico e artificial que
do Rio Grande do Sul – UFRGS, Brasil. O
exige um desvio da realidade. Isto levou
conceito de horror é entendido por Eugene
alguns acadêmicos a concluir que o Thacker (2011), para quem a fruição com o
documentário como termo que se assume gênero se dá no ato de pensar sobre um
não-ficcional desconsidera os seus inevitáveis mundo impensável, não-humano e
elementos de ficção. A maior parte da desconhecido: “[...] um mundo de desastres
pesquisa produzida sobre a capacidade do planetários, pandemias emergentes,
cinema em representar a realidade se baseia mudanças tectônicas, clima estranho,
em alegar que o documentário faz uso da paisagens marinhas encharcadas de
forma e da técnica da mesma forma que a petróleo, e a furtiva, e sempre elevada,
ficção. Portanto, as escolhas envolvidas na ameaça de extinção”. Para Thacker,
elaboração de documentários são tão “Enfrentar essa ideia é confrontar um limite
absoluto à nossa capacidade de entender
manipuladoras quanto subjetivas como na
adequadamente o mundo” (Thacker, 2011,
ficção. Por esse motivo, estudiosos e
1, tradução nossa). Tal concepção tem sido
cineastas argumentaram que o documentário o mote de obras ao longo dos anos e se
é uma ficção construída a partir dos manifesta ainda em diversos produtos da
elementos extraídos da vida cotidiana. Esta cultura de massa. Assim, o objetivo é
comunicação pretende estabelecer que a compreender como os filmes da atualidade
ficção e o documentário são igualmente engendram experiências sensíveis com o
adequadas para representar o mundo horror e quais as relações dessas com
histórico, pois ambos podem revelar questões sociais, políticas e culturais. O
"verdades" e conhecimentos sobre o mundo desafio metodológico é realizar uma análise
que habitamos. No entanto, eles cumprem que dê conta das indagações e que se
papéis diferentes na representação da desenvolva em ensaios audiovisuais, video
realidade. A ficção e o documentário são essays. Produções como It – A coisa (2017),
Raw (2017), Corra! (2017), Ao cair da noite
termos que podem ser melhor entendidos
(2016) e A Bruxa (2016) devem ser
como um meio necessário para compreender,
consideradas para estudo.
comunicar e organizar a experiência humana
da realidade num meio audiovisual.
A3
Hibridismos

A herdeira da contradição: Olivia de


Havilland e a divergência entre a sua
imagem cinematográfica e a sua vida fora
da tela
Miguel Moreira
(Investigador Independente, Portugal)
-
O objeto de estudo da presente
comunicação, enquadrada na área dos Star
Studies, é a própria atriz Olivia de Havilland
mediante as suas performances
cinematográficas e a sua vida pública. Visa-
se, numa primeira parte, demonstrar o
contraste entre a sua imagem construída
pela Warner Bros. (a típica damsel in
distress) e a sua vida fora das telas (uma
mulher ativamente política). Numa segunda
parte, pretende evidenciar-se como aquela
divergência parece ser resolvida se se
analisar a carreira da atriz após o final do
seu contrato com o referido estúdio. A
metodologia utilizada para concretizar tal
objetivo consistiu na leitura de publicações
académicas focadas no estudo das movie-
stars (como o icónico livro Stars de Richard
Dyer), as quais serviram de base para a
minha própria análise. Esta proposta revela-
se importante, primeiramente, pelo facto dos
Star Studies, embora iniciados nos anos 70,
serem, ainda hoje, algo “verdes”, no sentido
de não possuírem um leque suficientemente
profundo de informação académica se os
compararmos a outros campos de
investigação. Além disso, o estudo em
concreto de Havilland e dos seus filmes é
ainda mais redutor (de facto, a comparação
entre a sua imagem cinematográfica e a sua
vida pública nunca foi analisada
academicamente). Atrizes como Bette Davis
ou Katharine Hepburn têm sido alvo de uma
maior atenção, o que é injusto dada a
prestigiosa carreira de de Havilland, uma
estrela possuidora de profundos significados
estéticos e ideológicos.
A4
Análise Fílmica (I)

Aquarius: a film about memory, city and Intermidialidade realista, realismo de


feminine soul confronto e a historiografia do presente
Nayara Güércio & Tânia Montoro Marcela de Souza Amaral
(UnB, Brasil) (UERJ, Brasil)
- -
This paper analyses, within a perspective of O presente artigo abordará os elementos de
interactions connecting female memory, city intermidialidade no filme brasileiro O invasor
and everyday events, the Brazilian long (Beto Brant, 2001), se concentrando na
feature film Aquarius (Brazil, Kleber relação entre a música e o cinema; e
Mendonça, 146m, 2016), which represented investigando de que forma isso pode ser
Brazil at the 2016 Cannes Film Festival. compreendido como um potencial
historiográfico e de produção de uma visão
Dwelling matters are the foundation to the
social crítica. Ao tratar da conflituosa
conflicts of the protagonist Clara (Sônia
estrutura social brasileira, o filme constrói
Braga), a 67 year old woman who owns one um quadro de forte apelo realista, onde a
of the Aquarius building’s flats, located in relação entre elite e periferia não se assenta
Recife - Brazil. With the purpose of em uma oposição direta e simplista; mas
demolishing the building a construction revela cumplicidade e corrupção. O
company begins to harass Clara in the mergulho nessas duas esferas se dá
hopes of pressuring her into selling her sobretudo através da música, e
apartment. Clara, however, refuses to be rid particularmente do hip-hop da periferia de
of her own home, this way steering the film’s São Paulo, o que o filme faz a partir de uma
plot. The Casetti and Di Chio method (2007) linguagem que oscila entre a ficção e o
was chosen as inspiration for the three levels documentário. Isso abre espaço para uma
“erupção do real”, ou um realismo produzido
in which the methodology of analysis
no confronto entre esses dois campos. À
regarding the film’s narrative will be
medida que Brant se apropria do
approached. The analytical categories “city”,
“inesperado”, usando a câmera para
“collective space”, “old age women”, capturar “eventos da verdade” (BADIOU,
“habitational matters”, “memories” and 2006), os elementos do instante pró-fílmico
“everyday events” reside at the core of this passam a ser absorvidos pelo filme na
analysis. Aquarius shows the image of a composição de sua atmosfera e narrativa;
broken city, a metropolis torn between the gerando uma produtiva intersecção entre o
visible world (young, male, socially accepted, apelo realista do filme e a música. Isso
economically favourable) and the invisible talvez nos permita falar de uma
world (old, female, socially marginalised, “intermidialidade realista”; ou de um filme
economically unfavourable). City and the como importante documento historiográfico
female body are shuffled in the experiences do presente. O estudo das relações
intermediáticas de O invasor se torna crucial
of public spaces and the fear that crosses
no reconhecimento do potencial fílmico de
and limits the relationship between private
representar uma realidade singular.
and collective space.
A4
Análise Fílmica (I)

O reenactment como elemento de Celebração e desaparição do arquivo em


atuação autorreflexiva em Phoenix, de Tropicália
Christian Petzold Albert Elduque
David Ken Gomes Terao (U. Reading, Reino Unido)
(UNICAMP, Brasil) -
- O documentário musical é uma tendência
Em Phoenix (2014), Christian Petzold forte no cinema brasileiro contemporâneo,
apresenta, dentro de uma narrativa tanto pela sua relevância comercial quanto
melodramática, um jogo de atuação baseada pelas suas propostas de construção da
na reencenação de uma identidade que memória do país. Alguns destes filmes,
remete a um fato histórico. No filme, Nelly, como O Homem que Engarrafava Nuvens
uma mulher judia sobrevivente do (Lírio Ferreira, 2009) e A Música Segundo
holocausto, se reencontra com seu marido, Tom Jobim (Nelson Pereira dos Santos e
Johnny, e não é reconhecida por ele. Além Dora Jobim, 2012), baseiam-se num
de não se dar conta de quem é a mulher à trabalho intenso com as imagens de arquivo
sua frente, ele propõe a ela que finja ser sua para construir discursos sobre o artista, a
esposa, que ele acredita estar morta, para sua obra e a sua época. O filme Tropicália
assim ter acesso à herança deixada por ela. (2012), de Marcelo Machado, propõe um
Como observa Vanessa Agnew (2004), o trabalho rigoroso e ao mesmo tempo lúdico
reenactment inicialmente surgiu enquanto com as imagens do período 1967-1972, num
uma estratégia utilizada como forma de collage que inclui filmes, programas de
alcançar um conhecimento mais preciso de televisão, cartazes, fotografias, filmagens de
alguns acontecimentos históricos e divulgá- performances e registos de entrevistas aos
lo a um público através de práticas como a protagonistas desse movimento artístico.
presença de atores fantasiados de Nesta comunicação quero analisar algumas
personalidades de outras épocas nos estratégias do filme em relação com o
“museus vivos” ou eventos que reencenam arquivo, notadamente o uso da canção como
grandes batalhas do passado. Tal estratégia contraponto íntimo às imagens da época, as
foi depois incorporada à performance, ao técnicas de imersão nas imagens de
documentário e às cine-biografias, sendo arquivo, o uso da tela preta como vazio de
apresentado em Phoenix enquanto um representação e a contraposição entre
elemento inerente à narrativa, que expõe a arquivo e entrevista para salientar a
autorreflexividade da mise-en-scène de distância entre passado e presente. Essas
Petzold. A partir dessa re-encenação questões serão abordadas com
realizada por Nelly, que expõe comparações com outros documentários
constantemente o caráter de atuação no musicais que trabalham com imagens de
trabalho de Nina Hoss e problematiza a arquivo da mesma época, particularmente
cena melodramática, chega- se a um Cartola – Música para os Olhos (Lírio
distanciamento que alcança o objetivo do Ferreira e Hilton Lacerda, 2007) e Uma Noite
reenactment em si: a melhor compreensão em 67 (Ricardo Calil e Renato Terra, 2010).
dos fatos históricos e dos traumas
recorrentes deles, de modo a perceber como
esses elementos estabelecem as relações
entre os sujeitos.
B 17 maio
11h30 — 13h15
B1
Identidades e Cinemas (II)

Cinema sul-sul: modos de dizer e ver em Animação documental: A oralidade e o


trânsito património sonoro abrangente
Walcler Mendes Junior & Juliana Michaello Tiago Fernandes
(Unit, Brasil) (UBI, Portugal)
- -
O trabalho pretende discutir as ressonâncias Ao longo da história do cinema, o
de cinemas constituídos e constituidores de documentário foi acompanhando as
um olhar que diz sul e que potencializa redefinições técnica e estéticas e revelou-se
engendramentos sul-sul. Como recorte um género híbrido que foi abarcando
reflexivo traçamos um alinhamento a partir diferentes métodos de produção e de
de territórios e narrativas de barbárie. propósitos. Se, no início, tinha como
Territórios marcados pelos signos da guerra,
principal objetivo a mera observação e
do feminicídio, da opressão, expressam
registo do real, aparentemente de forma
imagens desse modo de dizer e de ver que
entende o discurso cinematográfico como objetiva, nas últimas décadas temos
parte do campo geopolítico. Entretanto, o assistido a diversas metamorfoses constante
cinema aqui considerado não se estanca na do género que se vão ramificando em vários
sujeição da simples barbárie. Assume sua subgéneros. De entre eles, a animação
barbárie ao mesmo tempo em que propõe e documental tem conquistado a atenção e o
dispõe de um repertório de signos e reconhecimento, quer pela sua estrutura e
imagens que interpela o olho de quem vê modus de conceção, quer pelo facto de o
por uma abertura cuja bitola não só não registo sonoro se afirmar como o principal
pode ser encapsulada e contida nos termos elo de ligação com o real. A partir da análise
do cinema centro-periferia, mas também dos filmes Água Mole (2017, Laura
propõe a construção de narrativas que
Gonçalves e Alexandra Ramires) e Pronto,
excedem o marco civilizatório determinado
Era Assim (2015, Joana Nogueira e Patrícia
pelo olhar do centro-ocidental. A discussão
Rodrigues), duas curtas-metragens de
constitui-se assim num esforço de
aproximação e confronto de discursos quatro jovens realizadoras portuguesas,
cinematográficos oriundos de diferentes pretendo levar a cabo uma análise dos
territórios, contrapostos entre si em torno da modos de conceção destas duas obras e
linguagem e contexto social por eles uma reflexão acerca da forma como, na
apontados. Para a realização das análises animação documental, o contributo dos
serão elencadas sequências paradigmáticas registos sonoros, sob a forma de
de filmes cujos territórios trazem marcas da testemunhos, oferecem enquanto elementos
barbárie expressas em sua condição documentais e na capacidade que possuem
decolonial. No artigo trabalharemos com o de perpetuar na nossa memória a identidade
seguinte conjunto de filmes: Buda as sharm de um povo.
foru rikht, Terra Sonâmbula, Matrubhoomi,
Tapete Vermelho, Abril despedaçado, El
Violín, Baixio das Bestas, Khak wa
Khakister, La delgada linea amarilla.
B1
Identidades e Cinemas (II)

Contextos dos nomes de ascendência A história vigiada: censura e cinema no


portuguesa no cinema do Sri Lanka Brasil (1964-1985)
António Costa Valente Meize de Lucena Lucas
(ID+, Portugal) (UFC, Brasil)
- -
Num país com 70 anos de produção A pesquisa propõe uma reflexão sobre a
cinematográfica, com uma história marcada censura cinematográfica no Brasil no
por insurreições e uma guerra civil período da ditadura civil-militar (1964-1985)
devastadora, procurando espaço de a partir de um conjunto de filmes que
desenvolvimento entre uma grande maioria enfocaram eventos históricos. Entende-se
e significativas minorias, convivendo entre por evento histórico aquelas experiências
duas línguas e um inglês consentido, o
sociais que constituem objeto de reflexão
cinema do Sri Lanka parece quase também
historiográfica e que, em grande medida,
falar português. A memória da passagem
dos portugueses no século XVI e XVII, está estão presentes na memória social coletiva.
presente nos nomes de quem tem feito o Tem-se por objetivo investigar como
cinema nesta ilha do Pacífico. Cineastas, procederam os censores ao analisarem
técnicos e atores surgem nos créditos dos filmes cuja temática eram experiências
filmes do Sri Lanka com nomes de família históricas distantes ou recentes, casos, por
que em tudo se aparentam aos que temos exemplo, do julgamento de Sacco e Vanzetti
por Portugal. Alvis (Alves), Bandara nos Estados Unidos na década de 1920,
(Bandarra), De Silva (Silva), Dias, Fernando, retratado no filme homônimo de Giuliano
Fonseka (Fonseca), Moraes, Perera Montaldo em 1971, e o golpe de Estado
(Pereira), Peries (Peres), Serra e sempre conduzido no Chile pelo General Augusto
Silva. Uma história de cinema onde os
Pinochet em 1973 que serviu de inspiração
intervenientes mais significativos afinal
para o diretor Constantin Costa-Gavras em
transportam com eles nomes que o passado
Desaparecido (Missing, EUA, 1982).
parece ligar a Portugal. Com mais de
novecentos filmes de longa-metragem Tomando como ponto de partida que a
produzidos no séc. XX, uma diversidade de censura, em regimes de exceção, é uma
géneros onde o cinema popular da vizinha ação que visa interditar discursos que
Índia marca uma presença significativa, mas apontem tensões sociais, coloquem em
também a proximidade de S. Rey, o cinema questão figuras de autoridade, como o
do Sri Lanka acaba de estrear, no ano do Estado, as forças armadas, e a Igreja,
seu 70º aniversário, o seu primeiro filme foquem distensões políticas, ou abordem as
LGBT, e de novo os nomes de ascendência diferentes formas de violência, física e
portuguesa aparecem no filme. Este trabalho simbólica, investigamos como essa
de investigação procura identificar contextos interdição (ou a não interdição) foi
da intervenção e relevância deste alargado
operacionalizada nesses filmes. Sua
conjunto de intervenientes e construtores do
importância reside no fato de que o passado
cinema seringalês.
e suas representações estão em
permanente disputa em qualquer sociedade,
mas, em regimes ditatoriais, ocorrem numa
correlação de força desiguais na qual a
censura ocupa um papel central.
B2
GT Outros Filmes (II) – Para lá do arquivo

Fischli & Weiss: The Way Things Go Há sempre uma imagem que falta
Susana Rocha Roberta Oliveira Veiga
(CIEBA-FBAUL, Portugal) (UFMG, Brasil)
- -
The Way Things Go (1987) é um vídeo Dando continuidade à discussão que levei
produzido pela dupla de artistas suíços Peter ao último encontro do GT Outros Filmes,
Fischli e David Weiss, que documenta uma pretendo abordar os arquivos através de sua
reação em cadeia de eventos provocados ausência. Se, a partir de Là-Bas, de Chantal
através de objetos quotidianos, numa Akerman, discuti a ausência de imagens do
dinâmica que remete para as “máquinas” de trauma passado como signo da
Rube Goldberg, onde através de efeito dominó impossibilidade da história no confinamento
se realizam ações simples de um modo ao presente do filme, agora junto à A
extremamente complexo. Tendo como origem imagem que falta, de Rithy Panh, pensando
um trabalho fotográfico anterior de Fischli & ainda o cinema como dispositivo
Weiss, designado Equilibres (Quiet Afternoon) mnemônico, proponho abordar certa falta do
(1984- 1986), The Way Things Go reflete o arquivo como motivação para a elaboração
fascínio dos artistas pelo colapso e pela histórica no presente da elaboração do
eminente insustentabilidade de todas as próprio filme. Se em Chantal a ausência dos
coisas, com um humor subjacente que lhes é arquivos é uma estratégia que leva o filme a
próprio, e como um murro no estômago ao uma encruzilhada do comum e à impotência
pedantismo inerente a parte do universo da política para a elaboração da memória do
arte contemporânea. A produção do vídeo foi nazismo e da desterritorialidade dos judeus,
iniciada em 1985, num armazém vazio usando com Panh, a consciência da falta mesma de
itens como pneus, balões, escadas e fogos de uma imagem que encarne o trauma coletivo
artifício. Através de pura determinação e horas é motor do cinema como força de produção
de tentativa e erro, compuseram sequências histórica. Ao buscar uma imagem de arquivo
cinematográficas em que os objetos se de crianças nos campos de trabalho forçado
encaixam, pegam fogo, voam de um lugar no Camboja, Panh se depara com a falta e
para outro em reações em cadeia ela o move em direção a imaginar o seu
aparentemente ininterruptas no decorrer de 30 passado. Resta-lhe então, abandonar a
minutos. Contudo, a sensação de movimento imagem originária para criar suas imagens –
contínuo é uma ilusão: a peça compreende o que faz usando bonequinhos de argila
gravações concretizadas durante um período para encenar o trauma coletivo - e cotejá-los
de cerca de dois anos, onde inclusivamente a aos arquivos existentes: as imagens de
escala dos objetos é divertida mas propaganda do governo do Khmer
discretamente manipulada. Em constante Vermelho, no intuito de redescobrir pontos
exibição em museus de arte contemporânea de origem pela montagem. Seriam os
por todo o mundo, The Way Things Go, para procedimentos fílmicos de encenação, off e
além de uma apologia à teoria do caos, parece montagem, fortes o suficiente para, ao modo
ser também um vídeo que acompanha de Rancière e Benjamin, expor o dano e
gerações, na tradução de um sentimento de rescrever a história?
possível catástrofe e colapso que assombra
permanentemente a condição humana.
B2
GT Outros Filmes (II) – Para lá do arquivo

Inserções clandestinas nas mídias: em Imagens em transe: arte e cinema,


busca da imagem revelada modernismos e primitivismos
Leandro Pimentel Abreu Raquel Schefer
(UERJ, Brasil) (CEC-UL, Portugal / UWC, África do Sul)
- -
O controle sobre a produção midiática feita Partindo das “zonas de contacto” históricas,
pelos monopólios de comunicação é um transculturais e transdisciplinares entre as
fenômeno especialmente perverso no vanguardas artísticas e a etnografia, a
contexto brasileiro. Por meio de diferentes comunicação visa examinar as relações
táticas, artistas e organizações sociais entre arte e cinema sob o prisma da
atentas aos regimes de invisibilidade dimensão primitivista do modernismo e da
sua prevalência no cinema anti-colonial e
impostos pelos meios hegemônicos
“pós-anti- colonial”. Hiller considera que a
buscaram quebrar o bloqueio para
apropriação modernista da arte dita
apresentar questões relevantes que ficaram “primitiva” contribuiu para “a supressão das
excluídas desse espaço comum. Ao auto- representações dos povos colonizados
contrário do que se observa no campo da em favor de uma representação ocidental
arte e do cinema documental, onde a das suas realidades”. O argumento discutido
exposição do processo se evidenciou como nesta comunicação visa indagar
uma importante tendência para se pensar a sucintamente de que maneira as relações
representação e suas diversas nuances, nas entre modernismo e primitivismo das
grandes midias o dispositivo de produção primeiras vanguardas se reproduziram no
permanence obscuro na maior parte das pós-guerra no quadro do paradigma de
vezes. No decorrer da pesquisa, emancipação do cinema anti-colonial e “pós-
anti-colonial”, replicando paradoxalmente
distinguimos dois eixos principais para
certos dualismos e hierarquias coloniais e
pensar essa produção: de um lado a busca
obstaculizando os processos de auto-
por revelar as falácias presentes na representação dos povos colonizados e ex-
produção jornalística e do outro o esforço de colonizados. A breve análise dos elementos
percepção de fenômenos sociais tornados etnográficos e das figuras da reconstituição
invisíveis. Ao inserir de forma parasitária de três filmes - El Coraje del Pueblo (1971),
elementos alienígenas ao direcionamento de Sanjinés, Mueda, Memória e Massacre
econômico e ideológico que orienta a (1979/1980), de Guerra, e Orinoko (1984),
produção dos veículos de comunicação, de Rísquez - permitirá examinar de que
esses trabalhos causam uma espécie de maneira a tentativa de expressão fílmica de
curto circuito que acabam reverberando para cosmologias não-europeias procurou
além do ambiente midiático, se espalhando resolver a aporia da representação/auto-
nas redes sociais e se enraizando de modo representação. Num contexto teórico
caracterizado pela noção de “animismo”, os
menos efêmero no campo da arte.
eixos de discussão levar-nos-ão a repensar
Interessa-nos refletir sobre o modo como
a capacidade do cinema para articular
esses trabalhos constróem um território perspectivas culturais diversas.
onde se evidencia o dissenso e as diferentes
forças que agem na construção de um
espaço comum.
B3
Imagens do Cinema

Hiper-Real(ismo) Milenar: um Quinteto City lights: a publicidade fílmica em


Fílmico na Sombra do Y2K contexto urbano (1930-1950)
Francisco Silveira Joana Duarte
(CLP-FLUC, Portugal) (FLUP, Portugal)
- -
Entre 1998 e 1999, cinco filmes de ficção A publicidade ao filme – materializada em
científica oriundos dos EUA - Dark City, The cartazes, revistas cinematográficas,
Truman Show, eXistenZ, The Matrix e The cartonados e em meios de transformação
Thirteenth Floor - denotaram uma unidade dos edifícios e da cidade – revela-se, nos
estético-temática que reclama uma anos de 30 a 50, por um lado, como um
conceptualização à luz retrospectiva dos importante veículo divulgador do filme,
capaz de suscitar interesse do público; e,
olhos de hoje. Através da formulação “hiper-
por outro, como um revestimento de caráter
real(ismo) milenar” para efectivar essa
efémero em certos espaços citadinos. É o
constelação artística, procura-se explorar os cartaz – e não só, como tentaremos
imensos pontos de contacto que convertem demonstrar – que ao penetrar no meio
as cinco obras num quinteto. “Hiper- urbano projeta o filme para um público
real(ismo)”, desde logo porque, tal como na alargado, valorizando-se a partir das
corrente artística homónima pinturas e características arquitetónicas onde se
esculturas de alta resolução (muitas vezes insere. Esta apresentação pretende analisar
através de computadores e subjacente a colocação de publicidade fílmica no
digitalidade) parecem ter referente real espaço urbano, mostrando que esta não se
(conforme uma fotografia analógica), estes limita à tipologia do cartaz, nem tampouco à
filmes jogam com simulações da realidade colocação exclusiva destes elementos nos
cinemas e cineteatros. Importa, por isso,
dentro da narrativa. “Milenar”, porquanto a
mapear a colocação destes objetos no corpo
passagem de 1999 para 2000 situa as fitas
urbano. A investigação tira partido de um
numa época de paranóia, profecias trabalho em curso - a consulta sistemática
apocalípticas associadas à mudança de de revistas de cinema portuguesas - onde
milénio. No hiper-real(ismo) milenar, arauto tivemos oportunidade de recolher
de um “cinema ciborgue”, a nostalgia do rolo testemunhos fotográficos e textuais que nos
de celulóide e a emergência do digital permitem debruçar sobre esta temática. As
coexistem numa imagem compósita, quer na bases de dados em linha como a Opsis,
produção, quer explícita ou implicitamente na Arquivo Municipal de Lisboa e Arquivo
narrativa. Por conseguinte, as cinco obras em Municipal do Porto complementaram o
consideração alicerçam-se em dimensões levantamento fotográfico. O estudo destes
nunca menos que duplas, regressam a elementos publicitários, hoje considerados
passados cinematográficos nervosos como o memorabilia cinematográfica e alvo de
valorização e de colecionismo, contribui quer
expressionismo alemão dos anos 20 de
para a história do design e ilustração em
Weimar ou o film noir. Fazem-no num limbo
Portugal, como para a história do cinema e
futurofóbico, entre o escapismo que condena dos ambientes urbanos.
tudo a uma profecia auto-realizável. É essa
(in)consciência histórica, passando pelas
noções de hiper-realidade de Jean Baudrillard
e Umberto Eco que importa desenvolver.
B3
Imagens do Cinema

As vanguardas e seus reflexos no Entre pintura e fotografia: tableaux


cinema de animação: o experimentalismo vivants no filme In the Crosswind
abstrato e o som óptico Marina Takami
Carolina Leão (Paris 8, França)
(UNICAMP, Brasil) -
-
O cinema de animação, assim como as Narrado por uma sobrevivente de um dos
vanguardas do início do século XX atuaram campos de trabalho forçado soviético,
em busca da interação de todas as artes baseado em depoimentos e documentos de
com a intenção de uma complementaridade arquivo, o filme In the Crosswind (Risttuules,
audiovisual. Diversas foram as inspirações 2014), do jovem cineasta estoniano Martti
dos animadores neste momento. Uma das Helde, aborda o tema do deportação em
vertentes deu-se em consequência da forte massa da população da Estônia para a
influência das artes clássicas, através da Sibéria durante a Segunda Guerra Mundial,
convergência de idéias que fluíam para tal assunto ainda pouco discutido
junção: a resistência à representação de principalmente fora dos limites do seu país.
formas convencionais e à "objetividade" O filme contou com financiamento oficial de
assumida do mundo exterior. Este cinema diversos organismos estonianos, o que
prioriza formas diretamente inspiradas em permite concluir a importância do seu papel
artistas como Mondrian e Kandinsky. É na construção da memória nacional e
válido ressaltar que esta fusão das artes transnacional do "holocausto soviético".
proporcionou aos artistas novas Composto por 13 "tableaux vivants" -
perspectivas e desafios técnicos que lhes quadros com atores vivos, porém imóveis,
foram oferecidos através desta recente entre os quais a câmera se move
possibilidade - a forma em movimento. Por lentamente -, um prólogo e um epílogo, o
se tratar de uma obra animada, as formas filme permite avançar a análise do uso e da
geométricas se fundem à música e à função do arquivo no cinema
subordinação do tempo como elementos contemporâneo e a representação histórica
conceituais a serem trabalhados no filme. A partir destes quadros em preto e
plasticamente. A partir das experiências com branco e da voz off de Erna Tamm, a
imagens abstratas em movimento construção da narrativa memorial do filme
articuladas à pista de som, notamos que a dá-se em estreito diálogo com a estética do
animação experimental possui uma relação arquivo, do álbum fotográfico, das pinturas
intrínseca com a música, desenvolvendo do romantismo alemão e do realismo
uma ressonância particular neste cinema de francês e da literatura epistolar. Este estudo
animação experimental que, muitas vezes, visa examinar a transposição para o cinema
resiste ao diálogo e aos efeitos do tempo de pose prolongado, comum à
convencionais do cinema clássico, pintura e às primeiras fotografias, no intuito
explorando novas formas de se criar tanto de criar o engajamento emocional e
imagem, quanto som. Assim, em oposição intelectual do espectador, tendo em vista
às formas e sonoridades tradicionais, que foi sobretudo esta concepção visual que
priorizaremos compreender o percurso desta possibilitou a relativa boa recepção de In the
nova mentalidade do cinema de animação Crosswind pelo público estrangeiro.
abstrato.
B4
Análise Fílmica (II)

A função simbólica da fotografia e sua La Valse de Ravel e a valsa de Kubrick


relação com a morte nos filmes A Erva do Ivan Capeller
Rato e O Estranho Caso de Angélica (UFRJ, Brasil)
Liciane Mamede -
(UNICAMP, Brasil)
-
Muitos foram os teóricos que associaram a A partir de um acúmulo crescente de
fotografia com a morte, dentre os mais cromatismos e descontinuidades melódicas
célebres estão Roland Barthes e André associadas a irregularidades rítmicas, La
Bazin. No artigo em que faz uma Valse, de Ravel, nos apresenta a débâcle da
aproximação dos escritos desses dois valsa como forma musical regular em uma
pensadores, no que tange exatamente ao demonstração de sua impossibilidade: a
que poderíamos chamar de uma certa valsa como um anseio sempre diferido. Mas,
dimensão “espiritual” da fotografia – e que se a valsa apresenta e faz visível o
derivaria justamente de sua capacidade de movimento abstrato de um rodopio
embalsamar o tempo –, Laura Mulvey relata incessante como o signo de uma
que, já imediatamente após sua invenção, a impossibilidade, que impossibilidade nela se
fotografia começou a gerar associações com manifesta? Há três filmes de Kubric que
a vida após a morte. Nesse sentido, a evocam a impossibilidade da valsa: 2001 -
fotografia mortuária, tirada do defunto em Uma Odisséia no Espaço, A Laranja
seu leito de morte, teria substituído a Mecânica e Eyes Wide Shut: nestes filmes,
máscara mortuária, preservando, porém, a associação entre som e imagem
uma certa qualidade fantasmagórica correlaciona o movimento recorrente da
(MULVEY, 2006, p. 59). O objetivo desta valsa à suposta infalibilidade da tecnologia
comunicação é justamente explorar de que aeroespacial (2001), à constante estrutural
maneira essa qualidade fantasmagórica da da violência social em nossa civilização
fotografia – ou seja, a forma como, por contemporânea (A Laranja Mecânica) e à
certas características a ela intrínsecas, esta precária previsibilidade do desejo em
forma de expressão artística evoca a morte relação à rotina existencial de um casal sem
– é explorada em dois longas-metragens, A maiores problemas sócio-econômicos (Eyes
Erva do Rato (2008), de Júlio Bressane, e O Wide Shut). Valsa da tecnologia, valsa da
Estranho Caso de Angélica (2010), de violência, valsa do desejo: em Ravel e
Manoel de Oliveira. A ideia de aproximar as Kubric, a impossibilidade manifesta na valsa
duas obras deu-se pelos paralelos que entre coloca um problema de caráter civilizatório.
elas podem ser traçados no que diz respeito Pode-se afirmar que a valsa aparece,
aos personagens principais (ambos nesses três casos, como índice sonoro de
fotógrafos), no que se refere à forma como uma regularidade impossível: impossível
esses personagens estão inseridos em seu regularidade da tecnologia e da linguagem,
contexto (ambos estão deslocados, isolados, em 2001 - Uma Odisséia no Espaço;
descontextualizados) e pela presença impossível regularidade do Estado e da
constante da morte, potencializada pela sociedade, em A Laranja Mecânica;
forma como seus diretores incorporam ao impossível regularidade das noções de
filme o elemento fotográfico. subjetividade e de sexualidade, em Eyes
Wide_Shut.
B4
Análise Fílmica (II)

La ciudad y el apocalipsis en La virgen A Toca do Lobo: imagens de si e


de los sicarios construção social no documentário
Wilson Orozco contemporâneo
(UdeA, Colômbia) Maria Colucci
- (UFS / UFJF, Brasil)
La virgen de los sicarios (Schroeder, 2000) -
es una película que da cuenta del regreso de Este trabalho faz parte de investigação
un gramático homosexual a la ciudad de sobre o documentário contemporâneo em
Medellín (Colombia), después de muchos língua portuguesa, e propõe analisar o filme
años de ausencia. Una ciudad donde impera A Toca do Lobo (2015), de Catarina Mourão,
la muerte debido a la desigualdad social y al tendo como fundamento as proposições da
narcotráfico, aunque el gramático llega Teoria dos Cineastas. Desse modo, busca
igualmente a morir en ella como expresa correlação entre as obras da cineasta e as
constantemente. Su carácter de viajero es concepções de cinema a que remetem, a
entonces replicado a través de su partir de suas manifestações verbais e
comportamiento como flâneur en Medellín, escritas e dos próprios filmes.
acompañado de jóvenes sicarios que son a Argumentamos que esse documentário de
la vez sus amantes, y, uno de ellos, Alexis, Mourão, como filme ensaio e experimento
llevando a cabo sus más delirantes fantasías etnográfico, articula imagens de si e
de destrucción: así, ruidosos taxistas, contextos pessoais a relações históricas e
pobres y otros sicarios caen bajo las balas políticas mais amplas e complexas que
reales; aunque muertes que el gramático moldam sua narrativa, tornando-a um meio
solo tomaba por anhelos simbólicos. El sensível para a experiência de
interés de esta propuesta es señalar (re)elaboração da memória afetiva, da
aquellos espacios de la infancia mitificada relação consigo, com o outro e com o
del narrador, y mostrar cómo estos lugares próprio cinema. O espectador ou
ya no se corresponden con su ciudad de investigador da obra, em sua relação com o
antaño donde –para el gramático– reinaba el filme, em contato com todas as questões
orden. Ahora, la modernidad que el narrador colocadas, ressignifica as experiências
encuentra en esta desconocida ciudad, se vividas, transformando-as em pensamento.
manifiesta a través de la invasión de los Ressaltamos que o termo “cineasta” deve
pobres, de los violentos, del ruido. Se ser visto de forma ampliada, considerando
prestará especial atención a las iglesias todos que possuem função criativa no filme
invadidas por la degradación; a los espacios (Penafria; Santos; Piccinini, 2015). Também
de la infancia del narrador ya derruidos, así consideramos que o filme-ensaio não é um
como a parques, calles, bares, etc. que el filme fechado sobre si, mas um produto que
narrador describe utilizando un evidente se torna pensamento ao articular
discurso religioso, conservador y nostálgico. subjetividades e experiências públicas.
Todo esto se hará a través del análisis Deve, pois, corresponder aos termos
textual propuesto por Jesús González sintetizados por Timothy Corrigan (2011), e
Requena (2006). possuir três dimensões: a expressão da
subjetividade, a experiência pública e o
processo de pensamento (Corrigan, 2015).
B5
GT Narrativas Audiovisuais (I) – Multiplicidades da narrativa

Efectividad de las estrategias transmedia Narrativas colectivas: estudos em Doug


para impulsar la narrativa emergente en Aitken
videojuegos Christine Mello
Belén Mainer Blanco (PUC-SP, Brasil)
(UFV, Espanha) -
-
Las estrategias transmedia han ampliado los No estudo das narrativas audiovisuais,
horizontes narrativos y las expectativas de Carlos Sena Caires (Ilha da Madeira, 1971)
experiencia de los jugadores de hoy. Las problematiza narrativas colectivas como um
partes del todo narrativo se diseminan, de tipo de narrativa interactiva composta por
forma intencionada y coordinada, y la dispositivos que permitem ao leitor uma
experiencia se multiplica a través de contribuição no processo narrativo. Para ele,
diversas plataformas y lenguajes, en una trata-se de histórias organizadas por uma
clara invitación a ser el protagonista del viaje justaposição de fragmentos onde o leitor
de héroe. En este sentido, la narrativa pode intervir a qualquer momento. Nestes
emergente surge en los jugadores alrededor casos, Caires afirma que existe um autor
del play, generando contenidos innovadores principal que dá início ao primeiro fragmento
por su finalidad, por la experiencia e deixa em aberto a sua continuidade,
participativa y por la fragmentación narrativa fazendo surgir, com isso, a figura do leitor
del todo. El objetivo de esta comunicación es participativo. De acordo com esta
realizar, desde el marco teórico de las abordagem, os processos narrativos
corrientes situacionistas y narratológicas, emergem de forma descentralizada,
una aproximación a estrategias transmedia rizomática e não-linear, por meio de
emprendidas en la industria de los conexões entre os sujeitos e as sequências
videojuegos. Para ello, se emprenderá un narrativas. Não sabemos, no entanto, como
proceso metodológico de carácter falar de narrativas dessa natureza, que
cualitativo, mediante los métodos de relacionam o signo colectivo à articulação de
investigación documental y de análisis imagens e sons, arquiteturas nômades do
discursivo y narrativo, que nos permitirán la espaço, performances, arquivos digitais e
descripción y comprensión de estas comunidades em rede. Como inquietação
estrategias como agentes impulsores de principal, objetivamos estudar narrativas
procesos de remediación coordinada. colectivas por meio do trabalho Station to
station (2013-2015) de Doug Aitken
(California, 1968). Em seus múltiplos
agenciamentos narrativos, a obra permitiu a
participação do leitor. De forma colaborativa,
disponibilizou em 2013 no espaço público
das redes sociais 62 vídeos de um minuto,
assim como os reuniu posteriormente em um
longa-metragem, exibido em grandes salas
de cinema (em 2015).
B5
GT Narrativas Audiovisuais (I) – Multiplicidades da narrativa

O entremeio narrativo no cinema brasileiro From romantic hell to postmodern


recente paradise: updating allegory on film with
Eduardo Sousa Dante's help
(USP, Brasil) Fátima Chinita
- (Labcom.IFP-UBI, Portugal / IMS-U. Linnaeus, Suécia)
Nos últimos anos, uma série de obras do -
cinema brasileiro foram construídas como Allegory is a literary device connoted with
narrativas híbridas, ao conjugar territórios, dogmatic thinking, because it was practiced in the
gêneros e campos do cinema, tensionando as Middle Ages as a mix of rhetorical language and
bordas desses domínios – como a ficção, o sacred thought. It was, unsurprisingly, despised
th
documentário, o experimental e o ensaístico. by the Romantic poets of the 18 century, who
Esta pesquisa busca compreender de que glorified the supposed artistic freedom of
maneira esses filmes são elaborados, a partir symbols. It is my goal in this article to demystify
do que consideramos ser um entremeio the opposition allegory/symbolism, using Walter
narrativo, espaço de sobreposição de Benjamin and Paul de Man as key advocates for
camadas que se alternam, coexistem e the creativity of allegory in any given context. I will
mobilizam múltiplas formas de compreensão focus on the mainstream sentimental film What
das obras. Entre esses longas recentes, Dreams May Come (Vincent Ward, 1998) and the
destacamos três: Viajo porque preciso, volto art-house intricate opus Onirica (Lech Majewski,
porque te amo (Karim Aïnouz e Marcelo 2014). Both present narratives directly inspired by
Gomes, 2009), Ela volta na quinta (André Dante Alighieri's Divine Comedy (1308-1320). I
Novais Oliveira, 2015) e Gabriel e a montanha will analyse the uses that Dante's Divine Comedy
(Fellipe Barbosa, 2017). Mais que constatar has been put to in recent years and the
em que ponto esses filmes se hibridizam, adaptation choices that have been made by
preferimos partir para a compreensão desse these two filmmakers. I am interested in
entremeio desde sua produção, uma validating allegory in post-modern times and in
sobreposição de camadas a partir da perceiving the attraction it may hold both for
indexação, que ora estão mais evidentes, ora contemporary creators and audiences. Ward
menos, mas que coexistem durante toda a places his Inferno inside paintings that the
obra, sem interromper a diegése fílmica e a protagonist must enter in order to save his wife;
cadência narrativa. Para essa análise, Majewski, who made the painter Pieter Bruegel
usaremos o conceito de espaço de walk among the characters he was painting in the
comunicação (Odin, 2011), a emissão e a film The Mill and the Cross (2011), is now intent on
recepção abordadas pela teoria fílmica plaguing the real life of the poet protagonist of
(Elsaesser e Hagener, 2009), as bordas e Onirica (2014) with disforic visions related to the
limites da ficção contemporânea (Aumont, loss of his beloved. Both filmic strategies evince a
2014), o documental mais próximo à refashioning of allegory, revealing a post-modern
subjetividade (Rascaroli, 2009; Blumlinger, propensity to join codified thinking and stylized
2013), além do filme-ensaio e do ensaísmo form in an innovative meta-artistic discourse of an
como ferramenta narrativa (Corrigan, 2015; intermedial nature. Nevertheless, although I am
Papazian e Eades, 2016). focusing on the hybridization of the two media
literature and film, my approach is more
concerned with allegory as a textual system.
C 17 maio
16h30 — 18h15
C1
GT Cinemas em Português (I)

Beatriz Costa, atriz e comediante Sobre o cinema popular


portuguesa: a franjinha rebelde Maria Coutinho
Afrânio Mendes Catani (FACHA / ANCINE, Portugal)
(USP, Brasil) -
-
Beatriz Costa (1907-1996), atriz portuguesa Público e povo são instâncias diversas. E
de teatro e cinema, foi a comediante mais encontrar uma síntese entre ambos talvez seja
popular do país. Autodidata e aprendendo a o maior desafio de uma atividade de risco
ler apenas aos 13 anos, foi ajuntadeira e como é o cinema. Um dos momentos em que
bordadeira. Debutou como corista aos 15 público e povo se encontraram foi durante a
anos, fez dezenas de revistas e operetas, experiência da Chanchada, que serve como
escreveu 5 livros e filmou 7 vezes, a saber: O referência para muitos produtores
Diabo em Lisboa (1927), Fátima Milagrosa contemporâneos. E o desafio está na questão:
(1928), Lisboa, Crônica Anedótica (1930), como fazer um cinema inventivo, criativo,
Minha Noite de Núpcias (1931), A Canção de brasileiro e popular? Há notória compreensão
Lisboa (1933), O Trevo de 4 Folhas (1936) e A de que o cinema produzido pela geração
Aldeia da Roupa Branca (1939). cinemanovista não obteve o apelo popular do
gênero – ou poderíamos também dizer
“movimento” – imediatamente anterior: a
Chanchada. Por outro lado, entende-se que a
conjuntura da geração anterior era diversa.
Não havia televisão, por exemplo. Temos,
portanto, uma série de variáveis a considerar.
O certo é que a busca pelo sucesso público
sempre está referenciada àquele momento em
que os artistas de rádio migraram para o
cinema e as salas ficaram lotadas. Tanto que
a crítica e até mesmo diretores e produtores,
recentemente, passaram a falar – ou seria,
defender? – a Neochanchada como uma
alternativa para que o cinema brasileiro
alcance um market share desejável. Nesta
comunicação pretendemos mapear os perfis
dos filmes brasileiros que tem levado os
brasileiros às salas de cinema nas últimas
décadas e sua relação com a produção
televisiva. Futuramente, proporemos fazer um
estudo com a mesma metodologia
comparativa – cinema – TV – no cinema
português desenhando um mapa referencial
entre as duas culturas.
C1
GT Cinemas em Português (I)

Pedreiro e cineasta – o trabalhador e seu


duplo no cinema feito nas periferias do
Rio de Janeiro
Liliane Leroux
(UERJ, Brasil)
-
A música popular, especialmente o samba,
tem sido historicamente a via mais comum e
aceita através da qual alguém de origem
simples ingressa no campo artístico no Brasil.
No campo literário, esta inserção fica um
pouco mais difícil. Com certa dificuldade, é
possível elencar alguns escritores de classes
menos favorecidas que lograram algum
reconhecimento e prestígio. Mesmo assim, o
fato de um trabalhador comum - um pedreiro,
um açougueiro, um vendedor ambulante -,
ser (ao mesmo tempo ) poeta ou músico não
chega a causar grande estranhamento. Mas
que resolvam fazer filmes, isso sim é um
fenômeno mais recente. O acesso popular
em escala visível às competências e
aspirações relacionadas à atividade
cinematográfica, que surge na virada do
século com as novas tecnologias
audiovisuais mais simples e baratas,coloca
em cena a figura desses “duplos”. São
pessoas comuns, cujo sustento material
provém de ocupações simples, mas que nas
horas vagas, fora do tempo de trabalho
diário, fabricam para si toda uma existência
paralela como cineastas. Se isso por um lado
lhes abre uma nova via que desfaz a
correspondência (platônica e sociológica)
entre um lugar social e um horizonte
esperado de afetos, por outro, faz surgir
formas sempre renovadas de hierarquias no
campo da arte, capazes de garantir a sua
distinção na ordem do sensível.
C2
GT Outros Filmes (III) – Educação, ensino e arquivo

Novos olhares sobre velhas imagens: O patrimônio cinematográfico e o público


experiências de realização nas oficias do infantojuvenil: uma prática educativa
CPDOC Thaís Lara
Thais Blank (UNICAMP, Brasil / FLUP, Portugal)
(UFRJ, Brasil / HiCSA-Paris 1, França) -
- No final da década de 90, inicia-se na Europa e
Essa comunicação propõe realizar uma na América do Norte a formação de setores
reflexão sobre o trabalho desenvolvido nos educativos/pedagógicos nos arquivos de filmes.
últimos três anos em Oficinas de Produção Esse “movimento educativo” vem acompanhado
Audiovisual oferecidas pelo Núcleo de de uma modernização na gestão destes
Audiovisual e Documentário do CPDOC/FGV. arquivos, que passaram a oferecer uma
As oficinas se dividem em duas etapas. Na diversificada programação cultural e a valorizar
primeira fase, um grupo de até 15 alunos suas coleções por meio da criação de museus
participa de seminários com pesquisadores, permanentes de cinema, da organização de
técnicos e diretores de documentários. Os exposições temporárias e do desenvolvimento de
seminários são oferecidos ao longo de uma atividades educacionais direcionadas
semana durante a qual os alunos vivenciam especialmente ao público infantojuvenil. Com o
uma imersão na linguagem documental. Após domínio do digital, diferentes desafios são
essa semana, os integrantes são convidados lançados e a formação cinematográfica percorre
a submeter roteiros de documentários que um caminho que demanda diversos processos e
devem ser elaborados a partir do acervo do práticas educativas. Mas afinal, o que deve ser
CPDOC. O acervo da instituição reúne duas difundido? E como? Nos últimos anos, as
centenas de arquivos privados de homens pesquisas dedicadas às novas formas de
públicos de atuação destacada no cenário exibição do cinema, sua musealização e o papel
brasileiro além de alguns arquivos de partidos educativo dos arquivos de filmes ganharam um
políticos. Os arquivos são constituídos por impulso com a realização de simpósios,
documentos textuais, fotografias, filmes e publicações e grupos em encontros voltados
entrevistas de história oral. Como resultado exclusivamente para a discussão do tema.
das oficinas foram produzidos até hoje 11 Nessa perspectiva, esta comunicação se propõe
documentários de curta-metragem que a apresentar uma reflexão sobre o papel
circulam em salas de aulas, congressos educativo dos arquivos cinematográficos em
acadêmicos e festivais de cinema. Nessa promover o acesso ao acervo fílmico e
comunicação propomos explorar os desafios documental. Com interesse particular em analisar
vivenciados na experiência e nos resultados a inclusão dos cinemas nacionais na
alcançados pelas oficinas. Abordaremos programação disponibilizada ao público
questões ligadas ao trabalho dos alunos com infantojuvenil, observaremos dois pontos
as imagens de arquivo encontradas no importantes: a valorização e a recontextualização
CPDOC (as ressignificações e releituras das imagens. Para exemplificar os pontos
propostas por eles), ao processo de discutidos, será estudado o programa: “O
montagem dos filmes e aos dilemas que se começo de uma nova arte” elaborado pela
apresentaram na orientação dos trabalhos. Cinemateca Júnior da Cinemateca Portuguesa e
a programação do Cine- educação da
Cinemateca_Brasileira.
C2
GT Outros Filmes (III) – Educação, ensino e arquivo

Cinema e ensino de história: dilemas e Filmar, mostrar, ensinar: o turismo como


desafios metodológicos pedagogia
Vivian Fonseca Sofia Sampaio
(UERJ / FGV, Brasil) (CRIA-ISCTE-IUL, Portugal)
- -
Este trabalho se propõe a refletir sobre a No seguimento do trabalho que tenho vindo a
experiência pedagógica relacionada aos usos realizar sobre documentários turísticos
e apropriações do cinema como recurso portugueses, esta comunicação pretende
didático em disciplinas voltadas para a explorar as ligações entre o filme turístico e o
formação de licenciandos de História. Com filme educativo. Não é difícil encontrar no
grande impulso a partir da Nova História, as filme turístico um “impulso pedagógico”, não
relações entre Cinema e História parecem raras vezes imposto de fora, que o coloca ao
consolidadas quando se trata dos usos das serviço de uma determinada cartilha
produções cinematográficas como fontes ideológica (como foi acontecendo durante o
históricas. Mais recentemente, na área de período do Estado Novo, em Portugal). No
Ensino, tem-se debatido outras possibilidades entanto, também é possível falar num
relativas à presença do Cinema na Educação ‘impulso pedagógico’ inerente e específico a
Básica. Nessa esfera, as apostas são estes filmes, que se faz sentir, por exemplo,
múltiplas, quais sejam: conformação de ao nível da exploração do espaço através
público, investimento para formação de futuros dos sentidos (em particular, da visão),
cineastas, usos como fontes históricas, resultando num tipo de ‘pedagogia’ que opera
desenvolvimento de conhecimento sobre a independentemente das grelhas de leitura
linguagem cinematográfica em seu sentido que estes filmes (intencionalmente ou não)
lato, ou seja, tendo em vista características trazem consigo. Discutirei esta hipótese à luz
estéticas, de conteúdo etc. Apesar da ampla da teorização do filme turístico como um
discussão voltada para a relação entre ‘género híbrido’ e um ‘filme de utilidade’
Cinema e Ensino de História, em diversas (Vinzenz e Vonderau 2009) – uma categoria
ocasiões percebe-se a presença do filme em que inclui também o filme educativo. O
sala de aula como ilustração do conteúdo conceito de ‘utilidade’ remete-nos
curricular abordado pelo professor. Distante impreterivelmente para a vocação social do
dessa percepção, compreendemos a cinema, confrontando-nos com
potencialidade do cinema a partir da análise entendimentos mais subtis de ‘pedagogia’
de suas conformações estéticas e de sua que nos levam de volta às incontornáveis
narrativa como montagem que traz, em si, questões do contexto de exibição, dos modos
tensionamentos relativos ao contexto de recepção e, claro está, do público.
histórico-social do momento de produção da
obra. Busca-se, portanto, trazer reflexões
sobre os dilemas e desafios relativos à
experiência pedagógica de estruturar
disciplinas de Didática e Prática de Ensino de
História tendo como centro o cinema.
C3
Autoria e Criação

Reflexões sobre o autor na arte Poder, dinheiro e só depois arte – a


cinematográfica verdadeira Guerra dos Tronos
Tito Cardoso e Cunha Inês Coelho
(UBI, Portugal) (CECS-UM, Portugal)
- -
Como é sabido, a questão do autor na obra As séries televisivas dramáticas têm vindo a
cinematográfica vem a ser proposta pelos crescer e a ganhar um peso considerável
críticos da revista Cahiers du Cinéma pelos entre o público geral. No entanto, são vários
finais dos anos 50. Pouco tempo depois, no os interesses que movem a construção de
mesmo ambiente cultural parisiense, essa uma série, entre eles as hierarquias
noção é radicalmente recusada num contexto profissionais e o dinheiro, que têm aos poucos
em que o nessa altura recente paradigma culminado no recente fenómeno a que teóricos
estruturalista se tornava predominante. É como Faye Hammill chamam de “autor-
então que Roland Barthes publica um texto celebridade”. A luta pelo pódio da autoria
intitulado “A morte do autor” e Michel Foucault passou do cinema e tem aos poucos
profere uma conferência interrogando-se contagiado a televisão, não tanto por uma
sobre “O que é um autor?” Dir-se-ia que a questão artística, mas por uma questão de
crítica cinematográfica – ao valorizar a noção estatuto, direitos, dinheiro e poder. O estudo
de autor - evoluía então em sentido contrário que nos propomos apresentar tem como
ao do movimento cultural predominante. Que intuito reabrir a discussão da autoria em obras
poderá explicar este paradoxo? Essa é a construídas por várias pessoas, colocando a
questão que me ocupa neste texto. hipótese de as séries dramáticas de televisão
serem obras com autoria conjunta. Para tal,
iremos expor um estudo elaborado das quatro
primeiras temporadas da série Game of
Thrones, focando-nos no departamento de
produção (onde frequentemente reside o
detentor do crédito de Criador) e nas equipas
temporárias (em que cada uma é composta
por um realizador, editor, diretor de fotografia
e no mínimo um assistente de realização).
Iremos, também, mencionar indivíduos que
desempenharam outras profissões e cujos
contributos artísticos, para além de
identificáveis, sobressaíram na obra final. Esta
investigação pretende questionar a ideia de
autoria em obras feitas por várias pessoas e
mostrar as consequências que poderão advir
da ideia de autoria que tem sido implantada na
sociedade.
C3
Autoria e Criação

Cinema lato Os arquivos de criação de Glauber Rocha:


Luís Campos análise de Terra em Transe, sob uma
(UBI, Portugal) perspectiva da crítica genética
- Arlindo Rebechi Junior
(UNESP, Brasil)
-
Considerando que o cinema se define por Esta comunicação investiga os processos
sequências editadas de imagens em criativos de Glauber Rocha, em particular em
movimento e sendo certo que nem todas as seu filme Terra em Transe (1967), a partir das
sequências de imagens em movimento marcas deixadas por este cineasta durante o
correspondem a cinema - factor amplificado processo de elaboração artística. Por uma
pela democratização de acesso a dispositivos metodologia de crítica genética, propõe-se
de registo audiovisual -, insurge-se hoje uma aqui refazer, com base em material
certa necessidade de reflexão sobre o documental de Glauber Rocha, os momentos
momento da criação cinematográfica. Os de gênese dessa obra fílmica, valendo-se não
pioneiros que inventaram uma linguagem só do produto audiovisual acabado, mas
específica dentro do médium cinematográfico daquilo que seriam os documentos do
muniram o formato com recursos essenciais processo de criação. A documentação
para a criação de uma determinada ideia referente à elaboração do filme Terra em
cinematográfica. Mas será que o cinema Transe foi levantada no Arquivo Pessoal de
apenas ganha forma na materialização fílmica Glauber Rocha no Centro de Documentação
dessa ideia? O que dizer do cinema escrito e da Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP).
de todas as ideias cinematográficas que nele O fundo arquivístico do cineasta, dentro da
possam estar retidas? O domínio da série “Produção Intelectual”, oferece ampla
linguagem cinematográfica por parte de um possibilidade de investigações dos seus
determinado autor definiu-se enquanto modos de criação em Terra em Transe, pois
principal parâmetro de reconhecimento do seu registram e mostram, por uma inconteste
papel criativo e do respectivo engenho materialidade histórica, caminhos de
artístico. Mas o que pensar do momento em investigação, fontes de intertextualidade,
que uma determinada sugestão referências históricas de seus personagens,
cinematográfica é escrita? Quanta criatividade percursos de pesquisa e o espaço escritural
e quanto engenho artístico podem caber de todo o aparato mobilizado pelo cineasta
contidos nessa ideia? Um guião de Paul para a construção das etapas narrativas de
Thomas Anderson não produzido terá menos seu filme. Dois tipos de documentos foram
valor e existência cinematográfica do que escolhidos durante o processo de investigação
qualquer um dos seus filmes? E um guião que documental: (1) os roteiros datiloscritos com
começa a ser pensado por alguém como anotações manuscritas, rasuras e anotações
Steven Spielberg? Partindo do princípio que o marginais; e (2) os datiloscritos de poemas
cinema tem uma linguagem própria na forma para serem inseridos nas versões de roteiro
como é pensado ao longo do seu processo de Terra em Transe – nestes encontram-se
criativo, estaremos nós certos por definir que o indicações manuscritas específicas de
cinema só nasce no momento em que a personagens centrais do filme.
câmara começa a gravar?
C4
Análise Fílmica (III)

A obra cinematográfica de Godfrey Reggio Mad Men, a história da publicidade: como a


e o papel da tecnologia e do audiovisual no linguagem é usada de modo a contar a
mundo contemporâneo história sem parecer que se está contando
Alexandra L. G. Pinto Werden Pinheiro
(UFSCar, Brasil / ICNOVA-FCSH, Portugal) (UFS, Brasil)
Francisco Rui Cádima -
(ICNOVA-FCSH, Portugal)

Situada na intersecção entre o documentário e Os elementos do cinema e da linguagem


o experimental, a obra do realizador audiovisual têm a capacidade fundamental
independente norte-americano Godfrey para recriar o clima dos tempos os quais
Reggio retrata o mundo hipertecnológico registra. Durante o seriado Mad Men a história
contemporâneo a partir de diversas dos anos 1960 dos EUA foi contada por meio
influências, tais como a cultura indígena norte- de acontecimentos históricos, tais quais os
americana Hopi e as ideias do sociólogo assassinatos de John Kenedy e de Martin
francês Jacques Ellul. Com seu olhar poético e Luther King, isso influiu narrativa que envolvia
filosófico, marcado por uma visão de mundo as personagens. Este artigo pretende
na qual a ecologia e a espiritualidade estão investigar o uso dos elementos da linguagem
ligadas, Reggio questiona o “estado das do cinema e da televisão para entender como
coisas”, apontando para a necessidade de eles, apesar de sutis, tocam o público. Para
uma reflexão sobre o papel da tecnologia e do isso usaremos também outros filmes, de
audiovisual no mundo atual. diferentes médias, como What's Happened
Miss Simone? (Netflix) e Os Dias Eram Assim
(telenovela exibida pela Rede Globo de
Televisão), que retratam este mesmo período.
O primeiro está mais próximo de Mad Men por
tratar dos anos 1960 nos Estados Unidos da
América, o segundo trata da mesma época
porém na realidade latino- americana do Brasil
dos anos do Regime Militar. Nossa pesquisa
pretende investigar essas diferenças de
abordagem a partir de uma leitura crítica das
ideologias da cultura audiovisual
contemporânea e, com isso, do uso da
linguagem audiovisual na disseminação desse
pensamento.
C4
Análise Fílmica (III)

O hibridismo cromático no cinema: entre a Os cinejornais como instrumentos de


delimitação de espaços narrativos e propaganda ideológica na década de 1930
temporais e a criação de novos mundos Alvaro Trigueiro Americano
Jaime Neves (CIAC-UAlg, Portugal)
(CITAR-UCP, Portugal) -
-
A utilização simultânea do preto e branco e da O trabalho investiga a transmissão dos valores
cor numa mesma obra cinematográfica, e ideias de uma classe dominante em
apresenta-se como recurso fílmico determinada sociedade e de como o cinema,
relativamente frequente ao longo da História em especial através dos cinejornais, na época
do Cinema. Excepto se confrontados com um analisada, foi usado com esse objetivo, ou
mero exercício de criativa pontuação estética, seja, para a legitimação ideológica e
é possível afirmar que, aquilo que poderemos construção da identificação da sociedade com
definir como hibridismo cromático num filme, os conceitos de nação formulados pelo grupo
assenta, fundamentalmente, na procura de que detinha o poder. O uso político-ideológico
uma mais clara demarcação de distintos de técnicas e veículos disponíveis
espaços narrativos e temporais e na procura transformou, ainda na primeira metade do
da criação de novos mundos distantes do século XX, a forma como os conteúdos
“real” ou dele muito próximos. Uma ideológicos eram produzidos para serem
catalogação diferenciadora de estados apresentados ao público. A nova configuração
díspares assente também numa muito clara das sociedades impôs um papel de destaque
dualidade de oposições entre a fantasia e a aos meios de comunicação de massa como
realidade, a factualidade e o sonho, o passado essenciais para a conquista do poder, graças
e o presente, a melancolia e a euforia, o à influência e fascínio que exerciam sobre o
pessimismo e o optimismo. Um hibridismo público. Líderes como Lenin, Mussolini, Hitler
cromático diferenciador de mundos, ambientes e Getúlio Vargas compartilhavam, mesmo
e consciências narrativas díspares, muito vivendo em realidades diferentes, a opinião de
testado em filmografias de realizadores tão que o cinema era um dos aliados mais
distintos como Sergei Eisenstein (O eficazes para cumprir a tarefa de auxiliar na
Couraçado de Potemkine), Andrei Tarkovsky construção da nação que imaginavam. Nosso
(Stalker), Victor Fleming (O Feiticeiro de OZ), trabalho investiga os cinejornais como
Francis Ford Coppola (Rumble Fish), Win contribuição para o aprofundamento nas
Wenders (As Asas do Desejo) ou Christopher pesquisas sobre o tema, que permitem buscar
Nolan (Memento) entre inúmeros outros. o imaginário do poder político e suas
representações, para a compreensão das
sociedades que produziram, conviveram e
dialogaram com os diversos regimes.
C5
GT Narrativas Audiovisuais (II) – Repensar as Estruturas Narrativas

The Leftovers e Mr. Robot: El cine después de la narración


desfamiliarização, narrativa e estilo Horacio Muñoz Fernández
Francisco Merino (USAL, Espanha)
(Labcom.IFP-UBI, Portugal) -
-
Desde The Wire e Os Sopranos que as séries La narración ha primado a lo largo de la
de televisão parecem apostadas em alargar os Historia del séptimo arte gracias a un sistema
horizontes estéticos e narrativos deste meio, codificado que pasaba estratégicamente
enfatizando as suas propriedades inadvertido ocultando los artificios de la
cinemáticas. As séries a que nos iremos representación, y favoreciendo el narcisismo
dedicar, Mr. Robot e The Leftovers, parecem identificativo de los espectadores. Durante
tomadas por uma vontade manifesta de testar casi las primeras cuatro décadas, los intereses
os limites de expressão e representação do económicos metieron al cine dentro de los
próprio meio, tanto no estilo como nos estrechos márgenes narrativos del clasicismo.
processos de narração. A nossa análise irá Para muchos de los cineastas a partir de los
incidir sobre as estratégias de años 60, las ideas clásicas de dramaturgia,
desfamiliarização – ou estranhamento – que narración, cronología temporal y unidad
caraterizam tanto Mr. Robot como The espacial entorpecían su libertad creativa. Sin
Leftovers, e que impõem obstáculos à embargo, este cine siempre partió de los
perceção e interpretação do texto televisivo. esquemas narrativos y las historias pero para
As duas séries assumem uma postura evidenciar su distancia, su diferencia, su
disruptiva face às convenções do meio, exceso o la insuficiencia de éstas. La
utilizando recursos estilísticos como o silêncio dialéctica que establecían entre narración e
ou desenvolvendo programas narrativos imagen parecía animada por una potencia
labirínticos e com processos de produção de crítica, en contra de géneros y estructuras, y
sentido que desafiam as competências do reflexiva, sobre la propia función de la
espectador mais atento. Identificamos esta narración y de las imágenes. El cine
desfamiliarização no plano diegético – a posnarrativo ya no encontramos esta
resistência em fornecer ao espectador dialéctica porque, aunque la narración se
referências familiares ou proposições sigue manteniendo como expectativa de gran
narrativas facilmente interpretáveis – na parte de la crítica y el público, estos cineastas
produção de determinados efeitos, como a (Albert Serra, Tsai Ming-liang, Lisandro
esquizofrenia ou o sonambulismo, e também Alonso…) mantienen una relación de
no plano paratextual, que se manifesta na negación, de discrepancia, de liberación o
recusa da dimensão instrumental e identitária simplemente de ausencia con ella. Lo que
do próprio genérico. Estas duas séries importa ahora no es contar historias de otra
parecem então confirmar a maturidade forma menos estereotipada sino hacer las
estética e artística da ficção televisiva películas centrándose principalmente en los
contemporânea, com a desfamiliarização a elementos con los que antes se construían las
funcionar como dispositivo narrativo e historias: el espacio, el tiempo y el cuerpo.
estilístico.
C5
GT Narrativas Audiovisuais (II) – Repensar as Estruturas Narrativas

O storyteller contra o storytelling: O Propuesta metodológica para el análisis de


Narrador, de Walter Benjamin, lido à luz do la tragedia en la ficción televisiva
estruturalismo narrativo e de Storytelling, Roberto Gelado-Marcos
de Todd Solondz (CEU-USP, Espanha)
Jorge Palinhos Belén Puebla-Martínez & Silvia Magro Vela
(CEAA/CITAR/CECS, Portugal) (URJC, Espanha)
- -
Em O Narrador, Walter Benjamin postula uma La proliferación de arquetipos y tramas trágicas
série de conceitos ligado à narrativa, como a en la ficción televisiva contemporánea pone de
experiência, a subjetividade, a sabedoria - que manifiesto la necesidad de elaborar una
ancora a prática narrativa na figura do próprio propuesta metodológica para su análisis
narrador, e parecem entrar em conflito com o sistemático. Aristóteles sentó, en su inconclusa
estruturalismo narrativo que se começou a Poética, las bases de la tragedia como género
desenvolver a partir de inícios do século XX dramático. En ella se daban indicaciones
com o formalismo russo, que dá ênfase aos precisas sobre el objetivo que debía gobernar el
elementos estruturais da narrativa, e que relato así como las características de
atingiu o auge com os estudos semióticos de protagonistas y situaciones que habrían de
Roland Barthes e Umberto Eco, a partir de supeditarse a tal propósito narrativo. La
meados do mesmo século, em que o narrador finalidad última de la tragedia determinaba,
quase desaparece sob o peso da igualmente, la imposibilidad de un final feliz,
intertextualidade e das referências culturais e clausura que Aristóteles consideraba antitética
narrativas que replica de forma mais ou para los fines perseguidos y de la que, sin
menos consciente. Na minha comunicação embargo, ni siquiera dramaturgos clásicos
esboçarei uma tentativa de confronto estas como Esquilo en su Orestiada lograban escapar
ideias, procurando estabelecer o sentido do por miedo a defraudar a su público: matar a un
narrador dentro da estrutura narrativa, usando protagonista con el que el espectador ya se
para tal, como exemplo prático, o filme había encariñado no era fácil ni popular. A
Storytelling, de Todd Solondz, justamente pela excepción de la estructura, pensada para una
forma como este confronta as experiências representación teatral, muchas de las
pessoais e a sua representação narrativa. detalladas recomendaciones aristotélicas sobre
la tragedia son perfectamente extrapolables a la
ficción audiovisual contemporánea. Las
aportaciones de Booker (2004) sobre la
arquitectura dramática de la tragedia
audiovisual amén de su noción del ‘yo dividido’
o la recuperación del concepto de ‘hubris’; si
bien su contribución sobre la estructura encaja
mejor en el análisis cinematográfico que en el
televisivo. Por esta razón, nuestra presentación
continuará desde aquí con una propuesta
metodológica para examinar arquetipos y
tramas trágicas en la ficción televisiva
contemporánea.
D 18 maio
9h30 — 11h15
GT Cinemas em Português (II)

D1
Vídeo e cinema experimental em Luíza “Epa, meu futuro fica a cada dia mais
Prado: circulação e acervo virtual incerto”: perspectivas de futuro através da
Laís Lara trilha sonora e do discurso de criança do
(PPGCA-UFF, Brasil) filme Os Olhos Azuis de Yonta
- Jusciele Oliveira
A presente comunicação tem como objetivo (UAlg, Portugal)
discutir formas e possibilidades de circulação -
e de acervo do cinema experimental a partir O filme Os olhos azuis de Yonta (Udju azul di
das redes virtuais. Para tal, pretende-se focar Yonta, 1992) é o segunda longa- metragem
no trabalho da artista contemporânea Luiza ficção do cineasta bissau-guineense Flora
Prado. Brasileira, Luiza Prado produz sua obra Gomes. O drama narra a história das
no âmbito do que se convencionou chamar diferentes gerações que viveram o colonial, o
cinema experimental. Como artista pós-colonial e o neocolonial pelas vidas das
contemporânea a mesma trabalha com personagens Yonta, Zé, Vicente e
linguagens como a fotografia, instalação, a Amilcarzinho, perpassando pela a história
performance e o vídeo, neste caso, política, econômica, social, artística e cultural
performance feita para vídeo e o vídeo como da Guiné-Bissau. Analisam-se os seguintes
acervo e memória da performance. componentes: trilha sonora, a perspectiva de
Ressaltaremos a relação entre os sítios futuro por meio do discurso/fala da criança
(páginas) da internet utilizados pela artista Amilcarzinho e Guiné-Bissau. Para tal, utilizou-
para circulação, dentre eles o vimeo, youtube se como suporte teórico textos críticos sobre
e facebook, e a ideia de acervo e memória cinemas africanos, especialmente dos países
digital. Torna-se imprescindível neste trabalho, de língua oficial portuguesa, e entrevistas
para discutir distribuição e acervo, o realizadas pelo cineasta, que estão elencadas
levantamento de questões como acesso, nas referências bibliográficas.
curadoria de si, plasticidade do espaço de
exposição em comparação com os sítios
supracitados e o site da artista. A presente
discussão se mostra atual e tenciona estimular
o debate acerca do tema. Objetiva-se aqui
levantar essas novas formas sensíveis e
questionar seu tempo, espaço, graus e as
subjetivações a que se dão a circulação dessa
imagem em movimento. Vale salientar que
aqui não consideramos a circulação por vias
internáuticas como um fim em si, mas como
um meio, que como tal, contém outros meios
de produções, distribuição e processos
artísticos do vídeo.
D1
Monteiro, Macedo e o Cinema Novo
GT Cinemas em Português (II)

As relações entre cinema e dança: autorias


Português em movimento
Sérgio Oliveira Beatriz Cerbino
(U. Anhembi Morumbi, Brasil / UAlg, Portugal) (UFF, Brasil)
- -
Em um texto para O Tempo e o Modo, João A convergência entre o cinema e a dança
Cesar Monteiro, à altura um rigoroso crítico de sempre esteve próxima, quando, no final do
cinema, destila sua verve implacável contra 7 século XIX, coincidiu o nascimento da dança
Balas para Selma, segundo longa de Antonio moderna e das primeiras cinematografias. O
de Macedo. Inicialmente, Macedo foi um dos filme musical proporcionou a recriação da
nomes importantes para a deflagração do dança no cinema, como é possível constatar
nas sequências e temas de dança dos filmes
Novo Cinema em Portugal. Seu primeiro
de Hollywood. É interessante notar que a
longa, Domingo à Tarde (1965), ao lado dos
dança apresenta uma noção de corpo
primeiros longas de Paulo Rocha (Os Verdes vinculada à dimensão espaço-temporal do
Anos, 1963), e Fernando Lopes (Belarmino, espetáculo, em que o dançarino atua em um
1965) são considerados marcos de tal ambiente presencial que se estende ao
movimento (sem esquecer os importantes público. Desse modo, por mais extenso que
Dom Roberto, de José Ernesto de Sousa, e seja o universo interno à narrativa de um
Acto da Primavera, de Manoel de Oliveira, espetáculo cênico, o espaço e o tempo da
ambos de 1962). Monteiro começou a filmar apresentação têm a mesma duração em que a
depois, e por isso é sempre uma figura meio à obra acontece. Quando o espetáculo é
parte quando se fala em Novo Cinema, apesar interrompido, também se encerra sua
de nunca ninguém ter recusado seu lugar de existência naquela dimensão espaço-
temporal, resistindo apenas na memória dos
ponta dentro do cinema moderno português.
espectadores que presenciaram sua
Esta apresentação pretende então indagar
apresentação. Espacialmente, a coreografia
qual é o lugar de João César Monteiro no
apresentada no palco é percebida de
Novo Cinema e pensar no teor de suas diferentes formas pelos espectadores da
palavras dirigidas ao segundo longa de primeira e da última fila da plateia. Com o
Macedo. Seriam elas justas? Até que ponto advento do cinema, e das novas tecnologias,
sua escrita pode significar um claro preceito a condição de permanência espaço- temporal
estético que ele iria seguir em seus filmes? das obras cênicas transformou-se, ganhando
Como essa crítica a 7 Balas para Selma outro tipo de duração. Assim, a relação com
encontra eco nos longas que realizou a partir novos suportes provocou profundas
da década de 1970? A proposta, então, visa transformações na dança cênica. É sobre isso
partir do filme de Macedo e de sua recepção que essa comunicação irá falar. Como esse
crítica por Monteiro para situar este último diálogo se estabeleceu ao longo do tempo,
alterando a maneira de perceber a dança,
dentro da filmografia portuguesa.
oferecendo novas possibilidades de produção
e entendimento, não só da cena, mas também
do corpo.
GT Cinema e Educação (I)

Entre a ideia e o formato, sem roteiro: o Propuesta metodológica


D2 para el
fazer cinematográfico na relação do aprendizaje de las matemáticas a través
cinema com a educação del cine
Theresa Medeiros Ana Cid Cid, Rocío Guede Cid & Leticia Alfaya
(UFF, Brasil) (URJC, Espanha)
- -
A aproximação do cinema com a educação e a Flatland, La habitación de Fermat, Moebius,
aposta no potencial educativo do cinema são 21 Black Jack, El indomable Will Hunting, La
movimentos de mão dupla. Neste sentido, pizarra, Contact, La soledad de los números
Duarte e Gonçalves (2014) ressaltam ações primos, Donald en el país de las matemáticas,
onde o cinema é tomado como instrumento de Descifrando enigmas, La teoría del todo…
formação político-ideológica como as “práticas películas como estas pueden ser una
cineclubistas, orientadas pelo desejo de herramienta apropiada para el aprendizaje y la
formar os espectadores e a inserção de filmes enseñanza de las matemáticas en el aula. Las
na instrução pública” (p. 35), movimentos matemáticas han sido consideradas
estes que podem ser notados em diversos tradicionalmente como una materia ardua y
países já nas primeiras décadas posteriores à complicada, cuyo estudio exige tanto a
invenção dos irmãos Lumière. No contexto alumnos como a profesores un elevado nivel
atual, as dinâmicas de produção, que em de implicación y motivación. Por tanto, sería
décadas anteriores se concentravam na interesante convertir las clases de
formação de espectadores, vem se matemáticas en una experiencia lúdica y
aproximando de um viés prático, de um fazer atractiva para los estudiantes, que a la vez
cinematográfico, potencializado pelas permita al profesor desarrollar métodos de
facilidades de acesso, miniaturização e innovación docente. En este sentido se ha
barateamento dos dispositivos técnicos. pensado en el cine como catalizador de la
Observando projetos que nascem da interface enseñanza de las matemáticas. El visionado
do cinema com a educação, esta comunicação de películas o de secuencias en el aula aporta
tem como objeto analisar ações que apostam frescura y dinamismo a las clases y da lugar a
na aproximação dos sujeitos com o cinema a la introducción de distintas situaciones
partir de uma experiência de criação, a fim de didácticas, incluyendo actividades como
problematizar o potencial educativo do cinema interpretación, análisis del contenido o
em um certo movimento de aprender fazendo investigación del entorno del filme. Esta
e fazer aprendendo. Como estudo de caso, comunicación pretende presentar un catálogo
nos aproximamos da metodologia da Escola de películas que pueden utilizarse como
Livre de Cinema de Nova Iguaçu, um projeto herramienta didáctica para la enseñanza de
criado e desenvolvido na Baixada Fluminense, las matemáticas en los diferentes niveles del
bem como da metodologia arquitetada pelo sistema educativo. Se propondrán además
projeto Inventar com a Diferença – cinema, situaciones didácticas asociadas a cada
educação e direito humanos, desenvolvido película, indicando qué temas o conceptos se
pela Universidade Federal Fluminense e a pueden trabajar con cada una de ellas y a qué
Secretaria Especial dos Diretos Humanos do tipo de estudiantes va dirigida la actividad.
Ministério da Justiça.
D2
O Cinema de Animação no 1.º Ciclo do
GT Cinema e Educação (I)

Educar la mirada: el sentido de la


Ensino Básico com o programa Crianças pedagogía de la comunicación audiovisual
Primeiro do Serviço Educativo Cinanima en la escuela
Paulo Fernandes Jesús Ramé López
(Cinanima, Portugal) (URJC / UNED, Espanha)
- -
Durante os anos letivos 2015/2016 e Estamos asistiendo tanto a un cambio de
2016/2017 foi desenvolvido, no 1º Ciclo do paradigma educativo como comunicacional.
Ensino Básico do Concelho de Espinho, o Las TIC han transformado en la vida cotidiana
programa Crianças Prime1rº, da iniciativa do la antigua idea de la comunicación, como el
Serviço Educativo do CINANIMA com o apoio mensaje de un emisor a un receptor, de tal
institucional do Plano Nacional de Cinema, forma que, en palabras de Jean Cloutier,
com o objetivo de promover a Literacia asistimos a una solución de emirec (EMIsor-
Fílmica, em particular o Cinema de Animação. RECeptor), donde cualquier persona puede
Neste período foram realizados 13 filmes de convertirse en un medio de comunicación. En
animação, com a participação de 262 crianças la sociedad occidental el audiovisual nos
que experimentaram as etapas da realização bombardea cotidianamente, los niños y niñas
de um filme de animação, desde a escrita do son atravesados continuamente por mensajes
argumento à captação de imagens e tendo audiovisuales, y ya en muchos casos son los
sempre o Currículo Escolar como referência propios creadores de dichos mensajes, en una
para o seu desenvolvimento. Através da suerte de revolución antropológica de los
coadjuvação curricular possibilitou-se uma modos de relación que están provocando las
gestão flexível e transdisciplinar do Currículo redes sociales. Sin embargo, la escuela,
Escolar da Turma, trabalhando nas fronteiras afectada inevitablemente por este tipo de
das diferentes disciplinas para a resolução dos metamorfosis, mira para otro lado,
problemas levantados pelo projeto. O ensimismada en los contenidos o en los
potencial motivador do Cinema de Animação efectos del aprendizaje. Así se nos hace
junto dos mais novos, a oportunidade de necesaria una investigación que enfoque su
aplicar estratégias de trabalho diferentes na interés hacia la creación audiovisual en la
sala de aula e a promoção de atividades de escuela. La educomunicación, al partir de una
investigação, questionamento do meio e atención cuidadosa en el aula al proceso
expressão, contribuíram para o sucesso educativo desde los planteamientos de la
educativo deste projeto, patente nos pedagogía de la comunicación de Mario
testemunhos dos vários professores. Em cada Kaplún, nos ha servido de base para la acción
um dos anos foi editado um DVD que foi pedagógica de creación cinematográfica en el
oferecido a todas as crianças durante a aula. En consecuencia, entendemos el
sessão de apresentação dos filmes para toda aprendizaje educomunicativo audiovisual
a comunidade educativa. Atualmente os filmes como un modo de relación donde se pone en
estão a percorrer o circuito de festivais, alguns juego una experiencia estética fílmica, un
deles a serem exibidos em festivais de complexo donde la alfabetización audiovisual
referência, comprovando também a sua se despliega desde la creación autónoma no
qualidade técnica. reproductiva.
GT Teoria dos Cineastas (I)

O discurso como encenação e construção


D3
Subsídios para uma teoria letrista do
da persona, ou o meio artístico enquanto cinema
mundo de egos Fábio Uchôa
André Rui Graça (UTP, Brasil)
(CEIS20-UC, Portugal) -
-
Esta comunicação propõe debater uma O cinema letrista é marcado por artistas
questão fundamental em torno do discurso provenientes da poesia e de outras artes,
(oral, escrito, e até mesmo filmado) dos tendo entre seus principais cineastas Isidore
cineastas: a sua componente performativa. Isou (Traité da bave et d’éternité, 1951) e
Por outras palavras, até que ponto o Maurice Lemaître (Le film est déjà
testemunho dos cineastas envolve uma commencé?, 1951). Nessa vanguarda do pós-
dimensão de construção da sua persona guerra, haverá um interessante diálogo entre
pública – dimensão essa que, moldando a realização cinematográfica e a produção
forma e, por conseguinte, o conteúdo, pode escrita, sobretudo quanto às aproximações
entrar em conflito com uma possível entre cinema e teatro, a construção de
mensagem que encapsule pensamento sobre rupturas, bem como a atenção às experiências
cinema e sobre o labor fílmico. Com efeito, o cotidianas do espectador. Em termos mais
perigo colocado por este potencial de amplos, está em pauta um gesto que retoma o
encenação terá sido, historicamente, o negativismo dadaísta (Paz 2004), mas
responsável pela adoção de vetores de também um interesse pelo cotidiano, tomado
análise fílmica ancorados noutro pontos que como espaço de repetições e transformações,
não nos testemunhos dos próprios autores. aproximando-se de debates colocados por
Enquadrada dentro do contexto ainda autores como Henri Lefebvre (1947). Guiando-
exploratório da Teoria dos Cineastas, esta se por esses pontos de tensão, a proposta é
reflexão irá dialogar com as premissas da mapear alguns dos principais escritos de Isou
Teoria dos Cineastas, bem como com e Lemaitre, incluindo “O cinema letrista”
resultados entretanto já alcançados, (Lemaitre 1954), o livro Le film est déjà
colocando assim à prova uma circunstância commencé? (Lemaitre 1999) e o artigo
que se afigura enquanto desafio para todos “Esthétique du cinema” (Isou 1983),
aqueles que tenham como objetivo filtrar e originalmente publicado na revista francesa
produzir teoria do cinema através de ION. O foco será a teoria escrita dos dois
testemunhos diretos. Numa primeira fase, irá cineastas, incluindo cotejos bastante pontuais
explorar alguns aspetos do pendor com a sua produção audiovisual.
performativo do meio artístico, para, de
seguida, confrontar com questões já
levantadas pela Teoria dos Cineastas. O
objetivo primordial será compreender onde se
desenha a linha onde começa a possibilidade
de teoria e acaba a construção de uma
imagem pública.
D3 GT Teoria dos Cineastas (I)

O filme-performance Buracos no Céu: O espectador como “alvo”: contributo para


movimento do corpo e(m) corte uma estética da recepção no cinema de
cinematográfico Manoel de Oliveira
Cristiane Wosniak Maria do Rosário Lupi Bello
(UNESPAR, Brasil) (UAb / CECC-UCP, Portugal)
- -
Esta comunicação pretende refletir sobre o No contexto geral de uma histórica e difícil
conceito de filme-performance e o movimento relação do público português com a maioria do
do corpo dançante deflagrando o corte seu cinema, o caso de Manoel de Oliveira
cinematográfico na obra de Evaldo Mocarzel. emerge como particularmente significativo, se
Em seu documentário panegírico Buracos do atendermos ao lugar que o cineasta ocupa,
Céu (2013), o cineasta advoga em prol de tanto na História do Cinema Português como a
uma montagem calcada no procedimento de nível internacional. Oliveira – que
falso-raccord e solicita explicitamente, em sua repetidamente afirma não se dirigir a
Carta de Montagem (28/05/2013) endereçada “públicos” mas sim a “espectadores”
à montadora Guta Pacheco, que, na individuais e concretos, que transforma em
homenagem à dançarina Célia Gouvêa, a explícitos destinatários dos seus filmes – faz
montagem deverá priorizar as imagens e uso de formas de interpelação que, pelo grau
planos detalhes das mãos dançantes da de exigência e incomodidade que atingem,
artista em direção às nuvens como se parecem instaurar, paradoxalmente, uma
traçando buracos no céu. A investigação parte condição de “distância” entre a obra e o seu
da pergunta norteadora: de que forma receptor. Com esta comunicação pretendemos
Mocarzel evoca o passado dançante do corpo analisar alguns desses processos formais e
da artista e o imprime no presente em estilísticos, visitando, entre outros, o conceito
camadas de gestualidades que deflagram os de espectador defendido por Marie-José
cortes cinematográficos? Constituem-se em Mondzain e inquirindo acerca da sua
fontes primárias de estudo: a Carta de funcionalidade em termos de retórica e de
Montagem, entrevistas com o cineasta e a recepção fílmica, bem como acerca do seu
análise de excertos do ato criativo/fílmico em lugar no contexto global de uma obra que
si. Em Pode um filme ser um ato de teoria?, repetidamente enfatiza a predominância do
Aumont (2008: 23) afirma: “o cinema é um seu estatuto comunicativo.
instrumento inteligente, pois não apenas nos
permite pensar o tempo de outra forma, mas
ele próprio pensa o tempo de uma maneira
original.” Neste sentido, na re(a)presentação
das memórias dançantes da artista
sexagenária, o palimpsesto de lembranças
corporificadas subverte o próprio tempo vivido
e o atualiza cinematograficamente, enquanto
no espaço/locação a artista dança, tendo por
palco o alto de um edifício e por plateia a
cidade de São Paulo no Brasil.
GT Cultura Visual Digital (I)

D4
Videoclip e animação digital Sound and Vision. Contributos para o
Luís Nogueira estudo do videoclipe
(LabCom.IFP-UBI, Portugal) Andréa M. Diogo
- (FLUP, Portugal)
-
A música pop e a animação desde há muito Ao longo das últimas décadas, o interesse
que denotam uma cumplicidade estética, pelo estudo do vídeoclipe tem despoletado um
técnica e expressiva bastante relevante no considerável número de metodologias de
contexto da cultura visual das últimas análise e revisões críticas dos seus principais
décadas. Videoclips como Take on me (1984), conceitos, meios de disseminação e novas
Sledgehammer (1986), Money for Nothing tipologias. Não obstante da teorizada
(1985), Let’s Get Rocked (1992) ou Go West inaplicabilidade de uma metodologia universal,
(1992), são disso exemplos pioneiros e verifica-se uma lacuna de ferramentas de
clássicos, uns recorrendo a técnicas parametrização aliadas ao estudo do
tradicionais, outros enveredando por vídeoclipe. Por conseguinte, e refletindo sobre
tecnologias digitais embrionárias. Nas últimas o vídeoclipe enquanto um objeto
duas décadas, o recurso à animação no independente, compreendemos a importância
videoclip conheceu uma proliferação notória, de evidenciar a relação interdisciplinar
com centenas de obras disponíveis em estabelecida entre os componentes textuais,
diversas plataformas, indo de projetos visuais e sonoros, como também as
conceptuais de grupos como Daft Punk ou transformações exercidas sobre a forma de
Gorillaz a figuras do mainstream como como percecionamos e consumimos os vídeos
Eminem ou Kanye West, passando por nomes de música desde a sua ascensão enquanto
mais alternativos como Radiohead ou «fenómeno televisivo». A presente
Coldplay, para além de produções indie ou do- comunicação pretende, assim, abordar não só
it-yourself. O que propomos neste estudo é a problemática em torno do suporte (naquilo
identificar e articular as principais tendências que é o campo operativo das práticas
históricas e estéticas destas obras, a forma artísticas do século XX), mas também os
como se integram na cultura visual vigente e o parâmetros e possibilidades de uma análise
modo como potenciam e são potenciadas aplicada a um caso de estudo particular.
pelas tecnologias digitais. As recorrências e Nesse sentido, entendemos a videografia de
apropriações estilísticas na passagem do David Bowie (1969-2017) como um caso
tradicional para o digital, a polaridade entre determinante quer para a consolidação formal
bidimensionalidade e tridimensionalidade, a da nossa proposta metodológica, quer para
experimentação deliberada na montagem e na perspetivar o nosso entendimento sobre as
plasticidade, a intermedialidade com a leituras e percursos que se concretizam e
ilustração ou o design, os processos de repercutem, tanto no campo da Cultura Visual,
hibridização múltiplos ou a especificidade como ao longo da sua produção artística.
formal permitida pelos meios digitais
disponíveis são alguns dos tópicos que
estruturarão a presente comunicação.
D4 GT Cultura Visual Digital (I)

O cinema digital
Cláudia Cunha Miguel
(UCM, Espanha)
-
Investigou-se a trama e a imagem tendo em
consideração as transformações no cinema
com o processo de digitalização, ou seja,
pretendeu-se realizar uma comparação a partir
de exemplos precisos, entre o cinema
analógico e o cinema digital. O objectivo
consistiu em saber o que ocorre com a
narrativa e com a imagem nos dois tipos de
cinema, formulando-se as seguintes
hipóteses: a narrativa é um complemento da
imagem; a imagem sobrepõe-se à narrativa;
ou ambas têm a mesma importância. Para
seguir com esta investigação, analisou-se o
filme analógico Aliens, O Resgate de 1986 e o
filme digital Avatar de 2009, ambos dirigidos
por James Cameron, com um foco no conflito/
clímax e desenlace. Nos dois filmes utilizou-se
um conjunto de técnicas e métodos que
trabalham tanto sobre a narrativa como sobre
a imagem. Concluiu-se que o equilíbrio entre
imagem e narrativa existe por uma relação de
dependência. Trama e imagem nos
fragmentos analisados não podem viver uma
sem a outra. Existe agora um novo desafio,
consequência das evoluções tecnológicas,
que conduz à pergunta sobre qual é o futuro
do cinema depois do mudo, sonoro, preto e
branco e a cores. Dando um seguimento na
investigação sobre o cinema digital, pretende-
se agora investigar o papel do personagem
digital nos filmes de fantasia e de aventuras. É
um tema/comunicação que pretende fazer
referência à relevância do personagem digital
no desenvolvimento da trama nas suas duas
grandes componentes, a narrativa e a visual.
Cinema e Pós-Colonialismo

D5
Cem mil cigarros e o lastro queimado da Memória e silêncio à luz de Tabu
memória do império Fernando Cabral
Jorge Seabra (UBI, Portugal)
(CEIS20-UC, Portugal) -
-
Pedro Costa apresenta um eixo formal e Esta proposta pretende explorar aspetos da
temático comum na totalidade das longas criação cinematográfica relacionados com o
metragens de ficção que produziu até à que, desde a sua origem, foi uma das suas
atualidade, como se fossem uma única dimensões mais significativas: a luz. Tornou-
narrativa que se desdobra em várias sequelas. se, assim, consequência natural deste
Ou seja, em cinco das seis obras produzidas enquadramento a escolha de Tabu (2012),
— desde Casa de lava (1994), Ossos (1997), filme de Miguel Gomes. Filmado a preto e
No quarto da Vanda (2000), Juventude em branco, oscilando entre o nostálgico e o
marcha (2006) e Cavalo dinheiro (2014) — o eufórico, a obra foi rodada em Portugal e
negro é a cor preponderante, todas se Moçambique, em película de 35mm e 16mm e
centram em personagens cabo-verdianas, que formato 1:1.37 (4:3), como nos primórdios do
procuram ou residem em Portugal, habitam cinema, revelando um trabalho de som com
dominantemente no bairro das Fontainhas, e igual pendor anacrónico. Da imaginação ao
nas quais a pobreza, a melancolia e o imaginário implicados no todo que constitui o
desenraizamento são perfis fortes. Assim, há processo cinematográfico, do surgimento da
uma viagem física realizada, de Cabo Verde ideia narrativa à mise-en-scène da memória, o
para Portugal, e uma viagem mental por propósito desta análise é questionar a
concretizar, o regresso a Cabo Verde, existência, ou não, de um lugar, sentido e
aspiração reiterada de narrativa em narrativa e desígnio para o conjunto de personagens que
sempre adiada. Nesse entretanto, as nos é proposto acompanhar ao longo do filme,
personagens esperam em Portugal, antiga tentando, paralelamente, compreender e
potência colonial, que se tornou depois da explicitar o papel, o impacto e a relevância
independência em lugar-miragem de melhoria estética aí representados pela presença e
da sua condição social, sendo por isso ausência de luz e som. Desta forma, a
incontornável uma leitura pós-colonial sobre reflexão incidirá sobre a identificação e
as narrativas. consequente análise de um conjunto de
dicotomias: preto (escuro) e branco (claro),
respetivamente presença e a ausência da luz;
voz e silêncio; verdade e mentira; presente
(paraíso perdido) e passado (paraíso);
segredo e revelação. No fundo, procura
pensar-se o limite entre o representável e o
não representável, o visível e o dizível, na
fronteira entre a imaginação e o real.
D5 Cinema e Pós-Colonialismo

Conversas sobre Yvone Kane de Margarida Guerras coloniais e lutas de libertação:


Cardoso para um olhar pós-colonial
Ana Cristina Pereira Luís Bernardo & Catarina Laranjeiro
(CECS-UM, Portugal) (CES-UC, Portugal)
- -
A memória está em constante transformação e Em Mortu Nega (Flora Gomes,1988) uma
o seu movimento é condicionado socialmente. velha mulher estabelece de forma contundente
O desejo de pensar o presente como uma a natureza do colonialismo como uma guerra
realidade pós-colonial, ou por outras palavras, que já tinha começado no tempo da sua avó e
a urgência de destrinçar da atualidade o que é que iria continuar. Há assim uma dimensão
consequência de um passado colonial, é retrospectiva em que o colonialismo é
relativamente recente no cinema português e entendido como um “permanente estado de
questiona representações e estereótipos que sítio” (Cabral). Subjacente está também uma
foram construídos através de vários meios de dimensão prospectiva e que a guerra é um
comunicação, incluindo o próprio cinema. meio e não um fim em si mesma. Em o Vento
Nestes filmes a identidade portuguesa Sopra do Norte (José Cardoso, 1987) as
aparece (re)construída como um projeto razões da luta são inscritas a partir da
multifacetado, ambivalente e inacabado. Após natureza do colonialismo português,
a Costa dos Murmúrios em 2004, Yvone Kane construindo também uma história teleológica,
é a segunda longa-metragem de Margarida mas da qual não está ausente um
Cardoso, uma co-produção entre Portugal e pensamento que justifique e enquadre as
Brasil, que estreou em fevereiro de 2015, e razões da luta. Ao invés, toda esta dimensão
que foi filmada em Portugal e Moçambique encontra-se ausente do cinema de ficção
com atores portugueses, brasileiros e português. Desde Um Adeus Português (João
moçambicanos. Yvone Kane interrompe Botelho, 1986) a Cartas de Guerra (Ivo
silêncios relativamente a um passado recente, Ferreira, 2016), todos os filmes entre estes
comum a Portugal e Moçambique; o filme de realizados elidem esta história. As guerras
Margarida Cardoso denuncia o que separa, o coloniais não são pensadas numa longa
que faz fronteira, mas também o que espelha diacronia ao mesmo tempo que são a
e que duplica/replica. Como dialogam os excepção e não a regra do colonialismo
públicos com as representações propostas português. Mais do que isso, raramente são
pelo filme e quais são as diferenças entre compreensíveis as razões da guerra, como se
leituras portuguesas e moçambicanas? O esta não tivesse uma história, sem princípio,
filme foi apresentado em Portugal e mas apenas com um fim, e em que se
Moçambique a audiências selecionadas, em exacerba, acima de qualquer outra coisa, a
contextos socioculturais diversos e dimensão repressiva do salazarismo sobre os
específicos, e após a exibição foram soldados. Propomos então um exercício
promovidas discussões sobre a obra. Nesta comparativo entre as representações das
comunicação, é compartilhada uma reflexão guerras coloniais e as lutas de libertação a
sobre essas conversas numa prática de partir dos filmes citados, procurando as
análise crítica discursiva. contradições e as complexidades destas
histórias.
E 18 maio
11h30 — 13h15
E1
GT Cinemas em Português (III)

Autoria nas artes e no cinema no Brasil Segurança e liberdade criativa: direitos


hoje autorais, usos livres e best practices
Jorge Luiz Cruz Allan Rocha de Souza
(UERJ, Brasil) (UFRJ / UFRRJ, Brasil)
- Alexandre Fairbanks
(Proprietas / NUREP, Brasil)
-
Pela importância e pelo alcance das questões A progressiva internacionalização dos
dos direitos de propriedade, de autoria e da sistemas de produção, distribuição e utilização
circulação de obras no mundo das obras audiovisuais traz à frente a
contemporâneo, trataremos destas questões problemática da proteção jurídica destas obras
no campo das artes e, mais especificamente, em ambiente digital ou em país diverso
do cinema, no Brasil. Cabe ressaltar que a daquele da produção. Isso em parte acontece
partir da aproximação com os investigadores em razão da divergência de legislação entre
da Rede Proprietas, brasileiros e estrangeiros, os países. Além disso, os processos
dos seus textos e das questões por eles produtivos sofrem com o pouco conhecimento
apresentadas, podemos perceber como os dos produtores sobre as possibilidades de uso
estudos sobre este tema revelam a tensa livre na legislação de direitos autorais de seus
relação entre as artes, a história e o direito. No próprios países e, quando conhecidas, pela
caso do cinema, inicialmente, destacamos sua baixa utilização. Defendemos que o
algumas notícias que foram publicadas na melhor e mais imediato encaminhamento a
grande imprensa brasileira e alguma este problema é o desenvolvimento de um
jurisprudência. É bem verdade que parte dela conjunto de boas práticas de produção que
trata, por exemplo, de tiroteios em salas de auxilie os processos produtivos, reduzindo ao
cinema, do contrato de patrocínio do filme O mesmo tempo os custos de licenciamento
xangô de Baker Street; ou ainda da utilização desnecessários, bem como aumentando a
indevida e antecipada dos recursos segurança jurídica necessária tanto à
percebidos por empresa local a título de monetarização da produção como sua
patrocínio da produção de um filme curta- distribuição internacional. O objetivo principal
metragem, além, é claro, do caso de deste trabalho é propor as bases para o
Elizabeth, a filha do artista visual brasileiro Di desenvolvimento e utilização de um manual de
Cavalcanti, que proibiu a exibição/projeção do boas práticas de utilidade local e
filme Di-Glauber (1977), de Glauber Rocha, supranacional, viabilizando com isso a
por entender que as filmagens foram produção local, seu alcance internacional e
ofensivas ao seu pai; mas, neste caso, como sua comunicação transfronteiriça ao menos
sabemos, após a postagem de um sobrinho para os países de língua portuguesa.
do cineasta, o filme permanece disponível
para o público na internet (2013). E, este caso,
parece ainda atualizar questões de autoria, de
propriedade e de circulação em tempos de
internet.
E1
GT Cinemas em Português (III)

Best practices – impactos na produção e


ensino
Leandro Mendonça
(UFF, Brasil)
-
A expressão best practices está associada ao
sentido de “técnicas identificadas como as
melhores possíveis para realizar determinada
tarefa”. Já alguns encontros tratamos da
possibilidade de criarmos um manual de boas
práticas sem, entretanto, chegarmos a um
resultado efetivo. Este problema não é exclusivo
de Portugal e pode ser encontrado em todo o
mundo lusófono pela pressão diplomática em
relação a progressiva internacionalização dos
sistemas de produção, distribuição e utilização
das obras audiovisuais. Mais ainda, o ambiente
digital aprofunda o problema e tenta colocar “fora
de jogo” a produção que tenta circular e ser
distribuída através das viáveis possibilidades
através de “interpretações” das legislações dos
vários países. Muito disso visa apenas
apequenar a possibilidade da circulação da
produção lusófona. Além disso, os processos
produtivos sofrem com o pouco conhecimento
dos produtores sobre as possibilidades de uso
livre na legislação de direitos autorais de seus
próprios países e, quando conhecidas, pela sua
baixa utilização. Também os usos para ensino,
não apenas no ensino universitário, mas também
no ensino básico e secundário sofrem com as
restrições que tentam se universalizar como
naturais apesar de serem, muitas vezes,
excessivas e redutoras das capacidades
desejáveis ao ensino. Assim temos que discutir
como o desenvolvimento de um conjunto de
boas práticas de produção e uso auxilie os usos
dos audiovisuais diminuindo custos e
aumentando a segurança jurídica. Ainda nesta
direção temos a monetização possível de parte
da produção lusófona o que possibilitará uma
maior distribuição nacional e internacional.
E2
GT Cinema e Educação (II)

A potência pedagógica do olhar no filme Do ecrã para a vida: escrever para melhor
Janela da Alma, de João Jardim e Walter liderar
Carvalho Maria Guilhermina Castro
Rita Furtado (CITAR-UCP, Portugal)
(UFG, Brasil) -
- Abordagens teóricas recentes defendem que
Essa comunicação tem como objetivo analisar características como a aceitação interpessoal,
o ato de ver, especificamente no documentário a autenticidade, a humildade, entre outras, são
brasileiro Janela da alma, de João Jardim e chave para o sucesso de quem ensina, gere
Walter Carvalho, refletindo sobre a potência ou dinamiza um grupo de pessoas (Van
de uma pedagogia do olhar como Dierendonck, 2011). É neste contexto de
possibilidade de nos colocar em contato direto Liderança Servidora que o projeto europeu
com o mundo e as possibilidades estéticas Artful Leadership surge com objetivo de
advindas desse ato. Essa análise pauta-se elaborar um conjunto de ferramentas
numa literatura que dialoga com os campos educativas dirigidas a líderes, incluindo
cinematográfico, filosófico e pedagógico. Tal docentes, líderes informais, etc. De facto, a
abordagem suscita tanto a discussão da aprendizagem através da Arte tem vindo a
relevância dos sentidos – em especial do olhar assumir proeminência no domínio (Darso,
– na construção do conhecimento, quanto do 2004), fomentando-se a aprendizagem dos
problema da relação entre o sensível e o formandos quer enquanto fruidores quer como
inteligível na contemporaneidade. O filme criadores. Esta comunicação visa apresentar
funciona como uma extensão virtual do estratégias construídas neste projeto,
cotidiano. Essa apreensão do real que o nomeadamente a partir de filmes como Selma
documentário consegue, através da narrativa (Ava DuVernay, 2014), Annie Hall (Woody
de dezenove entrevistados com os mais Allen, 1977) e Schindler’s List (Spielberg,
variados graus de deficiência visual, dentre 1993). Numa primeira fase, o visionamento
eles José Saramago, Marieta Severo, Wim fílmico permite um contacto com modelos a
Wenders, Hermeto Pascoal e Agnès Varda, seguir (ou a evitar), ao mesmo tempo que
demonstra o entrecruzamento contínuo de contribui para a identificação de subtilezas das
apropriações e representações suscitadas ditas características. Avança-se então para a
pelas imagens desfocadas de Walter segunda fase, na qual tem origem a criação
Carvalho. Desse modo, o filme institui lugares art-based, incluindo a escrita automática, a
de subjetividade, que podem transitar de criação de narrativa e personagem, a
acordo com as experiências vivenciadas pelos elaboração de storyboard, entre outras. Alguns
entrevistados, que se expandem, mesclando a exercícios têm uma base ficcional, como a
sutileza da linguagem com a agudeza das reescrita de parte do argumento do filme,
imagens, ou, em outras cenas, a agudeza da enquanto que outros o relacionam com
linguagem com a sutileza das imagens. situações de vida dos formandos. Por fim,
serão apresentados os resultados de um
estudo piloto realizado para testar a eficácia
das atividades.
E2
GT Cinema e Educação (II)

Cinema sem conflitos: um projeto de O cinema e a educação no contexto da


prevenção e mediação de conflitos em Rede de Cidades Criativas da UNESCO
contexto educativo Pedro Alves
José Rodrigues (CITAR-UCP, Portugal)
(ATE, Portugal) -
-
A presente comunicação tem como enfoque a O Cinema é uma das sete áreas criativas
apresentação do espaço designado por contempladas pela Rede de Cidades Criativas
CinemaSemConflitos, da sua potencialidade da UNESCO (UCCN), criada em 2004 com o
enquanto plano de intervenção estruturado objetivo de promover a cooperação com e
que possa ter aplicabilidade em múltiplos entre cidades que assumem a criatividade
contextos educativos, constituindo-se como como fator estratégico para o desenvolvimento
instrumento de prevenção, mediação e urbano sustentável. Até 2017, o grupo de
resolução de conflitos, privilegiando como Cinema integrou as cidades de Bitola
ferramenta principal o cinema. Alojada em (Macedónia), Bradford (Reino Unido), Busan
cinemasemconflitos.pt, esta ferramenta teve a (República da Coreia), Galway (Irlanda), Roma
sua génese na Universidade de Évora no ano (Itália), Santos (Brasil), Sofia (Bulgária) e
curricular de 2011/2012, através de uma Sydney (Austrália). Com o anúncio de novas
abordagem plural ligada às Artes Visuais e à cidades-membro em final de Outubro de 2017,
Mediação e Resolução de Conflitos em juntaram-se novos membros como Bristol
Contextos Educativos. Tendo um olhar (Reino Unido), Lódz (Polónia), Qingdao
abrangente da equação entre inquietações e (China), Terrassa (Espanha) e Yamagata City
oportunidades, o plano de ação de (Japão). Na sua missão, a UCCN assume o
CinemaSemConflitos visa dar uma resposta objetivo de implementar a criatividade como
global na medida em que se propõe gerar um componente essencial do desenvolvimento
panorama nacional de tipologias de conflito, social e cultural, promovendo e fortalecendo
facilitado pelo o ato de pesquisa de vídeos redes de criação, disseminação e acesso
online, dispondo-os por categorias de relacionadas com cada uma das áreas
conflitos, de fácil acesso e respondendo a um criativas. No caso do Cinema, o papel
padrão de qualidade, incutindo uma cultura de educativo da sétima arte é um dos pilares
mediação escolar utilizando filmes, enquanto fundamentais do posicionamento e das linhas
recurso pedagógico mediador. Visa ainda, de ação estratégicas desenvolvidas pelas
entre outros, promover o debate, a reflexão e cidades-membro, na linha das orientações
a partilha de ideias; a articulação efetiva entre definidas e procuradas pela UCCN. Assim, e
diferentes áreas do conhecimento; a com o presente artigo, procuraremos
capacidade de iniciar novas aprendizagens identificar as práticas educativas
partindo das idiossincrasias e conhecimentos desenvolvidas pelas Cidades Criativas do
prévios; a valorização da arte cinematográfica; Cinema, avaliando-as de acordo com a
a manifestação de emoções; a promoção da missão e os objetivos da UNESCO e dentro de
autoestima; a aprendizagem e, acima de tudo, um panorama nacional e internacional de
a convivência harmoniosa em ambientes projetos e iniciativas ligados aos cruzamentos
educativos. entre Cinema e Educação.
E3
GT Teoria dos Cineastas (II)

O moderno, o popular e o nacional nos Reichenbach-person: pilhagem no cinema


curtas-metragens documentais de Leon corsário
Hirszman Bruno Lottelli
Eduardo Baggio (ECA-USP, Brasil)
(Unespar, Brasil) -
-
Leon Hirszman dirigiu 22 filmes em sua A obra de Carlos Reichenbach notabilizou-se
carreira, envolvendo documentários e ficções, pelo uso complexo de referências que
longas e curtas-metragens. Destes, 10 são abrangem tópicos da alta e baixa culturas,
documentários curtos e formam o corpus de nacionais e estrangeiros, cinematográficos e
análise desta comunicação. São eles: Maioria não-cinematográficos. Uma espécie de
Absoluta (1964), Nelson Cavaquinho (1969), corsário - termo que reverbera um imaginário
Megalópolis (1973), Ecologia (1973), a série marcante ao longo de sua obra - a navegar
de três curtas Cantos de Trabalho (1975-76), atentamente de acordo com os ventos de cada
Cinema Brasileiro: Mercado Ocupado (1975- período histórico, alterando suas rotas sempre
95), Partido Alto (1976-82) e Rio, carnaval da que necessário, ora abarrotado de recursos,
vida (1978). A intenção não é analisar em ora carregando apenas o essencial, sempre
profundidade tais filmes, algo que seria pilhando e subvertendo as fontes de referência
impossível no tempo de uma comunicação, mais variadas. O objetivo desta comunicação
mas apresentar uma correlação desses 10 é compreender os princípios criativos desta
documentários com três aspectos estratégia, tendo como principal objeto de
fundamentais da obra de Hirszman: a análise a influência da obra e pensamento de
proposta de um cinema moderno, típico do Luís Sérgio Person sobre Reichenbach, que
Cinema Novo Brasileiro; a preocupação com o foi seu aluno na Escola Superior de Cinema
popular oriunda do CPC/UNE (Centro Popular São Luiz, em especial as relações possíveis
de Cultura da União Brasileira dos entre as construções dos filmes São Paulo
Estudantes), tanto em seus aspectos de luta S/A (1965) e Filme Demência (1986).
de classes quanto de valorização cultural; e a Aproximações e distanciamentos em termos
ênfase nacional, algo que norteava tanto os poéticos, estéticos e políticos deverão ser
cinemanovistas quanto o CPC/UNE. A base observados, a fim de compreender as
teórica fundamental para o estudo engloba possíveis linhas de transmissão de conceitos,
textos e entrevistas do próprio Leon Hirszman, práticas e intenções entre as obras e
assim como seus filmes, em consonância com cineastas. Desta forma, inseridos no contexto
a proposta de abordagem da Teoria dos da Teoria dos Cineastas, interessa-nos
Cineastas. Complementarmente, serão discutir a elaboração da práxis corsária de
utilizados textos de investigadores que se Reichenbach a partir das evocações ao legado
dedicaram ao estudo do trabalho de Hirszman. de seu mestre - a quem Filme Demência é
A metodologia proposta envolve a delimitação dedicado - como, por exemplo, a
dos três aspectos fundamentais da obra do representação do sujeito metropolitano
cineasta (moderno, popular e nacional) e a esculpida em cada um dos protagonistas das
discussão destes em relação aos 10 curtas obras supracitadas, separadas por mais de
documentários elencados. duas décadas.
E3
GT Teoria dos Cineastas (II)

Sylvio Back e o cinema “desideologizado” A potência do imagético na obra de Jan


Rosane Kaminski Švankmajer
(UFPR, Brasil) Rodrigo Graça
- (UTP, Brasil)
-
Esta comunicação pretende situar e discutir Este artigo faz uma análise dos filmes Něco Z
as ideias do cineasta brasileiro Sylvio Back, Alenky (Alice, 1988) e Lecke Faust (Fausto,
com ênfase no seu manifesto sobre o 1994) do diretor e produtor tcheco Jan
“cinema desideologizado”. Ao longo de sua Švankmajer, buscando referenciar ambos
carreira, as ideias de Sylvio Back expressam- filmes dentro do escopo dos longas-
se, ao menos, de três maneiras: 1) por meio metragens de seu realizador, a partir de seus
da crítica cinematográfica; 2) por meio de conceitos sobre o fazer cinematográfico e a
filmes; 3) por meio do discurso acerca dos criação de um vocabulário imagético
seus filmes e dos propósitos do fazer particular constituinte de um discurso fílmico
cinematográfico. Serão pontuadas algumas por excelência contemporâneo, segundo
variações do discurso de Back desde que ele Agamben. Também é de interesse como
ingressou na profissão, observando como esses conceitos refratam, segundo Bakhtin,
situou os próprios filmes frente à atitudes, juízos, hábitos e convenções da
cinematografia brasileira, e refletindo sobre sociedade em que vivemos, produzindo
os sentidos enunciados na sua proposição de imagens de forte carga simbólica e impondo
um “cinema desideologizado”. Esta ao seu espectador uma reflexão sobre seu
concepção do cineasta aparece em forma de entorno sociocultural. Como instrumentos de
manifesto, publicado pela primeira vez em análise são utilizados as categorias de
1986, e expressa o seu desejo de indicar contemporâneo de Giorgio Agamben (2014),
pontos de vista sobre a história brasileira que para estabelecer a relevância e a atualidade
não tivessem sido trabalhados pela do cinema de Jan Švankmajer; cinema como
historiografia oficial, nem pela historiografia um ato de teoria de Aumont (2008), para
atrelada a “interesses partidários e validar os longas-metragens de Švankmajer
ideológicos” (Back, 1986). Apesar disso, seu como um ambiente de concepção e
manifesto não significa uma pretensão de divulgação teórica; dialógico/monológico,
neutralidade no fazer cinematográfico, mas refratário/reflexivo e heteroglossia de Mikhail
uma tentativa de apontar contradições nas Bakhtin (1988 e 2005), como formas de
personagens e nos eventos retratados em estruturação de um discurso e ressignificar o
seus filmes, que são eminentemente mundo da vida; rasgadura, informe e
políticos. Com este manifesto, Back queria montagem de Didi-Huberman (2015), como
situar-se nos debates sobre cinema nacional, processos de elaboração de um vocabulário
enunciando sua oposição a alguns tipos de imagético. Em outras palavras como os
filmes que vinham sendo produzidos no filmes de Jan Švankmajer rompem as
Brasil desde os anos setenta, e com os quais fronteiras narrativas construindo um
não concordava. meticuloso arcabouço teórico, contundente e
inquietante, onde o espectador é compelido a
pensar seu estar no mundo.
E4
GT Cultura Visual Digital (II)

O cinema de base de dados: modalidades Aproximações e afastamentos com o


e expressões legado do cinema: uma análise dos curtas-
Marta Pinho Alves metragens para realidade virtual do Google
(ESE-IPS, Portugal) Spotlight Stories
- Roberto Tietzmann
Num texto escrito na viragem do século XX (PUCRS, Brasil)
para o XXI, Lev Manovich declarou que, -
proximamente, os filmes e telenovelas A produção e a audiência crescente de vídeos
assemelhar-se-iam «mais ao canal de 360º em dispositivos de realidade virtual (RV)
televisão Bloomberg do que a E Tudo o têm provocado os estudos sobre linguagem
Vento Levou» (2000). Esta ideia era fundada audiovisual a reconciliarem o legado do cinema
na noção de que a base de dados ocupara já com as novas possibilidades técnicas de
o lugar de principal forma de expressão criação de imagens. Propomos nesta
cultural, destronando a narrativa. Manovich comunicação uma atualização dos conceitos de
assinalava nessa mesma reflexão que os decupagem e enquadramentos consolidados
novos objetos dos media haviam deixado de através da análise de filmes RV criados para a
contar histórias, na medida em que não se plataforma Google Spotlight Stories e seu
orientavam já por assinalar um começo e um cruzamento com os autores de referência
final e abdicavam de um desenvolvimento Martin (2005), Jost e Gaudreault (2010),
temático e/ou formal que lhes permitisse Aumont e Marie (1993) e Rheingold (1992) e da
estruturar uma ordem sequencial. Em vez produção de experimentos em RV relacionados
disso, eram, na sua perspetiva, constituídos ao estudo. Como metodologia, fizemos a leitura
por elementos individuais com significados em profundidade dos autores e assistimos aos
autónomos (1998). Embora o cinema onze filmes da plataforma em óculos de RV.
encontre ainda expressões múltiplas, não Definimos vinte categorias de análise a partir
estando portanto concretizado o cenário do cruzamento do objeto com o referencial
antevisto pelo autor, várias experiências têm teórico e realizamos testes empíricos com uma
sido desenvolvidas que podem ser aqui câmera 360º. Como resultados foi possível
enquadradas. Cineastas e artistas que observar que: a ausência do formato retangular
trabalham com imagens em movimento têm da tela fez predominar planos gerais;
explorado as potencialidades generativas do enquadramentos passaram a ser
computador, testando um cinema construído complementares na mesma tomada (um close-
pela máquina. O presente artigo faz um up é também um plano geral); o extradiegético
mapeamento de várias modalidades foi definido pelo foco de atenção do espectador;
enquadráveis nesta formulação cinemática, a agência foi restrita à direção do olhar, não ao
procurando compreender algumas das suas seu deslocamento livre; a montagem perdeu
manifestações e o modo como se força como organizadora da narrativa e deu
expressam. espaço à coreografia dos elementos em cena;
o som foi reforçado como guia de atenção;
limitações de ergonomia e conexão
acrescentaram dificuldades para a assistência,
apesar do potencial do novo meio.
E4
GT Cultura Visual Digital (II)

Holliswood ou o estúdio digital do Nada é o que parece. A tecnologia abraça a


Professor Frampton metafísica na obra de Bill Viola
Rui Ribeiro Ana Barroso
(UBI, Portugal) (CEAUL, Portugal)
- -
Em 1977, o cineasta Hollis Frampton fundou Durante uma conferência apresentada na
(com Woody Vasulka) o Digital Arts Lab, Universidade de Berkeley em 2010, Bill Viola
integrado no Center for Media Study da partilhou com o público uma informação incrível
Universidade de Buffalo (NYSU). Após duas sobre o papel da tecnologia no vídeo Fire
décadas de uma prática e reflexão de Woman: “Não existe qualquer efeito especial
vanguarda sobre o estatuto daquilo que neste trabalho”. Bill Viola expandiu o escopo do
vídeo em termos de tecnologia, conteúdo e
apelidou de “camera arts”, Frampton parecia
pesquisa histórica. A sua experimentação
ter encontrado no “digital computer” o veículo
abrange as cassetes de vídeo, instalações de
artístico, a ferramenta operacional e o território som e vídeo, e ainda performances de música
conceptual capazes de, em simultâneo, eletrónica, proporcionando experiências
resolver uma questão marcante do seu imersivas ao espectador, capazes de criar
pensamento - que ele sintetizaria com um pensamentos subjetivos e memórias coletivas. O
misto de ambição e angústia: “Find a word or artista usa as tecnologias disponíveis mais
phrase for ‘photo-media’ imagery” - e também recentes para alterar a perceção do espectador
capazes de dissolver a perturbadora e sobre o mundo ao confrontar-se com as mesmas
anacrónica separação entre Arte e Ciência questões metafísicas que nos assombram desde
nas práticas artísticas. Com esse desafiante os primórdios da nossa existência: o que existe
horizonte programático, Frampton iria para além da condição humana? O método de
trabalho de Viola reflete o paradoxo inerente à
empenhar-se, até à sua morte precoce em
imagem em movimento: a câmara não captura o
1984, no desenvolvimento, com o seu grupo
real, mas o reflexo do real, transformando a
de alunos do Digital Arts Lab, de tecnologia imagem numa ficção poderosa que está muito
própria - hardware e software - de além do mundo físico. A tecnologia e a sua
processamento, geração e manipulação digital capacidade para reproduzir o mundo mecânico
de imagem e som. Este artigo aborda essa torna-se o meio perfeito para a incessante busca
etapa última da vida e obra de Hollis humana de sentir e perceber aquilo que
Frampton, contextualizada no fértil e efetivamente não existe no real, mas existe em
diversificado panorama de revolução e cada um de nós. A manipulação do tempo e do
experimentação tecnológica da época, e movimento tornam-se técnicas e práticas para
reflectindo sobre a continuidade do criar um outro mundo, escondido do tempo
pensamento cinematográfico de Frampton cronológico que habitamos, evocando a condição
nessa transição analógica-digital. humana na sua totalidade. Por esta razão, as
suas obras não são intelectuais ou filosóficas,
pois não manipulam conceitos e não têm a
pretensão de uma abordagem dialética; elas
produzem belas imagens (na sua maioria
inspiradas em grandes pintores renascentistas) e
questionam o espectador sobre a importância da
arte na sua vida interior, sendo este quem decide
o tempo que quer estar com a obra.
E5
GT História do Cinema Português (I)

Uma comunidade cinéfila «fuori orario». O 5 Noites, 5 Filmes: uma Cinemateca em


cinema português na televisão italiana casa
Federico Pierotti Paulo Cunha
(UniFI, Itália) (UBI, Portugal)
- -
A Itália constitui um observatório interessante Entre 1996 e 2006, com alguns interregnos
para estudar a circulação do cinema pontuais, o segundo canal do serviço
português fora das suas fronteiras. Em Itália, público de televisão emitiu uma rubrica de
de facto, apenas uma parte dos filmes de cinema intitulada 5 Noites, 5 Filmes,
Oliveira e Monteiro (além de qualquer outro emitidos em horário nobre de 2ª a 6ª feira.
caso isolado) teve uma distribuição Emitidos em ciclos de 5 filmes, cada
cinematográfica regular, nem filmes que semana era dedicada a um denominador
tiveram importantes prémios em festivais comum (tema, movimento, género,
internacionais, como Tabu ou O Ornitólogo, realizador, actor/actriz, entre outros),
foram distribuídos. No entanto, essa escassa incidindo geralmente sobre os mais
difusão do cinema português em Itália foi relevantes momentos da história do
contrabalançada por uma série de canais cinema. Durante uma década, este espaço
alternativos gerados diretamente pelas serviu de alternativa a uma programação
comunidades cinéfilas. A partir dos anos cinéfila que deixou de ter lugar nas salas
oitenta, várias formas de circulação do comerciais (exceptuando as raras
cinema português em Itália foram possíveis reposições de clássicos) e sobretudo ao
graças aos festivais e aos cineclubes, a público não residente em Lisboa que não
difusão televisiva e, mais recentemente, às podia frequentar assiduamente a
plataformas de streaming e download. Esta Cinemateca Portuguesa. Ainda hoje, é
comunicação tenciona apresentar uma possível encontrar pelas blogosfera e redes
investigação sobre «Fuori orario. Cose (mai) sociais vários testemunhos de cinéfilos que
viste» («Fora de horário. Coisas (nunca) reconhecem a importância desta rubrica na
vistas»), um programa fundado pelo crítico sua formação ao nível da cinefilia e da
Enrico Ghezzi em 1988 para o canal público cultura cinematográfica. Os objetivos desta
RaiTre e ainda existente. Durante três apresentação são arqueológico, analítico e
décadas, o programa criou uma comunidade reflexivo: 1) inventariar toda a programação
cinéfila nacional muito singular. «Fuori desta rubrica cinéfila na televisão a partir
orario», que transmite filmes de autor durante das fontes e tratá-la quantitativamente; 2)
longas maratonas ao longo da noite, tem mapear padrões e recorrências na linha de
reservado uma grande atenção ao cinema programação e no cânone cinéfilo que se
português, permitindo aos cinéfilos italianos o foi construindo ao longo dessa década; 3)
acesso a filmes de outro modo invisíveis, não reflectir sobre o espaço ocupado
apenas de Oliveira e Monteiro, mas também particularmente pelo cinema português
de Paulo Rocha, Pedro Costa, Alberto Seixas nessa programação e no cânone
Santos, João Botelho, Teresa Villaverde e cinematográfico geral.
mais outros.
E5
GT História do Cinema Português (I)

Cinefilia na Ilha Madeira - Factos e Rui Simões e o início do filme de


protagonistas apropriação em Portugal
Carlos Valente Tiago Baptista
(Cierl-UMa / CIEBA-FBAUL, Portugal) (IHC-NOVA FCSH, Portugal)
- -
Esta comunicação pretende abordar de modo Esta comunicação pretende analisar os
panorâmico e problematizador, as iniciativas primeiros exemplos de “filme de apropriação”
que, da segunda metade do século XX até em Portugal, nomeadamente as obras de Rui
hoje, caracterizam o devir cinéfilo na Ilha da Simões, Deus, Pátria, Autoridade (1975) e
Madeira. Do primeiro cineclube, fundado no Bom Povo Português (1980). A comunicação
Funchal em 1952, passando pelo fará ressaltar as características chave deste
paradigmático Cine-Fórum do Funchal - tipo de filme – que utiliza criticamente
criado em 1965, até a atualidade, a Madeira imagens de arquivo graças a estratégias
tem sido palco de algum associativismo formais que sublinham não só a dimensão
cineclubista e, mais recentemente, tem material, mas também discursiva destas
assistido ao aparecimento de festivais, imagens – contrastando-as com o conjunto
mostras, ciclos e congressos ligados à sétima de filmes de apropriação feitos nos últimos 15
arte. O número de iniciativas não é extenso, anos como, entre outros, Kuxa Kanema: o
mas é assaz diversificado, tendo em conta a nascimento do cinema (Margarida Cardoso,
escala local, cobrindo um cinema de autor, 2003), Natureza morta (Susana de Sousa
atual, de distribuição comercial, assim como Dias, 2005), Fantasia Lusitana (João Canijo,
iniciativas mais experimentais ou 2010), ou Linha Vermelha (José Filipe Costa,
“underground”, associadas a uma 2011), que recorrem já a técnicas de edição
proximidade do audiovisual com as artes digital. Os dois principais objetivos da
plásticas, tendência com alguma tradição na comunicação são, primeiro, argumentar a
Madeira. Para o dinamismo cinéfilo verificado existência de uma relação de continuidade
na Região, hoje, contribui a vontade de entre os dois conjuntos de filmes; e segundo,
promotores privados e algum, embora identificar e comparar as principais
escasso, apoio governamental. É visível uma estratégias retóricas e formais neles
clara vontade de desenvolver o turismo empregues, levando em conta as diferenças
cultural associado ao cinema, de que são tecnológicas (montagem analógica ou digital)
exemplo o Madeira Film festival, os extintos subjacentes a cada um destes períodos
Funchal International Film Festival e históricos.
MudastFest; ou, numa linha mais
experimental, o MadeiraDig ou o Madeira
Micro Film Festival. A existência de uma
Universidade na Madeira que promove,
através do clube de cinema, ciclos,
workshops e encontros académicos, revela-
se crucial para consolidar o público
especializado e atrair gerações mais novas
para uma cinefilia informada e “exigente”.
F 18 maio
16h30 — 18h15
F1
Multimédia

Das histórias em movimento: uma O espectador hoje: um estudo das


definição de narração transmediática modificações no visionamento
Marta Sousa, Moisés de Lemos Martins cinematográfico
(CECS-UM, Portugal) Maria Cristina Tonetto
Nelson Zagalo (UBI, Portugal)
(UA, Portugal) -
-
A atual cultura da convergência tem como Este artigo procura mostrar as mudanças que
uma das suas características essenciais o ocorreram no modo como o espectador
constante fluxo de conteúdos entre media. assiste a seus filmes na sala escura e fora
Tradicionalmente, cada medium tinha a sua dela. Outro ponto abordado nesta pesquisa é
própria tecnologia de distribuição, e os seus a relação do cinema com a internet, a qual,
próprios conteúdos, mas hoje as fronteiras para muitos, reativa a discussão sobre a
entre eles esbatem-se (e.g., Jenkins, 2006). morte do cinema e, para outros, constitui uma
Paralelamente, a produção cultural, em geral, nova forma de ver o filme, que já não existe
e a de narrativas ficcionais, em particular, somente na sala escura. A questão que
tornam-se cada vez mais híbridas, fluidas e colocamos é: o que se modifica na exibição
adeptas da reciclagem e do remix (e.g., cinematográfica com a chegada da internet e
Serelle, 2007: 83). Neste contexto, surge uma quem se beneficia com esta nova forma de
nova forma de propagar histórias, a que circulação dos filmes e com essa pluralidade
Jenkins (2003, 2006) chamou transmedia de ecrãs? Esta investigação proporcionou o
storytelling. O termo vulgarizou-se, tanto no conhecimento de dados coletivos e
discurso académico, como no profissional, individuais dos espectadores e novas formas
jornalístico e do público, mas tem sido de exibição cinematográfica, que hoje não
alargado para abarcar práticas distintas, mantém mais a predominância da sala
típicas da cultura da convergência ou mais escura, pois a geração digital se apropriou de
antigas, criando um “caos conceptual” outros modos de ver e fazer cinema. Os
(Scolari, 2009: 586) que dificulta a dados levantados no Brasil e Portugal
compreensão da estratégia particular a que revelam o consumo dos espectadores
Jenkins se refere e a sua diferenciação de através dos dispositivos móveis, bem como,
outras próximas. A presente comunicação o acesso do público a salas de cinema.
visa expor os resultados da tese de Números que revelam os hábitos e costumes
doutoramento da autora, que teve como dos dois países. Esses levantamentos
objetivo fazer essa distinção e prover uma expõem as relações e conexões que se
definição mais clara do fenómeno. Num estabelecem nas novas formas de circulação
contexto onde todas as práticas se tornam e distribuição dos conteúdos audiovisuais.
cada vez mais transmediáticas, importa Acreditamos que é cada vez mais necessária
lançar alguma luz sobre as diferentes formas a discussão das novas formas de distribuição
que os produtores podem usar para expandir e exibição cinematográficas, pois os modelos
um mundo ficcional. tradicionais são desafiados pelas formas
alternativas de consumo, que alteram o modo
como se assiste a filmes e se consome
conteúdos.
F1
A edição de imagem de conteúdos
Multimédia

audiovisuais noticiosos na TVI na era da


convergência digital
Carlos Canelas
(UDI-IPG, Portugal)
-
Na presente comunicação, pretendemos
expor algumas considerações sobre as
práticas e rotinas profissionais da edição de
imagem vigentes na redação central da TVI.
Assim, metodologicamente, o campo de
estudo é a mencionada redação, sediada em
Queluz de Baixo. Quanto aos métodos de
recolha de dados foram utilizados a
entrevista, a observação direta e a análise
documental. No que concerne ao primeiro
método de coleta de dados referido, foram
entrevistados os seguintes profissionais da
informação: Mário Moura (um dos diretores
adjuntos de informação); João Maia Abreu
(diretor de informação aquando do arranque
das emissões da TVI 24); António Prata (um
dos coordenadores da redação); João
Ferreira (chefe do setor da edição de
imagem); Rui Romão (um dos coordenadores
do setor dos repórteres de imagem). De
forma a complementar os dados obtidos
pelas entrevistas, recorreu-se à observação
direta, visto que o investigador permaneceu
algum tempo na redação, e à análise
documental.
Corpus pauperum:
o papel do corpo no cinema de resistência em português
F2
'Um só em toda parte': os jornais A (in)visibilidade do corpo indígena: entre
cinematográficos e a medicina colonial Terra em Transe e Ymá Nhandehetama
portuguesa em África (1932-1978) Davina Marques
Fabiana Carelli (IFSP, Brasil)
(USP, Brasil) -
-
Produzidos em Portugal ao longo da vigência Inspirada pelo vídeo Ymá Nhandehetama, de
do Estado Novo (1933-1974), os jornais Almires Martins, Armando Queirós e Marcelo
cinematográficos, como a “Acção Rodrigues (2009), e por Terra em Transe, de
Colonizadora dos Portugueses”, as Glauber Rocha (1967), discuto neste trabalho
“Actualidades de Angola”, as “Imagens de o apagamento do indígena e das questões
Portugal” e as “Reportagens SNI” exerceram indígenas. Os criadores mostram uma
importante papel na disseminação de presença que desaparece. Especificamente,
imagens e ideias a respeito das colônias interessa- me apontar, nas obras, como esse
portuguesas na metrópole e ao redor do corpo nos é apresentado, na caricatura, no
mundo ao longo do século XX, todas elas olhar, na voz (audível ou não), na sonoridade
marcadas por um viés fortemente ideológico e nos recursos sonoros utilizados. Entre sons
de propaganda do regime e de imposição do e silêncios, entre imagens e invisibilidades,
colonialismo. A partir do visionamento de aponta-se a fabulação construída nesses
doze desses jornais, e elegendo como obra dois trabalhos (Gilles Deleuze). Se a palavra
de contraste o documentário O Kimbanda ouvida dá a ver algo novo, se a trilha sonora
Kambia, do cineasta angolano Ruy Duarte de afeta a imagem visível, permite outras
Carvalho (1978), esta comunicação pretende interações, novas relações, é possível dizer
explicitar as ações de saúde portuguesas nas que o mesmo acontece naquilo que deixa de
colônias africanas ao longo do século XX apresentar (MARQUES, 2013). Assim,
como operações de caráter cultural e busca-se mostrar de que maneira a imagem
ideológico, reconhecendo os encontros e a sonoridade funcionam para a construção
médicos neles retratados como choques de dos monumentos artísticos de Martins-
culturas e exercícios de dominação Queirós-Rodrigues e Rocha. Glauber Rocha
(CARELLI, POMPILIO, 2013). Se coloca-se como um visionário, apreendendo
imaginarmos o território colonial português no algo de intolerável, aquilo sobre o que
século passado como uma corporalidade Martins se posiciona quase 50 anos depois.
geográfica e cultural espalhada pelo mundo,
poderemos compreender as chamadas
“doenças tropicais” como males que
afetavam diretamente partes importantes
desse “corpo” e a relevância concreta e
simbólica que elas assumiram nos contornos
da ação colonial do Estado português ao
longo do século XX.
F2
Corpus pauperum:
o papel do corpo no cinema de resistência em português

Um retrato social: o cinema de Manoel de A representação dos pobres no cinema


Oliveira como instrumento de denúncia épico de Glauber Rocha e no de Manoel
Mariana Silva de Oliveira
(UNESP, Brasil) Renata Soares Junqueira
- (UNESP, Brasil)
Manoel de Oliveira, grande nome do cinema -
português, realizou ao longo de oito décadas Esta comunicação propõe uma comparação
mais de cinquenta filmes que constituem uma do filme Barravento (1961), de Glauber
cinematografia representativa da sétima arte em Rocha, com Acto da Primavera (1963) de
Portugal. As películas oliveirianas têm em Manoel de Oliveira, salientando nas duas
comum o cuidado ao retratar, cada uma à sua obras um modo de representação das
maneira, a condição humana e a essência da personagens pobres (respectivamente
sociedade que viveu o século XX. Embora pescadores da Bahia e aldeãos da Curalha
muitas das produções de Manoel Oliveira se no Norte de Portugal) que, sustentado por um
voltem para o retrato da realidade burguesa, seu método disjuntivo de articulação do discurso
cinema, por diversas vezes, também funcionou cinematográfico, tende a evitar, à maneira do
como instrumento de denúncia das paupérrimas teatro épico teorizado e cultivado por Brecht,
condições em que se encontrava a parte menos a identificação compassiva ou precipitada do
favorecida da população. Em Douro, faina fluvial espectador com o pathos ou com o pseudo-
(1931), o realizador estreava no cinema heroísmo dos protagonistas. Com efeito,
revelando ao mundo a rotina de árduo trabalho através de procedimentos formais como,
na ribeira do rio Douro, o intenso labor dos dentre outros, os enquadramentos insólitos e
trabalhadores do cais e o esgotamento físico do a teatralização das cenas (a encenação
corpo humano que se esforça para não sucumbir salmodiada no filme de Oliveira; a capoeira e
ao cansaço extremo. O mesmo se verifica em o candomblé no de Glauber Rocha), os dois
algumas das produções seguintes ao Douro, realizadores provocam nos seus
como é o caso d’O pão (1959) e d’O Acto da espectadores um efeito de distanciamento
Primavera (1963); ou ainda em alguns dos que favorece a reflexão sobre a condição dos
projetos não realizados, como Os gigantes do pobres. Assim, ainda que com graus de
Douro (1934) e Bruma (1935). A intenção de engajamento bem distintos, Glauber Rocha e
revelar ao público a realidade da camada menos Manoel de Oliveira exploram habilmente
favorecida da sociedade portuguesa é recorrente formas cinematográficas reveladoras de um
em toda a obra de Oliveira e torna-se um meio intuito político que no cineasta português,
de o cineasta, que tanto resistiu aos padrões da todavia, ainda é pouco reconhecido.
indústria cultural, retratar criticamente a condição
humana da população que vive na pobreza.
Diante disso, esta comunicação propõe-se
observar a ocorrência da denúncia que ecoa em
alguns dos primeiros projetos de Manoel de
Oliveira, mais especificamente, aqueles em que
se faz sentir o teor social, focalizando a
problematização da temática do árduo trabalho
humano.
GT Teoria dos Cineastas (III)

F3
A contraposição ao método - Direção de Os não-atores de Bruno Dumont: um
atores e atrizes não profissionais nos método de criação?
filmes de Rossellini e Pasolini Sônia Oliveira da Silva
Flavio Kactuz (UFSCar, Brasil)
(UC, Portugal) -
-
A proposta desse trabalho é analisar as A temática da primeira fase da
teorias e práticas adotadas por Roberto cinematografia de ficção do cineasta francês
Rossellini e Pier Paolo Pasolini no que Bruno Dumont – La vie de Jesus (1997),
concerne a direção de atores e atrizes não L’humanité (1999), Twentynine Palms (2003),
profissionais, desenvolvendo metodologias Flandres (2006), Hadewijch (2009) e Hors
singulares que irão se contrapor a um satan (2011) – gira em torno dos habitantes
determinado modelo de direção e atuação. solitários das grandes planícies de uma
Afinal, desde quando David W. Griffith iniciou França que se distingue daquilo que costuma
suas experiências em 1908 na Biograph, até caracterizá-la – a cultura erudita, a alta
a fundação do Actor Studio em 1947, mesmo literatura, um modo supostamente correto e
considerando distintos desdobramentos e civilizado de ser. Observa-se, porém que,
abordagens, o trabalho de direção de atores embora parta da realidade, na qual o
e atrizes consolidou-se concomitante ao desemprego, o racismo, a xenofobia e o
cinema clássico narrativo, visivelmente vazio imperam, seus filmes não se definem
atrelado a uma metodologia de atuação por uma estética realista. Os personagens de
profissional, cujas raízes nos conduzem ao tais narrativas não estando
método desenvolvido por Constantin consequentemente circunscritos a uma
Stanislavski na Rússia pré- revolucionária. reconstrução sociológica, ainda que estes
Em contrapartida, os filmes produzidos pelos sejam vividos por atores não profissionais
dois diretores italianos parecem pertencer a que se auto-representam. Dado esse
uma outra linhagem, proveniente do cinema contexto, intencionamos discorrer sobre o
documentário, sobretudo dos filmes de método utilizado pelo diretor para gerar essa
Robert Flaherty, em Rossellini, ou do cinema “proximidade” entre real e ficção, apontando
japonês, destacando-se Mizouguchi, das nos seus roteiros, material que encerra as
Vanguardas da década de 1920, das teorias coordenadas do filme porvir, as marcas
de Brecht e até mesmo da “sacralidade desse trabalho. À primeira vista, essa
técnica” inspirada nas pinturas sacras do operação surge como sendo uma resultante
século XV e XVI, em Pasolini. Trata-se de um de um processo de livre associação guiado
legado artístico importante que conduz a uma pela memória do diretor – da sua infância e
evidente problematização sobre aquilo que juventude, das histórias ouvidas no balcão do
compreendemos como teoria e práxis da bar da cidade, dos "faits divers" que
atuação e suas frágeis fronteiras que chocaram seus moradores. Uma leitura
delimitam os campos de estudos da posterior - que toma em consideração as
performance, reunindo pessoas com muita, obras e as articula com as reflexões do
pouca ou nenhuma formação profissional próprio Dumont - revela contudo que esse
anterior e apontando instigantes processo incorpora principalmente as
contraposições. contribuições dos atores com os quais o
cineasta_colabora.
F3 GT Teoria dos Cineastas (III)

Vídeo das aldeias: o cinema autônomo O filme biográfico segundo Noémia


indígena pós-projeto “Vídeo nas Aldeias” Delgado
Philipi Bandeira Manuela Penafria
(UNINTA, Brasil) (Labcom.IFP-UBI, Portugal)
- -
A partir de 2011 houve um significativo Nos anos 70, Noémia Delgado realizou 4
aumento da produção cinematográfica filmes para a RTP-Radio Televisão
autônoma por parte de realizadores Portuguesa no âmbito do programa As
indígenas no Brasil. Tal cenário reflete um Palavras Herdadas. Esses filmes são sobre a
momento em que, após mais de 30 anos de vida e obra de grandes escritores
atividades de produção, formação e difusão portugueses: Eça de Queiroz, Camilo Castelo
do projeto Vídeo nas Aldeias, as mais Branco, Camilo Pessanha e Almeida Garrett.
variadas etnias indígenas já apropriaram-se Pretendemos apresentar a abordagem de
dos meios e das linguagens audiovisuais e Noémia Delgado ao filme biográfico cuja
estão a produzir seu próprio cinema. Por originalidade aparenta assentar na relação
vezes, os coletivos de cinema indígena biografia-fantasia.
lançam mão de relações horizontais com
parceiros "brancos", cineastas e
antropólogos, mas na maior parte são os
indígenas quem agenciam diretamente
instituições e órgãos para viabilizar ou
difundir suas produções. O "Vídeo das
Aldeias" é dividido ainda pelos próprios
nativos entre "filmes da aldeia" - registros
diretos de rituais e processos internos da
etnia, via de regra sem montagem e a serem
exibidos em momentos específicos do
calendário étnico - e os "filmes de festivais" -
realizações voltada ao "mundo dos brancos",
que seguem um argumento prévio, valem-se
de cenas decupadas e em nos quais se
opera a montagem para dar significado
narrativo aos fatos. Tendo por foco o cinema
como agência e tradução xamânica, no que
se deriva-se os conceitos de etnopoética e
cosmopolítica, a proposta desta comunicação
é abordar um breve estado da arte deste
cinema indígena e pontuar com alguns
estudos de casos em filmes recentes
realizados inteiramente por indígenas, como
os do Coletivo Kuikuro de Cinema, dos
cineastas Hunikui e dos Maxacali.
Cinema e Materialidades (I)

F4
Propostas para uma história do figurino e
Os Maias e as possibilidades da direção
de arte na construção audiovisual dos figurinistas em Portugal
Nívea de Souza Caterina Cucinotta
(UERJ / FACHA, Brasil) (CECC-UCP, Portugal)
- -
No contexto da análise das materialidades Em Portugal, o ofício do guarda-roupa
cinematográficas e suas escolhas estilísticas, necessita de vários esclarecimentos, a partir
a presente investigação tem como objetivo dos nomes que o constroem e o construíram,
abordar e perceber a importância e as requerendo uma terminologia adequada que
possibilidades da materialização audiovisual até hoje foi escassa se não inexistente. Na
da obra literária Os Maias, de Eça de minha opinião, esta terminologia iria
Queiroz. Através das obras homónimas de necessitar da criação de um glossário pois
Luiz Fernando Carvalho, para a televisão, e resultam ser muitas as confusões entre as
João Botelho, para o cinema, pretende-se várias terminologias que formam o conceito
refletir sobre as inúmeras possibilidades e de figurino por um lado e do departamento de
desdobramentos das escolhas estéticas de guarda-roupa por outro. Começadas em Abril
cada um para a construção do espaço de 2017, as entrevistas tentam colmatar este
cénico. A considerar a direção de arte como a buraco onde o guarda-roupa foi metido:
arte da composição, que consiste no arranjo através de entrevistas a figurinistas de
e organização dos elementos materiais com cinema, abrimos as porta de uma profissão á
intuito de obter um equilíbrio harmonioso do qual, ainda hoje, as próprias figurinistas
conjunto, e que, principalmente, sirva à reconhecem o estatuto de “ coisa de mulher”.
proposta cénica, essa análise comparativa Porém, acerca de figurinistas, o único
visa evidenciar a importância da direção de documento que existe em Portugal é uma
arte para a materialização do ponto de vista publicação da Cinemateca acerca de uma
escolhido para se contar uma mesma retrospetiva sobre Jasmim, um homem que
história. trabalhou neste setor. Foi graças a presença
do Jasmim de Mattos no cinema português
que se começou a dar valor a esta profissão.
Muitas das figurinistas que fomos entrevistar
tiveram a trabalhar ou a estagiar mesmo com
o Jasmim no princípio da carreira delas e
para todas este nome fica como
acontecimento imprescindível na história do
figurino cinematográfico de Portugal. Com
esta apresentação ponho a minha atenção
numa construção de uma História do Figurino
em Portugal a partir das declarações das
profissionais entrevistadas.
F4 Cinema e Materialidades (I)

O Rei da Vela: a cenografia entre o teatro Subjectividade, tecnologia e a


e o cinema performatividade dos aparelhos:
Carolina Esteves problematização sobre as arquitecturas de
(UNIRIO, Brasil) exibição das obras de Alexandre Estrela e
- João Maria Gusmão e Pedro Paiva
O Rei da Vela, filme produzido pela Sara Castelo Branco
companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona com (FCSH-UNL, Portugal / Paris 1, França)
sede desde 1958 na cidade de São Paulo foi -
finalizado e apresentado em 1982. O texto de Perante uma conjuntura contemporânea
Oswald de Andrade, escrito em 1933 é umas marcada por transformações contínuas nas
das dramaturgias do autor que leva para o estruturas de produção, distribuição e consumo
teatro uma teoria anunciada por ele em seu de imagens, conceitos como cinema expandido
Manifesto Antropófago publicado em 1928. A ou cinema de exposição representam um
Antropofagia oswaldiana que durante anos alargamento do espectro cinematográfico às
esteve desconhecida da maioria dos salas do museu de arte contemporânea. Ao
brasileiros ou da “massa” como ele próprio longo das últimas três décadas, este exercício
nomeava encontra em 1967, ano da primeira de expansão do dispositivo cinematográfico
montagem da peça no Oficina, um ambiente realizado na arte contemporânea transformou-
político-social análogo ao vivido pelo autor, se, igualmente, num espaço de reflexão acerca
porém encontra quarenta anos depois de sua das ansiedades existentes quanto ao destino
criação um ambiente cultural capaz de a da própria instituição cinematográfica. Partindo
reconhecer como signo e levá-lo ao alcance de uma possível abordagem entre o passado
das massas. A montagem de O Rei da Vela do cinema e as suas transformações
participa de uma eclosão cultural no Brasil contemporâneas, as obras dos artistas
que convencionou-se chamar Tropicália. Esta portugueses Alexandre Estrela e João Maria
ambientação histórica e teórica se faz Gusmão e Pedro Paiva vinculam-se a este
necessária neste estudo pois apresenta um movimento que aborda a mecânica
vocabulário imagético sustentado, assim cinematográfica, através de uma alusão à
como no filme que tratamos, pela teoria experimentação e naiveté da infância do
oswaldiana. Este estudo analisa a cinema, inscrevendo simultaneamente uma
materialidade da Cenografia do filme tendo indagação sobre estruturas como a vídeo-
como objetivo compreender o potencial deste instalação ou o filme-escultura, que articulam a
material na comunicação do “signo da temporalidade, imaterialidade e
devoração” proposto pelo autor e adotado reprodutibilidade do filme na espacialidade
pela companhia. O Teatro Oficina tem tido matérica da escultura. Esta apresentação parte
em parceria com cenógrafos e arquitetos um do trabalho destes artistas para reflectir sobre a
vasto repertório de elementos cenográficos reinvenção espácio-temporal, perceptiva e
que investem na comunicação da topológica dos espaços museológicos a partir
antropofagia e o filme O Rei da Vela nos traz de uma problematização sobre as arquitecturas
a oportunidade de entendermos como a de exibição de imagens em movimento; a
cenografia pôde auxiliar na manutenção dimensão cénica e performativa dos aparelhos;
deste signo no cinema. e, os encontros entre novidade e
obsolescência, subjectividade e tecnologia.
GT História do Cinema Português (II)

F5
Censura e cinema no marcelismo: quais A canção no cinema novo português:
os critérios? oposicionismo e presença sensível
Ana Bela Morais Agnès Pellerin
(CEC-FLUL, Portugal) (ESTCA-Paris 8, França)
- -
Através do estudo dos mecanismos da Canção e cinema formam, desde os inícios do
censura impostos ao cinema, sobretudo cinema, e já antes do sonoro, um binómio
longas-metragens estrangeiras mas também incontornável. Não fugindo à regra, o cinema
nacionais, em Portugal durante os anos da português dos anos 1930 e 40 foi até às vezes
governação de Marcelo Caetano (finais de caricaturado como um cinema metendo
1968-1971), pretende-se investigar os “canções ao martelo”, como observa Luis de
critérios da Comissão de Censura. O Pina. Canções originais de vários estilos
presente trabalho apoia-se no estudo dos (fados, baladas de Coimbra, canções rurais,
arquivos do Secretariado Nacional da marchas, etc) parecem cristalizar, no contexto
Informação e Turismo. A informação da ditadura do Estado Novo e das novas
produzida pela Comissão de Exame e culturas de massa, o “estereótipo de um povo
Classificação de Espectáculos, durante o naturalmente cantando” (Francfort) absorvido
Estado Novo, está concentrada neste espólio pelo divertimento, pelas intrigas sentimentais e
que se encontra no Arquivo Nacional da assim desviado de questões políticas (Granja).
Torre do Tombo (ANTT). O fundo documental A partir dos anos 60, o Cinema novo destaca-
apresenta informação sobre os modos de se ostensivamente deste uso paradigmático da
actuação dos censores, os pareceres em canção no cinema, distanciando-se dos
relação aos filmes e acerca dos recursos códigos narrativos clássicos e redefinindo os
apresentados, bem como os relatórios dos contornos estéticos dum cinema ancorado num
processos de censura. A investigação dos olhar renovado sobre o mundo, independente
mecanismos de censura relativamente ao da propaganda oficial. Portanto a canção não é
amor e à violência, nestes primeiros anos do ausente nesta corrente cinematográfica.
governo marcelista, constitui o enfoque do Através de vários exemplos, analisaremos a
presente estudo. As suas bases estruturais diversidade da sua presença sensível, desde a
assentam no estudo dos Processos da metonímia discreta até a afirmação explícita do
Direcção Geral de Censura entre finais de seu potencial emancipador. Mobilizando os
1968 e 1971.No final da nossa investigação recursos dos cultural studies, consideremos a
de Pós-doutoramento propomos apresentar e canção no cinema novo como objecto de
comentar alguns documentos que conflitualidade, enquanto processo participativo
encontrámos no ANTT e que revelam bem as original construindo eixos de identidade móveis,
mentalidades dos censores e os critérios que através de associações de sentidos
presidiam à acção da Comissão de Censura extramusicais (Kassabian).
nos anos referidos (finais de 1968-1974).
F5 GT História do Cinema Português (II)

«Eu quero lá saber do Coquelin! Não olho Nem tudo o que luz é ouro: as comédias
eu pr’a ela mas olha ela pr’a mim.» escapistas como metáfora do Portugal do
Autorreferência e autorreflexão na Estado Novo
cinematografia portuguesa das décadas de Sérgio Bordalo e Sá
30 e 40 (INET-MD/FMH-UL, Portugal)
Hugo Barreira -
(CITCEM-FLUP, Portugal)
-
Na produção cinematográfica das várias Nesta comunicação, iremos debruçar-nos sobre
geografias e cronologias são visíveis tendências as comédias escapistas feitas durante a II
quer para quebrar os limites da ficção, Guerra Mundial e tentaremos ver como é que,
evidenciando-os perante o público, quer para, por debaixo desta capa de divertimento e
em conjugação, desenvolver mecanismos de frivolidade, O Pai Tirano (1941), O Pátio das
autorreferência e de autorreflexão. Acentuando- Cantigas (1941) e A Vizinha do Lado (1945)
se geralmente no contexto das vanguardas, reflectem a ideologia do regime,
estes mecanismos estão também presentes em nomeadamente a opção de neutralidade de
produções mais conotadas com o cinema dito Portugal no conflito mundial. O Estado Novo
comercial. A comunicação que apresentamos queria passar a imagem de que não se tornava
tem por base uma proposta de análise das necessária nenhuma influência do exterior para
questões de autorreferência e autorreflexão com dirigir a nossa vida interna. O esquema de cada
base no estudo da cinematografia portuguesa um dos filmes é muito semelhante: comédia de
das décadas de 30 e 40. Este estudo permitiu enganos, com diversos trocadilhos que lhe dão
perceber que os mecanismos de autorreferência o toque de humor, histórias de amor com as
e de autorreflexão foram consideravelmente habituais complicações que terminam sempre
explorados em muitas produções mais ou menos bem e, para onde iremos olhar com mais
conotadas com as vanguardas. Numa primeira atenção nesta comunicação, um microcosmos
parte, apresentaremos os vários mecanismos narrativo e social, balizado em termos
por nós identificados e a sua utilização para espaciais, que se coadunava tanto com o
alusões, mais ou menos dissimuladas ao objectivo de cada filme (“fazer rir”), como com o
contexto, com, presumivelmente, diferentes espírito que o Estado Novo queria incutir nas
propósitos. Destacou-se, pela profusão e pessoas naquela altura conturbada da história
consistência destes mecanismos, O Pai Tirano mundial, ou seja, uma certa alienação que
de 1941, realizado por António Lopes Ribeiro, garantisse igualmente a própria sobrevivência
que será o estudo de caso que ocupará a do regime. Transmitia-se uma visão idealizada
segunda parte. A nossa proposta de análise, da vida em Portugal como um país de brandos
confirmando e desenvolvendo pistas levantadas costumes. Quanto menos as pessoas
por outros estudos, permitiu demonstrar que, em pensassem, menos dúvidas teriam e menos
O Pai Tirano, estes mecanismos são problemas levantariam, pelo que seria perfeito
desenvolvidos de uma forma tão intrincada no para o regime se o objectivo destes filmes
processo da construção do objeto que, pela fosse cumprido.
consciência do meio que revela, anuncia já
algumas tendências da cinematografia da
segunda metade do século.
G 19 maio
9h30 — 11h15
G1
Corpo e Cinema

Confrontar o não-humano: corpo, Um rosto moderno: faces do cinema de


natureza e afeto em Tônus e O Peixe vanguarda dos anos 1960
Mariana Cunha Isabel Carmo
(UFRN, Brasil) (Université Paul-Valéry Montpellier 3, França)
- -
Esta comunicação discute como imagens em Propomos apresentar uma breve análise
movimento criam novas formas de imaginar a comparativa entre três obras, Persona
relação entre o humano e o não-humano, a (Ingmar Bergman, 1966), O rosto de um outro
partir da análise de dois filmes experimentais (Hiroshi Teshigahara, 1966) e Faces (John
brasileiros: Tônus 1, de Rodrigo Braga (2012, Cassavetes, 1968), tendo como ponto de
vídeo HD, 8 min) e O peixe, de Jonathas de partida a figuração do rosto e suas
Andrade (2016, 16mm digitalizado em 2k, 37 implicações na construção da narrativa
min). De maneiras distintas, os dois filmes fílmica. O contexto de produção de um
apresentam imagens da relação entre cinema vanguardista, influenciado
humanos e animais através de um jogo de principalmente pela Nouvelle Vague, e a
forças entre eles. Este confronto atribui um estética própria de cada diretor, serão
sentido de tatilidade às imagens e compele o elementos também abordados. Em Persona,
observador a sentir e pensar o estado da se, por um lado, a fala da personagem Alma
natureza e do meio ambiente em nossa pode destruir o rosto, de outro, os grandes
cultura. Consequentemente, a natureza nos planos prolongados de Elisabet pendem para
dois filmes é menos um lugar de uma contemplação divinatória, marca da obra
contemplação ou uma paisagem do que um bergmaniana. Em O rosto de um outro,
agente senciente e vivo. Com base nos Teshigahara concede um caráter esquivo ao
conceitos de visualidada hápitca (Laura rosto desfigurado, filmado em planos
Mark) e afeto (Gilles Deleuze, Brian oblíquos ou através de objetos translúcidos e
Massumi), e fundamentada num pensamento deformadores; enquanto outros rostos ficam
ecológico, como proposto por Anat Pick e na iminência da desintegração, cortados no
Guinevere Narraway, argumenta-se que ao quadro e em planos-detalhe que os
atribuir agência ao não-humano, os filmes aproximam excessivamente, simbolizando o
analisados desafiam ideias tradicionais de embate entre o humanismo e a
representação. Por fim, a análise sugere que monstruosidade. Já em Faces, a proximidade
a natureza e o não-humano evocam a da câmera agiganta os rostos e, por vezes,
potência estética e política das imagens em no movimento frenético dos atores, esses se
movimento como vetores de gestos de perdem, se confundem, desenham outras
ativismo e de uma ética da representação. paisagens com os outros rostos, com o
cenário e com o corpo. Três filmes em que o
rosto, ao permanecer como símbolo máximo
de uma sociedade de aparência, é também
palimpsesto onde se inscrevem significados
intermitentes, num movimento incessante e
nunca de todo elucidativo.
G1
Corpo e Cinema

O corpo do ator na imobilidade: a apatheia Bear 71: o documentário interactivo


e a inércia enquanto panoptico de vigilância
Pedro Maciel Guimarães Patrícia Nogueira
(UNICAMP, Brasil) (ESMAD / CoLab UT Austin, Portugal)
- -
A partir dos conceitos forjados por Ludovic O documentário interactivo Bear 71, produzido
Cortade em Le cinema de l’immobilité pelo National Film Board do Canadá, retrata a
(Publications de la Sorbonne, 2008), visa-se vida e a morte de uma fêmea urso do Banff
investigar a imobilidade do corpo do ator como National Park, na região canadiana de Alberta.
componente da atuação no cinema. Os Composto sobretudo por imagens captadas
conceitos de apatheia e inércia são usados através de câmaras de videovigilância
para descrever momentos em que o corpo do activadas por sensores de movimento, o
ator é atingido pela imobilidade (ou pela objecto interactivo explora a intersecção da
constância do movimento) procurando vida selvagem com os humanos e, por
resultados distintos em relação ao equilíbrio consequência com a tecnologia, chamando a
entre movimento e fixidez que pauta as atenção para questões como privacidade e
atuações no cinema. Pautada na doutrina controlo na Sociedade Contemporânea. A
estoicista, a apatheia é descrito como o estado narrativa combina uma base sonora linear,
em que o sábio está liberado dos tormentos, composta pela paisagem sonora do parque e
“lugar desejado pelos iluminados pois o afeto é pela voz antropomorfizada da ursa número 71,
irracional, violento e contre-nature”. A apatheia e uma navegação espacial multidirecional que
então é a categoria da imobilidade que situa o permite aos interactores moverem-se
personagem no âmbito da transcendência; ela livremente numa representação topográfica do
produz sentido e crença no espectador pois parque, activando janelas com imagens de
corresponde a uma convenção fílmica. Já a vigilância de vários dos animais que ali
inércia é conceito científico e coloca numa habitam. Cada utilizador é marcado com o seu
lógica relacional corpo e quadro fílmico, que se próprio número e é também vigiado ao longo da
movimentam no mesmo ritmo, seja no contínuo experiência através da webcam do computador.
do movimento, seja na sua ausência. Durante 20 minutos o interactor torna-se,
Analisaremos atores que investem seu jogo de assim, um voyeur com a sensação de controlo
um hieratismo caro à apatheia (as estrelas e de vigilância sobre os animais, até ao
hieráticas) e aqueles atingidos pela inércia do momento em que a sua imagem é apresentada
movimento (o excesso no caso do burlesco e a no ecrã, lado a lado com os animais do parque,
rarefação no caso do cinema moderno de e este se apercebe da vigilância constante e
Duras ou Fassbinder). Evocaremos também a penetrante na sociedade. Passivamente e
teoria do “quadro vivo”, de Bernard Vouilloux inconscientemente, o utilizador acaba por
como instrumento para se entender as relações colaborar num panóptico de vigilância,
que o cinema estabelece com a pintura ao passando de observador a elemento observado
construir a atuação pautada pela imobilidade do e vendo a sua imagem reflectida no ecrã, como
ator. se de um espelho Lacaniano se tratasse.
G2
GT O Cinema e as Outras Artes (I)

Por uma plasticidade do fim do mundo Formas de habitar o presente: políticas de


Diego Assunção localização de corpos e saberes nas artes e
(UERJ, Brasil) nas imagens
- Vinicios Kabral Ribeiro
(UFRJ, Brasil)
-
A concepção de fins-de-mundos se situa O tema dessa pesquisa visa compreender e
entre um exercício estético e uma força acompanhar práticas artísticas e educativas
política: ex-terminar a experiência como a brasileiras contemporâneas, sobretudo as que
concebemos, na atualidade, parece, cada vez partem dos marcadores sociais da diferença
mais, um projeto plástico com vínculos para suas produções poéticas, suas
estético-políticos. No encalço de uma construções epistemológicas e inserções
biopolítica da monstruosidade, essa proposta políticas. O interesse central repousa nas
tem como objetivo mapear as possíveis articulações de redes e coletivos que buscam
elaborações sobre o que seria uma estética sobreviver e habitar o tempo presente, suas
do ‘fim- do-mundo’, engendrando tanto o estratégias de fissurar e implodir a estrutura
apocalipse zumbi quanto os imaginários social baseada na exploração, violência e
distópicos – construir uma narrativa dos colonização dos corpos. Para tanto,
cenários e ambiências da destruição a partir mapearemos a produção escrita e visual, os
de uma relação dialética entre utopia e fluxos das redes que se formam, seus
distopia. As narrativas que abordam deslocamentos e localizações na geografia da
apocalipses zumbis e futuros distópicos cidade. A interlocução com artistas, coletivos e
irrompem com força e potência no final do espaços de estudos e pesquisas visa produzir
século XX e início do XXI, implodindo os um registro sistemático dessas ações, de modo
imaginários utópicos que previam, através que seja possível reunir e disseminar essas
dos avanços tecnológicos e biomédicos, a informações. Além de fortalecer o campo de
salvação da humanidade e, estudos de gênero e sexualidade nas artes e
consequentemente, do planeta. Habitamos na cultura visual. Como falar em pós-colonial se
tempos conturbados, em crises que se a expropriação física e afetiva da população
retroalimentam e colapsam uma em cima da negra ainda é um projeto vigente no Brasil? De
outra. Se o cinema e sua filha tardia, a que maneira sonhar, quando setores
televisão, são os sintomáticos produtos da conservadores assaltam o Estado e tentam nos
revolução industrial que alterou o paradigma colocar cada um em “seu lugar”. E qual o lugar
da experiência e da representação, parece dos nossos corpos, mentes e corações na
pertinente que caiba à imagem técnica e seus necropolítica instaurada? De que modo
desejos, de acordo com W. J. T. Mitchell, podemos habitar e resistir no presente, para
imaginar o nosso fim. sonhar outros mundos? Nesse sentido, o
esforço dessa pesquisa se dará pela busca de
falas que foram silenciadas, na escuta atenta
aos seus saberes, técnicas, métodos e
estratégias de sobrevivência.
G2
GT O Cinema e as Outras Artes (I)

O específico fílmico e a realidade virtual: Comunidades relacionais: cinema como


tensões da arte contemporânea lugar de transgressão
Michelle Sales Nycolas Albuquerque
(UFRJ, Brasil) (UL, Portugal)
- -
O presente trabalho quer discutir e ampliar Hoje a sociedade do consumo, do espetáculo
historicamente a relação entre arte e e do biopoder suprimem a diversidade de
tecnologia ao pensar de que maneira, muito criação de subjetividades, afetos e espaços
recentemente, o campo da arte debruçou-se coletivos em detrimento de um
sobre a produção de ambientes de realidade individualismo, de uma particularização da
virtual interativos tensionando o uso da experiência da cidade, dos corpos e das
tecnologia para refletir não somente os negociações que dela surgem. A Estética
limites da criação artística como agora do Relacional compreende sua essência no
próprio corpo e da condição humana através, diálogo com o outro, nas potencialidades do
por exemplo, do trabalho Rising de Marina cotidiano e do ordinário, não produzindo
Abramovic, parte do projeto Acute Art VR. O objetos, mas sim acontecimentos. Esta se
trabalho implica pensar o uso da tecnologia preocupa com os ecos dos encontros, os
no campo da arte como uma expansão, no escambos espontâneos sem mediação de
caso da realidade virtual e seus acessórios, instituições de saber, ela se funda na
não apenas do corpo físico mas também do incapacidade da indústria em negociar um
metafísico ou espiritual através da discussão produto inacabado, mais do que isso um
da linguagem deste novo meio de criação e e produto imaterial, impalpável. A arte é um
da especificidade do dispositivo da Realidade campo privilegiado para tais operações de
Virtual em relação ou oposição ao campo do transgressão do espaço tradicional,
audiovisual, discorrendo a cerca da natureza potencializando a esfera do acontecimento.
da imagem em movimento da RV. A análise Mobilizações públicas, coletivas de
do trabalho Rising de Marina Abramovi leva- reivindicação social e artística podem
nos a uma discussão sobre a linguagem da favorecer o apagamento do artista em
realidade virtual uma vez que a imagem detrimento a produção de novos sentidos de
estereoscópica parece-nos romper com coletividade. É preciso interessar-se não
alguns aspectos da linguagem audiovisual, pelos produtos culturais oferecidos no
como iremos apontar. A natureza da imagem mercado de bens, mas pelas operações dos
da realidade virtual queremos pensar, através usuários. A Estética Relacional, muito bem
deste trabalho, como uma imagem que desenvolvida em outras áreas artísticas, no
rompe com o modelo perceptivo clássico cinema encontra uma de suas maiores
audiovisual já que se estabelece não como dificuldades. Como se traduzir
uma imagem-janela, mas como uma imagem- materialmente? Como olhar o processo
presença, como uma imagem-jogo cuja dispensando os recursos da técnica? Como
interação com o usuário é fundamental para o enfrentar o consenso estético, entendido aqui
estabelecimento e fatura desta imagem. como uma das formas mais cruéis de
manutenção de poder? Como pode o Cinema
Relacional ser realmente democrático?
G3
Cinema Brasileiro (I)

Building authenticity in the film festival O queer vai ao campo: uma análise do
circuit: cosmopolitanism and strategies of filme Boi Neon
self-exoticism in Neon Bull Alfredo Carvalho
Humberto Saldanha (UBI, Portugal)
(UCC, Irlanda) -
-
Taking into account the fascination with O que se percebe ao fazer uma pesquisa
otherness in western film festival venues and rápida sobre cinema queer na internet, é que
the global circulation growth of contemporary este possível novo gênero é frequentemente
Brazilian cinema in the international art-house confundido com o Cinema LGBT. Não há um
circuit, this paper aims to analyze what consenso sobre o uso do termo pelos mais
discursive strategies are adopted by a recent diversos festivais de Cinema Queer mundo
Brazilian film in order to reach audiences afora e nem mesmo por teóricos. Ao ver a
abroad. In this sense, this chapter will lista de filmes selecionados em festivais
investigate how narrative and style in Gabriel como o Queer Lisboa, por exemplo, o que
Mascaro’s Neon Bull (2015) was influenced temos é uma série de filmes que retratam a
by the expectations of European festival homossexualidade, bissexualidade e
audiences and how a series of transnational transexualidade mas que algumas vezes
agreements, which involved international reforçam a heteronormatividade, tão
funding, influenced and shaped the work in questionada e combatida pelos teóricos
question. Therefore, this chapter will queer. Filmes como Boi Neon (Gabriel
demonstrate that Neon Bull adopts globalized Mascaro, 2015) e The Boy In The Dress (Matt
and cosmopolitan styles (Regev 2007) Lipsey, 2014), que não trazem a
welcomed by film festivals, as well strategies homossexualidade como mote para o
of self- exoticism (Khoo 2002), as a manner desenrolar da obra, mas que repensam
of facilitating cultural border-crossing and normas sociais de gênero, não são
cultural translation. In this regard, our habitualmente referidos e/ou inseridos pelos
theoretical framework will be based on a curadores destes festivais, uma vez que não
positive way of approaching cultural são compreendidos como pertencentes a tal
difference and otherness as a manner to categoria. Entretanto, através de uma
understand Neon Bull not as a mere proposta de análise fílmica do filme Boi Neon,
projection of western orientalist fantasies tentaremos mostrar que esta obra é um
(Berghahn 2015). Rather, I wish to exemplo de filme queer cujo protagonista é
understand how such film agencies mode of heterossexual, mas cujas atitudes nos fazem
address, cultural specificity and international repensar a heteronormatividade.
aesthetic in order to inscribe contemporary
Brazilian cinema in the global arthouse arena.
G3
Cinema Brasileiro (I)

Cinema, sonho e melancolia na obra do Artimanhas da oralidade: a palavra e a


cineasta brasileiro Fernando Spencer poética em Terra em Transe
Cláudio Bezerra Jailson Silva
(Unicap, Brasil) (UFC, Brasil)
- -
Alguns realizadores fazem do cinema o O ano 2017 marcou os cinquenta anos de
principal tema de suas obras. É o caso do lançamento de Terra em Transe (ROCHA,
crítico e cineasta brasileiro Fernando 1967). A data não foi esquecida e, embora
Spencer, falecido em 2014 aos 87 anos. sem festas, algumas exibições e reportagens
Ainda pouco conhecido, mesmo no Brasil, em diferentes órgãos da imprensa
Spencer teve um papel importante na enfatizaram a atualidade do filme.
formação de cinéfilos e realizadores de Considerado um dos marcos fundadores do
Pernambuco, distrito situado na região movimento tropicalista, ao desses cinquenta
nordeste do país e palco de uma pujante anos muito já foi escrito sobre esse filme.
cena cinematográfica representada, hoje, por Gerber (1982), Senna (1985), Ventura (2000),
nomes como Kléber Mendonça Filho Xavier (2001), são apenas alguns dos
(Aquarius/2016) e Gabriel Mascaro (Boi renomados estudiosos que se debruçaram
Neon/2015). Fernando Spencer dedicou mais sobre a criação glauberiana, entendendo-a,
de 60 anos de sua vida ao cinema atuando de modo geral, como uma invenção que
em diversas frentes: na divulgação, na crítica, dialoga e expõe mazelas e potencialidades
na preservação de acervo, na formação de de um mudo onírico, inteligível, talvez, pelo
plateias e na produção de filmes. Sua obra é viés do inconsciente. Nesse trabalho,
composta por 44 títulos, entre curtas e centrado no filme de Glauber Rocha,
médias metragens, sendo dez deles com a desejamos pensar um modo particular de uso
temática cinema. Seis filmes abordam da narrativa oral na escritura fílmica. Um
situações e personalidades do Ciclo do modo singular de uso da voz over. Para nós,
Recife, o mais longo e produtivo dos seguindo a trilha indicada por Jânio de
chamados ciclos regionais que ocorreram Freitas, há em Terra em Transe um poema
fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, nas contínuo, uma narrativa em paralelo, que
primeiras décadas do século XX. Os outros transcorre ao longo do filme e funciona como
quatro filmes falam sobre ícones como um pano de fundo que preenche os espaços
Marilyn Monroe; o Cinema Glória, o mais da história. A obsessão pela palavra, levada
antigo em atividade no centro do Recife; e o a um ponto mais adiante por Glauber Rocha
fechamento das salas de cinema de bairro. no seu filme, é para nós explicitada na
Essa comunicação discute como esses dez maneira como ele constrói a polifonia de
filmes de Fernando Spencer revelam sua vozes, em diálogos multifacetados (as falas
concepção de cinema e deixam transparecer dos personagens, as canções de fundo, o
ao mesmo tempo um sentimento utópico e poema ao longo do filme). É essa polifonia o
distópico em relação à modernidade que nos interessa por hora.
cinematográfica.
G4
Cinema e Materialidades (II)

Revolução, som, tensão e reverberação Construcción mental de la imagen


Érica Faleiro Rodrigues cinematográfica. Técnica y poiesis
(Birkbeck-U. London, Reino Unido) Alfonso Meseguer
- (URJC, Espanha)
-
Domingo à Tarde, de António de Macedo La construcción mental de la imagen
(1966), e O Mal-Amado, de Fernando Matos cinematográfica no deja de ser una relación
Silva (1973), são os dois filmes que formam a entre el imaginario del cineasta y su mundo
base desta comunicação. Esta pretende interior. La visión del mundo se establece a
estabelecer em que medida e de que forma o través de unas herramientas, técnicas y
design da banda sonora estimula o aumento procedimientos que conectan forman de
da tensão narrativa no cinema que antecede hacer y perspectivas para construir un mundo
a revolução de Abril, mas também como o imaginario. Toda esta tarea supone una
som é parceiro fundamental dessa mesma concreción de conceptos de la escena
narrativa, criando novas perspectivas cinematográfica ligados a aspectos
temporais e espaciais. A influência banda artesanales que dejan entrever el sentido
sonora na fluidez de um filme, como posterior de la creación fílmica. Trabajar en la
elemento fundamental na construção do puesta en escena cinematográfica requiere
simulacro, ou como parte essencial na afrontar unos terrenos de reflexión en dónde
construção da "suspension of disbelief", são la técnica y la poiesis conforman un espacio
preocupações deste estudo; apontando-se de actuación para entender los mecanismos
algumas linhas investigativas sobre o del saber hacer del cineasta. La conjugación
funcionamento da banda sonora como motor de poiesis y tecné pueden servir para
de solidificação da ficção. A investigação entender, quizás, el sentido de la creación
debruça-se sobre o modo como a banda artística cinematográfica. Que como dice
sonora reflecte as emoções dos Bresson: “Problema: Hacer ver lo que ves por
protagonistas, mas também como aquela é mediación de una máquina que no lo ve
utilizada para exacerbar sentimentos de como tú lo ves”. Y apostilla: “Y hacer oír lo
angústia, perseguição e confusão, e como o que tu oyes por mediación de otra máquina
som reforça o sentido de "unheimlich" e do que no lo oye como tú lo oyes”.
político no cinema internacional das décadas
de sessenta e setenta. Os dispositivos
utilizados nas bandas sonoras dos filmes em
questão serão contextualizados e
comparados com exemplos de outras
constelações cinematográficas,
especificamente certas obras realizadas em
frança por Jean-Luc Godard ou em Cuba por
Tomás Gutiérrez Alea. Teoreticamente, este
trabalho assenta na investigação sobre as
relações entre imagem-em-movimento e som
de Michel Chion.
G4
Cinema e Materialidades (II)

A noção duvidosa de “som ruim” no O escritor do filme: representação e


cinema contemporâneo inscrição da escrita na imagem fílmica em
Rodrigo Carreiro João Botelho e Peter Greenaway
(UFPE, Brasil) Bruno Fontes
- (CLP-UC, Portugal)
-
Que critérios da banda sonora de um filme Ao descrever Conversa Acabada (1981)
levam espectadores a imprimir um estatuto como um filme “sem profundidade, à
de valor estético ao som dessa obra, superfície, como se os atores fossem
classificando-a como boa ou ruim? Esta marionetas portadoras de texto”, João
comunicação pretende examinar a noção de Botelho aproxima-o tanto da pintura e da
“som ruim” (JOHNSTON, 2016). Para dar fotografia como da escrita e da literatura. Já
materialidade a essa discussão, pretendemos Prospero’s books (Peter Greenaway, 1991)
realizar um estudo comparativo entre quatro recorre a um tipo de imagem produtora de
filmes pertencentes a dois ciclos de produção uma mise en abyme de constantes inscrições
que têm se notabilizado por apresentar que explora a correspondência entre a
bandas sonoras classificadas por críticos e imagem e o texto e as possibilidades do texto
espectadores, como ruins. O found footage como imagem. Ainda que distintos, aproxima-
de horror reúne um conjunto de títulos de os refletirem sobre o papel do autor e da sua
ficção, estilisticamente semelhantes a relação com a escrita, por via de uma
documentários (HELLER-NICHOLAS, 2014). dinâmica onde a geração e a fixação da
Os filmes mumblecore são microproduções imagem advêm do próprio texto, apresentado
de baixíssimo orçamento, produzidas entre como pré-existente às imagens e como
os anos 1990 e 2000. Em geral, são dramas estrutura para a sua composição. Assim, a
que retratam o cotidiano inerte da geração de comunicação pretende comparar as
jovens de 20 e poucos anos (DIAS, 2008). De modalidades de representação da escrita na
modos distintos, os dois ciclos parecem imagem dos dois filmes. Começando por
valorizar uma noção de realismo baseada em apresentar as conceções de escrita no filme
imagens e sons que buscam uma estética do e de filme enquanto escrita, serão depois
improviso, de modo a manter uma distância apontadas as diferentes refrações
calculada da estética audiovisual dominante. intermediais e reflexivas entre os seus
Ambos possuem interesse em exibir marcas elementos visíveis, legíveis e oralmente
oriundas de um suposto amadorismo no realizados, distinguindo a forma como estes
tratamento sonoro. São ciclos de produção filmes inscrevem os seus textos-base num
que valorizam características sonoras novo medium para representar o “espaço
normalmente consideradas como ruins. A mental” da escrita. Propondo que o escritor
comunicação gostaria de proceder à análise no filme escreve o próprio filme, será
de cenas de quatro filmes: [Rec], de Jaume comentada a forma como ambos apresentam
Balagueró e Paco Plaza; Cloverfield – os mecanismos da sua fabricação, como a
Monstro, de Matt Reeves; LOL, de Joe representação da escrita se relaciona com
Swanberg (2006), e Quiet City, de Aaron Katz essa subversão da ilusão de representação e
(2007). como estes casos podem ampliar os modos
de compreensão da imagem em movimento.
H 19 maio
11h30 — 13h15
H1
Cinema e Pensamento

Sentidos do mundo: o cinema a partir da Cinema e Cristianismo / O segredo da fé


teologia de Paul Tillich segundo Pier Paolo Pasolini
Sérgio Dias Branco Diogo da Nóbrega e Silva
(IFILNOVA-UNL/UC, Portugal) (IFILNOVA-UNL, Portugal)
- -
O teólogo luterano Paul Tillich dedicou parte Este ensaio tenta, no essencial, mostrar
da sua obra ao pensamento sobre a cultura. como a aproximação de Pasolini, configurada
Para ele, a cultura é uma função específica na obra Il Vangelo Secondo Matteo (1966),
do processo que é a vida humana. Esta ao longo e venerável corpo de referências
função está ligada à auto-criatividade através que o cristianismo recobre, nomeadamente
da qual os seres humanos dão sentidos ao ao Deus que se desenha no chão cultural da
mundo para eles mesmos. No campo da arte, sua tradição, das Igrejas aos Evangelhos,
a cultura como relação com o mundo tem desconstrói a indemnidade da figura em que
uma expressão estética, terreno no qual se este se arvora e propõe, no anúncio de uma
inscrevem as ambiguidades da existência responsabilidade sacrificial e de uma
humana, o estranhamento da humanidade economia da salvação. Consideraremos, em
em relação a si mesma e ao mundo onde particular, a interrupção ou desvio de um
vive. O contributo de Tillich para a teoria do horizonte de sentido em que a fé (do gr.
cinema tem sido ligado a teóricos como Pistis, do hebr. Emounah) se re-conhece e
André Bazin, tomando o realismo e a propõe como crença, i.e., como um saber
revelação como temas principais. Esta vago e idolátrico, sempre já compreendido
comunicação propõe algo diferente: o esboço como devir eclesiástico, no equívoco,
de um entendimento do cinema como propriamente, ontológico em que o humano
reflexão teológica a partir da teologia de se promete a um a priori do visível, na figura
Tillich. O centro desta investigação é a de um Deus que se sustém a si próprio como
relação entre o eu e o mundo. No terceiro princípio e substância do mundo. A este
volume da sua Teologia Sistemática, o título, ver-se-á como a sucessão de imagens
teólogo argumenta que uma verdadeira união que Pasolini desenha e expõe, do
entre o eu e o mundo pode ser alcançada no enquadramento à montagem, íntima e
encontro estético, no interior das limitações visibiliza a possibilidade de uma fé
próprias do eu e do mundo. Tillich considera ateológica, sem condição, na confiança ou
que o eu não é atomizado. No mesmo fidelidade incondicional à vinda ou evento
volume, ele explica a interdependência polar (Ereignis) do outro como outro, e como tal
entre a individualização (ou “criação do eu”) e inacessível ou secreto na sua fonte, no
a participação (ou “integração do eu”). desmoronamento de uma figura soberana e
Noutras palavras, a arte é uma actividade tão hierárquica (do gr. hièros, “sagrado”) como
individual como integrada, tão pessoal como fundamento transcendente do humano.
social. No cinema, arte colaborativa e arte de
massas, estes traços tornam-se evidentes.
H1
Cinema e Pensamento

A cena fílmica e o tempo dos Hibridismo e prosódia no cinema


trabalhadores: figuras do proletário Ana Isabel Soares
Érico de Araújo Lima (UAlg, Portugal)
(UFF, Brasil / Paris 3, França) -
-
Buscaremos discutir a respeito da figura do A questão de que se parte neste ensaio
proletário em alguns filmes do cinema dirige-se à possibilidade de estabelecer
brasileiro contemporâneo, num retorno metodologias de leitura (entendida como
acentuado de uma meditação sobre relações receção crítica) das obras cinematográficas.
de classe. Com os gestos dessas obras, está Ora, uma metodologia passa por integrar não
em jogo o próprio desafio de pensar, por só o método, mas um conjunto de
meio do cinema, a questão do trabalho como ferramentas - e estas devem, à partida,
fundante da nossa experiência histórica e ajustar-se às características dos objetos a ler.
coletiva. Tomaremos em cotejo os seguintes O pensamento de autores como Arlindo
filmes: Dias de Greve (2009), de Adirley Machado ou Hans Gumbrecht sobre como
Queirós, O trabalho enobrece o homem entender estes objetos particulares que são o
(2013) e Ruim é ter que trabalhar (2014), cinema ou fenómenos estéticos em geral
ambos de Lincoln Péricles. Trata-se aqui de passa por uma ideia de hibridismo, de
considerar esses filmes inseridos em miscigenação como eixo fundamental para
algumas viragens da história do cinema e uma interpretação possível do mundo e dos
também de indagar, com eles, sobre o seus objetos. Num momento em que o
próprio conceito de proletário e de política. cinema propõe (através da multiplicação de
Nos trabalhos dos realizadores, a experiência técnica, tecnologia e estilos) a diluição dos
histórica e de classe são aspectos géneros fílmicos enquanto categorias
fundamentais para elaborar uma indagação teorizáveis, uma genologia corre o risco de se
em torno dos modos de gestão dos tempos tornar desinteressante, por obsoleta e quase
dos sujeitos na comunidade. Nosso percurso paradoxal (fará sentido falar, por exemplo,
se dedicará às estratégias formais singulares em docu-ficção, se os objetos que se procura
de cada filme e será também acompanhado encaixar nessa categoria parecem esforçar-
de dois movimentos concomitantes. De um se, precisamente, por escapar a quaisquer
lado, numa visada histórica, trata-se de categorizações?). Se a complexificação
pontuar como as questões de classe são estimula o pensamento, um dos caminhos da
figuradas, com variações, ao longo dos reflexão a partir desse desafio é pensar a
caminhos do cinema brasileiro. De outro lado, forma, tentando estabelecer que desenho, ou
pretendemos traçar um diálogo com algumas que estrutura, se associa a determinada
bases do pensamento de Jacques Rancière, experiência estética, incitando-a. Gumbrecht
a respeito do lazer sensível do operário. propõe o conceito de prosódia para entender
Trata-se de considerar a disputa por múltiplos algumas das perplexidades geradas pela
modos de ocupar o tempo como questão ruptura dos limites entre géneros artísticos:
constituinte da vida política. poderá falar-se de uma prosódia fílmica?
H2
GT O Cinema e as Outras Artes (II)

Cinema, tecnologia e corpo: a experiência A cidade em fluxo: os paradoxos do


sensorial em San Marco Flow tempo nos filmes de Adam Magyar
Antonio Fatorelli Victa Pereira da Silva
(ECO-UFRJ, Brasil) (ECO-UFRJ, Brasil)
- -
Após a disseminação das tecnologias digitais Cada vez mais artistas e diretores apostam
em todos os domínios da experiência, no livre trânsito entre a fotografia e o cinema
importa indagar-se sobre a natureza da – linguagens, suportes, temporalidades e
imagem na contemporaneidade. Por um lado, subjetividades – apresentando suas obras
as transformações introduzidas pela através de dispositivos que atravessam os
codificação digital modificam limites técnicos e conceituais historicamente
substancialmente o nosso entendimento do a eles associados. A imagem contemporânea
que seja a imagem. De forma complementar, integra um amplo cenário de miscigenações,
esses novos arranjos colocam em no qual as questões apresentadas parecem
perspectiva as crenças que balizaram as indicar a criação de um novo regime de
imagens analógicas. A instalação San Marco visibilidade onde predominam os fluxos, as
Flow (2005), de David Rokeby, encontra-se instabilidades e as multiplicidades, na direção
fortemente referenciada às configurações do que Raymond Bellour chamou de
estéticas e conceituais criadas pelos híbridos “passagens entre as imagens”, intervalos
eletrônicos-digitais. Com efeito, suas onde efetuam-se cada vez mais as
imagens, geradas a partir do rastro contaminações de seres e de regimes
ideogramático do calor emitido pelos corpos (Bellour, 1993). Nesse contexto, fronteiras se
em movimento, desestabilizam as convicções diluem, obras se espacializam, tempos se
associadas aos meios analógicos para além multiplicam. Recentemente, uma nova
dos pressupostos técnicos. Essa obra geração de diretores voltou-se para o
confronta a iconografia das imagens cotidiano das ruas e retomou o debate sobre
analógicas precedentes, dando a ver uma a nossa experiência na cidade a partir da
propriedade dos corpos interdita à percepção banalidade de nossos condicionamentos
ocular e ao registro fotoquímico. Uma diários. A partir da série Urban Flow (2007) e
disposição que sinaliza que a imagem digital Stainless (2011), de Adam Magyar,
encontra-se referida a um regime particular observaremos o tensionamento de
do sensível, de natureza sinestésica, que determinados modelos de inteligibilidade da
convoca, além do olhar, o corpo imagem em movimento e a instauração de
multissensorial. Portanto, uma confirmação temporalidades paradoxais e incompossíveis
de que, nesse momento de transição do que emergem no intervalo entre a fixidez da
analógico para o digital, o que está em jogo imagem e o movimento ralentado. Em uma
não é o abandono do real, a criação de concepção que aproxima fotografia, cinema e
mundos artificiais ou a emergência de uma novas mídias, este estudo busca nas tensões
nova modalidade de ilusão, mas a do cotidiano urbano, as possibilidades para
relativização da importância do ótico e do pensar as experiências do tempo e os
visual, no âmbito de um regime que mobiliza desafios do cinema na contemporaneidade.
o corpo na sua complexidade sensorial e
sinestésica.
H2
GT O Cinema e as Outras Artes (II)

Do cinema para a fotografia: uma questão Movendo imagens estáticas – o


epistemológica e de método audiovisual
Catia Silva Herzog Fernanda Bastos
(UERJ/UFRJ, Brasil) (ECO-UFRJ, Brasil)
- -
Através da obra de fotógrafos, cineastas e O cinema nunca se separou completamente
artistas, como o trabalho de Holland Day, The de sua origem fotográfica e na larga fronteira
seven words (1898) e a série Film Stills de que os une habitam diversas experiências
Cindy Sherman, procuramos investigar a artísticas que ocupam tanto o espaço do
assimilação de métodos e técnicas do cinema – principalmente pelo viés
cinema pela fotografia e vice- versa. A ideia experimental, como é o caso dos fotofilmes
de movimento é considerada, geralmente, a de Agnés Varda e Chris Marker, por exemplo
marca distintiva entre a fotografia e o cinema –, como o espaço da arte, com cinema de
e toda uma tradição crítica elege conceitos museu ou galeria, instalações fotográficas
como suspensão temporal e recorte espacial e/ou multimídia etc. Atualmente, cinema e
como fundadores da fotografia. O que se fotografia se fundiram através da tecnologia
observa nas obras aqui tratadas é a digital, mas persistem como linguagem e
subversão dos conceitos de espaço e tempo saber. Nesse artigo abordaremos duas
na fotografia e no cinema. Na medida em que instalações fotográficas brasileiras que
as linguagens artísticas promovem mais pensam o cinema a partir de imagens
trocas, assimilações, apropriações – aquilo estáticas, são elas: Bloco de experiências in
que poderíamos chamar de “modo colagem”, Cosmococa - program in progress (1973), de
multiplicam-se as teorias que escondem uma Hélio Oiticica e Neville D’Almeida e i (2004),
profunda crença na pureza da arte e suas de Rosângela Rennó. O que chamamos aqui,
linguagens: trata-se do enfrentamento entre genericamente, de instalações fotográficas,
os pesquisadores da história e teoria das até o início da década de 1980, era chamado
artes com um universo que a cada momento, de audiovisual e se referia especificamente a
e de forma cada vez mais acelerada, uma projeção em diapositivos de imagens
desconcerta pelo deslocamento constante fotográficas acompanhados de sons
dos lugares tradicionalmente estabelecidos gravados em fita cassete: música, ruídos,
dos espectadores-autores, pela apropriação narração, diálogos etc. (Parente, 2013) O
do espaço público como lugar da realização audiovisual foi um formato bastante
artística, pelo hibridismo entre linguagens. As explorado no Brasil, na primeira metade dos
ideias de Aby Warburg, como a de anos de 1970, por artistas como: Ana Bella
sobrevivência (Nachleben), serão abordadas Geiger, Ana Maria Maiolino, Antonio Manuel,
no sentido de trilhar um caminho de Artur Barrio, Carlos Vergara, Hélio Oiticica,
compreensão da arte e, talvez, do Lygia Pape entre outros.
pensamento em geral: a sobrevivência de
fórmulas estéticas na arte traduz o espírito
conciliatório, mais que disruptivo, das
práticas artísticas contemporâneas.
H3
Cinema Brasileiro (II)

Segredos da Tribo, um filme de Suplemento de cultura cinematográfica:


escândalos? presença da crítica brasileira na revista
José Ribeiro Celulóide
(UFG, Brasil / CEMRI-UAb, Portugal) Pedro Pinto
- (UFPR, Brasil)
-
O filme Segredos da tribo (2010) de José Estudo da contribuição da crítica
Padilha investiga um escândalo de há cinematográfica brasileira aglutinada a partir
décadas que divide a comunidade científica de meados dos anos 1950 no “Suplemento
internacional. O escândalo é, pela primeira Literário” do jornal O Estado de S. Paulo. A
vez, abordado pelo jornalista Americano polarização da figura de Paulo Emilio Salles
Patrick Tierney no livro Darkness in El Gomes, da Cinemateca Brasileira, e o
Dorado, denunciando o biólogo James Neel, trabalho sobre textos publicados em Portugal
notável pela pesquisa realizada sobre permitem verificar algumas das condições do
desenvolvimento da genética humana e o surgimento dos novos cinemas brasileiro e
antropólogo Napoleón Chagnon autor de uma português. As discussões presentes no
obra considerada de referência sobre os Suplemento Literário ganham espaço na
Yanomani, Yanomamö: The Fierce People revista Celulóide, em Portugal: o papel do
(1968) são ainda referidos comportamentos cineclubismo, a importância das
pedófilos de Kenneth Good que casara com cinematecas, os ecos do projeto Vera Cruz, a
uma menina de 12 anos com a qual teve três novidade da jovem crítica e a emergência do
filhos e ainda e abusos homosexuais do Cinema Novo brasileiro. O clima de novidade
antropólogo e linguista francês Jacques Lizot. que marcou o ano de 1959 e 1960 na crítica
Escandaloso ainda o fato de José Padilha se especializada no Brasil ganha uma
ter inspirado no filme da antropóloga repercussão que é também o gatilho de uma
jornalista Nadja Marin de Napëpë (2004), relação definida, neste primeiro momento,
premiado no 8th Gottingen International pela receção de textos pela revista
Ethographic Film Festival. O filme apresenta portuguesa. Verifica-se a presença de textos
problemas éticas ao deixar de lado a versão de Walter Hugo Khouri, do próprio Salles
dos Yonomani e o papel dos Salesianos Gomes, de Almeida Salles, de Gustavo Dahl
nesta pesquisa, sobretudo como mediadores e de cineclubistas como Rubens Francisco
entre os pesquisadores, os cienastas e os Lucchetti. Do lado da crítica portuguesa,
Yonomani. Pretendemos a partir da Fernando Duarte e Carlos Vieira repercutem
abordagem do dos filmes refletir sobre as o clima de transição do período nacional-
questões éticas e políticas na pesquisa desenvolvimentista na crítica brasileira. O
etnográfica realizada pelos antropólogos e cotejamento do projeto original do
pelos cineastas documentaristas que durante “Suplemento Literário”, escrito por Antonio
50 anos foram objeto de escândalo e Candido, dos textos publicados pela coluna
polémicas em torno da pesquisa em biologia de cinema coordenada por Paulo Emilio S.
e em antropologia. Gomes e dos textos de Celulóide traz à
compreensão alguns dos elementos
fundadores da nova dinâmica do cinema
moderno entre os dois países.
H3
Cinema Brasileiro (II)

O Ébrio e a restauração editorial Divórcio: do ocaso do caipira à


Débora Butruce “agrochanchada” dos novos-ricos
(USP, Brasil) Fabio Camarneiro
- (UFES, Brasil)
-
Este trabalho pretende analisar a restauração A figura do caipira marcou o imaginário
do filme O ébrio (Gilda de Abreu, 1946) e de brasileiro do século XX: o trabalhador rural
que forma este processo se encaixa no pobre, um tanto ingênuo e bem intencionado,
método conhecido como “restauração espécie de bom selvagem (Rousseau) do
editorial”. As chamadas restaurações campo, um Cândido (Voltaire) da roça. Do
editoriais, prática corrente nos arquivos de personagem Jeca Tatu (Monteiro Lobato),
filmes antes da década de 1980, eram passando pelos filmes de Amácio Mazzaropi,
constituídas por procedimentos que visavam até obras de Ozualdo Candeias (Zezero) e
a recuperação da ordenação original de um André Klotzel (A marvada carne), essa figura
filme que porventura tivesse sido adulterado povoou os imaginários literário e
por motivos diversos (cortes de censura ou cinematográfico brasileiros. Porém, as
de produtores, versões para televisão, mudanças sociais vividas nos últimos 20
motivação do diretor, etc), priorizando o anos, com a ascensão das classes médias,
aspecto “narrativo” das obras. Uma vez que transformaram o caipira: com acesso ao
não intervém diretamente nos constituintes consumo e inserido na indústria cultural –
imagéticos e sonoros de um filme, a com o sucesso da música sertaneja – a
restauração editorial também costuma ser ingenuidade e o bom mocismo deram lugar à
classificada por alguns autores como sendo malandragem e ao empreendedorismo.
“recuperação” ou “reconstrução”. No caso de Divórcio (2017), comédia de Pedro Amorim,
O ébrio, a restauração possibilitou a retrata essa mudança ao narrar a história de
remontagem da obra com a duração próxima um abastado casal de Ribeirão Preto, no
do original, além da recuperação de parte da interior de São Paulo. Sai de cena o caipira e
fotografia do filme e da banda sonora, surge em seu lugar o grande proprietário
bastante deteriorados por conta da exaustiva rural, que reclama a importância de seus
copiagem dos negativos originais. O que era valores sociais e culturais: um Brasil mais
tido como erro de montagem, em função da arcaico e conservador (e masculino), que se
adulteração da obra provocada pelos cortes relaciona de maneira tensa (marcada por
na versão de 87 minutos que circulava até negações e aproximações) com o
então, ganhou nova significação com a cópia cosmopolitismo (feminino) da grande
restaurada. Desta forma, a análise do metrópole. Com o filme, surge um subgênero
restauro de O ébrio não somente permite a da comédia brasileira, a agrochanchada, que
reavaliação do lugar do filme na historiografia afirma os valores de um grupo social que
do cinema brasileiro, mas também a cada vez mais tem mais poder na política
reconstituição de aspectos históricos nacional, conhecida no Congresso Nacional
relevantes da trajetória das tecnologias como a “bancada do boi”.
cinematográficas brasileiras e suas
implicações.
H4
GT Paisagem e Cinema (I)

Vestígios da memória em Nostalgia da Luz Paisagens assombradas: a narração em


Ana Costa Ribeiro off no documentário
(UERJ, Brasil) Filipa Rosário
- (CEC-UL, Portugal)
-
A fim de aprofundar a pesquisa sobre a No cinema, a voz age como o mais
relação entre paisagem e memória, seria importante marcador sonoro; ela impõe uma
interessante fazer uma reflexão acerca da hierarquia da percepção, em detrimento da
noção de vestígio. Segundo o filósofo música, efeitos e silêncio — o
Emmanuel Lévinas, “o vestígio é a inserção “vococentrismo” que Michel Chion refere
do espaço no tempo”. O corpo que passa (1982: 15). Ela ultrapassa fronteiras
deixa um rastro na paisagem. São as marcas diegéticas, criando muitas vezes significado
dessa passagem que inscrevem memória fílmico de forma disruptiva. Em articulação
nos espaços. Nesse sentido, a relação entre com a imagem a que está ancorada, a voz
paisagem e memória se faz através de revela diferentes potencialidades. Zéfiro de
negociações entre lembrança e José Álvaro Morais (1994), Ruínas de Manuel
esquecimento. O vestígio encontrado em Mozos (2009) e É na Terra não é na Lua de
determinada paisagem permite que algo seja Gonçalo Tocha (2011) são filmes sobre
lembrado e, ao mesmo tempo, que algo seja espaços portugueses que apresentam
esquecido. O vestígio é um índice de que diferentes tipos de tensão entre a imagem e a
algo se passou em determinado espaço. palavra. Eles encenam de formas distintas
Assim, estabelece uma ponte entre espaço e esse jogo de poder, levando a que o
tempo. Segundo o pensador Andreas espectador seja confrontado com espaços
Huyssen, a memória não se dá somente no físicos e espaços simbólicos diferentes.
tempo: “A memória, é claro, não diz respeito Tratam-se de documentários sobre lugares
apenas ao tempo, mas é sempre — respectivamente, o Sul de Portugal, ruínas
espacializada em contextos nacionais, portuguesas e a ilha do Corvo, nos Açores. A
urbanos e daí por diante. Então, tempo e comunicação irá apresentar uma análise da
espaço devem ser pensados juntos e eu não relação entre paisagens filmadas e aquilo em
pensaria em separá-los, mas sim em vê-los que elas se tornam quando confrontadas com
em sua relação dialética”. Este trabalho o comentário em off que as assombra. Ou
estabelece relações entre memória e seja, iremos perceber o que esta voz sem
paisagem no filme Nostalgia da Luz a partir corpo acorda na imagem, assim como a
da noção de vestígio. No filme, o realizador natureza dos espaços espectrais que surgem
Patricio Guzmán investiga os mistérios de precisamente dessa sobreposição.
uma paisagem – o deserto do Atacama - para
se questionar acerca da memória de um país
– o Chile. Através da observação dos
vestígios encontrados no deserto chileno,
Guzmán chega à sua principal temática: a
memória dos presos políticos desaparecidos
na ditadura de Pinochet.
H4
GT Paisagem e Cinema (I)

Ruínas do progresso: o documentário de Um Lugar ao Sol: paisagem e


ficção científica e a (re)construção de estranhamento em Gabriel Mascaro
Brasília Sandra Fischer & Rafael Teixeira
Guilherme Carréra Campos Leal (UTP-Pr, Brasil)
(U. Westminster, Reino Unido) -
-
Se o cinema brasileiro dos anos 1990 e 2000 O trabalho ocupa-se de Um Lugar ao Sol
recorreu fortemente ao realismo como meio de (Gabriel Mascaro; Brasil, 2009).
abordar questões nacionais, a produção mais Documentando uma fatia do cenário urbano
recente parece lançar mão do que Prysthon do Recife contemporâneo, paisagem
(2015) cunhou como sendo um “realismo sob predominantemente animada, ali, por figuras
rasura”. Geralmente relacionados a gêneros significativamente representativas do
cinematográficos como o horror e a ficção segmento economicamente privilegiado dos
científica, esses filmes tentam explorar a habitantes da cidade, o filme de Mascaro
realidade através de narrativas um tanto mais desenvolve-se no espaço/tempo de
ambíguas e provocativas. Em termos de cotidianidades cujo semblante coloca em tela
produção documental, os cinemas de Adirley a face ‘esquisita’ de um país distante daquele
Queirós e Ana Vaz são exemplos apropriados que exibia, em obras cinematográficas
de uma arte interessada em desafiar não só os produzidas em um passado ainda
limites entre ficção e não ficção, mas também relativamente próximo, a pujança de sua
os limites da compreensão da realidade. Nesta natureza exuberante; ou, em se tratando de
apresentação, discutirei a representação da produções realizadas em tempos
espacialidade de Brasília e as conseqüências efetivamente mais recentes, daquele cujos
da construção da nova capital, a partir da obra filmes revelavam as agruras de camadas
dos dois cineastas. Ao contrário, por exemplo, sociais injustiçadas e pouco afortunadas. A
de Brasília: Contradições de uma Cidade presente comunicação propõe uma reflexão a
Nova, de Joaquim Pedro de Andrade (1967), e respeito 1) de aspectos ético/estéticos
Conterrâneos Velhos de Guerra (1990), de verificados nas imagens da paisagem urbana
Vladimir Carvalho, Branco Sai, Preto Fica que se apresenta no documentário em foco;
(2014), de Queirós, e A Idade da Pedra (2013), 2) do estranho (na acepção freudiana do
de Vaz, seguem uma estratégia incomum para termo) que, de maneira surpreendente e algo
dar conta das premissas e dos paradoxos da surreal (à moda buñuelesca), emerge em
cidade modernista por excelência (Holston, meio às sequências derradeiras e instala-se
1989). Embora interessados em metodologias no ambiente fílmico – contaminando-o
cinematográficas distintas, tanto Queirós como retrospectivamente, ressemantizando o já
Vaz recorrem a alegorias de ruínas, a fim de visto, e prospectivamente, anunciando
jogar luz sobre questões nacionais, como a porvires; 3) da potência subversiva resultante
relação entre progresso e dos arranjos estéticos que articulam imagens
subdesenvolvimento. Ao fazer isso, ambos de paisagem e de estranhamento. A
reivindicam seus filmes como documentários movimentação daí resultante, em suas
de ficção científica. ondulações e fricções, tende a provocar no
espectador o desconforto que incita e dá
lugar a possibilidades de análise crítico-
transformadora.
I19 maio
16h30 — 18h15
I1
Adaptações

Meditações sobre a adaptação a partir de Branca de Neve: aproximação à tradição


Uma Abelha na Chuva oral em João César Monteiro
Elisabete Marques Ana M. M. Santos
(ILCML-UP, Portugal) (UBI, Portugal)
- -
Uma Abelha na Chuva (1971), de Fernando Nesta comunicação, pretendo examinar o
Lopes, é uma adaptação do romance filme Branca de Neve (2000), de João César
homónimo de Carlos de Oliveira (1953), à Monteiro, a partir de duas perspetivas: a
qual por vezes se associa o adjectivo “fiel”. intertextual e a da transposição
Se a noção de fidelidade resulta da ideia de intersemiótica. O meu objetivo é demonstrar
que estamos diante de um duplicado preciso como esta longa-metragem, na era
(na forma de filme) do romance, certo é que, tecnológica, apela aos sentidos não visuais,
comparando as duas obras, é possível afastando-se da essência do cinema e
verificar diferenças significativas na sucessão sugerindo uma afinidade à tradição oral. Para
temporal, nos diálogos, bem como no enredo tanto, convoco duas obras cinematográficas
propriamente dito. De entre as várias assentes nos mesmos pressupostos e
dissemelhanças entre os dois objectos, parâmetros técnicos: Weekend (1930), de
destaca-se a aparição no filme de romances Walter Ruttmann, e Blue (1993), de Derek
que não constam no texto do escritor neo- Jarman. Recorro ainda a estudos canónicos
realista. Exemplo disso é a peça teatral feita sobre intertextualidade, transposição
a partir do romance de Camilo Castelo intersemiótica e tradição oral.
Branco, Amor de Perdição, que podemos ver
no filme mas que não aparece no livro de
Carlos de Oliveira. Que Fernando Lopes
tenha sentido a necessidade de mostrar em
Uma Abelha na Chuva encenações de outras
obras literárias, não é, a meu ver, de
somenos importância, podendo-se
compreendê-la enquanto vontade de pensar
a própria noção de adaptação através das
práticas e dos dispositivos cinematográficos.
Com esta comunicação pretendo, pois,
analisar os diversos desvios e reinvenções
do filme de Lopes relativamente ao romance
de Oliveira e avançar com uma leitura do
filme segundo a qual estará nele em causa
uma interrogação sobre “adaptações” e sobre
as relações intermediais entre texto,
performance e imagem.
I1
Adaptações

Branca de Neve: no limite da adaptação Um trabalho de sombra e fogo:


Catarina Maia Metzengerstein, de Edgar Allan Poe,
(CEIS20-UC, Portugal) adaptado por Roger Vadim
- João de Mancelos
(UBI, Portugal)
-
Branca de Neve é, porventura, o filme mais Há meio século que a sétima arte se vem
odiado e mais mal entendido da obra de João rendendo à obra do escritor norte-americano
César Monteiro e, simultaneamente, um dos Edgar Allan Poe (1809-1849). A sua
que nos merece uma atenção redobrada. No prodigiosa imaginação, a estranheza dos
contexto da análise das relações entre enredos e um estilo literário fortemente visual
literatura e cinema, Branca de Neve, que têm seduzido realizadores como Roger
parte do poema dramático homónimo de Corman, Federico Fellini, Louis Malle e, nos
Robert Walser (já em si um trabalho sobre o últimos anos, George Higham. Nesta
conto dos irmãos Grimm), é, como exemplo comunicação, foco-me no conto
extremo de desafio à soberania das imagens, “Metzengerstein”, transposto para o cinema
particularmente estimulante pelas por Roger Vadim, um trabalho fílmico ainda
interrogações formais e estéticas que levanta pouco estudado. O meu objetivo é
sobre as dificuldades e os limites da demonstrar como esta história de culto, obra
adaptação. Quando as “imagens em do escritor maldito da época, foi transformada
movimento” determinam o que é o cinema, em filme. Para tanto: a) comparo a narrativa
Branca de Neve faz-nos questionar o lugar fílmica e a literária, relativamente a
que nele ocupam o texto, a palavra ou a voz. personagens, enredo, local e época; b)
O objectivo desta comunicação é ajudar a analiso os mecanismos complexos da
pensar sobre esse lugar e sobre o modo transposição intersemiótica; c) saliento a
como a imagem negra que domina o filme irreverência subversiva do realizador. De
representa, mais do que uma mera modo a escorar o meu ensaio, recorro ao
provocação, uma interpretação penetrante do trabalho de especialistas em Poe, Vadim e
texto de Walser. adaptação cinematográfica.
I2
GT O Cinema e as Outras Artes (III)

Cinema e arquitetura: Roma é uma criação A presença da pintura e do teatro em


arquitetónica dos cineastas? Derek Jarman e Peter Greenaway
Anabela Dinis Branco de Oliveira Nelson Araújo
(UTAD/LabCom.IFP-UBI, Portugal) (CEAA-ESAP, Portugal)
- -
Conquistar diálogos entre cinema e O cinema britânico tem, ao longo da sua
arquitetura é analisar espaços ou planos? Os história, sido acusado de falta de identidade,
espaços arquitetónicos são projetos ou conectando-se, esta ausência de
protagonistas? São espaços de reflexão autenticidade, ao domínio americano. Truffaut
cinematográfica ou espaços de análise disse mesmo que términos como cinema e
arquitetónica? Os enquadramentos, os britânico são incompatíveis e Alberto Seixas
planos e os fora de campo definem a cidade Santos afirmou também que “os ingleses têm
arquitetónica ou a cidade cinematográfica? A uma relação difícil com o cinema”. A
arquitetura torna-se numa arte de movimento subvalorização desta cinematografia parece
espacial e de sequências temporais? Existe, estar em divergência com uma profícua
na criação cinematográfica, a inevitabilidade história da arte capaz de se constituir uma
do espaço arquitetónico? Que funções têm, referência mundial. As reações artísticas à
arquitetos e cineastas, na dinamização do servidão americana exteriorizam momentos
espaço e na espacialização do tempo? Roma de diálogo com outras artes, ficando as obras
é laboratório de uma intensa fusão fílmicas afetadas por uma dimensão
(alquímica?) entre cinema e arquitetura. Em libertadora, diagnosticando-se, aqui, o
Roma, os cineastas realizam o filme de uma epicentro desta comunicação. Tomando
cidade ou ela própria se transforma na cidade como exemplo, a obra de Derek Jarman e
de um filme? Constitui-se como a arquitetura Peter Greenaway, pretende-se sinalizar o
do próprio filme? Torna-se personagem, excedente artístico que promana dos fluxos
título, espaço máximo de reflexão intertextuais a que estes dois cineastas
arquitetónica e cinematográfica? Um conjunto recorrem, nomeadamente os recursos
de questões e um diálogo entre os cineastas pictóricos e teatrais.
Roberto Rossellini (Roma, Cidade Aberta,
1947), Vittorio de Sica (Ladrões de Bicicletas,
1950), William Wyler (Férias em Roma,
1953), Federico Fellini (La Dolce Vita, 1970 e
Roma, 1972), Ettore Scola (Feios, Porcos e
Maus, 1976), Peter Greenaway (O Ventre de
um Arquiteto, 1987), Woody Allen (Para
Roma com Amor, 2012) e os arquitetos Jean
Nouvel, Ricardo Porro, Mallet-Stevens, Paul
Chemetov e Roland Castro. Um conjunto de
questões submersas na procura de uma
identidade estética para uma cidade, na
construção de uma talvez inevitável fusão.
I2
GT O Cinema e as Outras Artes (III)

Dramaturgias da alteridade: robots O Teatro Noh e a tangibilidade do real: A


humanoides em televisão e cinema estética do cinema japonês e a percepção
Graça P. Corrêa da temporalidade ocidental
(CFCUL / CIAC-UAlg, Portugal) Gisele Onuki
- (UTP/UNESPAR, Brasil)
Em 1920, na peça de teatro intitulada R.U.R., Eric Yazawa
o dramaturgo Checo Karel Čapek introduziu o (PUCPR, Brasil)
termo “robot”, para denotar autómatos de -
aparência humana, dotados de inteligência e As produções audiovisuais japonesas, bem
emotividade artificial . Desde então, a como as animações, portam relevantes
presença de robots humanoides passou a ser elementos enunciativos derivados dos
recorrente no cinema de ficção científica, com pressupostos poéticos e filosóficos do Teatro
destaque para Metropolis de Fritz Lang Noh, que intentam promover efeitos de sentido
(1927), Blade Runner de Ridley Scott (1982) e de presença para (in)tangenciar e prover uma
e A.I. de Steven Spielberg (2001). Mais possível experiência, ou não, do real,
recentemente, a vasta popularidade da independentemente do estilo fílmico. Para
temática da inteligência artificial e da estética sustentar essa hipótese, foco central desta
andróide na produção cultural investigação, parte-se da condição sensível do
contemporânea — como atestam, entre ator social ocidental que recepciona uma obra
outros, as séries televisivas Humans (2015) e idealizada essencial e culturalmente no oriente
Westworld (2016), bem como os filmes para uma possível compreensão da construção
Transcendence (2014) e Ex Machina (2015) social da realidade sob o viés das percepções
— sugere a necessidade de uma análise do temporais ocidentais sobre a estética japonesa,
papel dos robots humanóides na sociedade, provida de simplicidade e mistério. Logo, nos
bem como da relação entre tecnologia e reportaremos à animação Kimi no Na wa (君の
natureza humana. Neste sentido, e através 名は – Your Name), realizada e escrita por
de uma lente reflexiva crítica proveniente da Makoto Shinkai, para subsidiar a compreensão
relação entre a filosofia e a ficção para dos aspectos sinestésico e a possível
cinema e televisão, esta comunicação correlação entre códigos cinematográficos e do
examina a forma como a alteridade Teatro Noh que, de forma sensível, suscitaram
humanoide é construída em algumas obras um diálogo universal que despertou interesse
acima mencionadas, com vista a evidenciar crítico de alcance considerável, visto seu
os seus aspectos eco-filosóficos e ético- sucesso nas bilheterias do Japão e no ocidente.
políticos. O método de investigação será pautado na
Estética da Recepção e Dialogismo, ao
considerar os estudos cinematográficos da
película japonesa enquanto decodificadora de
signos e nas diferentes formas interacionais
aquém do espectador ocidental, que
oportunizam a invocação de sentidos
divergentes, em termos de perspectiva e
apreensão sensível, de acordo com o repertório
interpretativo de cada receptor.
Mulheres e Cinema

I3
Superando a invisibilidade: as mulheres Virgínia de Castro e Almeida: recuperando
na cinematografia brasileira a partir dos memórias do cinema e guionismo em
anos 1990 Portugal
Lívia Perez de Paula Ana Sofia Pereira
(ECA-USP, Brasil) (FCSH-UNL, Portugal)
- -
Este estudo reflete sobre os mecanismos, Virgínia de Castro e Almeida é uma pioneira
fatores e processos - políticos, históricos e do cinema português: a primeira mulher
sociais - que contribuíram para a crescimento guionista portuguesa de que se tem
considerável da autoria feminina no cinema conhecimento até à data, bem como a
brasileiro a partir dos anos 1990. Além de primeira mulher produtora no panorama
levar em conta aspectos internos como a nacional. Numa área que se considera, ainda
criação da Lei do Audiovisual em 1993 e a hoje em dia, muito masculinizada (tal como
criação da ANCINE em 2002 o trabalho têm revelado diversos estudos nacionais e
também considera aspectos externos que internacionais) Virgínia de Castro e Almeida,
podem ter influenciado esse quadro como a cerca de 1922, conseguiu criar o seu espaço
chamada quarta onda do feminismo. no cinema em Portugal. Porém, actualmente,
o seu papel na história do cinema nacional é
quase ignorado e a autora é commumente
denominada como uma mera diletante do
cinema em Portugal que se terá dedicado ao
cinema por capricho e não por vocação e
que, por isso mesmo, não merece demasiada
atenção. No seguimento do estudo que tenho
vindo a completar para o meu doutoramento
(quanto a mulheres guionistas e o cinema no
feminino em Portugal), Virgínia de Castro e
Almeida torna-se numa peça fundamental
para descortinar os primórdios da escrita de
guiões e narrativas no feminino em Portugal.
Conquanto a produtora e guionista tenha
produzido apenas dois filmes, A Sereia de
Pedra e Os Olhos da Alma, e pese embora a
dificuldade de análise dos mesmos
(atendendo à falta de informação disponível
quanto a estes e ao facto de não haver
sequer registo fílmico de um dos filmes, A
Sereia de Pedra), o estudo de Virgínia de
Castro e Almeida e a recuperação desta
figura para a memória da história do cinema
nacional é fundamental. É justamente essa
tarefa que esta comunicação procura
completar.
I3 Mulheres e Cinema

Virgínia de Castro e Almeida, uma


produtora feminista no cinema mudo
português
Elena Cordero Hoyo
(CEC-FLUL, Portugal)
-
Virgínia de Castro e Almeida (1874-1945) é
considerada uma das primeiras teóricas
feministas de Portugal, autora de livros
destinados ao público feminino sobre como
educar aos filhos e ser uma mulher moderna
(Samara, 2007). Apesar de ser reconhecida
como uma das mais importantes escritoras
portuguesas do século XX, a sua carreira
como produtora cinematográfica não tem sido
tão valorizada, com algumas notáveis
exceções (Nobre, 1964; Ribeiro, 1983;
Baptista, 2003). Vindo duma família da alta
sociedade e morando em França e Suíça,
Virgínia de Castro e Almeida perseguiu o
objetivo de promover a cultura portuguesa no
estrangeiro através da literatura e o cinema.
Por essa razão, fundou sua própria
companhia, chamada Fortuna Films e
produziu os filmes A Sereia de Pedra (1922)
e Os Olhos da Alma (1923), ambos baseados
em duas das suas estórias originais e
dirigidos pelo realizador francês Roger Lion.
O meu estudo, enquadrado na Teoria Fílmica
Feminista, procura avaliar e reconhecer o
papel fundamental que Virgínia de Castro e
Almeida teve na construção do cinema mudo
em Portugal. A minha hipótese é que a sua
posição de empresária esteve diretamente
relacionada com sua determinação de
envolver às mulheres na construção de uma
nova sociedade que reconhecesse a
importância da igualdade entre homens e
mulheres e visse o feminismo como uma das
“forças invencíveis destinadas a mudar a face
do mundo” (de Castro e Almeida, 1913).
GT Paisagem e Cinema (II)

I4
Roma: a cidade-memória de Federico A periferia da periferia. Paisagens da
Fellini austeridade no cinema português #2
Mirian Tavares Iván Villarmea Álvarez
(UAlg, Portugal) (USC, Espanha)
- -
Há muitos textos que teorizam sobre as Os espaços periféricos são um cenário
relações entre o cinema e a cidade. O cinema habitual na história do cinema moderno
narra, através dos seus dispositivos, a português: pode ser uma periferia urbana
cidade. E é, por meio desta narrativa, que os situada nas margens das áreas
realizadores constroem seus próprios metropolitanas de Lisboa ou do Porto, uma
universos, povoados de espaços e de periferia rural muito remota em relação com o
pessoas que transitam nas ruas das conjunto do país, ou uma periferia pós-
metrópoles que assim se convertem em colonial situada fora do território nacional. É
metáforas de si mesmas quando possível identificar, neste sentido, uma
transplantadas para o ecrã. Ao ser, por linhagem que vai de Paulo Rocha até os
essência, fragmentário, e ao envidar os cineastas que iniciaram a sua trajetória
mecanismos da memória e da atenção, o profissional no final do século passado –
cinema projeta um espaço urbano que não Pedro Costa, João Canijo, Teresa Villaverde,
corresponde ao real e que é profundamente Cláudia Tomaz – sem esquecer os filmes
subjetivo. Muitos são os exemplos da antropológicos de Manoel de Oliveira, João
representação das cidades no cinema. Mas César Monteiro ou António Reis e Margarida
há um filme que, a meu ver, faz um Cordeiro. Este interesse pela periferia
cruzamento soberbo entre a questão do continua, neste século, dentro do cinema
espaço in e out, do campo e do fora de português da austeridade, aquele que retrata
campo, da cidade e da província, da cidade e ou reflete os efeitos e consequências da
do cinema: La Dolce Vita (1960), de Grande Recessão no nível temático, formal
Federico Fellini. La Dolce Vita marca a ou alegórico. Muitos cineastas
passagem definitiva do realizador à contemporâneos têm tendência para
maturidade, a partir deste filme, a sua representar espaços rururbanos, pós-
cinematografia torna-se mais subjetiva e industriais e pós-coloniais por ser áreas
liberta-se totalmente da linearidade e da marginalizadas, afastadas dos principais
lógica formal da decupagem clássica. Roma, fluxos económicos, que sofreram
e a Via Veneto, não são apenas espaços. especialmente as consequências das
Neste filme a cidade adotada pelo políticas de austeridade a partir de 2010.
provinciano Federico Fellini, torna-se Esta comunicação propõe, portanto, analisar
o leitmotiv da ação. Ao contrário dos seus a representação de cenários periféricos em
filmes anteriores que contavam histórias, La filmes como As Mil e Uma Noites (M. Gomes,
Dolce Vita apenas espreita os personagens 2015), São Jorge (M. Martins, 2016), A
que a cidade tem para oferecer, e converte Fábrica de Nada (P. Pinho, 2017) ou Colo (T.
os espaços reais da cidade em espaços Villaverde, 2017) nos que estes espaços
simbólicos. Todo o filme foi feito em estúdio, funcionam como uma metáfora da condição
onde Fellini recriou, à sua maneira, Roma. semi-periferica de Portugal dentro de Europa.
I4 GT Paisagem e Cinema (II)

O mar como paisagem poética e política Cinema locativo - o cinema que se move
nos “documentários performativos” de Cristina B. M. Lopes
Allan Sekula (UNICAMP / Devry, Brasil)
Fernando Gonçalves -
(UERJ, Brasil)
-
Por mais de vinte anos, o mar foi o principal Propostas desenvolvidas relacionando o local
objeto do interesse do teórico, fotógrafo e à obra podem ser encontradas desde o início
cineasta americano Allan Sekula, do ponto de do século XX. Os espaços criados pelo
vista das relações entre trabalho e capital, no artista alemão Kurt Schwitters, as
contexto do comércio marítimo internacional. intervenções geográficas de Robert Smithson
Em suas imagens, o mar é construído como a partir do conceito de land art, ou ainda os
espaço e alegoria de fluxos de pessoas e trabalhos da nova-iorquina Jenny Holzer, já
bens e como paisagem imaginária e material indicavam a importância do lugar como
do mundo contemporâneo no capitalismo elemento da obra, mas só recentemente, com
avançado. A partir dos filmes The Forgotten a popularização de dispositivos móveis de
Space (2010) e Lottery of the Sea (2006) comunicação integrados com ferramentas de
serão discutidas as estratégias narrativas que geolocalização, que novas propostas de arte
combinam imagens documentais de associadas ao espaço ganharam maior
diferentes tipos, tempos e contextos. A partir destaque. O conceito de mídias locativas foi
desses filmes e com base nas noções de criado nesse contexto: para incluir em uma
montagem em Didi-Hubmerman e das teorias categoria essas novas possibilidades
interdisciplinares dos chamados “estudos de estéticas do audiovisual que se expandem a
paisagem” (landscape studies), discutiremos partir de dispositivos móveis. A ideia de lugar
também duas noções aplicadas a seu como elemento na experiência do cinema já
trabalho: a de “documentário performativo”, estava presente em propostas de simulação
presente nas análises do historiador de arte do real que vão desde os populares Hale's
britânico Steve Edwards, e a de “cinema Tours, onde eram exibidos os phantom ride
desmontado”, do próprio Sekula. Com essas (filmes registrados em película com a câmera
noções, proponho pensar suas imagens posicionada à frente de veículos em
como um dispositivo que alinha e torna movimento como trens, carros e metrôs) em
visíveis os aspectos históricos, sociais, um espaço único e em diálogo com o
econômicos e políticos da experiência dos conteúdo - ainda no início do século XX), até
lugares que documenta, através de múltiplas experiências envolvendo cinema interativo
e heterogêneas narrativas, cujos pedaços em exposições, galerias e projeções em
são espalhados e remontados para tratar de espaços públicos. É neste momento que
temas como relações de trabalho, chego ao conceito de cinema locativo. O
desigualdades econômicas e sociais e usos termo foi utilizado pelo coletivo de artistas
desleais de territórios por empresas globais. Blast Theory para definir o projeto A machine
to see with em 2010, que envolve o
desenvolvimento de uma narrativa em
diferentes espaços urbanos.
v.6, n. 1 (2019)

Ver séries de televisão, escrever crítica / Watching


television series, writing criticism
ed. Sérgio Dias Branco e Elliott Logan

Chamada de artigos aberta até / open call for


submissions until:

30.06.2018

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v1n1 – 01.2014 v1n2 – 07.2014 v2n1 – 02.2015


Dossiê ‘Cinefilia Digital’ Dossiê ‘Arte e Cinema’ Dossiê ‘Cinema Expandido’
Editor: Tiago Baptista Editor: Carolin Overhoff Ferreira Editor: Susana Viegas

v2n2 – 07.2015 v3n1 – 02.2016 v3n2 – 07.2016


Dossiê ‘Os Arquivos Fílmicos e a Dossiê ‘O que É o Cinema Dossiê ‘Outros Filmes’
memória: Documentos e Ficções ’ Português’ Editoras: Sofia Sampaio, Raquel
Editor: Vicente Sánchez-Biosca Editor: Paulo Cunha Schefer e Thaís Blank

v4n1 – 02.2017 v4n2 – 07.2017 v5n1 – 01.2018


Dossiê ‘Paisagem e Cinema’ Dossiê ‘A Longa Duração’ Dossiê ‘Música e Som no Cinema’
Editores: Filipa Rosário, Iván Editor: Tiago de Luca Editor: Manuel Deniz Silva
Villarmea e Francesco Giarrusso

grupos

de trabalho
Cultura Visual Digital A Teoria dos Cineastas
Responsáveis: Tiago Baptista; Marta Pinho Responsáveis: Manuela Penafria; André Rui
Alves; Luís Nogueira. Graça; Eduardo Baggio.

História do Cinema Português Narrativas Audiovisuais


Responsáveis: Paulo Cunha; Daniel Ribas; Responsáveis: Fátima Chinita; Maria
Rita Benis. Guilhermina Castro; Jorge Palinhos.

Cinemas em Português O Cinema e as Outras Artes



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Leandro Mendonça. Dinis Branco de Oliveira; Nelson Araújo.

Paisagem e Cinema Cinema e Educação


Responsáveis: Filipa Rosário; Iván Responsáveis: Pedro Alves; José António
Villarmea. Moreira; Elsa Mendes.

Outros Filmes
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Raquel Schefer; Thais Blank.

No sentido de melhorar a relação entre os membros e estimular as parcerias científicas, a Direção


da AIM determinou a possibilidade de criação de Grupos de Trabalho (GT) por parte dos nossos
membros. Esperamos que possam servir para agrupar os investigadores de acordo com os seus
interesses científicos e que daí resultem novas propostas científicas.

Como se adicionar aos grupos de trabalho?

Qualquer membro ativo (com as quotas regularizadas) poderá juntar-se a qualquer


grupo de trabalho existente na AIM. Para isso, deve aceder à Área de Membros,
procurar o grupo de trabalho pretendido e adicionar-se. O funcionamento de cada grupo
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Espanha), Raquel Schefer (CEC-UL, Portugal / UWC, África do Sul), Maria do Carmo
Piçarra (CEC-UL/CECS-UM), Luís Nogueira (LabCom.IFP-UBI, Portugal), Marina
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Comissão Organizadora
AIM: Daniel Ribas, Paulo Cunha, Sérgio Dias Branco, Manuela Penafria, Catarina
Maia, Ana Balona de Oliveira e Maria Guilhermina Castro.

Organização Local: Anthony Barker, Maria Manuel Baptista

Edição
AIM
 Maio de 2018

ISBN
978-989-98215-9-0

design
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aim.org.pt
Organização: Apoios:

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