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(Especialização) em Engenharia de Segurança do Trabalho
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo a verificação das divergências, nas legislações
trabalhistas e previdenciárias, do trabalhador rural comparado ao trabalhador urbano. Por se
tratar de uma pesquisa documental, esse artigo fundamentou-se no estudo e confrontação
entre leis, normas, artigos, livros e revistas pertinentes ao assunto, buscando de forma simples
e concisa, listar as principais diferenças entre o trabalhador rural e urbano. O comparativo
estabelecido entre as legislações existentes para cada classe de trabalhador, urbano e rural,
resultou em algumas poucas diferenças preponderantes, das quais se percebeu,
principalmente, o intuito do legislador de fazer discriminações positivas. Portanto, apesar da
Constituição federal do Brasil de 1988 garantir a igualdade de direitos entre urbanos e rurais,
as diferenças relacionadas nesse estudo não feriram esses preceitos. Pois, segundo o princípio
constitucional da isonomia, os desiguais devem ser tratados desigualmente na medida das
suas desigualdades. Ademais, considerando-se que não foram verificados malefícios ao
rurícola na confrontação das divergências legislativas, defende-se que são realmente positivas
as discriminações.
ABSTRACT
The present research has as objective the verification of divergences in labor and social
security legislation, of rural workers compared to urban worker. For if dealing with a
documental research, this article was based on the study and confrontation between laws,
standards, articles, books and magazines relevant to the subject, seeking in a simple and
concise, list the main differences between the urban and rural worker. The comparative
established between the laws exist for each class of worker, urban and rural, resulted in some
few differences preponderant, of which is perceived, mainly, the aim of the legislator to make
positive discernment. Therefore, despite of the Brazilian Federal Constitution of 1988
guarantee equality of rights between urban and rural areas, the differences related to this study
does not smote those precepts. Since, according to the constitutional principle of isonomy,
unequal should be treated unequally the extent its inequalities. In addition, considering that
there were verified to harm rural works confrontation of legislative divergences, defends that
are really positive discernment.
1
Técnica Administrativa do Ministério Público do Trabalho.
2
Supervisor de Excelência e Sustentabilidade Empresarial da Essencis Soluções Ambientais S.A.
3
Engenheiro Civil da Greenline Sistema de Saúde S.A.
4
Engenheiro Civil da Paraná Edificações.
5
Engenheiro de Produção.
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa levantar as principais diferenças na legislação trabalhista e na
previdenciária para o trabalhador rural comparado ao trabalhador urbano.
As formas de trabalho mudam constantemente e para acompanhar essas
transformações os direitos dos trabalhadores vêm sendo adequados à atividade laboral nas
cidades ou na zona rural. Para que os trabalhadores urbanos e rurais possam ter assegurados
os princípios básicos de saúde e segurança, leis do trabalho e previdenciárias vêm sendo
criadas e alteradas ao longo dos anos buscando equalização.
Segundo Lustosa (2001), lei é uma força que determina ao homem agir de determinada
forma com o intuito de trazer harmonia a ele próprio, a sociedade em que vive, a humanidade
e a natureza. Considerando leis como instrumento de obrigatoriedade em todos os meios em
que o homem viva e trabalhe, a legislação trabalhista rural se coloca como importante
instrumento de harmonia para o bem-estar e direitos do trabalhador rural.
A legislação trabalhista rural, segundo Cunha (2009), teve seus primeiros passos
através da Lei nº 4.214 de 1963 o que a faz considerar como “recente”. Nos anos seguintes
houve uma ampla discussão de vários pontos divergentes da legislação, que vieram a ser
aprovados apenas na promulgação da Constituição Federal de 1988.No entanto, permanecem
as discussões sobre o tratamento diferenciado ao trabalhador rural em diversas literaturas.
Sendo assim, considerou-se relevante então identificar as divergências normativas,
pois observa-se que a tendência das sociedades atuais, principalmente diante dos preceitos da
Constituição Federal, é de reivindicar por direitos iguais. Entretanto, apenas o estudo e a
confrontação da legislação possibilitam a compreensão dos motivos do tratamento distinto, de
tal modo que se possa questioná-lo ou aclamá-lo. Esse é o objetivo deste artigo, entender o
legislador para se posicionar em defesa dos trabalhadores rurais.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Trabalhador é um termo genérico que define a condição do ser humano que labora
mediante contraprestação. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) no artigo 2º da
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Ibrahim (2007) complementa afirmando que trabalhador rural é qualquer pessoa física
que lida com atividades de natureza agrícola, conquistando com isso o seu sustento.
Dentre as modalidades de trabalhador há o empregado, que é resultado da relação de
trabalho subordinado. Os requisitos presentes na relação de emprego, segundo Delgado
(2009) são: “trabalho não-eventual, prestado “intuitu personae” (pessoalidade) por pessoa
física, em situação de subordinação, com onerosidade”. Portanto, o empregado rural é uma
espécie de trabalhador rural subordinado, que labora pessoalmente e habitualmente em troca
de salário.
Legalmente, o artigo 2º da Lei 5.889 de 1973 dispõe que: “Empregado rural é toda
pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não
eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.” (BRASIL, 1973a).
De tal modo, além dos elementos caracterizadores do empregado, o conceito para o rural está
vinculado à atividade do empregador rural, que é aquele que exerce atividade agro econômica.
Logo “o empregado será rural (também chamado rurícola) sempre que seu empregador
se dedique a explorar, com finalidade econômica (visando o lucro) atividade rural.”
(RESENDE, 2013).
Explicados os termos, ressalta-se que neste artigo, por mero costume popular, a
expressão trabalhador rural por vezes será utilizada como sinônimo de empregado rural e
rurícola, o que não prejudicará o entendimento da matéria.
As NR exigem que todo estabelecimento seja equipado com material para prestação de
primeiros socorros. A NR-7, que trata sobre o programa de controle médico de saúde
ocupacional, em seu item 7.5.1, determina que esse material seja sempre mantido sobre os
cuidados de pessoa treinada.
Por outro lado, a NR-31 determina que o material de primeiros socorros seja guardado
por pessoa treinada apenas quando o estabelecimento rural possuir dez ou mais trabalhadores,
deixando os pequenos produtores sem essa exigência de cuidado do material por pessoa
específica.
será permitida, aos estabelecimentos rurais com mais de dez e até cinquenta empregados,
“desde que o empregador rural ou preposto tenha formação sobre prevenção de acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho, necessária ao cumprimento dos objetivos desta Norma
Regulamentadora.” (BRASIL, 2005).
Para Resende (2013), diante do caráter prejudicial à saúde do trabalhador que executa
suas atividades no horário noturno, a CLT estabeleceu normas com o objetivo de desestimular
essa prática pelo empregador ou compensar esse labor ao empregado.
Portanto, para o trabalhador urbano a hora noturna é computada como de 52 minutos e
30 segundos, no período de 22 horas às 5 horas do dia seguinte, com adicional remuneratório
de 20%, conforme artigo 73 da CLT.
Distintamente, para o rurícola não há redução da hora noturna. Entretanto, seguindo o
entendimento de que o labor noturno é degradante ao empregado, há adicional remuneratório
de 25% para o trabalho compreendido entre 21 e 5 horas na lavoura e entre 20 e 4 horas na
pecuária, conforme artigo 7º da Lei nº 5.889/73.
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previdenciária, uma vez que não havia previsão legal para tal na Lei Complementar nº 11, que
previa apenas aposentadoria por velhice ou invalidez.
Como mencionado anteriormente, igualar os direitos do trabalhador rural aos do
urbano foi uma das mais importantes mudanças. Dessa forma, o empregado rural é equiparado
ao empregado urbano na Lei n° 8.213/91, no seu artigo 11:
redução da idade para concessão de aposentadoria por velhice, de 65 anos para 60 anos, e
passaram a ter direito à pensão em caso de morte da esposa segurada.
De acordo com Guimarães (2009), merece destaque a situação daquele grupo familiar
cujo membro detenha outra fonte de renda, que não a proveniente da atividade rural, caso em
que não é considerado segurado especial, com algumas exceções no artigo 11, §9º da Lei n.º
8.213/91. De todo modo, diferencia-se do urbano, e inclusive das outras categorias de
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trabalhadores rurais, que podem exercer ao mesmo tempo mais de uma atividade remunerada,
filiando-se à respectiva previdência.
3 METODOLOGIA
Este artigo trata-se de uma pesquisa documental, realizada em grupo, feita sobre leis,
livros, artigos científicos, normas regulamentadoras do MTE e revistas científicas. Afinal,
conforme Gil “na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas”.
(GIL, 2002, p.46).
Inicialmente, foram realizadas buscas individuais sobre as regras que regem o trabalho
rural e sua previdência para, posteriormente, compará-las com a legislação do trabalhador
urbano a fim de identificar as peculiaridades normativas.
Foram selecionados os prováveis trabalhos de interesse e identificados os códigos
pertinentes ao tema e subtema, tendo como referência de pesquisa o trabalho rural. Ressalta-se
que os autores, considerando o estudo em pós-graduação na área de engenharia de segurança
do trabalho, já detinham o conhecimento prévio e as fontes de pesquisa para as legislações
gerais dirigidas aos trabalhadores urbanos.
Em seguida, o material foi compartilhado entre todos os integrantes do grupo para que
cada um julgasse sua relevância, sendo realizada uma votação de quais seriam observados na
confecção do artigo, apreciando primordialmente a credibilidade da bibliografia. Foram
realizadas reuniões semanais via web, com todos os integrantes do grupo, para discutir sobre a
pertinência das diferenças levantadas e avaliar a redação elaborada, juntando as escritas e
organizando de forma lógica o texto.
Enfim, as conclusões foram elaboradas de forma conjunta pelo grupo e o arquivo final
foi disponibilizado para que qualquer um pudesse revisá-lo.
Todo documento utilizado nesta pesquisa trouxe alguma nova informação para os
autores, pois Gil já afirmava que “há que se considerar que os documentos constituem fonte
rica e estável de dados. Como os documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais
importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica”. (GIL, 2002, p.46)
5 CONCLUSÃO
trabalho no campo possui suas particularidades e não podem ser tratadas por igual perante ao
trabalho urbano. Também foi possível verificar na revisão bibliográfica a evolução da
legislação previdenciária principalmente no setor rural.
Por fim o trabalho realizado levou em conta as diferenças do trabalho rural e urbano e
suas legislações trabalhistas e previdenciárias de forma geral, porém o estudo poderá ser
ampliado ou utilizado como referência para futuras pesquisas principalmente estratificando
para cada trabalho especifico do setor rural que a NR-31 aborda: agricultura, pecuária,
silvicultura, exploração florestal e aquicultura.
LISTA DE SIGLAS
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPATR – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalhador Rural
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
FUNRURAL – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NR – Norma Regulamentadora
OIT – Organização Internacional do Trabalho
SESTR – Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural
SESMT – Serviço Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
REFERÊNCIAS
_______. 1973b. Lei nº 8213, de 8 de junho de 1973. Dispõe sobre os Planos de Benefício
da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm> Acesso em: 12 out. 2015.
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DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 8 ed. São Paulo: LTr, 2009.
DULLIUS, Aladio Anastacio; HIPPLER, Aldair; AUTH, Édio Aloísio. A previdência rural
no Brasil. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fevereiro de 2013. Disponível em:
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LUSTOSA, Oton. A lei, o costume, o direito. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51,
1out.2001. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/2113/a-lei-o-costume-o-direito> Acesso
em: 19 out. 2015.
PAIDA, Zenilda. Trabalhador rural. Conteúdo jurídico, 24 abr. 2012. Disponível em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,trabalhador-rural,36550.html>. Acesso em: 13
out. 2015.
RESENDE. Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 3 ed. São Paulo: Método, 2013.
SARAIVA. Renato. Direito do trabalho para concursos públicos. 12 ed. São Paulo:
Método, 2010.
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JusBrasil, 2014. Disponível em:
<http://joseandradedasilva.jusbrasil.com.br/artigos/124317872/trabalhadores-rurais-na-
legislacao-trabalhista-brasileira> Acesso em: 29 set. 2015.