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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Terceira Câmara Cível
5ª Av. do CAB, nº 560 - Centro - CEP: 41745971 -
Salvador/BA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO:
Em suas razões, o apelante relata que propôs a presente ação para registro de partilha
amigável no processo de inventário, envolvendo os Cartórios de Registro de Imóveis do 1º e
2º Ofício da Comarca de Jequié, na pessoa de seus titulares, com extensão aos Oficiais dos
Tabelionatos do 1º e 2º Ofício da Comarca de Jequié ou seus substitutos, em razão da negativa
dos apelados em proceder ao registro das escrituras relativas aos terrenos deixados pelo “de
cujos”, sob a alegação de que não estariam absolutamente determinados, em afronta ao
princípio da continuidade e obrigatoriedade do registro e da matrícula, previstos no art. 169 da
Lei de Registros Públicos.
Vieram os autos à Segunda Instância, onde, distribuídos a esta Colenda Câmara Cível,
coube-me a relatoria.
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ao tempo em que solicito dia para julgamento, salientando a possibilidade de sustentação oral,
nos termos do art. 937, I, do NCPC.
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ACÓRDÃO
EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL. REGISTRO PÚBLICO. SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA INVERSA.
POSSIBILIDADE. CARTÓRIO. CAPACIDADE PROCESSUAL. OFICIAL CARTORÁRIO.
SENTENÇA ANULADA RECURSO PROVIDO.
1. A Lei n. 6.015/1973 dispõe que o particular, ao discordar de exigência a ser satisfeita; ou da
negativa do registro, deve requerer ao oficial do registro que suscite a dúvida ao Juízo
competente, o que será feito de acordo com as regras do procedimento.
2. O particular pode judicializar a dúvida, diante da inércia do oficial do registro que, por ele
provocado a suscitá-la, não o fez.
3. O cartório extrajudicial não detém personalidade jurídica e, portanto, deverá ser
representado em juízo pelo respectivo titular.
4. Considerando que os oficiais dos tabelionatos do 1º e 2º Ofício da Comarca de Jequié
figuram no polo passivo da demanda, representando o Cartório do 1º e 2º Ofício de Imóveis
da Comarca de Jequié, não há se falar em ilegitimidade passiva ad causam.
5. Oportuno registar ainda que o processo não está em condições imediata de julgamento, já
que à requerente não foi oportunizada a prerrogativa de produzir provas, embora tenha
requerido, na peça inicial.
Sentença Anulada. Recurso provido parcialmente a fim de anular a sentença proferida,
determinando o retorno dos autos ao julgador a quo para o processamento regular do
procedimento de dúvida inversa.
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VOTO
O douto a quo julgou extinto o feito, sem julgamento do mérito, com fulcro no art.
267, XI do CPC/73, sob o fundamento de ilegitimidade passiva ad causam do Cartório de
Imóveis da Comarca da Jequié.
Pois bem.
A Lei de Registro Público n. 6.015/1973, em seu art. 198, dispõe que o particular, ao
discordar de exigência a ser satisfeita; ou da negativa do registro, deve requerer ao oficial do
registro que suscite a dúvida ao Juízo competente, o que será feito de acordo com as regras do
procedimento. Confira-se:
Muito embora a Lei n.º 6.015/73 não disponha a respeito da judicialização da dúvida
pelo particular, doutrina e jurisprudência têm admitido a chamada "dúvida inversa", manejada
pelo particular, desde que comprovada a omissão do notário quanto ao requerimento de
dúvida formulado.
Por oportuno:
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Na hipótese, aplica-se, com efeito, o disposto no art. 198, “caput”, da Lei de Registros
Públicos, que atribui a competência do Poder Judiciário para dirimir a dúvida, tendo em vista
que o procedimento de dúvida inversa tem a mesma natureza, requisitos e objeto daquele
previsto expressamente na Lei 6.015/73, porquanto somente se diferencia quanto a quem o
suscita.
Por outro lado, a Lei Federal n. 8.935/94, a qual dispõe sobre os serviços notariais e de
registro, estabelece a responsabilidade pessoal dos titulares daqueles serviços:
A partir da leitura desses dispositivos legais, vê-se que a legitimidade para responder
pela má prestação de serviços notariais é do titular do serviço cartorário e não do Cartório,
que, de fato, não possui personalidade jurídica, devendo ser representado em juízo pelo
respectivo titular.
Oportuno registar ainda que o processo não está em condições imediata de julgamento,
já que à parte requerente não foi oportunizada a prerrogativa de produzir provas, embora tenha
requerido, na peça inicial.
Presidente
Procurador(a) de Justiça
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